Lyan - o Amanhecer de Hiuhou escrita por sancho


Capítulo 2
#01 - Um dia frio


Notas iniciais do capítulo

Um dia triste e frio em Greedisfall. Um palco perfeito para o encontro de duas pessoas que se amam e se odeiam.



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Capítulo I - Um dia frio

 

 

 

     Ele estava sentado em uma das raízes da árvore conhecida como salgueiro ancião, ela era enorme e estendia suas raízes por alguns metros. Localizava-se em cima de uma colina, estava totalmente despida de folhas e esperava ansiosamente pela primavera, estação onde poderia mais uma vez, mostrar seu enorme porte e proporcionar uma sombra agradável.

     Uma brisa suave cortou o local de descanso do viajante. Com os olhos cansados, ele observava as ruínas que se estendiam por alguns quilômetros abaixo daquela colina. O ar estava gelado e o solo coberto por uma fina camada de neve. Poucos pássaros voavam naquele céu estático e cinza.

      Sem esforços levantou-se, pensou na escolha a ser tomada e logo em seguida começou a caminhada em direção ao seu destino.

       Era por volta da décima terceira hora quando o misterioso andarilho pisou no solo das ruínas. Estas que, em um passado propínquo, foi uma das maiores cidades comerciais do reino de Greedisfall.

     O manto branco oscilava ao vento cortante. O andarilho parou e observou uma das entradas principais; duas grandes pilastras brancas estendiam-se por mais de cinco metros e ligavam-se formando um semi-arco. Estas eram ligadas aos muros de tijolos – também brancos – que rodeavam a cidade. Originalmente, entre as pilastras, havia um enorme portão de mogno negro, porém agora, o que havia restado era uma pequena parte dele.

      O viajante inspirou o ar e jogou-o para fora pesadamente formando uma cortina branca. Entrar naquele lugar depois de tanto tempo machucava-o, porém tinha que fazê-lo. Lentamente ele entrou onde não queria.

     Os olhos percorriam freneticamente as casas destruídas, volta e meia sua testa franzia pelas lembranças que vinham a tona ao passar por algum lugar conhecido. Ele andava vagarosamente, fincando o coturno escuro na neve alva que havia se depositado no chão.

      As nuvens cinzas corriam depressas no céu, e mantinham o calor do sol longe da superfície. O inverno castigava toda aquela região e não mostrava piedade para com os fracos.

     Após alguns minutos de caminhada pelas ruas desertas, o jovem parou de andar. Virou-se para a calçada e fitou uma edificação feita de madeira e pedra. Era uma das poucas que mantinham-se intactas. Havia uma porta larga de madeira vermelha, estava quebrada e acima, pendurada por anéis de ferro, uma placa com uma inscrição: Ferraria.

     Ele relutantemente impeliu as portas de madeira e entrou no estabelecimento, que um dia foi chamado por ele de lar. Observou-o; estava do mesmo jeito que há cinco anos atrás, porém repleto de poeira. O balcão feito de madeira escura ainda mantinha-se intacto e as paredes ainda ostentavam as espadas feitas por um mestre ferreiro. A porta que dava para o corredor estava aberta.

     Lentamente o andarilho passou pelo balcão e adentrou pela outra porta. A mão enluvada corria pela parede escura do corredor e mostrava o carinho que ele sentia por aquele lugar. A primeira porta da estreita passagem dava para a área de forja; uma enorme bigorna ficava ao lado de um forno a lenha. No centro havia uma enorme tanque de pedra. Toda essa sala era repleta de pedaços toscos de ferro e outros metais.

     Continuando a caminhada pelo corredor, o jovem subiu uma escadaria que dava para o segundo andar. Neste havia mais duas portas. Ele caminhou até alcançar a primeira, que dava para um quarto; estava totalmente destruído, nem mesmo as paredes haviam aguentado.

     Continuou sua caminhada até chegar a ultima porta do edifício. Era um cômodo retangular, com uma banheira de madeira ao fundo e um enorme espelho de metal na parede. Ele adentrou e pela primeira vez, depois de muito tempo, olhou-se nos olhos.

     Os cabelos castanhos caiam sobre a testa e chegavam a altura dos olhos. A cabeça estava coberta pelo capuz do manto alvo e o rosto enrolado por um cachecol de um vermelho intenso. Lentamente retirou o capuz que lhe protegia da neve e em seguida o longo pano que escondia sua identidade; envolveu-o no cinto.

     A pele era branca como a neve, o nariz era mediano e a boca normal. A única coisa que lhe denegria a imagem era uma enorme cicatriz que descia desde o olho direito até o queixo, e subia em direção a testa. Dava-lhe um tom melancólico, devido ao fato de se parecer com uma lágrima escorrida; uma lágrima eterna.

     Ele tateou o rosto e analisou os olhos; eram diferentes como sempre. Antes, um era verde e o outro castanho. Agora, o direito era de um castanho mais claro que o esquerdo. Suspirou.

     Lentamente desceu as escadas e saiu do estabelecimento. Andou até o meio da rua e virou-se para a ferraria.

 

     Tentou dizer algo, mas as palavras não saíram.

 

     Mais uma vez voltou a caminhar, continuou indo em direção ao centro; a enorme praça do comércio. Era fácil de se chegar lá, pois todas as ruas principais iam de encontro a ela. Porém assim como toda a cidade, esta também estava em ruínas.

     Lentamente ele caminhou até lá, onde havia a fonte que marcava precisamente o centro da cidade e sentou-se sobre um dos poucos bancos ainda intactos que a margeavam. Apoiou os cotovelos nas pernas e recostou a testa sobre a mão. Um momento de paz invadiu o coração do jovem andarilho e o fizeram derramar uma única lágrima que escorreu pela cicatriz.

   Uma enorme explosão engoliu onde o jovem estava sentado, destruindo uma parte da fonte. A explosão foi tamanha que abriu um grande buraco no chão, jogando poeira e cascalho em todas as direções.

     O rapaz posou bruscamente de pé no outro lado da fonte. Mantinha em seu rosto uma expressão inalterada; não era de dor, nem de ódio, mas sim de tristeza. Ele deu três passos para trás, pensou em fugir a ter que enfrenta-la, mas não podia, sabia o que aconteceria a ela se fugisse, o único jeito era encarar de frente seu maior medo, por mais que isso lhe custasse a própria vida.

    A espeça nuvem marrom se dissipou mostrando uma jovem de cabelos castanhos claros. Os olhos eram amendoados e os lábios carnudos. Por cima dos ombros ela usava uma enorme capa bege com um longo capuz. No meio dos peitos, segurando o manto, havia o emblema das forças imperiais conjuntas; a Rosa Negra.

 

 

- Porque está aqui?

 

 

     A voz feminina cortou a linha de pensamento do jovem. Era doce a primeiro momento, porém vinha carregada de tristeza e ódio. Os olhos avelãs mantinham-se entreabertos e as sobrancelhas arqueadas, mostrando uma expressão vazia em seu rosto.

 

Era ela.

 

     Sempre pensou em encontra-la depois de tudo o que havia acontecido. Queria dizer que havia voltado por ela; que por cinco anos ele tinha fugido para protegê-la. Mas não podia.

     

Mentiu.

 

 

- E então... como vai Rachel? - Um sorriso involuntário se formou no rosto do andarilho.

- Não fale comigo como se fosse meu amigo! - vociferou a jovem na direção oposta ao viajante.

- Não é o que nós somos: amigos? - cada palavra que ele dizia, fazia seu próprio coração sangrar.

- Você é um maldito que deveria estar morto. Sua respiração já é um insulto a mim e a todos os que você matou sem pestanejar. - O rosto da jovem formou uma expressão de tristeza, porém foi sobrepujada pela ira. - Você manipulou a todos, manipulou meu pai... me manipulou! - lágrimas começaram a escorrer pelos olhos da jovem e desciam lentamente.

 

 

     Cada gota que caía no chão, ecoava dentro do coração dele. Sentia-se realmente mal por ouvir aquelas palavras, mesmo que ele não tivesse feito o que ela disse. Porém nada que dissesse mudaria o trajeto desse encontro.

     Rachel lentamente enxugou as lágrimas derramadas e retirou o broxe em forma de rosa, deixando o manto bege cair pesadamente sobre o chão branco. Ela vestia um casaco de peles brancas e uma saia longa, que era aberta na frente para proporcionar uma melhor movimentação. Por baixo ela vestia uma meia calça isolante, que protegia as pernas do frio e nos pés, uma bota de cano alto.

     A mão direita segurava um cajado de metal com uma pedra redonda e branca na ponta, enquanto que a esquerda guardava o broche em uma pequena bolsa que ficava pendurada no cinto de couro. Ambas as mãos estavam protegidas por luvas. Ela o encarou. Uma aura assassina tomou conta da praça; ela realmente queria matá-lo. Então apontando o cajado em direção ao inimigo a jovem se pronunciou.

 

 

- Em nome da união entre os reinos de Teodon, e pelos que derramaram seus sangues pela paz... - ela hesitou por alguns segundos, sabia que em nome daquelas palavras não poderia voltar atrás; continuou. - Yan Revistar, você será acompanhado até o castelo de Hera por bem ou por mal, para ser condenado pelos seus atos. - A frase foi pronunciada de maneira fria.

 

 

     Lute contra ela e eu a polparei. Lembrou-se o rapaz das palavras pronunciadas por seu algoz; não tinha escolha.

 

 

- Eu não irei! E duvido que você possa me deter. - Rapidamente ele retirou o manto, mostrando o casaco negro que vestia por baixo. Assim como o agasalho, a calça e o coturno eram de um tom escuro.

- Assim seja. - Ela fechou os olhos e posicionou-se para a batalha. Flexionou os joelhos e em tom inaudível, conjurou a magia. - Deriona Fortin Ares - Uma película fina de ar envolveu os pés de Rachel, deixando-a suspensa alguns centímetros do chão.

 

 

     Yan apenas observava a garota do outro lado, estava a cerca de cinquenta metros e não pensava sequer em desembainhar a adaga que estava pendurada no lado esquerdo. Ela era uma maga, não poderia acerta-lo com uma magia daquela distancia. Com toda a certeza o homem que havia organizado esse espetáculo estava em algum lugar da cidade, apenas observando e rindo.

     Ambos se encaravam e mantinham em seus olhares a ferocidade de quem vai entrar em uma luta. Um piscar de olhos foi o suficiente para dar a vantagem a garota. Em questões de segundos, Rachel cruzou a fonte e desferiu um ataque surpreendente com o cajado.

     Ele não esperava um ataque físico de um usuário de magia. Ela girou rapidamente e o acertou em cheio no lado esquerdo do rosto. Um ataque impiedoso. O sangue voou assim como o corpo do rapaz. Ele foi arremessado por mais de dez metros até atravessar uma parede de madeira de uma casa.

     Uma magia espetacular e que exercia do conjurador muita habilidade para usa-la para ataques físicos.

Sem dar tempo para seu inimigo, a jovem maga estendeu o cajado em direção ao local onde Yan havia caído e conjurou a palavra mágica. Fira! A pedra branca mudou sua cor para um vermelho vivo e dançante, como a lava que desce dos vulcões. Em seguida uma linha carmesim formou-se em frente ao cajado, rodeou-o formando um círculo e em questões de segundos uma enorme bola de fogo se formou e voou até onde o jovem estava caído.

     A magia atravessou toda a extensão de dez metros e se chocou contra o solo. Uma enorme explosão estilhaçou toda a casa e mais duas que estavam coladas a ela. Milhares de pedaços incandescentes de madeira e pedra derretida voaram em todas as direções, colocando fogo no que ainda restava ao redor. Os olhos castanhos claros vasculhavam o fogo que dançava ao vento gelado. Uma silhueta se formou em meio as chamas e saltou para fora.

     Yan estava com o braço esquerdo quebrado e com um ferimento profundo do lado esquerdo do peito, que o fazia respirar fundo para obter o ar que faltava. Toda vez que os pulmões se enchiam de ar, era como se fossem perfurados por agulhas. O lado esquerdo do rosto estava roxo, proveniente da poderosa investida da maga. A mão direita segurava a adaga que havia lhe protegido das chamas. A magia de vento aprendida foi de grande valia, porém não era comparada a de Rachel.

     Ele avançou velozmente em direção a garota que conjurou mais uma vez a magia do elemento fogo. O fogo cortou os poucos metros que separavam os dois em questões de segundos e encontraria o corpo do jovem não fosse pela finta para a esquerda, seguida de um rolamento que evitariam uma morte certa. Uma grande explosão mais uma vez derreteu o chão e abriu um enorme buraco.

     O clarão do impacto ofuscou a vista da maga, e fez-a virar o rosto por meros dois segundos. Rapidamente Yan flexionou as pernas e saltou por cima dela, evitou uma investida da parte da jovem, pensava em agarra-la e convence-la que tudo o que aconteceu não foi ele quem causou. Porém a tentativa falhou no momento em que a parte de trás do cajado encontrou o abdome definido do rapaz.

   O ataque o levantou alguns centímetros, mas não teve tempo de chegar ao chão; um chute no queixo, seguido de vários golpes na lateral do corpo, o fizeram largar a adaga. Porém ele não caiu, ao invés, avançou mais uma vez contra Rachel tentando agarra-la. Foi acertado com força na lateral da cabeça até que conseguiu segurar o cajado e joga-lo no chão, agarrando-a logo em seguida com o braço que não estava ferido.

 

 

- Me... Solte seu mostro. - Ela tentava se soltar, mas a força física de Yan superava a dela.

- Me escute pelo menos uma vez! - ele exclamou. Pela primeira vez ela encarou os olhos do rapaz de tão perto; estavam repletos de tristeza e medo. - Eu não sou seu inimigo! - O sangue escorria e descia pela lateral da face dele.

- Eu não posso confiar em você! - Lágrimas amargas escorriam dos olhos de Rachel, e o que antes era uma tentativa de se livrar do inimigo, acabou se transformando em um abraço. Lentamente ela se deixou levar pelas palavras de quem um dia ela havia amado.

- Eu fui enganado Rachel, eu não matei essas pessoas. - Ele a abraçava. Sabia que aquilo poderia acarretar em algo mais sério por parte do não cumprimento da parte dele para com o algoz.

- Mas eu te vi! - as lágrimas caiam por cima do casaco negro de Yan e desciam até serem absorvidas pelo agasalho.

- Não era eu. Eu nunca te abandonaria... - o ar lhe faltou aos pulmões, ao sentir o metal frio adentrar-lhe no abdome. Uma dor excruciante o fez solta-la, e o que antes era um abraço quente e confortável, se transformou em dor. - O que você f...

 

 

 

     Yan olhou para baixo e viu a adaga fincada em seu abdome. O líquido escarlate escorria pelo casaco e caia no chão, formando uma poça no tapete de neve. A passos largos, Rachel sem piedade retirou a adaga, fazendo-o sentir ainda mais dor e fazendo com que mais sangue saísse pelo ferimento. Ele caiu de joelhos, já estava sem forças devido aos outros ferimentos. Ela se ajoelhou e aproximou-se da orelha do rapaz.

 

 

- Você me abandonou e matou meu pai na minha frente. Você não me engana mais Yan. - aquelas palavras feriram-no mais do que a adaga.

 

 

      Lágrimas escorreram pelo rosto dele e caíram no chão, lentamente ele tombou para a frente desacordado.

 

     Um sentimento de ódio e de tristeza invadiram a mente da garota que permanecia com a adaga em mãos, pretendia mata-lo ali mesmo e consumar sua vingança. Levantou a adaga para apunhala-lo na espinha, terminando com apenas um único golpe, mas foi impedida por mãos que a seguraram.

     Um olhar feroz foi direcionado aos dois companheiros.

 

- Me soltem! - vociferou ela, tentando se libertar.

- Acalme-se senhora. - disse brandamente um homem com uma capa azul marinho, os cabelos negros caiam sobre a testa. Seu nome era Pallas Gaudrax Partle, um cavaleiro que estava sobre as ordens de Rachel.

- Solte-me Pallas! Isso é uma ordem! - as lágrimas escorriam dos olhos marejados da jovem.

- Você está sob as ordens da União. Devemos leva-lo vivo para Hera. - disse uma mulher alta e esguia chamada Alexas Gaudrax Partle. Possuía os cabelos longos e negros, assim como o outro e mantinha-se protegida por uma longa capa vermelha. Ambos carregavam em seus peitos a rosa, porém de uma coloração verde.

- Mas... - lentamente a jovem soltou a adaga que produziu um baque seco ao se chocar contra o chão branco.

- Recomponha-se. - disse o jovem de cabelos negros. - Você é uma caçadora! Caçou sua presa com exatidão. Agora devemos entrega-la a quem nos mandou pega-la. - os olhos negros deram forças para a garota. - Por favor irmã, cure ele para que não morra no caminho de volta e sele-o, de modo que não acorde até chegarmos ao nosso destino.

- Não tenho escolha. Tenho? - Lentamente a muher abaixou-se e virou o corpo de Yan que cada vez mais vertia sangue.

 

 

     Rapidamente ela abriu o casaco do guerreiro e com uma adaga cortou-lhe a blusa branca que estava por dentro. Espantou-se ao ver algo realmente incomum. Uma enorme cicatriz que ia até o abdome descia linear a que havia no lado direito do rosto. Bem no centro do peito havia um simbolo que se estendia até os ombros e desciam até a palma das mãos. Todo o corpo do jovem estava coberto por hematomas, mostrando que ele vinha enfrentando oponentes bem antes de chegar a cidade.

      Ela estendeu as mãos morenas por cima do ferimento no abdome e fechou os olhos. No mesmo momento um brilho branco se propagou por toa a superfície de suas mãos e desceu lentamente até o ferimento.

     Como se regredisse o tempo, a magia branca fechou aos poucos o machucado, até que este fosse totalmente curado. O cavaleiro mantinha a espada apontada para o pescoço do jovem que mantinha-se desmaiado. Assim foi com todas as feridas.

     Do outro lado, sentada em um banco e observando a mulher curando seu inimigo, Rachel segurava com força o cajado e pensava nas palavras que seu antigo amigo havia dito. Eu nunca te abandonaria... Aquelas palavras vagavam pelos pensamentos dela, deixando-a confusa, porém o que está feito, está feito.

     O sol mostrou-se por meros segundos, mais foi o suficiente para fazer a lâmina prateada da adaga do rapaz brilhar e chamar a atenção da jovem. Ela levantou-se e caminhou até a adaga que permanecia estática no chão. Pegou-a e com um olhar triste a observou. Logo em seguida guardou-a em sua cintura.

 

 

- Irei sela-lo agora senhora. - Ambos, Pallax e Alexas se afastaram. Estendendo as mãos, a maga branca conjurou as palavras que manteriam Yan em um sono profundo. - Morphenis Armerate.

 

 

     Um hexágono branco se formou ao redor do jovem que permanecia deitado e se levantou, formando seis paredes de um branco intenso, logo em seguida se estilhaçou e se espalhou, como se fosse inúmeras plumas alvas.

 

 

- Está feito.

 

 

     Os quatro se retiraram da praça e se dirigiram para a saída leste, onde três cavalos esperavam-os. Yan era carregado pelo cavaleiro enquanto que, em silencio, as outras duas caminhavam em direção ao portão.

     A neve lentamente começava a cair, como se fossem lágrimas congeladas pelo ocorrido momentos atrás.

 

 

     A oeste da localização da luta, a poucos metros, um homem estava sentado no alto de um edifício. O prédio estava tombado, mas mantinha-se de pé assim como muitas edificações resistentes. Ele aplaudia o desfecho do espetáculo que ele conduzira com tanto prazer. Atrás dele estava uma garota de pele alva e cabelos longos e cinzas e um garoto com as mesmas características. Ambos possuíam olhos cinzas sem iris.

 

 

- Isso foi um saco! - disse o garoto. Seu nome era Kyrie Karskille. Usava roupas comum e nenhum agasalho, não se importando com a temperatura. Seu jeito frio combinava com o clima. Inesperadamente um chute o jogou para frente quase fazendo cair. - `Tá maluca garota!?

- Você não vê que o mestre ta feliz? Esse seu mau-humor vai acabar com o dia dele. - A menina correu para trás do homem que estava sentado, apoiando as mãos nos ombros dele. Possuía o nome de Kayri Karskille e possuía um gênio totalmente diferente do irmão. Os dois se encaravam enquanto que o homem tentava inutilmente apazigua-los.

- Calma crianças... Vocês dois não devem brigar! - Ele mantinha um sorriso calmo, já que esta era a única parte do rosto que estava a amostra. Todo o corpo estava coberto por um manto negro e a cabeça por um capuz.

- Mas ele sempre diz essas coisas mestre. - A garota o abraçou carinhosamente.

- Ela é um porre.

 

 

     O homem ria ao ver as crianças que não se entendiam de jeito nenhum. Lentamente ele se levantou e observou o horizonte cinza, inspirou profundamente o ar frio e em seguida expirou-o. As duas crianças que não deviam ter mais que oito anos fizeram o mesmo ao vê-lo.

 

 

- Está um dia frio hoje.

 

 

      Os dois irmãos olharam o homem e em seguida entreolharam-se, não entendendo o significado das suas palavras. Sabiam que não podiam sentir nada, visto que aqueles não eram seus verdadeiros corpos.

     O vento soprou e – como se fossem fumaça – carregou consigo os três que mantinham-se em cima do edifício. Eles desapareceram, levando consigo a escuridão que traziam. 

 


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Notas finais do capítulo

* Breve eu colocarei o mapa mundi de Teodon.
* Triste o cap não é? Eu achei. O que você achou?
* Não deixe de passar nesse retangulo aqui em baixo, ele deixa as pessoas felizes quando vocês escrevem nele. XD
* Próximo capítulo: "O Caminho para Hera."



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