- Lilly, onde está Alice?

Lilly sentiu novamente toda a onda de desespero se apossar de si. A simples menção do nome da sua irmã a deixava a beira das lágrimas.

- Lilly, pelo amor de Deus, vocês está me assustando. – Ele disse fazendo menção de se aproximar e desistindo assim que a viu o encarar para recomeçar a falar.

- Vista-se James. – Ela disse contendo com custo as lágrimas que teimavam em querer cair. – Teremos muito o que conversar.

Com um aceno rápido de cabeça ele se forçou a se levantar da cama. Lilly entrou no banheiro carregando algumas peças secas de roupas. As últimas que havia trago consigo durante a fuga. James vestiu-se com uma calça jeans que encontrou no canto do quarto e com o simples vislumbre da dor que ainda sentia no braço, desistiu rapidamente de vestir uma camisa.

- Achei que você iria se vestir. – Lilly disse assim que saiu do banheiro, já vestida e com o cabelo recém penteado.

- Vamos lá Lilly... Depois de invadir meu banho, acho que me ver sem camisa é o menor dos seus problemas. – James respondeu e Lilly teria feito algo além de corar exageradamente se não estivessem em situação tão ruim.

- Você se lembra do dia em que foi atingido James? – Ela começou uma narrativa ignorando a ultima frase vinda dele. Ele assentiu a pergunta e ela prosseguiu. – Eu trouxe você e Lilly para cá e usei muito do nosso dinheiro para fazer a garota nos deixar entrar. Você estava febril e eu não sabia o que fazer. Eu estava a ponto de nos arriscar e chamar uma ambulância, mas eu não tive chance de fazer isso. Algumas horas depois que chegamos, esse quarto foi invadido. Eu estava sozinha e sem armas, sem poder me defender. – Ela dizia e há essa hora já sentia as lágrimas desenharem seu rosto. James tinha medo do que viria a seguir.

- Continue Lilly, por favor. – Ele pediu calmo, mas aflito e ela assentiu.

- Eles entraram James. Eu achei que fossem nos matar, mas um médico veio e cuidou de você. Tirou a bala do seu braço, mas não usou anestesia nenhuma e nem te deu mais remédios depois. Ele evitou que você morresse, mas prolongou seu sofrimento. Ele queria tempo James. – Ela disse já chorando compulsivamente e fazendo as palavras saírem como adagas da ponta de sua língua em direção ao peito de James. – E então quando eles terminaram de cuidar de você, o médico me entregou um envelope e me disse que era um recado de alguém. Eu pensei que ele nos deixariam em paz, mas eles a levaram James. Eles levaram Alice e eu não pude fazer nada. Eu tentei correr, mas eles já haviam ido embora. – Ela disse se encolhendo e ele foi obrigado e se aproximar, forçando-a a um abraço desajeitado.

- Não foi sua culpe Lilly. – Ele disse sentindo os olhos úmidos com tudo o que estava acontecendo. – Alice vai ficar bem. Se quisessem machucá-la ou nos machucar, já o teriam feito. A culpa foi minha e não sua. Eu devia proteger vocês das. Eu devia estar acordado e não ter tomado um tiro e ter ficado inconsciente. Não se culpe por algo que você não poderia prevenir.

- Obrigada. – Lilly disse e ele assentiu se afastando dela e voltando a cama. Ele se sentia zonzo ainda. – Não foi sua culpa também. Você está se saindo muito bem. Para um suposto nerd, você até que atira bem. – Ela falou tentando sorrir e o viu fazendo uma careta.

- Onde estão recado que você citou Lilly? – Ele falou e Lilly pareceu se lembrar disso correndo em seguida rapidamente até uma gaveta da cômoda e tirando de lá um envelope.

- Ele disse que só poderíamos ver o recado uma vez e por isso teríamos que ver juntos. – Ela falou e ele assentiu.

- Deve ser arquivo codificado para ser aberto somente uma vez. – James falou e Lilly assentiu. –Vamos lá. – Ele falou abrindo o envelope e tirando de lá um tablet. Assim que ele ligou o parelho uma mensagem de boas vindas apareceu.

“Com a cortesia do Senhor H.” – Era o que dizia e mensagem. James segurava o parelho como se a qualquer momento fosse passar a queimá-lo. Logo um formato de vídeo apareceu. Era o único arquivo do aparelho. James fez sinal de silencio para Lilly e abriu o arquivo.

Olá. Vejo que estão vivos e bem. Isso é um bom sinal e foi a primeira prova do nosso pequeno jogo.

Vocês têm sido muito corajosos, mas acho que mereço um agradecimento por não estarem mortos ainda. Eu diria que James, em especial, tem uma divida comigo. Mas vamos logo ao que interessa.

Querem ver sua família outra vez? Eu sei que sim. Isso inclui a adorável Alice é claro. Então ai vai uma pequena dica do que vocês terão que fazer...

Nesse momento a imagem do homem encapuzado foi se desvanecendo e logo vídeos do ataque a sua casa passaram a ser mostrados. Mostravam Andrew e Jane, assim como Derek e Layla. Mostravam os tiros e mostravam a chegada deles a algum lugar. Nenhum detalhe em especial. Era um carro e o nada. As imagens mostravam ainda a fuga dos três mais jovens e o confronto no hospital. O vídeo parava exatamente quando James era atingido em cheio com o tiro que o deixou inconsciente por dias.

Enquanto as imagens passavam, a voz do homem soava ao fundo.

Para achar a resposta, mal vão precisar procurar.

O caminho será mostrado, se as trilhas de sangue souberem seguir.

O sol nasce assim como se põe. A escuridão é inevitável.

O que importa não é o começo, mas, o fim.

Boa sorte.

E depois disso o arquivo passava a ser mostrado como inválido.

Lilly e James estavam atônitos.

Quem era aquele homem?

Por que não os havia matado?

Qual o significado daquelas palavras todas?

O que eles deveriam fazer?

Nada tinham respostas e as perguntas pareciam estar formando um circulo em torno de si.

- Precisamos sair daqui. – James falou e Lilly o olhou sem entender.

- E para onde vamos?

- Achar as respostas para tudo isso. – Ele disse se levantando rapidamente. – Mas antes, vamos passar no hospital. Temos que ver a vovó e a tia Patrícia.

- Elas estão cercadas e nós somos suspeitos para a policia. Não nos deixarão entrar.

- Não saberão que somos nós. – Ele disse sorrindo de leve. – Vamos ter um disfarce.

- Acho que posso ajudar com isso. – Lilly disse lançando um olhar para James e logo passando por ele para pegar a sacola que havia trago da farmácia. – Tome esses remédios. E não me olhe com cara de bunda. Você é pesado para se carregar quando está desmaiado. E depois disso, eu vou nos tirar da mira da policia.