– Acho que posso ajudar com isso. – Lilly disse lançando um olhar para James e logo passando por ele para pegar a sacola que havia trago da farmácia. – Tome esses remédios. E não me olhe com cara de bunda. Você é pesado para se carregar quando está desmaiado. E depois disso, eu vou nos tirar da mira da policia.

James seguiu as instruções dadas por Lilly e logo se encontrava finalmente completamente vestido e encarando assustado a garota à sua frente.

– Que droga você foi fazer no cabelo Lilly? – Ele disse se aproximando da garota de cabelo irregulares e extremamente curtos e pintados de um castanho quase vermelho que o encarava com uma tesoura na mão.

– Você sabe tão bem quanto eu que nós precisamos passar despercebidos pela policia. Eles estão na nossa cola James. O cara da farmácia quase me descobriu hoje mais cedo. Não teremos tanta sorte sempre.

– Eu gostava do seu cabelo antes. – Ele disse tocando as pontas mal cortadas da garota e a vendo suspirar.

– Eu também gostava mais de quando você não tinha uma marca de tiro no ombro, Alice estava sob minhas vistas e papai e mamãe, assim como o resto da família, não tinham sido seqüestrados. – Lilly disse triste e James retirou a mão de sobre o cabelo dela.

– Temos que ir. – Ele falou se distanciando mais e ela sorriu fraco.

– Não tão rápido mocinho. – Ela disse segurando uma caixinha pequena em mãos que James levou exatos 7 segundos pra identificar o que era.

– Você não vai usar isso em mim. – Ele afirmou e ela riu baixinho.

– A menos que você queira ser pego, eu vou sim. – Foram essas as palavras de Lilly para convencer James a se sentar relutante em uma das camas e dar a ela o aval necessário para usar a tinta no seu cabelo. Algumas reclamações e minutos depois, Lilly olhava atentamente o novo rapaz a sua frente. James tinha os cabelo grandes, mas dentro dos padrões masculinos, cortados um tanto irregulares também, tingidos agora por uma tinta quase preta, deixando seus incríveis olhos azuis brilhando em contraste com a cor escura do cabelo e a cor clara da pele.

– Você lembra o tio Derek ainda mais agora. – Lilly disse oferecendo um espelho a ele que se analisou com desgosto por alguns minutos antes de largar o objeto em um lugar qualquer e finalmente se por de pé.

– Agora nós precisamos mesmo ir embora daqui. – Ele falou e Lilly assentiu carregando a maior parte das bolsas já que ele só dispunha de um braço bom. Ele desceu na frente, mas na recepção Lilly logo assumiu a liderança já que James apenas encarava tudo como se nunca antes estivesse estado ali. De fato, da ultima vez que ele esteve, estava lutando para não cair na inconsciência.

– Vejo que não andou mesmo escondendo um cadáver esse tempo todo. – A mesma recepcionista de sempre sorriu de um jeito estranho para Lilly e logo seus olhos se arregalaram ao notar James mais de perto. – E tenho que informar que isso foi um bem enorme para a humanidade. Mas especificamente para a população feminina.

James a encarou segurando uma risada e Lilly logo fez uma careta.

– Agradeço pelas palavras e por não ter ligado para a policia. – A voz azeda de Lilly chamou a atenção a atendente de volta para si. – Acredito que o dinheiro que você recebeu já tenha sido o suficiente.

– Você nem faz ideia do quanto. – A garota disse e Lilly se apressou em sair ali sendo rapidamente seguida por James. A chave do quarto havia ficado na porta.

– A direção do carro é toda sua. – James disse e Lilly se manteve em silencio. – Aproveite enquanto estou impossibilitado.

– E vai ficar impossibilitado de falar daqui a pouco também, se não calar a boca agorinha mesmo. – Ela falou e ele riu.

– Que foi que eu fiz, senhorita estressada? – Ele perguntou entrando no carro. – Acaso o seu novo cabelo de fogo alterou o seu humor também?

– Vá a merda James.

– Já estamos na merda Lilly querida, caso não se lembre.

– E pra onde estamos indo agora então, senhor irônico?

– Para o hospital. – James respondeu seriamente.

– Está passando mal? – Lilly rapidamente voltou a parecer preocupada com ele.

– Não. Eu estou bem. – Ele disse ainda mais sério. – Vamos precisar falar como a vó e a tia, sem chances de dar errado dessa vez.

– E como você espera que façamos isso, gênio?

– Vou precisar da sua ajuda.

– Você sempre precisa James. O que seria de você sem mim.

– Será que dá pra você agir seriamente agora? Temos que resolver isso.

– Desculpe. – Lilly pediu sem graça assumindo uma posição mais séria imediatamente.

– Pois bem, deixe- me explicar tudo a você...

E James passou a explicar a Lilly tudo aquilo que eles deveriam fazer. Eles demoraram exatos 40 minutos para estarem de volta ao centro da cidade para executar a primeira parte do plano.

– Esse carro satisfaz ao senhor? – Um homem bem vestido e parecendo simpático sorriu para James enquanto o rapaz mostrava algumas notas a ele.

– Absolutamente. – James sorriu soberbo para o homem. – E eu posso pagar o dobro do valor da locação ao senhor caso o senhor considere apenas a minha palavra para a documentação. Infelizmente estou desprovido de meus documentos por aqui.

– Certamente eu não poderia fazer isso senhor, mas se está sendo tão generoso, eu posso abrir essa exceção. – O homem disse abrindo um enorme sorriso para o maço de notas que via nas mãos de James. Lilly analisava de longe os dons de persuasão do primo.

Se o homem que o atendeu não ofereceu resistência, quem dirá a moça do caixa. Um sorriso de James foi o suficiente pra fazê-la derreter até os miolos e esquecer o próprio nome. O carro alugado eles já tinham. E o luxuoso carro dos dois, foi deixado escondido em uma rua qualquer. Era doloroso abandonar o veiculo, mas era necessário. Logo o recuperariam. Ao menos era esse o plano.

– Eu pensei que você fosse demorar o restante do dia inteiro. – Lilly reclamou quando James abriu a porta do carro ao lado de onde ela estava.

– Você é tão inútil que ficou longe a ponto de eu quase não poder dirigir até aqui. Essa maldita dor está me matando. – Ele reclamou passando para o lado do passageiro e logo Lilly sentava atrás do volante, ocupando seu lugar inicial.

– Vamos parar para descansar hoje a noite assim que sairmos do hospital. – Ela pontuou e ele assentiu. Estava ainda debilitado.

Lilly dirigiu um pouco mais e logo eles estavam em uma rua mais afastada, próxima a uma rodovia que ligava o centro da cidade à periferia. Ali havia certa concentração de policiais ao cair da noite.

– Acalme-se garota, você tem que parecer assustada. – James reclamava enquanto tentava bagunçar mais os cabelos de Lilly.

– Já pareço assustada o suficiente. – Ela reclamou mais uma vez e ele resmungou.

– Chata. – James falou e antes que Lilly pudesse revidar eles ouviram o barulho que indicava a aproximação de um carro.

– Devem ser eles. Esconda-se. – Lilly disse enquanto James rapidamente se escondia em algum lugar por perto.

Lilly soltou um grito agudo de puro terror e logo uma única viatura parava perto dela. As sirenes acessas indicavam que eles haviam provavelmente ouvido o grito. Um dos policiais saiu de dentro do veiculo no momento em que Lilly se deixou cair no chão de terra do local.

– Senhor, ajude-me... –Ela pediu com a voz fraca e o homem se aproximou, preocupado.

Enquanto o policial que saiu do carro se aproximou de Lilly seu parceiro permaneceu de vigia no carro, e logo se viu surpreendido por uma batida seca no vidro. Abriu a porta e encarou o rapaz bem vestido que o encarava de cabeça baixa.

Sem dizer uma única palavra James desferiu um único golpe contra o rosto do policial o derrubando sobre o capô do carro.

Paralelo a isso, o segundo policial se abaixava para se aproximar de Lilly.

– O que houve garota? Foi assaltada?

– Desculpe por isso. – Lilly pediu assim que viu James se aproximar e sem dar tempo de reação, derrubar com uma coronhada o segundo policial.

– Segunda parte do plano, quase completa. – James disse enquanto rapidamente começava a desabotoar a farda e o colete a prova de balas de um dos policias. – Já temos proteção para nós dois, e um disfarce para mim.

– Vamos para o hospital – Lilly disse se levantando do chão e olhando com desgosto para os dois homens desacordados.