Trampled Flowers escrita por Lirium-chan


Capítulo 2
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

*olha ao redor*
Ahem. Vejam que eu não demorei 1234543234 anos luz para continuar. Isso é uma raridade.
TÁ VENDO, RIN-CHAN? ISSO É PORQUE EU TE AMO.
Tá, parei.
Agradeço aos comentários, e mal acredito que alguém além da Rin-chan leu. Pois é.
Tenho a sensação de que este capítulo ficou ainda mais viajado que o último.
Ah. Este capítulo é Rin-centric. Boa leitura.



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O céu estava terrivelmente nublado. Ela achou que era apropriado para a ocasião.

Rin olhou-se no espelho mais uma vez, apenas para ter certeza de que estava tudo bem com sua aparência, de que o vestido preto não estava amassado ou algo assim. Concluiu que ela mesma também estava apropriada a ocasião.

Ela desceu a escadaria e encontrou todos os seus familiares a esperando no salão. A mãe tinha os cabelos dourados presos em um coque firme, e uma expressão de absoluta indiferença. Nem a olhou quando surgiu no topo das escadas. Rinto, seu irmão mais velho, lhe mostrou um sorriso cansado. Era como se aquilo tudo fosse só uma grande inconveniência para ele e imaginasse que a garota sentisse o mesmo.

Embora ela tivesse outras coisas em sua mente.

Os olhos caíram na figura de Len, como se já acostumados a procura-lo. Ele parecia excepcionalmente deslocado, como sempre. Os olhos fixados em algum ponto qualquer da parede, como se estivesse pensando em coisas demais ao mesmo tempo para notar o que acontecia ao seu redor. Ele tinha olhos azul-celeste exatamente como os seus, mas pareciam nublados. E de alguma forma ela também achou que era apropriado.

Não sabia o porquê, mas imaginou que talvez amasse aquele homem por isso.

Rin foi até ele, e sua presença não foi percebida até que se sentou ao lado de Len e tocou seu ombro levemente. Então aqueles olhos pareceram um pouco menos nublados, embora ela soubesse que isso não era verdade, e ele virou a palma de sua mão para beijar seus dedos.

Era uma pequena mania que ele vinha desenvolvendo. A loira se pegou começando a amar isso também.

"Eu o amo."

Rin susurrou a ele. Embora não soubesse bem o porquê. Talvez ainda estivesse nervosa por causa das palavras ditas na modista.

Len era uma pessoa fundamentalmente negativa. Ela não podia acreditar que o noivo não acreditava no que disse, nem que fosse um pouquinho.

Queria que ele soubesse que aquilo não era verdade de maneira nenhuma, que ela repetiria aquelas palavras cheias de verdades até o fim de suas vidas.

"Eu a amo também."

E então cabeça do novo criado surgiu no vão da porta, e ele limpou a garganta antes de anunciar num tom nervoso que os carros estavam prontos. Ted não era um empregado ruim, mas ele parecia estar desconfortável o tempo inteiro. Exceto, talvez, quando se encontrava perto de Teto, outra empregada da casa. Embora Rin não soubesse definir qual a natureza da relação deles.

Len levantou-se e olhou para ela com um ar saudoso antes de se dirigir para a saída.

É claro que não permitiram que os dois fossem no mesmo carro. De maneira que Rin precisou sentar-se no banco de trás juntamente com sua mãe e sua prima Neru.

A mãe parecia resoluta e orgulhosa. Rin não achava que era uma ocasião para aparentar essas coisas, mas Ann era exatamente assim.

Neru, por outro lado, não estava se esforçando para mostrar nenhuma emoção além da completa falta de interesse pelas coisas. Mesmo que ela fosse assim o tempo inteiro.

O enterro não foi apropriado, embora tenha conseguido ser até certo ponto.

Durante um bom tempo as pessoas se reuniram em torno do caixão e ficaram mudas. Não é que não tenham dito nada. Mas havia uma atmosfera que era muda por si só, com o céu ameaçando chorar por sobre a terra a qualquer momento.

As pessoas conversavam entre si. Talvez sobre Shion Kaito, e talvez não. Rin só tinha certeza de que estavam falando sobre Shion Kaito quando se dirigiam a família.

Ela não soltou uma única palavra desde que entrou. Seus pais prestaram os pêsames no lugar da família, pois Leon disse que a perda era grande e seria emocionalmente ruim para os Shion se todos falassem.

Mais tarde Len lhe disse que quanto menos palavras vazias ouvissem, melhor seria.

Ela achou interessante que falaram a mesma coisa de maneiras diferentes.

Passou-se um bom tempo assim. Rin tentava parecer composta em seu canto, ao lado da prima que não tentava parecer composta de maneira nenhuma, às vezes arriscando um olhar para o noivo - mas nunca por muito tempo, porque achou que poderiam pensar que ela não estava triste o bastante.

A verdade é que ela estava tão triste quanto poderia ficar por Shion Kaito.

O que ela pôde ver do primo, no entanto, era sempre o mesmo. Os olhos nublados desinteressados, voando de um ponto para o outro como se não conseguisse encontrar um foco. E Rinto firmava-se de pé ao lado dele, o que fez Rin suspeitar do motivo.

Talvez o irmão tivesse suas razões. Era difícil dizer. Ele parecia completamente entediado, e sabe-se lá quantas vezes tentou arriscar uma conversa.

Rinto certa vez disse que Len era uma pessoa estranha, embora também tenha dito que isso não era necessariamente algo ruim.

A mãe do falecido estava chorando desesperadamente, o pai parecia sério e triste e as outras pessoas só usavam suas expressões típicas de enterro. Como pareciam acontecer as mesmas coisas o tempo inteiro não soube dizer quando aconteceu.

Mas ela tinha um vestido negro e sapatos negros que eram apropriados. Um homem segurava seus ombros, e isso também era apropriado porque uma dama não deve andar desacompanhada.

Não acharam tão apropriado assim. E pensou que tudo bem não acharem. Porque a dama de preto era Hatsune Miku, e o homem que segurava seus ombros em conforto era Hatsune Mikuo.

E todos acharam isso uma vergonha.

Rin tentou não achar. Ela tentou continuar parecendo composta. Mesmo quando o céu emitia a ilusão de estar ainda mais nublado, mesmo quando a mãe do morto gritou que não deviam deixar aquela mulher se aproximar do caixão e tiveram de segurar ela, mesmo quando os cochichos ficaram ensurdecedores.

Achou que era o certo continuar composta porque mesmo Miku estava tentando fazê-lo, como era obrigação dela e como os homens que seguraram a mãe de Kaito pareceram entender de alguma forma. E Miku tinha olhos tristes, e ela parecia absolutamente inconsolável.

Rin sabia que a atmosfera estava gelando seu esqueleto, e que era estranho suas pernas não cederem porque as sentia tremer. Sentiu-se uma intrusa em uma cena privada. Sentiu que todas aquelas pessoas sentadas ali eram. Mas não pode desviar o olhar nem por um segundo.

E viu tudo. Fez questão de gravar em sua mente para não esquecer nunca. E as palavras que Len disse na modista giravam em sua mente o tempo inteiro.

Viu a mão de Mikuo no ombro dela. E então enxergou muitas coisas. Coisas como o amor que tinha por ela, e como queria protegê-la das pessoas que cochichavam e das pessoas que gritavam. Ele tinha olhos bonitos e oblíquos. Era como se carregasse tristeza, mas também raiva de toda a situação que se desenrolava ao seu redor.

Então Rin achou que ele era amaldiçoado.

E Miku era toda tristeza, e o seu ser parecia transbordar e ser engolido por esse sentimento. E Rin pensou se um dia ela poderia voltar a ser feliz. Ela desejou que pudesse, realmente desejou. Mas sabia que não podia exercer nenhum poder sobre isso.

Em algum ponto a de cabelos azuis desabou a chorar. E era como se ela não quisesse chorar porque aquelas eram lágrimas que no fundo derramava por um amigo e não pelo marido; e era como se sentisse que o traia pela segunda vez.

A loira ouviu alguém dizer que ela não tinha o direito de chorar. Mas Rin achou que ela tinha mais direito do que qualquer um.

Então alguém disse que a culpa daquilo era dela, e Rin tentou não ouvir mais.

E então tudo se tornou mudo de novo, e só havia o cair de uma chuva invisível.

Ela tentou pensar na última pessoa que compunha a cena. E então Kaito lhe pareceu sereno, e ele parecia em paz. Ela imaginou que era isso que ele queria. E pela primeira vez ela se viu conversando com Kaito, mas não ousou achar que o conhecia.

Desejou que todos ali percebessem isso, principalmente Hatsune Miku. Mas não tinha poder sobre isso e não disse nada porque não o conhecia, não conhecia nenhum deles.

"Foi uma coisa lamentável que a notícia chegou até Hatsune Miku." Len postou-se ao seu lado, e nem ela nem ninguém pareceu notar. Mesmo que não fosse apropriado. Ele acendeu um cigarro e o fumou, e assistiu a fumaça desaparecer no ar. Mas ela não reclamou, e ninguém reclamou. Embora também não fosse apropriado.

Len deixou que seus olhos nublados contemplassem a cena. E ele sorriu como se brindasse o começo de uma tragédia.

"Eu lhe disse que os relacionamentos-" Ele fez uma pausa, olhando para ela como se lembrasse de algo. "Bem, minha querida, a maioria deles. Eu lhe disse que estavam fadados ao fracasso, eventualmente. Aqueles dois, nesse exato momento, estão caminhando em direção a um abismo de maneira desenfreada. Posso até lhe contar como vai ser caminhada."

Rin não pediu que a contasse. Ela ficou em silêncio. Não gostava quando o noivo começava a agir daquela maneira. Sentia um medo latente de perdê-lo.

Desejou mais uma vez que estivesse errado quando viu o casal ir embora, mas sentiu-se infinitamente mais impotente do que nas outras vezes em que o fez.

Ninguém foi atrás deles, ninguém perguntou onde estavam morando agora.

E ela não sabia se devia sentir-se aliviada ou entristecida diante disso.

Quando regressaram, Len beijou sua testa na entrada do casarão.

"Eu a amo." Ele disse, e acariciou seu rosto com os dedos compridos.

Ela tentou responder uma maneira que ele soubesse que o amava muito, e que jamais deixaria de ama-lo. Então o fitou longamente e respondeu que o amava também - e esperou que tivesse o efeito desejado.

Ele sorriu e abriu a porta do automóvel, mas teve segundas ideias e resolveu dispensar o motorista. A loira viu sua figura caminhando para longe na noite escura.

Houve uma tempestade naquela noite.


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Notas finais do capítulo

Olá?
Hey, almas corajosas que não desistiram. Eu não sei bem o que andei fumando. E peço desculpas. Sério.
Mas vou culpar a Filosofia. Sounds like a plan.
De alguma forma eu ainda gostei de escrever isto aqui. Mas nunca sei se vão gostar, então posso pedir para expressarem suas opiniões (?). Obrigada.
Se quiser fazer isso, review. Se quiser me chamar por nomes, review. Mentira. Eu prefiro críticas construtivas. Então para críticas construtivas, review.
Até o próximo capítulo. See ya.



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