A Sogra escrita por FreddieMcCurdy


Capítulo 3
Me concede essa dança?


Notas iniciais do capítulo

Antes tarde do que nunca :)



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Uau.

Minha mente ainda estava paralisada no momento em que ele me disse aquelas coisas maravilhosas no colégio.

Você é linda, incrível e inteligente demais para não perceber.

Será que realmente sou?

–Filha? Está tudo bem com você?

–Ah, claro, mãe. Por que não estaria?

–Não sei. – ela mudou a marcha do carro. – Você está toda feliz, animada. Aconteceu algo na escola?

Revirei os olhos, e não respondi. Minha mãe sempre foi assim: toda cuidadosa. Eu até gosto, mas ela às vezes exagera um pouco. Como agora, que eu não queria conversar, só me concentrar naqueles olhos de chocolate brilhando e me perguntando: Vai me dar uma chance?

Ah, Freddie Williams Benson. Como não te suportava e comecei a gostar de você em um dia?

...

A casa da amiga da minha mãe era extremamente linda. Não muito maior que a minha, mas a cor branca dava um ar de mansão presidencial. Ao entrar, tinha um jardim com jasmins azuis bem plantadas, além de girassóis enormes como cerca viva. Minha mãe estacionou o carro quase atropelando um cachorro super fofo, que era branco e me lembrava o nome Skeeter, não sei porquê.

Logo, ele veio me lambendo e não perdi tempo em pegá-lo no colo. Ela me pediu para não pegar, pois ele mordia, mas no fundo eu sabia que Skeeter não ia me morder. Assim que ela deu três batidas na porta, um cara de smoking todo grã-fino a abriu, e mamãe entrou na sala de estar.

–Sam! Você veio!

A mulher tinha cabelos na linha da cintura presos em uma trança. Usava um lindo vestido púrpura com flores e um salto agulha. Combinava com minha mãe, que usava um vestido azul com salto rosa.

–Claro que vim, Carls. Não ia perder os preparativos para o dia mais importante de sua vida!

Depois de abraço e muita conversa, finalmente a tal “Carls” percebeu que tinha mais uma pessoa no ambiente.

–E essa é sua filha? – a voz dela era delicadamente linda. Me dava vontade de apertar suas bochechas.

No momento, eu estava admirando a mesa de jantar, que tinha uns talheres e copos de prata e era coberto com uma toalha de mesa bordada à mão.

–Sim. Joy, se apresente para a Carly.

–Olá, Joy. – eu a olhei, e Carly mostrou um belo sorriso. – Ouvi muito falar de você. Caramba, você é igualzinha à sua mãe quando tinha essa idade.

O que eu ia dizer? Obrigada pelo elogio?

–Ahn... Já ouvi muito isso.

As duas deram uma risada longa.

–Estava louca para te conhecer. Quer ver a casa?

–Não, estou bem aqui...

–Só um minuto. David! – ela se virou para a escada, e exclamou. – Meu filho pode te levar para conhecer. Enquanto isso, eu e sua mãe vamos falar dos velhos tempos.

–Não se anime, Shay. Temos que voltar pra casa antes do ano que vem.

Ver aquela amizade era prazeroso para mim. Não sabia que minha mãe tinha outras coisas para fazer além de mania excessiva de limpeza e cuidar de mim. Parecia que ela estava com uma irmã, como eu e Bonnie alguns anos depois no futuro.

–Me chamou? – um garoto, quase da mesma idade que eu apareceu no topo da escada.

–David, essa é Joy, filha da Sam Puckett. Aquela que te falei, minha irmã e melhor amiga para sempre. – deu um sorriso para minha mãe. – Mostre nossa casa a ela e faça com que se sinta à vontade.

Ele olhou para mim, e sorriu. Com um gesto com a mão, me convidou para subir e eu o fiz. A escada era grande: uns vinte degraus. Quase me joguei no chão quando cheguei lá em cima. Ele me esperou para pedir que o seguisse. Passou por um, dois, três, quatro portas para enfim abrir uma e me convidar para entrar. Imaginei que fosse seu quarto.

–Quer se sentir à vontade? Esse é meu quarto, o melhor lugar da casa, se é que me entende.

Não sabia se aquilo era uma piadinha maliciosa ou só um comentário tosco de garotos. Fiz o melhor que pude: ignorei a segunda parte da frase.

–Ah, obrigada. Não estava a fim de andar mesmo. Aqui está bom.

Ainda com o Skeeter nos braços, olhei o quarto. Era enorme. Tinha uma cama de casal, uma grande janela, guarda-roupa que ocupava uma parede inteira. Na outra parte, escrivaninha com notebook, espelho de corpo inteiro e televisão com um Xbox e Kinnet. Ao lado, outra janela e enfim, um sofá com estante de livros perto. Parecia literalmente um quarto de príncipe.

–E aí? Gostou?

–Claro! Quer dizer, seu quarto é incrível! – me virei para ele, que estava sentado na cama jogando videogame. Ele pausou, e se levantou para me dar um livro. O nome era “Os Miseráveis.”

David não era tão bonito quanto Freddie. Sim, olhos e cabelos atraentes. Usava uma blusa simples branca, como eu, e bermuda jeans, com Nike azul. Mas os braços não eram tão musculosos assim. Estava na média.

–Então... Eu esqueci seu nome.

–Joy. Joy Puckett. O seu é David, não é?

–É. Quer fazer o que? Geralmente não tem muito o que fazer aqui. Sente.

Suspirei, e me sentei na cama com as pernas esticadas, colocando Skeeter ao meu lado, que cobriu o nariz com a pata. Dei uma risada involuntária, e o acariciei.

–Gosta de cachorros?

–Adoro. Pena que não tenho um. Os acho tão fofos e sensíveis. Os melhores amigos do homem.

–Também acho. Tenho uns dez lá atrás, na pracinha. Eles são legais.

–Você não tem cara que gosta de cachorros.

–Você não tem cara que julga as pessoas pela aparência. – ele sorriu, e eu abaixei a cabeça. – Além do mais, te dei um dos meus livros favoritos. Não sou o que pareço.

–Percebi.

Estava sem graça. Tinha acabado de deixar na cara que sou uma hipócrita cretina.

–Não falei nada para te envergonhar. – David disse, se sentando ao meu lado e segurando em minha mão carinhosamente. – Desculpe se te deixei sem graça. É porque a maioria das pessoas faz isso. Só porque tenho uma casa legal tenho que ser arrogante e narcisista. Não, sou simples e sou um ser humano.

–Pois é. Enfim, seus pais vão se casar. Como você está?

Ele soltou minha mãe, se deitando na cama como eu.

–Carly é uma mulher legal. Tanto de corpo quanto de pessoa. É linda, carinhosa e amigável. Mas não se compara à minha mãe. Minha mãe era uma mulher perfeita.

–E o que aconteceu com ela?

–Ela... – David olhou para baixo. Que legal, Joy. Deu um fora. – Ela fez uma cirurgia para retirar um cisto há alguns anos. Não sobreviveu.

–Ah. Ao menos você a conheceu. – suspirei.

–Você não conheceu seu pai?

Revirei os olhos. Ele teve coragem de me falar a verdade. Terei também.

–Eu não cheguei a vê-lo. Minha mãe nunca me falou dele. Uma vez, deixou escapar que ele era um egoísta idiota. Nada mais que isso. Então, no fim, foi o melhor para mim. Não ia gostar de ter como exemplo um homem assim.

–Sinto muito por você.

Eu olhei dentro de seus olhos, e David estava sendo sincero. Realmente sentia muito por mim, como eu sentia por ele. Não consigo me imaginar hoje sem minha mãe. Ela é tudo para mim.

Uma batida na porta nos interrompeu, e ele tirou as mãos das minhas na hora.

–Sr. Forbes? – o grã-fino da porta colocou a cabeça para dentro.

–Sim?

–Sua mãe está o chamando. Vocês dois. Está na hora de vocês experimentarem os trajes para o casamento. A estilista já está na sala de estar.

–Já estamos indo. Obrigado, Jarbas.

A porta se fechou, e eu revirei os olhos. A hora de experimentar aquele monte de vestidos.

–Vamos? – David perguntou, me puxando pela mão até a porta.

–Tá, tá. Mas vou logo avisando que fico ridícula em vestidos.

–Tenho certeza que vai ficar mais linda do que já é. – ele sorriu, e eu fui à sua frente, descendo as escadas.

...

Que horror. Por que está me mostrando isso? Por que está me maltratando desse jeito?

Aquele autoestima que senti hoje mais cedo quando Freddie Benson me falou aquelas coisas lindas na escola tinha ido por água abaixo. O espelho me mostrava algo totalmente diferente. Uma menina cheia de curvas indesejadas num horrível vestido bege tomara-que-caia e um salto alto que me incomodava.

–Joy? Está tudo bem aí? – ouvi a voz de minha mãe lá embaixo. Não respondi, pois não estava tudo bem.

Tinha ficado com o quarto de David para me trocar, mas me arrependi. Devia ter escolhido um quarto dos fundos, que assim poderia sair correndo daquela casa. Como ia deixar que David me visse daquele jeito?

–Joy! Desça filha, sei que não está tão ruim assim. Você é linda. – a voz mentirosa de minha mãe soou lá embaixo novamente. Eu suspirei, agora encarando os peitos. Ou melhor, a falta deles. Por que nasci com os genes do imprestável do meu pai desconhecido, e não puxei minha mãe? Ela tinha peitos enormes, uma bunda enorme e nada de barriga. Já eu era o contrário de tudo.

–Joy? Não vou te chamar de novo!

Suspirei. Claro que ela não ia desistir. Eu puxei o vestido para cima, soltei a barriga e arrumei o pé no salto preto. Se é para me verem, que me vejam como eu sou.

E, com toda a coragem que eu tinha dentro de mim, saí do quarto e apareci na escada.

Carly não tinha mudado de roupa, o vestido de noiva era secreto até a hora do casamento. Minha mãe estava deslumbrante. E David, nem se fala. O smoking preto com um lenço vermelho e uma flor branca no bolso. Se virou para mim na hora, e abriu a boca. Poxa, tão ruim assim?

Estava com vontade de chorar. Mas mesmo assim desci todas as escadas, segurando no corrimão.

–Joy, você está... Está... – Carly falou. Até ela? Até ela ia me esnobar?

–Maravilhosa. – David falou, me olhando de cima abaixo.

Levei um susto. Não é possível que eles fossem mentir tão bem assim para mim. Eu me olhei de novo, e como mágica eu tinha um corpo legal. Não tão bonito quanto o de minha mãe, mas eu estava até que bonitinha, confesso.

–Perfeita! Você será a madrinha mirim principal! Nada de Courtney Viska. Ela nem se compara a você, Joy!

Sorri com o elogio, e me virei para minha mãe. Estava quase chorando.

–David, dance com ela! Vamos ver como vocês ficam juntos.

–Mas eu já tenho par. A Courtney está animada para dançar comigo. Joy nem se compara a ela, mas não posso desapontar a garota desse jeito.

–E eu também já tenho par. – improvisei.

Minha mãe olhou para mim, confusa.

–Quem?

Eu tinha que arriscar. Ele não queria sair comigo? Pois bem. Era a oportunidade perfeita.

–Freddie Benson.

GASP!

Carly, que bebia champanhe, o cuspiu todinho para fora. Jarbas batia em suas costas, amigavelmente, mas Carly tinha os olhos estalados e arregalados como um sapo engasgado. Ao olhar para minha mãe, ela nem tinha se mexido. O rosto todo vermelho, como quando ela fica com raiva.

Levou alguns minutos para minha mãe se mexer e tomar um copo d’água. Mas nem olhara para mim. Já tinha tirado o vestido e voltado com a dulpa dinâmica jeans e camiseta e David estava se divertindo muito com a cena. Já eu não dei uma risada. Quando ela finalmente conseguiu fazer alguma coisa, só disse quatro assustadoras palavras.

–Joy, entra no carro.

Eu, sem muito o que fazer, obedeci. Nem me despedi de Carly e David, muito menos de Skeeter. Só saí da casa e entrei no carro, pegando o iphone. Tinha uma mensagem não lida.

“Joy, você nem me ligou. Como foi o ensaio pro casamento?”

“Nada bem. Depois te ligo.” respondi.

Assim que apertei a tecla em “enviar”, minha mãe entrou no carro, e não o ligou. Pelo jeito queria conversar ali mesmo. Mas me enganei. Ela ligou o rádio depois acelerou, voltando para casa. Não era tão longe de lá. Em dez minutos, chegaríamos.

–Joy, quem foi o garoto que você disse que irá te acompanhar no casamento da Carly? – falou, lentamente e muito serena.

–Freddie Benson. – repeti minha última frase, no mesmo tom. Não via motivo de ela ficar tão chocada assim.

Minha mãe parecia com nojo. Engoliu em seco, e continuou a falar e a dirigir cada vez mais rápido.

–Joy. Filha. Sabe que todos estes anos sempre zelei por você. Não sabe?

–Sim, mãe.

–E sabe que eu nunca faria algo que pudesse te prejudicar, não sabe?

Fechei os olhos, os apertando e coçando a cabeça.

–Onde quer chegar?

Assim que disse o verbo, ela tinha estacionado em casa. Desci do carro tranquila e entrei em casa, como normalmente. Carol, a empregada, estava lavando louça.

–Não quero você envolvida com esse garoto, Joy. – disse, no mesmo tom. Me virei para ela na hora, jogando o celular no sofá.

–Como assim “não me quer envolvida com ele”? Acha que pode me proibir de falar com um colega de classe sem motivo?

–Não só acho como vou! Freddie Williams Benson é uma má influência! Não é bom para você! Mande este mau caráter dançar com Courtney Viska, que é uma mal falada exatamente como ele! Dance com David, que é boa pessoa!

–David é uma boa pessoa assim como Freddie também é, mãe! Não tem motivos para que me proíba de sair com quem eu quiser! Nunca fez isso, não vai começar a fazer só porque é o Freddie!

Ela revirou os olhos, e tomou um copo d’água. Nós duas já estávamos gritando e discutindo no meio da casa. Eram quase seis horas, mas ainda estava sol.

Depois de suspirar e pedir ajuda para Deus e todos os santos para que “iluminassem minha cabeça”, se virou para mim falando serenamente.

–Assunto encerrado. Vá dormir.

–Não. O assunto não está nada encerrado. – disse no mesmo tom que ela. – Freddie Benson me chamou para sair. E eu vou aceitar, você querendo ou não.

Depois de pegar meu celular no sofá, subi as escadas em direção ao meu quarto. Fiquei atenta à minha mãe lá embaixo, mas ela não disse mais nada. Que bom que aceitou.

Hm, onde já se viu isso? Mas tudo bem.


Assim que cheguei no meu quarto, me joguei na cama de casal. Ah, mãe. Você não tem ideia de quem é Freddie Benson.


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Notas finais do capítulo

Fim ):



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