-Bom dia, classe!

Lá vem aquela professora chata e velha. Já conhecia srta. Parker, tinha sido substituta do técnico por duas semanas. Ela entrou, colocou as macumbas em cima da mesa e entrelaçou os dedos  das mãos.

-Meu nome é Mary Parker, mas por favor, me chamem de srta. Parker. Odeio apelidos. Para os alunos novos, - dei uma olhada ao redor, um ou outro rosto desconhecido. - bem-vindos à aula de Artes Dramáticas. Bom, hoje não vou pegar pesado com vocês pois é o primeiro dia. Um exercício de atenção em palco básico para vocês. Escolham suas duplas. - ela se virou, mexendo no caderno.

A sala já estava toda bagunçada. Não pude evitar de olhar logo para Joy Puckett. Estava toda desorganizada mexendo em seus livros e tentando prender seus lindos cabelos loiros e encaracolados. Estranhamente, ela também olhou diretamente pra mim, e abaixou o olhar rápido.

Sorri. Adoro loiras tímidas.

Já estava prestes a levantar para sugerir que nós fizéssemos um par, mas a droga da Lia Gilbert a cutucou, e as duas levantaram.

Tudo bem. Fica para a próxima.
xx

Estava tão concentrado naquele exercício que nem percebi quando o sinal tocou. Todos já estavam saindo da sala de aula. Uma muvuca na porta, um monte de nerds dando oi para a professora chata. Naquela confusão, perdi Joy de vista. Queria saber se sua próxima aula também seria Matemática para que nós sentássemos juntos, mas assim que cheguei na sala 16 percebi que ela não estava lá. Nunca fui assim tão ligado a uma garota comum, como estava. Mas ela não era comum.

Me sentei na mesa, e fui falar com o Jeremy sobre ele no time, já que sou o técnico. O professor entrou logo depois. O nome dele era sr. Finn. Não era muito fã dele, porque uma vez ele não me deixou entregar o trabalho mais importante do ano e no final, fiquei com um absurdo D- em matemática.

-Bom dia, alunos. Sou o professor Finn. Já abram os livros na página 6 para vermos báscara e matrizes. 

A sala toda falava em comjunto sobre o quão chata era a matéria, e o professor já tinha confecção a gritar para ficarmos quietos, além do discurso já conhecido do "vocês já estão no terceiro ano, devem se comportar como terceiro ano".

-Desculpe o atraso, professor! Posso entrar?

Minha cabeça logo se virou para a porta. Lá estava ela. 

Seus cabelos, agora presos em um rabo-de-cavalo, estavam com os cachos para frente. Pelo jeito, estava muito preocupada com o professor não permitir sua entrada.

-Claro. Srta...?

-Puckett. - respondeu, e olhou a sala. Além de todos estarem olhando para ela, só restava um lugar: bem na minha frente.

Joy deu um sorriso torto para o professor, e se sentou. Ela era incrivelmente bonita de costas. E usava um perfume de macadâmia e um outro cheiro que não consegui identificar, mas era agradavelmente cheiroso.

-Oi, Joy.

Ela não respondeu. Batucava a caneta na mesa, e a outra mão batia as unhas no caderno. O professor chato não parava de falar, mas isso não me impediu de continuar a admirando. Sutilmente, me inclinei para frente e encostei meus lábios em sua orelha. Joy tremeu por um instante, e suspirou.

-Almoça comigo. - sussurrei.

-Prefiro comer caco de vidro. - ela respondeu, de um jeito baixo, que dificilmente alguém ouviu exceto eu.

-Qual é, Joy. Almoça comigo hoje. - fiz de novo, e dessa vez foi mais hilário. A loira se reclinou um pouco para frente, apertando o lápis com força.

-Caham. Será que tem como a srta. Puckett e o sr. Benson ficarem em seilêncio? Estão atrapalhando o resto dos alunos. - aquele estressado do professor já tinha começado a pegar no meu pé. - Ou será que nós que estamos atrapalhando vocês?

-Ahn.. Eu... sinto muito, professor Finn.

O velho apenas levantou as sobrancelhas, e continuou a tagarelar lá na frente. Eu revirei os olhos, e não tinha percebido um bilhete em cima da minha mesa.

"Pare de falar comigo, droga." era o que estava escrito, numa caligrafia apressada e grosseira, mas muito linda. Resolvi obedecer ao menos esta ordem, e até o fim da aula não a incomodei. Afinal, olhar não tira pedaço.

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-Hey! Espera!

-Me deixa em paz! – Joy estava só a uns dois ou três passos na minha frente, mas a multidão que ia em sentido contrário me atrapalhou e quase a perdi de vista. Estava indo para a saída.

-Joy! Preciso falar com você! Dá pra esperar um minuto?

A ouvi suspirando. Já estávamos do lado de fora da escola, perto do estacionamento, quando ela virou de frente para mim.

-O que tenho que fazer para me livrar de você?

Eu sorri, segurando em seu rosto.

-Almoça comigo. Vamos sair, tomar um sorvete...

Ela fez cara feia, arqueando as sobrancelhas.

-Seja sincero uma vez com alguém e me responda: por que está tão melado comigo? Qual é seu problema, Freddie Benson? O cara mais popular do colégio e que tem qualquer uma em sua palma da mão?

Dessa vez, foi minha vez de revirar os olhos. Até parece que era tão difícil assim de saber a resposta.

-Joy, você é uma garota incrível. De todos esses anos, nunca vi uma igual. Você não corre atrás de mim, não usa roupas vulgares nem é toda chata com frescuras. Você é linda, incrível e inteligente demais para não perceber que foi isso que me cativou. Vai me dar uma chance?

Olhei bem no fundo dos olhos dela, que agora não estavam mais tão azuis assim por estar contra o sol. Ela deu uma risada singela, depois mordeu o lábio inferior.

-Claro. Mas não hoje. A gente se fala.

-Obrigado. Tchau, Puckett.

Ela exibiu um sorriso, e eu esperei até entrar num carro prata sedan que estava estacionado na calçada para virar de costas e ir para o treino de futebol americano.

Uau.