Trampled Flowers escrita por Lirium-chan


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá.
Eu ainda não revisei direito o capítulo OTL - mas putz, olha a hora que eu tô postando isso.
Então me perdoem por isso. Mas eu irei revisar melhor mais tarde - provavelmente este fim de semana.
Então. Esse capítulo é o nosso lindo e maravilhoso - sóquenão - prólogo. Aproveitem.
Vejo vocês lá embaixo.



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Há uma flor pisoteada no chão da estação. As pessoas passam sem notar, e se por ventura seus olhos se encontram com a flor - já feia e murcha - não se dedicam ao segundo olhar, suas mentes rapidamente se ocupando com algo novo.

 É apenas natural. Nesse mundo onde pessoas continuam seguindo em frente, não podemos exigir que elas percebam uma flor pisoteada. A maioria prefere passar pela vida ignorando as imperfeições, ignorando tudo que é considerado mundano e insignificante - tudo que é humano.

 Len admira a flor, ele a contempla como a uma obra de tarde. Toma seu tempo; uma tragada do cigarro, e depois a fumaça escapando de seus lábios e se dissipando no céu.

 Todas as coisas acontecem rápido assim, ele pensa, como uma flor perder sua beleza ao ser pisoteada e a fumaça sumindo no ar.

 Rin apareceu na hora marcada, ajeitando a saia do vestido discretamente enquanto lhe sorria. Len a achava fundamentalmente bela. Ela era baixa, de corpo pequeno e aparência frágil. Os cabelos eram curtos e loiros, e os olhos tinham um tom celeste de azul. Tinha feições infantis, um jeito meio travesso - mas ares de anjo.

 Len apagou o cigarro, livrando-se dele discretamente antes que a outra tivesse motivos para ralhar. Você precisa se livrar desse vício horrível, ela diria. Ele beijou os dedos da prima como uma forma de cumprimento.

 Poderiam achar que era narcisismo isso, de ele a achar bonita, já que a genética se fez tão forte. Mas o que ele achava de belo na garota eram outras coisas, era uma beleza que ele não julgava ter; era o sorriso alegre, que igual ao dela nunca viu. E o brilho no olhar.

 O brilho no olhar ele já achava algo mais genérico, é verdade. Era o tipo de coisa que você via em qualquer apaixonado. Mas ele gostava daquele brilho, que só surgia quando ele estava por perto, que era voltado para ele e mais ninguém. 

 E isso era de uma beleza fundamental, inominável e incomparável.

 Foi tudo o que bastou para que a amasse de volta. Esse amor que ela o deu, que lhe entregou sem acanho e sem pedir nada em troca. Ainda que merecesse todas as compensações. Por amar a ele, quando havia todas as outras pessoas no mundo para amar.

 Len segurou a mão dela, guiando-a na multidão de pessoas que andavam na estação. Ele pisou na flor. Apenas porque, por um curto período de tempo, desejou ser parte da multidão.

 Eles chegaram cinco minutos atrasados á modista. A velha ralhou com o casal. Exigia pontualidade inglesa. Rin pediu desculpas várias vezes, e depois correu para experimentar o vestido quando a mulher fez um comentário ácido sobre seu tempo sendo desperdiçado.

 Len sentou-se numa cadeira, esticando o corpo e cruzando as pernas elegantemente enquanto olhava ao redor.

 Já estivera ali em incontáveis ocasiões. Sua mãe mandava costurar seus vestidos naquele mesmo lugar - de certa forma, era um costume da família. Ela experimentaria um vestido de tecido longo, recato, cheio de botões. Apontaria os defeitos - ou a falta deles - para a modista quando via a peça em frente aos espelhos. Não importava muito; eram sempre iguais. Três eram os espelhos, postos de maneira que a pessoa pudesse se ver quase por inteiro. O chão era coberto de tapeçarias detalhadas, as cortinas eram vermelhas, havia um quadro horrível de uma espécie de palhaço italiano, vestido em xadrez com uma lágrima escorrendo da bochecha esquerda. O olhar finalmente caiu na velha.

 Ela o encarou de volta. O rosto enrugado, é verdade, já parecia mais velha do que aparentava na última vez em que a viu - e infinitamente mais velha do que era em sua infância, com sua mãe e os vestidos de botões. A velha não gostava de Len, nunca gostara. Sempre o  olhou, desde garoto, como se ele fosse alguma coisa desleixada, quase passável como um bom cavalheiro. Pensando nisso, o rapaz foi tomado pela vontade de acender um de seus cigarros - mas conteve-se, visto que Rin retornara ao cômodo.

 O vestido era bonito. O tecido era leve, e tinha um tom bonito de azul-celeste. Não havia um número alarmante de botões também, Len notou com muito gosto. Ela sorriu ao espelho, como se o modelo a agradasse muito. A senhora se abaixou e começou a fazer ajustes, marcando o tecido com alfinetes aqui e ali.

 Quando pareceu satisfeita, a mulher deixou os dois sozinhos no ambiente murmurando algo sobre um vestido de noiva e outros tantos para bailes. Rin pareceu sutilmente mais a vontade, girando nos calcanhares para ver o tecido dançar e ajustando as mangas um pouco.

 Rin estava tentando prender os cabelos curtos em um rabo de cavalo, apenas para ver como se assentava com as vestes. Desfez o penteado com aborrecimento, desistindo ao notar que daquele jeito ficaria muito parecida com o primo.

 "Você conhecia Shion, não conhecia?"

 A pergunta veio de repente para o rapaz. Embora estivesse entalada dentro da garota há tempos, teimosamente forçando-se a subir pelas paredes da garganta.

 "Tive negócios com ele, como bem sabes. Mas nunca fomos amigos..." Ele fez uma pausa, como que considerando suas palavras. "Então não, não o conhecia."

 "Ah". Ela mexeu em um alfinete preso na saia. "De qualquer forma, foi algo lamentável."

 Fechou os olhos, como que fazendo uma coletânea de seus pensamentos acerca do assunto Shion Kaito, seu drama e seu trágico fim. Intercalando um pensamento com outro, Len achou que estava na epitome da felicidade. Que ele jamais estivera tão feliz.

 Obviamente, essa felicidade não se devia de maneira nenhuma ao assunto de Kaito Shion. Não o conhecia. Não tinha nenhum sentimento forte para com o assunto.

 "Lamentável, você diz. Acredito que possa ser descrito dessa forma. Devo dizer, contudo, que era apenas esperado."

 A prima se sobressaltou.

 "Esperado? Ora, Len! Quem poderia esperar que-"

 "Diga-me então..." Ele a cortou, com um ar entre o divertido e o sério. "Você conhecia Hatsune Miku?"

 Rin soltou um suspiro exasperado. Ela via onde Len pretendia chegar, e calculou o quanto valeria a pena insistir a respeito. Não valia muito a pena.

 Vira Miku em bailes, festas sociais e coisas do gênero. Sim, conversaram uma ou duas vezes, mas...

 "Não tive o prazer de conhecê-la."

 Ele fez um movimento com a cabeça, sinal de que concordava.

 "E mesmo assim, me lembro muito bem de já ter comentado que ela parecia infeliz, deprimida, até."

 "Sim, mas!" Ela forçou sua atenção para fora do espelho, girando por completo e fitando o noivo. "Não é como se eu suspeitasse que ela tivesse um casamento infeliz! Que abandonaria o marido e fugiria com- com-"

 "Com o irmão. Hatsune Mikuo."

 "Sim! Quem poderia esperar algo assim?" Ela suspirou mais uma vez, exasperada. "E o que aconteceu em seguida foi ainda pior."

 "Shion Kaito entrou em depressão, semanas jogado no escritório bebendo rum. E então o encontraram já morto, enforcado com uma corda em volta do pescoço".

 A loira pareceu segurar um soluço. Era um pouco fácil demais se deixar atingir por essas histórias.

 "E pensar que um casamento poderia terminar de uma maneira tão trágica."

 Len entortou a cabeça, fitando-a com olhos oblíquos.

 "Não acho tão difícil pensar nisso. É apenas uma questão de tempo. Relacionamentos são feitos para serem quebrados..."

 Rin parecia estupefata.

 "O que está dizendo? Que isso poderia acontecer conosco?!"

 A voz era inconsolável.

 O rapaz sorriu.

 "É claro que não, minha querida. Perdoe-me, acho que eu estava apenas generalizando demais."

 A prima pareceu se acalmar um pouco, e ela até mesmo sorriu de volta. A modista entrou nesse momento, fazendo novas observações sobre tons e tipos de tecido.

 Len observou a figura da noiva. Ainda achava-a bela como um anjo. Acreditando tão fielmente nesse sentimento que ainda brilha em seus olhos.

 Mas no fundo ele sabia. As pessoas mudam, e essa regra vale para ambos. Ele não tinha ilusões, sabia que um dia ela deixaria de ser tão bela e passariam a amar outro homem. O abandonaria. Mas naquele momento ele também sabia que não iria querer largar da mão dela, não ia aguentar deixa-la partir.

 Queria eterniza-la como estava agora; no auge de sua beleza. Como uma flor eterna que não murcharia, que não seria arrancada prematuramente ou pisoteada na estrada.

 As palavras eram traiçoeiras, ameaçavam escorrer pelos seus lábios a todo instante. Elas se repetiam, formando aquela pergunta em sua mente tantas vezes que ele delirava tê-las dito em voz alta. Mas nunca o fazia.

 Está tudo bem se eu mata-la?


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Notas finais do capítulo

Tem alguém aí?
Oi pessoinha corajosa.
Eu prometo que essa fanfic chega em algum lugar.
Bem, vocês sabem como é o procedimento. Qualquer erro encontrado, qualquer incoerência, dúvida, quer elogiar (?) e etc é só me mandar um review. Weee -q
Rin-chan. Feliz Aniversário de novo. Mesmo que tenha sido na terça.
Hey, pelo menos você gostou da capa~~
Mas eu vou tentar continuar esse negócio, já comecei mesmo (?)
See ya.