Lyan - o Amanhecer de Hiuhou escrita por sancho


Capítulo 1
Prólogo I


Notas iniciais do capítulo

Uma guerra sangrenta, que mexerá nos alicerses de todas as nações.



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Uma vida para um caminho.”

 

Prólogo I

 

 

     Era como se aquele dia tivesse sido tingido de vermelho. Vermelho pelo sangue que havia sido derramado no campo de batalha da clareira maior de Alchor em Legaya. A clareira era a maior de toda a floresta e havia sido o palco de um espetáculo sangrento.

 

     Corpos mantinham-se estendidos no chão; decapitados, mutilados, pisados e deformados.

 

     As nuvens continham em sua essência o tom de laranja manchado de rubro e passavam lentamente pela cabeça do jovem aguerrido. Ele estava sentado em cima de uma grande pilha de cadáveres. As entranhas de orcs, humanos e elfos se misturavam abaixo dele enquanto que observava o sol no horizonte.

     Os cabelos vermelhos desgrenhados do jovem guerreiro balançavam ao vento leste que levava consigo o cheiro da morte. A mão alva e rubra segurava apontando para baixo a espada prateada com grande força, mesmo momentos após a batalha, o espírito de cortar e matar mantinham o corpo do jovem de prontidão.

     Os pinheiros gigantes que cercavam a clareira rasgavam os céus e uivavam ao som do vento, como um predador invisível que persegue aqueles que entram em seus domínios. O chão estava totalmente manchado de sangue e até as poucas árvores que haviam ali, tinham provado o gosto da morte; estavam queimadas, cortadas e esburacadas.

     Mantendo o olhar no horizonte, o jovem permanecia inexpressível. O rosto magro estava manchado de sangue negro e fétido. Possuía os olhos vermelhos com formato puxado na horizontal e um nariz arrebitado e fino. A boca era normal para o formato da face e a pele era branca, porém queimada pelo sol.

     Ele estava vestido com um armadura que a tempos havia perdido o brilho e dado lugar a sujeira e ao sangue dos inimigos. Uma placa  cobria todo o peitoral; estava marcada por inúmeras rachaduras e amassados.

     Os ombros eram protegidos por pequenas placas sobrepostas uma pelas outras, os braços estavam sem proteções, apenas os antebraços mantinham a armadura. Por cima do corpo definido, uma cota de malha lhe protegia o torso e chegava até o começo das pernas, onde era envolvida na cintura por um cinto grosso de couro e ferro. Ele usava uma calça grossa.

     Descendo um pouco mais, os pés eram cobertos por um coturno e a canela era protegida por uma proteção feita do mesmo material da parte de cima.

     O sol estava aos poucos desaparecendo em meio aos pinheiros e apenas alguns raios solares passavam entre os troncos grossos, alongando a sombra do jovem e mostrando a ele o que lhe esperava.

 

Estava na hora de se levantar.

 

 

     O jovem se levantou sentindo a perna esquerda. Um corte profundo começava a se infeccionar e poderia, se não fosse tratado, lhe causar a morte. Estava envolvido por um pedaço de pano e totalmente cheio de ervas camineiras¹.

     Ele escorregou pelos corpos e andou um pouco, até chegar em uma área onde milhares de outros corpos estavam estendidos. Antes, o que era uma explosão de vida e cores havia se transformado em um mar de corpos mutilados e ensanguentados. Toda a terra naquela área estava morrendo, a grama havia tomado um tom de verde escuro, quase negro e nenhum animal silvestre passava por ali.

     Com os olhos entreabertos, o guerreiro espreitou a clareira que se estendia por centenas de metros quadrados. Encheu os pulmões de ar e levando a mão esquerda a boca, assobiou.

      Como mortos que se levantam dos túmulos, cento e cinquenta e três soldados se ergueram. Eram homens e mulheres, elfos e anões. Todos trajando a mesma armadura que antes era reluzente e agora estava impregnada de sangue negro. Muitos mantinham feridas em seus corpos e outros em suas mentes. Porém todos eles tinham algo em comum, o olhar vazio e a certeza de que não deviam morrer.

     Apenas uma pessoa mantinha em seu olhar esperança e força. Uma mulher humana estava sentada cuidando de um companheiro ferido, ela mantinha os longos cabelos loiros entrançados, e vestia por baixo da armadura que apenas lhe cobria o busto e os braços, um enorme vestido. Uma cota de malha cobria todo o corpo da mulher. Ela utilizava de magia branca, para acelerar a cicatrização.

     Os olhos azuis faziam contraste com aquele local impregnado de desespero e morte. Embainhadas em sua cintura, duas espadas médias serviam de arma para a mulher. O homem ao qual ela curava, havia perdido um dos braços, porém não podia desistir de lutar.

     Ela terminou e se levantou devagar, usar magia por três dias consecutivos traria a morte de qualquer pessoa normal, mas ela não se encaixava nesse grupo de pessoas. Andou um pouco até que avistou ao longe o jovem ao qual todos chamavam de líder.

     O jovem ruivo estava reunido com mais duas pessoas, um anão robusto e careca; sua face era repleta de cicatrizes e uma longa barba ruiva se estendia até o peito. O outro era um elfo esguio e de aparência inofensiva; os longos cabelos negros caíam por suas costas e em suas mãos ele segurava uma lança com lâminas em ambas as extremidades. Ambos eram os líderes das tropas de suas respectivas raças. Discutiam sobre a estratégia a adotar, mas sempre consentiam com a decisão que o mais novo tomava.

      Eles se separaram. Entre os olhares tensos de seus soldados, o rapaz avistou um olhar. Dentre todas as pessoas, apenas uma olhava-o, sempre mostrando aqueles olhos lindos de cor safira. Ele caminhou mancando até a jovem que lhe aguardava. Ambos se encararam por alguns segundos até que a mulher se adiantou.

 

 

- Deixe-me cura-lo. - Ela já estendia as mãos na direção do ferimento, estava prestes a liberar mais uma vez a magia milagrosa quando o ruivo interviu.

- Guarde-a para quem realmente precisa. - Ele embainhou a espada e pela primeira vez, largou o cabo.

- Mas se deixar assim, provavelmente morrerá! - Ela exclamou, porém foi cortada pelo jovem que já havia se decidido.

- Eu não morrerei por isso, tenho algo para fazer e tenho que me manter vivo, para quando os reforços chegarem. - ele sorriu e segurou em ambas as mãos da mulher. - Não se preocupe. Eu te beijaria, mas agora estou totalmente sujo de sangue e fedorento. - Um sorriso triste se formou nos lábios do guerreiro.

- Não me importa como você esteja...

 

    Lentamente a mulher aproximou-se do rosto do jovem e gentilmente selou seus lábios ao dele com um beijo caloroso e confortante, que fez com que o ruivo esquecesse, mesmo que por um segundo o que acontecia naquele local. Os lábios se separaram e ambos encostaram a testa uma na outra.

 

- Apenas quero que se mantenha ao meu lado. - Ela mantinha os olhos fechados, assim como ele. Com ambas as mãos ele acariciou o rosto da mulher, que era mais velha alguns anos que ele.

- Nunca sairei do seu lado. Eu prometo. - Eles se separaram; a hora era chegada

 

 

     A noite caia e trazia consigo as bestas que mais uma vez iriam atormentar os presentes naquela clareira. Durante três dias, eles haviam enfrentado todo tipo de criatura bestial daquela região; Orcs, gnols, goblins, hobgoblins e Bugbears. Todas comandadas por uma única criatura monstruosa e horrenda; Tornak, o grande Bugbear e líder do exército que rumava para a capital do Reino, Erollar.

     Tornak era um grande líder. Sempre foi temido e respeitado por todas as criaturas, ninguém ousava repreender suas ordens. Possuía quase dois metros e meio de altura, um corpo robusto, coberto por pelos cinzas e castanhos que lhe davam uma aparência bestial. Possuía os olhos fundos e amarelos, um focinho largo com o de um porco e enormes presas que nasciam de sua boca. Era famoso pelos braços que podiam rasgar um urso pardo² ao meio e pela enorme espada que carregava consigo. A pele do monstro era de um verde musgo tão grossa quanto qualquer couraça e suas mãos esmagavam crânios sem dificuldades.

     Vestia-se de pele de animais, e como qualquer outro, carregava consigo os méritos pelas batalhas ganhas; cabeças secas de humanos, elfos, anões e outros monstros que ficavam penduradas em uma espécie de colar.

      Ele e seu exército de milhares de monstros corriam em ritmo frenético pelo reino, recrutando em florestas, pântanos e em outros lugares, aqueles que desejavam o fim de Legaya. Pouco a pouco um exército de proporções monstruosas se formou, dando início a uma grande batalha que já durava anos.

      Pouco a pouco Tornak rumava para a capital e almejava a passagem de Arkrona Burna, a mais extensa entre os paredões eternos de Farmaisd. Os paredões envolviam toda a floresta de Stiges e se estendiam de uma extremidade a outra, desenhando uma cruz bem no centro do reino. Bem no centro das passagens havia a enorme capital.

     A cidade há muito tempo era chamada Eterno Branco ou Cal-Eternasi em élfico. Erollar era totalmente esculpida em uma montanha, sendo um enorme forte e a maior cidade de todo Teodon. Ficava cercada pela floresta, onde viviam os elfos e onde era encontrada a segunda maior cidade deles, Terio-Arunie.

     A passagem de Arkrona Burna, ficava ao sul, e era a mais próxima de Greenlands; de onde Tornak vinha em marcha acelerada. Ele vinha a frente dos soldados, enfrentando céu e terra sem temor. Seu exército estava bastante reduzido, estava cercando toda a capital e invadindo pelas quatro passagens, queria ter certeza que sua estratégia iria funcionar.

     A noite chegou e com ela veio a escuridão da clareira, apenas a lua iluminava o campo de batalha. Com um movimento de cabeça, a pilha de cadáveres onde o jovem de cabelos vermelhos estava sentado foi incendiada, assim como ela, inúmeras outras foram acesas, iluminando toda a clareira.

     O silêncio reinava naquele lugar. Os cento e cinquenta e quatro soldados se enfileiraram, formando uma parede viva. Todos mantinham em mãos as espadas e armas que usavam. A temperatura gradativamente abaixava, fazendo com que nuvens de vapor fossem expelidas pelas bocas dos ali presentes.

     Aquele silêncio era perturbador. Todos mantinham-se tensos, incluindo os dois jovens apaixonados. Teriam que aguentar apenas mais uma noite e tudo estaria terminado. O uivo de um lobo solitário alertou os soldados. Eles estavam próximos.

     Urros e gritos de guerras ecoavam pela floresta ao sul e se espalhavam pela clareira. Tambores moviam o exército que se aproximava a passos rápidos e pesados que tremiam a terra e faziam os corações dos corajosos guerreiros palpitarem cada vez mais.

 

     Os tambores cessaram, assim como os tremores produzidos pelos passos.

 

     A silhueta de um monstro enorme apareceu do outro lado. Estava a cerca de quinhentos metros do jovem de cabelos ruivos do outro lado de um pequeno vale. Ela era alta e carregava uma enorme espada em sua mão direita. A silhueta foi tomando a forma de um enorme bugbear. Os olhos amarelos mostravam a maldade que o coração negro sentia.

     Um dos elfos estendeu a mão na direção do monstro e lançou sua magia. Um enorme bola de fogo cortou o campo de batalha em questão de segundos e se direcionou para o peito do monstro. Partiria-o ao meio se acertasse.

     O bugbear rolou para o lado com uma velocidade anormal para seu tamanho e caiu apoiado em um dos joelhos. A bola de fogo estourou no tronco de um dos pinheiros e o derrubou. Um sorriso monstruoso se formou em seu rosto. Ele deu um urro feroz.

 

 

- Malditos! - Ele sorria. Os dentes eram amarelos e totalmente afiados. O hálito cheirava a podre. - Vocês podem mandar suas magias, porém todos cairão ao nascer do sol. Assim disse Tornak, líder do exército que fará Legaya cair. - A voz era grave e potente.

- Vocês serão os únicos a cair aqui. - Se pronunciou o ruivo apontando a espada prateada na direção do inimigo.

 

 

     Uma gargalhada proveniente do grande bugbear se espalhou por todo o lugar. Findando o riso macabro o monstro urrou mais uma vez. Aquele era o início de mais uma batalha.

     Como meteoros que cortam os céus, inúmeras bolas de fogo foram arremessadas de dentro da floresta e rumaram na direção da resistência. Ao mesmo tempo os tambores começaram a bater, sendo seguido por gritos e urros. Centenas de seres verdes e negros saíram da floresta, eles variavam em tamanhos. Os pequenos goblins vinham mais a frente, por serem mais rápidos e menores. Mais atrás vinham gnols, goblins e os maiores. Todos vinham armados de espadas, maretas, maças e qualquer arma mortal.

 

     Ao verem as enormes bolas de fogo, um grito iniciou de vez a batalha.

 

 

- Para o vale, lá as catapultas não atacaram por causa dos soldados deles! NÃO MORRAM!!!

 

 

     Assim todos rumaram para o que muitas pessoas chamariam de morte certa, porém, para eles não importava como se chamava aquilo. Os cento e cinquenta e quatro soldados correram com suas ultimas forças e gritando, se chocaram contra os oponentes que totalizavam em mais de cinco mil, uma média de trinta e cinco oponentes por guerreiro.

     Ataques mágicos provenientes dos elfos e dos humanos que sabiam algum encantamento cortavam o campo de batalha enquanto que estes se aproximavam. Bolas de fogo, cristais de gelo e relâmpagos estilhaçavam os corpos dos oponentes e proporcionavam enormes explosões, porém nenhuma magia acertava Tornak, ele estava mirando em apenas uma pessoa; o jovem líder.

     Os primeiro a se encontrarem foram eles. Ambos se prepararam para atacar e desferiram golpes laterais com as espadas que se encontraram e jogaram faíscas para todos os lados. Um som estridente de metal contra metal se propagou em meio aos urros e gritos. O choque das espadas jogou o ruivo para trás, o fazendo cair de costas no chão.

     A força superior do monstro fazia a diferença. Ele avançou rápido e lançou a espada contra o jovem que rolou para o lado, evitando o ataque. Porém este não conseguiu evitar uma segunda investida dada pelo bugbear que o acertou no peito com um potente chute. O ataque o arremessou alguns metros para trás e o fez cuspir sangue. O chute havia amassado a armadura.

     O jovem olhou de soslaio para o monstro que se aproximava a passos lentos e mantinha naquela cara um sorriso vitorioso e amarelo. Olhou para os lados e notou que ninguém o atacava, aquela era uma luta mano a mano entre líderes. Ele se levantou.

     Na outra extremidade, assim como todos os outros companheiros, a jovem de olhos azuis se encontrava cercada e era atacada por todas as partes, porém a velocidade superior e golpes precisos faziam a cada investida inimiga, uma cabeça rolar.

     As espadas gêmeas e médias moviam-se graciosamente, passando pelas gargantas, cortando rapidamente a jugular e separando a cabeça do corpo, que caía pesadamente no chão, espalhando o sangue negro por todas as partes.

     O líder elfo assim como os semelhantes de sua raça, usava de magia para atacar. Ele havia usado a magia para encantar sua arma com a propriedade trovão. As duas lâminas cobriam grandes áreas, evitando a aproximação dos inimigos, os movimentos rápidos e os ataques aos órgãos vitais faziam os oponentes tombarem à terra. Quando não eram mortos pelos ataques mortais, morriam eletrocutados ao mínimo toque da arma.

     O anão era o mais destruidor e assustador de todos. Até mais que os monstros. Ele manejava um escudo com lâminas na mão esquerda e na mão direita esmagava a cada golpe os inimigos com um enorme martelo de batalha. Ele avançava em direção aos maiores inimigos: os bugbears. Um enorme bugbear o encarou e avançou, almejando o esmagar com a enorme clava que ele carregava.

     O monstro desferiu um ataque na lateral, porém o martelo de batalha do anão encontrou a clava de madeira e a estilhaçou, em seguida o pequeno atarracado ser avançou três passos para a frente e cravou o escudo no pé do monstro, cortando a parte da frente junto dos dedos. O monstro gritava de dor, enquanto que o anão matava um pequeno goblim que lhe havia desferido um ataque.

     Mais uma vez o anão voltou para o bugbear e com o martelo, desferiu um golpe no joelho, estilhaçando-o e fazendo com que dobrasse para trás. Uma fratura exposta seguida de queda fizeram o bugbear não ter desejado nascer. Para terminar o anão, com a outra extremidade do martelo, acertou o crânio do enorme monstro, estourando a cabeça e lançando na grama negra o que restou do cérebro. Ele a cada golpe matava um inimigo, e os que lhe davam mais trabalho, eram os que ele mais gostava.

     Assim como muitos inimigos tombavam, mais soldados da resistência morriam. As esperanças iam diminuindo conforme o número de inimigos apenas crescia e a ajuda demorava a chegar.

     O líder do exército de monstros avançou mais uma vez em direção ao jovem que se mantinha de pé com a espada empunhada em mãos. Um investida vinda da direita fez o jovem pular para trás, e em seguida ele mais uma vez saltou, evitando uma segunda investida. Velozmente ele avançou para cima do monstro que quase lhe era o dobro do tamanho e desferiu uma série de ataques velozes.

     Com uma velocidade sobrehumana, Tornak defendeu todos os ataques e aproveitando a aproximação do jovem deixo-se ser ferido no braço esquerdo, que apenas foi cortado superficialmente. Ele com a mão esquerda segurou uma das mãos do jovem e com o cabo de sua espada acertou a lateral do rosto do ruivo. Em seguida o jogou para cima, e tentou-o cortar no alto, porém o golpe foi amparado pela espada prateada. O jovem foi arremessado pelo impacto das espadas e caiu a alguns metros de distancia cuspindo sangue.

     O grande líder bugbear não dava trégua em seus ataques. Mais uma vez avançou em direção ao jovem que se viu obrigado a levantar agilmente ao ver que seria partido em dois pela grande espada. A grama negra balançava aos impactos reluzentes das espadas. O fogo e o cheiro de carne queimada faziam daquele lugar o pior campo de batalha, se é que tem um melhor.

     O sangue esguichou quando a espada gigantesca do monstro feriu a panturrilha esquerda do jovem. Ele deu um longo grito de dor que foi silenciado por um golpe na lateral. Por reflexo o ruivo amparou o ataque, porém a própria espada lhe feriu a orelha esquerda e assim como todos os outros golpes que ele havia amparado, o impacto o jogou longe.

     A força lhe faltava a perna, e lentamente a sua visão ficava turva. O monstro gargalhava e não podia resistir a uma pequena tortura. Com a mão esquerda ele segurou no antebraço esquerdo do jovem e o ergueu, de modo que ficassem face a face.

 

 

- Você lutou bem garoto. - O hálito de morte invadiu as narinas do ruivo. Em seguida uma dor sufocante proveniente do esmagamento dos ossos do antebraço fizeram o jovem guerreiro dar um grito de dor. - Ultimas palavras? - Podia ser um monstro, porém mesmo assim conseguia ser sarcástico.

- Morra seu monstro maldito! - com a pouca força que ainda restava no braço o rapaz cravou a espada entre o ombro e o braço direito, porém não foi um ferimento profundo. O monstro gargalhou.

- Acha que vai apenas me matar com isso? Eu enfrentei diversos generais seus e nenhum foi capaz de me matar. - Ele contava os feitos, engrandecendo-se.

- Não. Mas vai fazer um estrago. Nefros Ares. - Uma rajada de vento correu pela lâmina e em seguida estourou na ponta, estilhaçando o ligamento entre o ombro e o tronco. A enorme espada do bugbear caiu produzindo um baque seco ao se chocar contra a grama e foi seguido de um urro que fez com que a atenção dos monstros e dos remanescentes se voltasse para a colina onde os líderes se enfrentavam.

- Humano maldito!!!

 

     O bugbear arremessou o jovem contra o chão e pisou em seu peito com todas as forças, afundando-o alguns centímetros no chão, o impacto amassou a armadura e fez com que o ruivo cuspisse sangue . Em seguida acertou-o com um poderoso chute que o fez voar alguns metros fazendo com que caísse de bruços. Sem reações o corpo do jovem ficou estirado no chão.

     O sangue esvaia do corpo do enorme monstro. O braço havia se descolado, ficando pendurado por uma pequena camada de carne e gordura. Três costelas estavam expostas e quebradas. O monstro urrava de dor, porém ele estava mais interessado em terminar com aquele humano, do que com a dor que sentia.

     Com o braço esquerdo, Tornak segurou o restante do outro braço, e com um puxão, arrebentou o que ainda ligava-o. Mais uma vez ele urrou, fazendo uma careta monstruosa. Podia ter perdido o braço, mas ainda podia manejar a espada com a mão esquerda tão bem quanto com a direita. E foi isso que ele fez.

     Mais uma vez, o enorme monstro avançou para cima do jovem que mantinha-se imóvel no chão. O dia já estava nascendo e a ajuda não havia chegado. O bugbear caminhava lentamente para dar um fim ao seu embate, enquanto que mais abaixo, os poucos remanescentes que ainda haviam sobrado, travavam uma batalha contra os numerosos monstros e contra o cansaço físico e mental. Havia sido uma madrugada sangrenta, porém aquele embate no alto da colina, mudaria completamente o rumo da batalha.  

 


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Notas finais do capítulo

1 - Ervas camineiras - São ervas encontradas nos paredões eternos de Farmaisd, possuem um alto poder curativo, porém devem ser trocadas de meia em meia hora para obter-se um melhor resultado.
2 - Ursos pardos são enormes ursos medindo mais de cinco metros de comprimento e pesando as vezes, mais de quinhentos quilos. São extremamente ferozes em estado selvagem, porém podem ser domesticados para uso em circos e espetáculos.
 
* Bem pessoal, depois de um tempo escrevendo Lyan (versão antiga), resolvi reescreve-la. Ao lê-la como um de vocês, vi que poderia extrair muito mais de mim mesmo e da história. Para os que leram antes, veram que há muitas modificações, mas todas levam ao mesmo final da trama.
* O próximo capítulo não segue a cronologia desse. A continuação do prólogo virá bem mais a frente.
 
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