Full Moon escrita por gabiromboli


Capítulo 22
Capítulo 21 - O grande dia


Notas iniciais do capítulo

E mais um cap!



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P.O.V. Lizzy

O clima da casa era de plena felicidade todos corriam para fazer os últimos ajustes, que para mim eram totalmente desnecessários. Tudo estava perfeito! O cheiro das flores inundava todo o lugar, Alice realmente tinha caprichado.

No jardim as crianças dos Quiloutes corriam de um lado para o outro fazendo com que os nômades torcessem um pouco o nariz evitando o cheiro do sangue tenho que admitir que o casamento ao ar livre veio a calhar por fazer o cheiro dissipar um pouco mais, mas mesmo assim os vampiros evitavam veemente a aproximação com os lobos.

Tentei ao máximo evitar que meu pensamento voasse em direção de Jacob, mas estava difícil com sua fúria batendo constantemente na portinha que tinha criado em minha mente e isso ficaria ainda mais difícil quando nós nos encontrássemos hoje.

Terminei de ajudar Esme na cozinha e fui em direção ao jardim implorando mentalmente para evitar qualquer conversa sobre o vexame de ontem como também os possíveis olhares reprovadores dos lobos. Logo na entrada do jardim encontrei Emily parada com uma criança no colo.

- Olá Lizzy! Como está bonita! – ela disse amigavelmente com um sorriso meigo no rosto deformado.

- Oi Emily! Obrigada, tudo graças à Alice! – agradeci tentando esconder meu constrangimento. – E ela quem é?

- Minha filha, Andy. Diga oi para a moça Andy!

- Oi. – a menina de olhos expressivos respondeu timidamente.

- Oi Andy! Sabia que você é muito bonita? – falei fazendo graça com a menina.

- Bligado. – disse se escondendo timidamente nos cabelos da mãe.

Deixei Emily e Andy e fui procurar Julian, ele disse que estaria aqui, mas até então não tinha dado as caras. Sentia os olhares inconvenientes de Leah sobre mim se fosse a outras ocasiões eu faria comer essa grama, mas hoje era um dia especial para minha família então teria que me segurar.

Para onde olhava havia lobos me observando o que me incomodava terrivelmente parecia que eu era uma criminosa em condicional, cada movimento que fazia eles praticamente anotavam para, sei lá, usar no tribunal contra mim. Cansada de fazer sala sentei em uma das cadeiras esperando que a cerimônia começasse logo.

- Mais que desânimo cherry. Sorria hoje é festa! – ouvi sua voz característica me tirando dos devaneios da mente.

- Jul! Pensei que não viesse mais! – falei subitamente aliviada por não estar sozinha.

- Falei que não iria deixar você vadia. Acha que eu não cumpro minhas palavras? – fiz uma expressão incrédula com o comentário. – Tá bom eu nem sempre cumpro, mas estou aqui não estou?!

- Sim está muito obrigada! – falei sorrindo.

Felizmente a cerimônia não demorou muito para começar, ao mesmo tempo em que estava ansiosa em ver minha mais nova e única sobrinha casar também estava terrivelmente nervosa em rever Jacob, apenas senti-lo estando tão perto de mim me causava reações estranhas, precisava vê-lo para manter minha sanidade mesmo que ele quisesse minha morte eu tinha que dar, digamos, uma verificada nele antes.

Todos os convidados tomaram seus lugares incluindo o que havia restado da família Cullen, Seth estava indo para seu lugar quando eu o vi. Não podia acreditar que era o mesmo Jacob que conhecia, deveria ser um irmão gêmeo almofadinha! Tentei, mas meus olhos não obedeceram minha mente esquadrinhando cada milímetro de seu corpo escultural escondido dentro daquele meio fraque. Ignorei completamente o que estava a minha volta incluindo sua incessante raiva guardada dentro da minha cabeça e sorri para aquela visão esplendorosa, ele havia cortado o cabelo deixando-o levemente arrepiado em cima, barba feita e um sorriso inacreditavelmente bonito. Deixei meus olhos se fecharem apenas para aguçar meu nariz e sentir o cheiro de seu perfume. Deus! Eu estava enlouquecendo! Só podia ter essa explicação, um dia eu o odeio e lhe dou um belo pé na bunda e no outro fico como uma adolescente apaixonada! Preciso urgentemente de terapia.

Quando abri os olhos novamente senti que ia vomitar ao ver seus olhos enraivecidos em mim. Seu rosto estava duro, fechado, completamente diferente do Jacob de momentos atrás, não consegui manter o olhar sentindo meus olhos arderem e encherem de lágrimas teimosas.

- Lizzy acorda! A Nessie está entrando. – Julian disse me cutucando e me puxando para ficar em pé.

Para mim o casamento passou como um suspiro, nada conseguiu prender minha atenção além da presença de Jacob parecia um sonho em terceira pessoa e quando dei por mim já estava sentada à mesa dentro da casa.

Pisquei repetidamente olhando ao meu redor em seguida, rostos felizes, risadas, pessoas conversando tudo acontecendo como deveria ser algumas pessoas cumprimentavam Seth e Nessie que estavam perto da entrada do jardim enquanto outras ameaçavam alguns passos na pista de dança.

Por mais que tentasse ficar feliz a raiva de Jacob dentro de mim não deixava, mas tive que sorrir ao ver Nahuel sentado ao lado de Tânia Delani conversando cheio de carinho e manha que eu já conhecia. Isso era realmente ótimo uma loira o faria esquecer uma morena.

- Por quanto tempo você vai ficar aí viajando Lizzy? – Julian me perguntou passando as mãos na frente do meu rosto.

- Hãm? – falei desinteressada.

- Você está no piloto automático desde o inicio do casamento, dá pra trazer minha amiga de volta, por favor! – disse com as mãos na cintura.

- Eu estou aqui Jul, só não estou com o pique de festa. – soltei desanimada.

- Ah isso não tem problema louca! Eu arranjo uma bebidinha esperta para você rapidinho. – Julian falava com seu jeito afeminado.

- Sem bebidinha esperta hoje Jul, prefiro ficar aqui no champagne mesmo. – falei dando um gole na bebida.

- Chata! Então vamos pelo menos dançar? – soltou enquanto balançava o quadril.

- Não sua bicha! Pode ir você, eu fico olhando daqui ok! – falei rindo da sua performance.

Julian saiu me mostrando a língua indo em direção a pista de dança. Fiquei ali olhando para a taça esperando que tudo aquilo acabasse e que pudesse fugir de algo que já sabia ser em vão, por mais que tentasse me distanciar ele sempre estaria na minha cabeça sempre.

Decidi me movimentar para fazer o tempo passar, pensei em ir falar com os noivos, mas já o tinha feito mesmo que no piloto automático então fui para o jardim olhar o crepúsculo que aparecia.

Andei lentamente pelo jardim olhando a decoração e recapitulando toda a minha estadia por aqui, fui até o altar passando a mão lentamente pelos tecidos e flores espalhados pelo lugar, não entendia o porquê de tanta dor dentro de mim. Talvez isso se desse pelo fato da partizinha de Jacob dentro de mim não estar colaborando muito, mas havia algo mais também uma angústia crescia dentro do meu peito me sufocando a cada momento, sabia que algo não estava certo, mas o que?

- Moça bonita puque dói aí? – ouvi uma voz infantil me perguntar.

- Hãm? – perguntei me abaixando para ficar frente a frente com Andy.

- Dói aqui, não dói? – ela falou com cara de choro enquanto colocava a mão pequena em meu peito.

- É... dói um pouquinho, mas já vai passar. – disse tentando sorrir para disfarçar meu incomodo por ter sido pega por uma criança. – E você por que está com esse rostinho tão triste?

- Eu sinto tia. Dói aí e dói aqui. – ela dizia colocando as mãos nos nossos peitos fazendo com que eu arregalasse os olhos de espanto.

- C-como assim você sente a mim? – perguntei sem saber exatamente do que se tratava.

- Andy venha para dentro está começando a escurecer! – ouvi Sam dizer fazendo com que a menina se assustasse.

- Vá, seu pai está chamando. – sussurrei a incentivando enquanto me levantava, ela saiu correndo em direção ao pai, mas para minha surpresa voltou correndo e abraçou minhas pernas.

- Vai passa tia, eu sei. – ela sussurrou me deixando sem reação.

Depois do abraço voltou correndo e pulando no colo do pai, Sam me olhava desconfiado enquanto eu tentava me recompor. Resolvi voltar para dentro da casa e deixar aquilo para pensar depois. Antes que conseguisse entrar Alice me brecou.

- Lizzy os noivos vão dançar em 5 minutos, você sabe o que fazer não é? – ela perguntou quase histérica.

- Eu sei Alice pode ficar tranqüila. – falei sem humor.

A vi sair eufórica para o outro lado do salão próximo a mesa do bolo sentindo o nervosismo crescer dentro de mim. Quase havia esquecido que tinha combinado de fazer uma surpresa para Nessie e Seth e com a raiva de Jacob latente em minha mente dificultava ainda mais querer fazer algo romântico para eles. Suspirei sem animo procurando por Edward, bom pelo menos teria meu constrangimento compartilhado com ele.

- Às vezes você parece com a Bella, fugindo da já conquistada atenção. – ele falou ao meu lado.

- Hoje eu não posso ter a atenção para mim Edward, esqueceu que hoje é o casamento da sua filha? – soltei me dirigindo ao piano.

As pessoas passavam por mim como em câmera lenta, não via seus rostos apenas queria terminar com aquilo o mais rápido possível, eu estava começando a cogitar que Alice tinha mais uma habilidade além de ver o futuro, a de manipular pessoas para o seu bel prazer.

Todos estavam dançando e se divertindo quando bati delicadamente na taça para chamar a atenção me encostando ao piano enquanto Edward se posicionava, fazendo as luzes coloridas da pista se apagarem e a música parar.

- Desculpe interromper a diversão de todos, vai ser rapidinho... Como sou tecnicamente o membro mais novo desta família Alice pediu para que fizesse uma surpresa aos noivos. – comecei a falar olhando para Nessie e Seth. – E eu pensei: o que poderia dar para alguém que tem tudo e a eternidade para conseguir tudo o que quiser? – olhei para a taça de champagne na minha mão procurando as palavras certas. – Eu descobri que não tinha nada para oferecer, pelo menos nada físico. Então eu dou como meu presente algo apenas para ser aproveitado com o coração... ok eu sei que não sou uma mulher romântica e essas coisas, mas sou mulher e sei do que a maioria delas gostam... enfim eu espero que esse seja um momento mágico para vocês tanto como eu gostaria que um dia fosse para mim. – falei incerta se as minhas palavras tinham sido as mais certas me sentindo nervosa como uma verdadeira adolescente. – Por favor, aplaudam os noivos em sua primeira dança como marido e mulher.

Disse fazendo Nessie e Seth virem para a pista de dança, surpresos enquanto todos aplaudiam o casal.

- Essa música eu deixo como música tema para vocês, espero que gostem. – falei para eles antes de dar a deixa para Edward começar a tocar, enquanto fechava os olhos para espantar um pouco o nervosismo e sentir a essência do que iria cantar.

Todo mundo precisa de inspiração

Todo mundo precisa de uma essência

Uma bela melodia

Quando a noite é longa

Por que não há nenhuma garantia

De que esta vida é fácil

Sim, quando meu mundo está caindo

Quando não há luz para quebrar a escuridão

É quando eu, eu, eu olho para você

Quando as ondas estão inundando o litoral e eu

Não consigo encontrar o meu caminho de casa

É quando eu, eu, eu olho para você

Conforme as palavras musicais saiam da minha boca me lembrava de Jacob e do que havíamos passado até agora, meu coração se encheu de dor por não ter feito o que era certo antes, por não estar ao seu lado nesse exato momento. Abri meus olhos e vi Nessie e Seth dançando romanticamente no centro da pista e percebi que não teria esse momento para mim, que eu estava fadada a estar sozinha pela eternidade e tudo isso se dava apenas por erros meus, somente meus.

Quando eu olho para você

Eu vejo o perdão

Eu vejo a verdade

Você me ama por quem eu sou

Como as estrelas seguram a lua

Bem ali onde elas pertencem e eu sei

Eu não estou sozinha

Fechei novamente meus olhos com força para não chorar na frente de todos, apenas mergulhei em minha tristeza misturando-a com a raiva de Jacob em mim. Eu o havia mandado embora e tinha que agüentar as conseqüências.

Sim, quando meu mundo está caindo aos pedaços

Quando não há luz para quebrar a escuridão

É quando eu, eu, eu olho para você

Quando as ondas estão inundando o litoral e eu

Não consigo encontrar o meu caminho de casa

É quando eu, eu, eu olho para você

 Quando abri os olhos novamente foi inevitável cruzar com os dele e por um instante me perdi no calor e na profundidade do castanho de seus olhos e percebi a tamanha saudade que sentia em vê-los sorrir para mim. Por um segundo deixei minha máscara cair fraca demais para quebrar nosso olhar e senti uma lágrima quente escorrer pela minha bochecha. Os sentimentos confusos de Jacob começaram a gritar em minha mente me despertando de seu olhar voltando meu foco para o que realmente importava no momento a felicidade dos noivos.

Fechei os olhos novamente para não correr o risco de deslizar outra vez e usando minhas habilidades trouxe do jardim as pétalas e folhas que estavam jogadas no chão fazendo com que dançassem ao redor de Nessie e Seth enquanto os levitava também, tornando tudo o mais romântico e perfeito para eles.

Você parece como um sonho para mim

Como as cores de um caleidoscópio

Provam para mim

Tudo que eu preciso

Cada respiração que eu dou

Você não sabe?

Você é lindo

Yeah...

Yeah...

Quando as ondas estão inundando o litoral e eu

Não consigo encontrar o meu caminho de casa

É quando eu

Eu, eu olho para você

Eu olho para você

Ooo...

Você apareceu como um sonho para mim.

When I look at you

Miley Cyrus

Abri os olhos me sentindo subitamente sufocada por estar ali no meio de tanta gente e aproveitei enquanto todos aplaudiam a performance dos noivos subi rapidamente as escadas procurando meu quarto como refúgio para tudo aquilo.

Entrei correndo no quarto trancando a porta em seguida, meu peito subia e descia rapidamente, mas o ar não era suficiente. Droga o que estava acontecendo comigo? A rejeição de Jacob estava me abalando mais do que esperava, só de pensar nisso meu coração se apertava de uma maneira tornando a dor quase que palpável.

Fui até o banheiro, meu estomago revirava como se tivesse comido algo estragado e mesmo com ele vazio vomitei, sentando no chão frio em seguida. Não podia deixar me abater assim por uma simples rejeição, que de simples não tinha nada.

Nós não tínhamos nem ao menos chegado no estágio de Jacob me dar um fora, muito pelo contrário ele estava apenas fazendo o que eu havia ordenado a ele: Ficar longe de mim. Então por que continuava a agir assim? Ultimamente estava mais humana do que nos meus últimos 100 anos.

Levantei lentamente tirando o gosto de bili da boca com a água da torneira, me olhei no espelho e não gostei do que vi. Eu estava longe de ser a Lizzy de antigamente, a que arrebentava por onde passava eu estava mais apagada do que os humanos normais. Não podia deixar que um homem fizesse isso comigo, tinha que dar a volta por cima ou pelo menos fingir que tinha dado.

Retoquei a maquiagem respirei fundo e fui em direção a festa que acontecia no andar de baixo. Desci devagar me misturando as pessoas enquanto fugia dos olhos curiosos de Bella e complacentes de Edward, percorri meus olhos pela pista procurando Julian, mas me deparei com Nahuel vindo em minha direção.

- Poderia tirar para dançar uma das mais belas flores do jardim? – falou estendendo a mão para mim.

- Pode se não causar problemas maiores com outra flor de seu jardim. – sorri entrando na brincadeira.

- Ela não vai reclamar, confie em mim. – soltou enquanto me puxava pela mão para a pista de dança.

A música era lenta com uma pitada latina que tanto Nahuel gostava o deixando ainda mais confortável para me guiar e dar o seu showzinho particular.

- Então você vai me dizer por que está tão quieta? – ele falou enquanto me fazia girar a sua volta.

- Eu? Deve ser a ressaca que me deixou assim. – dei de desentendida.

- Está assim por causa do pulguento? – ele tentou novamente.

- Não tenho razões para isso Nahuel. Você veio aqui para falar ou para dançar? – falei ríspida demais.

- Aí! Calma gatinha arisca estava só perguntando. – soltou fazendo graça enquanto me aproximava mais de seu corpo.

- Desculpe, eu não quis falar assim.

- Não precisa se desculpar, Lizzy. Agora você tem que concordar comigo que ele é um idiota por te deixar aqui abandonada, linda e totalmente disponível. – falou fazendo graça enquanto me fazia dar voltas.

- Sempre irreverente não é Nahuel? – disse rindo de suas observações.

- É sempre bom poder fazer você sorrir, mesmo que seja pouquinho. – ele falou me fazendo sorrir ainda mais. - Agora eu tenho que admitir Alice hoje preparou você para matar.

- Pare Nahuel a loira não vai gostar de você me elogiando. – falei um pouco mais séria.

- Ela vai entender, já que somos amigos não é? Pelo menos foi isso que você quis de nós.

- Nahuel nós somos amigos e vamos continuar assim. – soltei rindo.

- Era isso que queria ouvir. – ele disse rindo também enquanto nos parava.

– É bom ver você agindo normalmente e não calada em um canto. – soltou antes de beijar minha testa e ir em direção de Tânia Delani.

- Obrigada por tentar. – sussurrei antes de solta-lo.

Fui em direção a mesa dos doces quem sabe eu achasse algo que adoçasse um pouco mais a minha vida, precisa pensar em algo para fingir estar feliz e Julian provavelmente seria perfeito para isso, mas naturalmente ele havia evaporado como sempre fazia toda vez que precisava dele realmente.

Subitamente alguém mudou a música colocando algo muito mais agitado, mais precisamente colocando Maneater de Nelly Furtado, olhei novamente para a pista e vi Julian dançando em minha direção fazendo a mais hilária performance. Não consegui segurar o riso enquanto ele fazia os movimentos mais gays que eu havia visto!

- O que é isso Jul? – silabei para enquanto ele tentava me puxar novamente para a pista.

Larguei o doce que comia na mesa e fui arrastada para a pista enquanto ria de sua cena.

- É sua hora diva, brilhe para nós! – ele falou enquanto dançava a minha volta.

Entrei na brincadeira e comecei a dançar esquecendo completamente dos meus problemas que estavam a alguns metros de mim. Aos poucos as pessoas que estavam sentadas observando o show vieram para a pista tornando a festa de casamento uma quase balada.

Quando percebi alguns Quiloutes iam embora por ser altas horas da madrugada, os vampiros continuariam por muito mais tempo, mas resolvi que essa era também a minha hora. Procurei por Esme para ver se precisava de ajuda em alguma, mas Julian me deteve.

- Alice precisa falar com você Lizzy. Vamos. – disse me arrastando escadaria acima.

- Calma Julian eu já vou, mas vou ver se Esme precisa de algo antes. – falei de desvencilhando de suas mãos.

- Não, deixe que eu faço isso. Agora suba e vá para biblioteca que ela está lá. – ele falou um tanto nervoso me fazendo desconfiar daquilo.

- O que vocês estão aprontando Julian?

- Não estou aprontando nada, agora vá para a biblioteca Lizzy! – soltou me empurrando em direção da biblioteca.

Com certa relutância eu fui até a biblioteca tendo a certeza que Julian e Alice estavam aprontando algo. Quando cheguei à porta fiquei incerta se deveria entrar não estava com um bom pressentimento. Entrei sem acender a luz fechando a porta em seguida e deparei com a sala vazia, Alice não estava lá. Mas o que estava acontecendo?

Fui em direção a janela olhar a noite e a lua que iluminava a sala esperando que ela aparecesse e não demorou muito para que a porta abrisse novamente me chamando a atenção.

- Alice?

- Leah?

Perguntamos ao mesmo tempo enquanto eu petrificava no lugar ao vê-lo entrando na sala. Como eu não ouvi seu coração batendo ou não senti seu cheiro? Estava distraída demais com meus devaneios que nem imaginei a possibilidade disso acontecer.

- O que você está fazendo aqui? – ele falou duro travando sua mandíbula e me atravessando com seus olhos frios como facas.

Não consegui falar, apenas paralisada no lugar sem conseguir formular alguma resposta.

- Deveria ter imaginado que Quill estava aprontado algo quando não senti o cheiro dela. – Jacob não pareceu falar comigo estava mais constatando um fato.

Tentei abrir minha boca repetidas vezes, mas nenhum som quis sair. Desesperei-me quando o vi virar para ir embora, não podia deixar ir assim.

- Jacob... – chamei em um tom quase inaudível. – Jacob, espere. – falei um pouco mais alto criando forças.

- Não dirija a palavra a mim. – rosnou sem virar.

- Jacob espere eu... – falei segurando seu braço.

- Você não queria que eu saísse de sua vida, pois então é isso que estou fazendo Elizabeth agora me solte. – Jacob disse puxando o braço com força, seus olhos cheios de raiva e dor me penetravam ferindo meu coração.

- Eu sei o que disse e eu sinto muito por... – tentei explicar, mas não tive tempo sendo interrompida novamente.

- Sente muito, sente muito Elizabeth? Não seja hipócrita e não tente pedir desculpas por algo que você não se arrepende de verdade. Ou será que está arrependida só pelo fato do seu Nahuel estar com outra hoje? – ele cuspia as palavras na minha cara me deixando totalmente sem ação.

- Não tem nada haver com Nahuel e eu sinto muito de verdade. – soltei nervosa com suas acusações.

- Ah é você sente muito então? Sente muito por ser uma narcisista egoísta além de vadia nas horas vagas? Ou diria que sente muito por manipular os homens a sua volta? Faça você um favor para mim Elizabeth, me deixe em paz. Agora sou eu que não quer saber de você, suma da minha frente. Eu não quero você!

A cada palavra que saia de sua boca meu coração se apertava ainda mais, sentia meus olhos arderem pelas lágrimas que se formavam e quando percebi estava encostada contra a parede sem forças ou fôlego pela dor.

- E quem você quer Jacob? É a Leah não é? – sussurrei para conter a raiva, a dor e as lágrimas.

- Não seja absurda garota! – ele falou vacilando um momento em sua máscara de raiva.

- Agora eu sou absurda? Você até ontem sentia algo uma coisa e hoje isso muda completamente, para mim isso não tem outra explicação! E eu sinto muito do fundo do meu coração por ter feito você sofrer tanto, sinto muito por não ter feito a escolha certa antes. Jacob eu...

- Cale a boca Elizabeth! Não quero suas desculpas ou seus sentimentos, pode entregar eles para qualquer um aí na esquina! Agora saia você está na frente da porta! – soltou agressivamente me empurrando para o lado.

- Eu sinto muito. – sussurrei sem força.

Ele bateu a porta fazendo a parede tremer com sua força, sentia meu peito subir e descer, mas o ar faltava dentro de mim não conseguia conter as lágrimas que pareciam mais cachoeiras e o silencio na casa denunciava que provavelmente todos tinham ouvido a nossa discussão me deixando pior ainda.

Olhei para a janela e não pensei duas vezes em atravessá-la correndo sem me importar com mais nada além da dor que sentia no peito apertado. Não sei quanto corri, mas parei apenas quando a dor e o choro foram mais fortes que minhas pernas. Encostei-me em uma árvore tentando me manter em pé enquanto ouvia meus próprios soluços. Estava tudo acabado e o pior era que estava acabado por minha culpa.


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