PDV BELLA

Edward de repente ficou serio e me puxou levemente pelo braço para uma conversa, me virei e encarei seu rosto, sua expressão era indecifrável, engoli em seco sem saber o que esperar de sua parte, nem mesmo seus olhos delatavam o que ele sentia, eu nem mesmo sabia o que falar para ele.

__Gostaria de ter uma conversa franca com você.__ Ele disse com voz calma me soltando e eu fiquei estática, mas me forcei a assentir.__ O que está tentando me mostrar com tudo isso que vem fazendo? Eu sei que não foi apenas por Nessie que você voltou, é como se estivesse tentando voltar ao passado, no começo achei que fosse coisa da minha cabeça, mas agora...

__Edward eu...__ Ele me deu um olhar que me calou na hora.

__O que há com você? Nunca a vi tão... obstinada a ficar perto de Nessie, ou seria de mim? Não compreendo, porque há um mês você estava tendo uma vida de trabalho árduo, deixando sua filha de lado, isso não pode ter mudado de uma hora para outra.__ Eu vi acusação em seus olhos e depois magoa.

__Eu...__ A verdade era que eu não sabia como responder, que eu o amava? Que eu o queria perto de mim? Que eu queria recomeçar? Não era tão simples, ele já devia estar achando que queria usa-lo.

__Você deixou a nós dois quando foi embora, Nessie chorou por longos dois dias, sabe o quanto foi difícil pra mim vê-la passar por isso? Fiquei com ela para que não fosse deixada de lado por você, aceitei até agora sua repentina volta porque não queria demonstrar que ainda dói, não queria que Nessie sofresse mais, e nem gosto de imaginar o que acontecerá a ela quando você for embora novamente...

__Eu não vou cometer o mesmo erro duas vezes.__ Disse segura.

__Não vai? O que a impedi? Não seria sua filha, você já fez isso uma vez mesmo com ela, você não pode querer que eu volte ao passado com você, porque eu não posso e não quero, não quero me magoar novamente, nem a ninguém que amo, ou criar falsas expectativas para depois me decepcionar, entendo que ainda éramos jovens, mas agora acho que já temos idade suficiente para parar de pensar como adolescentes.__ Ele suspirou cansado e eu já tinha lagrimas rolando por meu rosto, foi como se todo aquele positivismo de conseguir recomeçar estivesse ruindo aos poucos, me dilacerando por dentro como nunca pensei ser possível, pior do que quando nos separamos.

__Não quero usa-lo, se é isso que está pensando, pelo contrario, eu só quero...__ Não adiantava, eu não tinha coragem para dizer tudo o que eu queria.

Corri escada acima chorando, eu não sabia como contar a ele, não sem me magoar sabendo que ele está de casamento marcado, era uma situação mais do que delicada para nós dois, nessas semanas em que estive com ele pude ver que ainda há resquícios do que ele sentiu por mim um dia, foi a isso que eu me agarrei nos primeiros dias que tive que enfrenta-lo, com o tempo passei a recorrer ao passado como forma de consertar o presente e torna-lo um futuro, entrei em meu quarto e comecei a arrumar as malas.

Covarde, era o que eu era, sempre que as coisas ficavam serias eu fugia como foi da primeira vez e como será nessa, não queria lidar com o que estava sentindo, sei que não sou mais uma adolescente confusa com os sentimentos, mas eu me sentia perdida, queria apenas algo concreto que não me deixasse sucumbir ao medo, eu ficaria na casa dos meus pais para clarear as ideias até lá, me doía pensar que Nessie acordaria no dia seguinte e não me teria mais ao seu lado, mas eu precisava de tempo, e eu não tinha, a cada dia que se seguia o casamento se aproximava e a esperança de impedi-lo era esmagada pela realidade.

Só me dei conta do que estava fazendo quando entrei no taxi, cada metro longe deles era torturante, saber que talvez eu nunca mais fosse retornar, porque eu não tinha coragem de falar a verdade, eu era covarde, minha mente estava sempre me acusando, eu sentia muito por ter que deixar minha pequena anjinha travessa, ela teria que cuidar de Tanya sozinha até lá, pois eu já não possuía toda aquela certeza do começo, era verdade, eu tentei seduzi-lo do mesmo modo como havia o conquistado da primeira vez, tentei encanta-lo dançando como fiz em nosso primeiro instante juntos, ele me conheceu dançando em uma das festas de papai, depois decidimos marcar um jantar no mesmo restaurante em que eu armei tudo para deixar Tanya de lado, para conseguir traze-lo para mim, eu não faria como ela, o meu jogo de sedução não era tão inescrupuloso quanto o dela, eu não iria me oferecer a ele como aquela vadia fez, usei das minhas artimanhas para saber se ele ainda sentia algo por mim e sei que sim, porque vi isso em seus olhos hoje, mas o passado ainda assombra a nós dois, e trás consigo o medo de tudo se repetir.

Quando cheguei em minha antiga casa mamãe não precisou perguntar nada para saber o que havia acontecido, ela me conhecia muito bem, pegou minhas malas e as levou para o meu antigo quarto que continuava do mesmo jeito, com papeis de parede floridos e coloridos como os vinhedos, o piso de madeira típico de casas do campo, a janela lateral dando para a plantação no jardim da casa, arrumei minhas coisas em silencio e mamãe me puxou para me sentar na cama, descansei a cabeça sobre suas pernas e ela acariciou meus cabelos em silencio, eu apenas fiquei encarando o vazio, que definia muito bem o que eu estava sentindo agora.

PDV RENESMEE

Acordei alegre e corri para o quarto de mamãe, ela não estava mais dormindo, devia estar lá embaixo, mas também não a encontrei, franzi a testa confusa e encontrei papai com uma cara... Essa não, era a mesma cara que ele fez quando ela...

__Onde está minha mãe?__ Perguntei já com vontade chorar, eu sabia o que vinha a seguir e temia que isso se confirmasse.

__Ela foi embora.__ Ele falou sem rodeios e as lagrimas rolaram soltas por minha face.

__Porque papai?__ Perguntei e ele me puxou para o seu colo.

__Ontem depois da festa tivemos uma conversa seria e ela foi embora, me desculpe querida, não queria que isso se repetisse, achei que estivesse fazendo o melhor a enfrentado, mas vejo que apenas estava remoendo antigas feridas.__ Ele disse me abraçando forte.

__E agora papai?__ Perguntei com voz fraca.

__Seremos nós dois outra vez, pelo menos até ela decidir o que vai fazer a esse respeito, se vai fugir outra vez ou se vai me escutar, só quero que ela entenda a seriedade da situação, que se ficarmos juntos eu magoarei Tanya e posso acabar me magoando depois também.__ Ele disse beijando o topo da minha cabeça de forma terna.

__Diga isso a ela papai, diga o que senti, deixe o passado em seu lugar: no passado, não se prenda a Tanya, ela não é melhor do que a minha mãe, não digo isso porque sou filha dela, digo por que é verdade, você sempre me ensinou que até podemos mentir para os outros, menos para nós mesmos.__ Pedi olhando em seus olhos e acho que ele entendeu.

__Vou tentar querida, mas não será fácil.__ Ele parecia ainda com certo medo, mas eu via que era medo de não conseguir.

__Nunca é.__ Afirmei o que eu sabia há tempos.