Full Moon escrita por gabiromboli


Capítulo 21
Capítulo 20 - Erros e Consequências


Notas iniciais do capítulo

Olha outro cap saindo!



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P.O.V. Lizzy

Não sabia se estava sonhando ou se estava relembrando o que havia acontecido, misturando as cores fortes aos cheiros de suor, perfume e bebida por todos os cantos, Jacob gritava comigo, Nahuel gritava comigo, Julian ria totalmente nervoso, gritos, assobios e tudo girando freneticamente. Se era um sonho tenho que admitir que era bem psicodélico faltando apenas homenzinhos verdes andando no teto daquele lugar!

Tentei forçar meus ouvidos para entender o que todos falavam, mas conseguia apenas ouvir um “Tic” que gritava em minha mente, quanto mais eu forçava mais o “Tic” me perturbava e de novo e de novo! O barulho incessante atrapalhava meu raciocínio que insistia em me abandonar!

Subitamente outro barulho ensurdecedor seguido por uma claridade anormal chegou a mim acompanhada pela voz que conhecia bem.

- Vadia você não pode dormir pela eternidade! Temos um casamento para ir esqueceu? – Jul parecia calmo, mas sua voz era como uma bomba na minha mente. Consegui apenas resmungar sem abrir os olhos cobrindo minha cabeça com o que parecia ser um lençol.

- Ah não! Você pode estar com a maior ressaca do mundo, mas não pode ficar aí o dia todo! Anda vamos! – ouvia seus passos como se fossem martelas em mim, era isso então, a ressaca!

- Julian me deixe dormir! Preciso dormir. – resmunguei como consegui.

- Não! Você precisa levantar tomar um banho, comer e ir a um casamento Elizabeth, isso sim! – ele praticamente gritava machucando meus ouvidos enquanto arrancava o lençol da cama.

- Jul você é insuportável! – gritei sentando-me na cama para logo em seguida cair deitada novamente pela dor latente em minha cabeça.

- O que aconteceu comigo afinal? – perguntei temendo a resposta de Julian.

- Querida você deu o maior espetáculo ontem! Nenhum desses anos supera a loucura de ontem! Você estava completamente surtada! Foi o bafo do século! – ele falava empolgado, quase eufórico enquanto andava de um lado para o outro.

- Jul pare de andar que estou ficando enjoada e me diga logo o que aconteceu! – falei tentando me sentar sem abrir os olhos já que tudo girava a minha volta.

- Ok, vamos lá. Você, cherry, encheu a cara, chutou o gostoso do Jacob, quase saiu no tapa com Nahuel e uma tal de Leah, beijou um monte de caras gostosões, dançou polle dance, fez um poket show no melhor estilo Pussycat em um palco levando os homens a loucura! – ele despejou tudo de uma só vez enquanto lixava sua unha e sentava ao meu lado.

- Você só pode estar brincando comigo. Eu não posso...

- Ah você pode! Não só pode como fez! Só não fez mais por que Jacob enlouqueceu e começou a socar todos os caras que te chamavam de gostosa!

- Eu quero morrer! – soltei enquanto me escondia no travesseiro.

- Não seja tão dramática cherry, você tem muita coisa ainda para fazer depois te deixo pensar melhor se quer morrer mesmo ou não, mas agora você precisa ir para casa antes que Alice me queime vivo! – ele falou enquanto me puxava para fora da cama.

- Que horas são? – perguntei derrotada.

- Exatamente 13hs, então trate de correr! Já era estar nos Cullens!

- Você vai estar lá mais tarde? – perguntei enquanto era empurrada para fora do quarto de hotel.

- Liz vou estar lá antes que você sinta minha falta! Agora vá embora! – disse isso enquanto me mandava um beijo e fechava a porta do quarto me deixando no corredor olhando para o nada.

Peguei os sapatos e a bolsa que estavam no chão, passei a mão pelo vestido e cabelo tentando tirar um pouco do amassado em vão e fui em direção da recepção descalça mesmo sem me importar com os olhares de reprovação das pessoas ao meu redor. Minha cabeça latejava ainda, mas as coisas começavam a se encaixar melhor na minha memória.

Em toda a minha existência nunca tinha ficado de porre desse jeito e não sabia como encarar ou o que iria encontrar nesse casamento, com certeza não seria nada agradável.

Para meu constrangimento Julian estava hospedado no centro da cidade, então não havia a possibilidade de correr até em casa, pelo menos os próximos 5 km teria que andar o que seria bom para atrasar minha chegada em casa.

Durante a minha estadia nos Cullens nunca tive tempo de andar por Forks, Alice sempre nos levava para fora da cidade e tenho que admitir o fato de não ter perdido absolutamente nada andando por aqui.

As pessoas olhavam para mim e cochichavam umas com as outras, concordo que para uma cidade pequena alguém como eu e ainda com esse maldito vestido chama atenção, mas só por hoje eu poderia ser completamente invisível!

Pude reconhecer alguns rostos enquanto passava por uma loja de artigos esportivos, rapazes do bando talvez, minha mente ainda estava um pouco confusa por causa do porre então apressei o passo para evitar um possível encontro, mas senti seus olhos em mim, só consegui respirar novamente quando cheguei à beira da floresta.

Era um alivio não ser observada ou criticada, mesmo que isso fosse por pouco tempo. Enfiei os dedos dos pés na terra molhada pela chuva da manhã, fechei os olhos e senti os cheiros a minha volta e os barulhos da natureza definitivamente não havia lugar melhor para encontrar paz que meu corpo e mente tanto precisava naquele momento. Suspirei mais uma vez me despedindo da tranqüilidade e corri em direção aos problemas que estavam me esperando.

A corrida não foi muito longa para meu desgosto e quando cheguei a casa encontrei Nahuel parado na escadaria de entrada e seu rosto era de poucos amigos sabia que merecia isso, mas dele não era o que esperava.

Parei na sua frente fitando seu rosto esperando o quer que fosse. Ficamos assim por alguns intermináveis minutos até que ele suspirou vencido.

- O que você quer Lizzy? – ele perguntou fechando os olhos.

- Se eu te responder que não sei você acreditaria? – tentei ser o mais sincera possível, sabia que ele já tinha se machucado o suficiente.

- E o que você acha que eu devo fazer? – Nahuel falou pesadamente voltando a me encarar.

- Você pode me bater se quiser. – tentei fazer brincadeira com a situação para aliviar a tensão do ar.

- Isso não seria suficiente, mas acabaria com um pouco da minha raiva. – ele respondeu com um meio sorriso no rosto.

- Obrigada. – suspirei e sem me conter o abracei recebendo o mesmo carinho de volta. – Você sempre foi um bom amigo. – falei enquanto me aconchegava em seu peito.

- Se é isso que você quer que eu seja então vou ser. – ele falou puxando meu rosto para que nossos olhos se encontrassem. – Mas Lizzy, você sabe que se quiser mais do que temos eu estarei esperando pronto para te fazer feliz.

Nahuel me olhava tão intensamente que não tive como protestar quando ele me beijou, não um beijo de desejo, mas de amor e carinho quase singelo.

- Eu sei que você me faria feliz, mas eu só te causaria dor como ontem. – disse francamente sem medo da reação que as palavras pudessem causar.

- Eu sei disso também, mas não custava tentar. – ele falou tentando brincar com a situação.

- Você vai encontrar alguém que te mereça Nahuel e que não te faça sofrer como eu. – disse enquanto me desvencilhava do nosso abraço.

- Se você acha. – soltou levantando os ombros derrotado, mas com o mesmo sorriso que eu já conhecia. – Agora vá se arrumar antes que Alice apareça.

- Sim senhor! – falei fazendo continência. – Falando nisso onde estão todos? Não estou ouvindo os gritos de Alice e Nessie.

- As mulheres estão arrumando Nessie no 3º andar e os outros estão espalhados por aí.

- O que você vai fazer? – perguntei incerta se deveria pensar em confortá-lo de algum jeito.

- Acho que vou dar uma volta por ai, quem sabe encontro algo interessante pelo caminho, se é que você me entende! – Nahuel falou estampando seu sorriso mais safado. Apenas bati em seu ombro e subi as escadas, ele iria se recuperar muito bem sem mim.

Quando abri a porta da entrada pude ver Carlisle sentado ao piano o que era algo de se estranhar já que toda vez que estava em casa à sala era o ultimo lugar para encontrá-lo.

Sem que precisasse de convide sentei-me na poltrona ao seu lado pensando em como começar uma conversa, estava me sentindo deslocada por toda confusão que tinha causado e uma possível conversa de pai e filha atenuava ainda mais o meu constrangimento.

Acho que percebendo meu constrangimento Carlisle começou a dedilhar no piano me chamando com a cabeça para sentar ao seu lado no banco. Ficamos assim por alguns minutos até que ele iniciou a conversa calmamente.

- Fazia anos que não sentava ao piano, quase havia me esquecido como era prazeroso tocá-lo. - apenas assenti muda de vergonha.

– Soube que foi uma despedida de solteiro bem divertida. – ele continuou com o mesmo tom desinteressado.

- Para alguns acho que sim. – falei olhando para as teclas do piano com certo medo em encará-lo.

- Você faz parte deste grupo? – ele perguntou ainda tocando calmamente.

- Em alguns momentos sim, mas em sua grande parte acho que não. – confessei ainda de cabeça baixa.

- Por quê? – Carlisle perguntou parando de tocar virando para fitar meu rosto.

- Eu... eu não sei. – tentei inutilmente me esquivar de sua pergunta.

Nesse momento não houve resposta continuamos nas mesmas posições apenas aumentando o silencio e a tensão que pairava a nossa volta, por fim me deixei olhar em se rosto esperando ver seus olhos me repreendendo por ser a vadia que eu tinha sido na noite anterior, mas não foi isso que encontrei.

- Tem certeza que não sabe filha? – ele me perguntou carinhosamente me surpreendendo completamente, seus olhos não me repreendiam apenas esperavam por respostas que só eu poderia dar.

- Ah pai! Eu realmente não sou uma pessoa boa! Definitivamente não sou! – disse enquanto o abraçava e deixava as lágrimas escorrerem por meus olhos.

- Claro que é Lizzy! Nunca duvide disso filha, nunca! – Carlisle me dizia enquanto acariciava meu cabelo.

- Não sou pai! Eu apenas machuco todos que gostam de mim! Cada passo que dou faço apenas o que é errado! Sempre escolho o errado, sempre! – dizia agora em meio aos soluços, totalmente entregue a maldita verdade.

- Lizzy olhe para mim!- disse enquanto segurava meus braços me forçando a encará-lo. – Filha olhe para mim! Você não é má! Você é apenas uma pessoa que cometeu um erro! Todos nós os cometemos às vezes, isso faz parte da vida, do amadurecimento!

- Gostaria que as coisas fossem mais fáceis sabe. – falei mais para mim do que para ele.

-Normalmente as situações em nossa vida não são difíceis as pessoas que as complicam. – ele soltou enquanto acariciava meu rosto. – Tudo vai se resolver mais cedo ou mais tarde vai ver!

- Isso eu sei, mas como será resolvido isso já é outra historia! – disse com um sorriso amarelo.

- Com certeza vai ter seu lado bom pode acreditar filha. – Carlisle disse voltando a dedilhar o piano.

- Ah pai! Por que eu sempre tenho que ser tão cabeça dura? – suspirei enquanto me encostava em seu ombro. – Pensar antes de agir nunca foi meu forte.

- Tudo vai se resolver. Tenha calma, dê tempo ao tempo e vai ver. Jacob não vai ficar com raiva por muito tempo, seu coração é muito bom para guardar rancor de alguém ainda mais se tratando de você.

- Como assim Jacob? Eu nunca falei nada sobre ele! Eu... – levantei a cabeça de seu ombro surpresa.

- E nunca foi preciso, sou seu pai e te conheço melhor que você mesma. Já sabia que isso aconteceria antes mesmo que acontecesse, era algo inevitável se apaixonar por ele. – Carlisle falou com uma convicção que me assustou um pouco.

- Quem disse que estou apaixona? Eu... eu... eu não estou! Eu... – falei nervosamente.

- Foram seus olhos suas ações que me disseram isso então não precisa negar isso para mim. Fico muito feliz que tenha encontrado alguém para estar ao seu lado pela eternidade e ele é um ótimo rapaz. – Carlisle dizia tudo sorrindo tanto com os lábios como com os olhos o que me deixava ainda mais sem graça.

- E mesmo que se fosse verdade acho que depois da confusão de ontem ele não iria mais me querer. – soltei sinceramente o que fez meu peito doer pela possível rejeição.

- Está enganada, minha filha. Ele sempre a amará! Pode acreditar em mim. – fiquei parada digerindo suas palavras sem saber se rebatia sua resposta ou ficava feliz em ter uma possível luz no fim do túnel. – Agora vá se arrumar antes que Alice venha procurá-la. – apenas assenti com a cabeça recebendo um beijo na testa antes de Carlisle sair dali.

Estava confusa, por que todos tinham tanta convicção nos sentimentos de Jacob por mim? E mesmo depois de ter me comportado como uma vadia mantinham a mesma posição. Não era possível em tão pouco tempo alguém amar outro com tanta intensidade!

Pra quem você está tentando mentir Lizzy? Você sente exatamente a mesma coisa por aquele lobo! Só sua teimosia não deixou ver isso antes!

Levantei derrotada e fui em direção ao meu quarto, teria que pensar em alguma maneira de concertar a merda que havia feito durante todo esse tempo. Bom pelo menos eu teria teoricamente a eternidade para fazer isso e se Jacob me amasse realmente iria amolecer uma hora.

Quando cheguei ao meu quarto vi em cima da cama uma caixa branca enorme ao lado de um par de sandálias prata e brincos de safira enormes. Aproximei-me da caixa branca e em cima havia um pequeno bilhete endereçado a mim.

“Não quero ouvir reclamações! Você ficará perfeita nele, então diga que me ama e use-o por mim! Garanto que você vai me agradecer depois! Beijos. Alice”

Bufei em resposta, como ela podia manipular as pessoas assim? Joguei o bilhete de volta na cama e fui em direção ao banheiro, quem sabe um bom banho conseguiria me relaxar o suficiente para enfrentar a noite que estaria por vir.

Agucei um pouco meus ouvidos e consegui ouvir a movimentação no terceiro andar, as vozes de Rose, Alice e Nessie eram as mais evidentes, mas acho que Bella e Esme estavam lá também afinal era a princesinha da casa que estaria casando em poucas horas. Tive que rir com aquilo quem diria que eu entraria em uma família grande assim.

Deixei a água fria bater em meu rosto e corpo buscando acalmar meus pensamentos que teimavam em buscar lembranças de Jacob, sem muito sucesso em me acalmar abri a porta que levava aos sentimentos dele em minha cabeça e por mais que esperasse não gostei do que senti.

Um mar de emoções invadiu meu cérebro fazendo com que caísse no box do banheiro, Jacob sentia tudo ao mesmo tempo, se é que isso fosse possível, e com tanta força que me desnorteou. Fiquei sentada lá até que conseguir controlar melhor o turbilhão que passava dentro de mim, definitivamente tinha que dar espaço a ele e esperar a poeira abaixar. Com toda certeza hoje não seria uma boa hora para cruzar seu caminho e muito menos para puxar uma conversa amigável.

Levantei do box me enrolando na toalha, procurei fechar a portinha de seus pensamentos em minha cabeça antes que enlouquecesse, mas mesmo assim só de pensar em encontrá-lo hoje meu corpo arrepiava-se todo não sei se pela ansiedade ou pelo medo.

- É Lizzy você está extremamente ferrada! – disse a mim mesma enquanto passava a mão pelo espelho embaçado.

Entrei no quarto e fui em direção da caixa branca, resolvi abri-la e acabar logo com a possível tortura que seria usar o que quer que estivesse lá dentro. Como já esperava era outro vestido, mas pelo menos esse cobriria minhas pernas.

Ele era longo, exatamente da cor dos brincos, com drapeado no corpo e apenas uma alça fina bordada que saia do meio do decote, tenho que confessar que era bonito, mas algo bem diferente entre achar bonito e usá-lo.

- Alice eu não vou usar! Não mesmo! – disse enquanto devolvia o vestido para caixa.

Mal virei para procurar outra coisa quando a fadinha enviada pelo capeta parou na minha frente.

- Você não leu o bilhete que deixei? – ela perguntou já com sua carinha de choro.

- Eu li, mas eu não...

- Sem “mas” você tem que usá-lo! Ele é perfeito para hoje! – ela falava praticamente soluçando e acredito que se pudesse estaria chorando.

- Alice quando cheguei aqui o nosso combinado era nada de saias ou vestidos, mas não é o que tem acontecido! Não pode ficar tentando me manipular dessa maneira! – falei o mais séria possível, talvez conseguisse convencê-la a me deixar ir com outra coisa.

- Você não entende! Ele é perfeito! Eu vi...

- Você viu o quê? Pensei que não conseguisse me ver. – cortei enquanto ela caia em si do que havia falado.

- Eu não vi você, exatamente você não, mas vi algo relacionado e não vou contar! – Alice falou arregalando os olhos. – Apenas confie em mim, prometo que não vai se arrepender Lizzy!

- É pelo jeito não tenho muita escolha, se não for por bem sei que vai me forçar a usá-lo de qualquer jeito. – falei sem muitas esperanças. – Venha Alice pode começar a me torturar, sei que essa como as outras já é uma guerra perdida.

-Não diga isso Lizzy você perdeu uma batalha, mas não a guerra! E hoje querida vou vesti-la para ganhar de uma vez por todas. – Alice falou com tanta convicção que chegou a me dar medo, o que aquela diabinha estava pretendendo?

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P.O.V. Jacob

A raiva me consumia mesmo depois de ter andado até em casa.  Tive muito tempo para pensar no caminho e só consegui me perguntar quando isso iria acabar.

Tinha que haver alguma maneira para quebrar esse imprinting ou de suportar estar longe dela pelo menos, definitivamente não podia mais ficar me submetendo a esse sentimento que só acabava comigo. A real função do imprinting era mostrar ao lobo sua alma gêmia, porém eu não agüentaria passar a eternidade ao lado daquela doida de pedra!

Pronto estava resolvido eu vou colocar um ponto final em toda essa história! Não vou mais procurá-la, nada de joguinhos, chega de tentativas de aproximação agora o que mais quero é manter distancia dela e faria tudo o que precisasse para isso! Por mais que ela fosse como um imã eu a evitaria ao máximo mesmo que isso significasse cortar o vinculo com os Cullens também!

Deveria ser 9h da manhã quando cheguei em casa, mas não podia simplesmente entrar lá e esperar encontrá-la novamente precisava agir antes disso. Entrei na garagem peguei a moto e fui até a casa de Sam talvez ele conseguisse me ajudar antes de ir falar com o conselho.

O caminho foi rápido e por sorte seu carro estava na porta de casa desci e fui até lá, mas não precisei bater ele veio até mim.

- Está melhor Jacob? – perguntou encostado no batente da porta.

- Na realidade não. Preciso falar com você, será que podemos entrar? – soltei curto e grosso, estava com os nervos por um triz e não iria enrolar com gentilezas.

Sam acenou com a cabeça percebendo meu humor, entramos na casa e ele sinalizou para que Emily saísse e nos deixasse a sós.

- Pode falar Jake. O que está acontecendo? – perguntou com o ar sério.

- Eu não quero isso pra mim! Preciso quebrar esse imprinting! Tem que haver alguma maneira para acabar com isso! – vomitei as palavras andando de um lado para o outro.

- Jacob você sabe que não temos como fazer isso, o imprinting é a maneira que temos de encontrar nossa parceira! Você deveria estar feliz de ter finalmente encontrado a sua.

- Não Sam! Eu não estou nem um pouco feliz! Na verdade posso dizer com toda a certeza que era muito melhor antes dela aparecer! Estou enlouquecendo! Não sei por quanto tempo vou agüentar isso! Você mesmo viu o que ela fez ontem, como é possível que ela tenha sido feita para mim? Não pode ser verdade! – falei enquanto me sentava na poltrona passando com força as mãos pelos cabelos.

- Jacob eu não sei exatamente o que acontece com vocês, mas é uma questão de tempo pra se acertarem. Não pode ser tão ruim assim. – Sam tentou me animar.

- Não Sam é bem pior! Pode acreditar, bem pior! – falei encostando a cabeça na poltrona.

- Cara eu não sei o que falar pra você, não é algo natural vocês não se darem desse jeito. Deveriam estar grudados agora e não querendo se matar.

- É nem precisa me falar isso. – suspirei derrotado.

- A relação entre o lobo e seu imprinting tem haver com a necessidade do momento, você viu Seth e Quill. Somos pais, irmãos, amigos e por fim amantes tudo evoluindo de acordo com a necessidade deles, Seth está, digamos que no ultimo estágio e o Quill está no penúltimo, talvez você não esteja visualizando a necessidade que ela tem nesse momento. – Sam dizia procurando algo com fundamento para tentar me acalmar eu acho.

- Talvez ela precise ser internada em um manicômio isso sim! Sabe Sam eu não agüento mais seus sentimentos invadindo minha cabeça, por mais que tente fechar eles gritam dentro de mim e isso está me deixando louco! – confessei procurando por alivio.

- Você a sente? – ele perguntou espantado.

- Você não sente a Emily ai dentro? – perguntei dissolvendo minha ultima explicação para aquilo.

- Na verdade não, o que exatamente você quer dizer com isso Jacob?

- Bom eu tinha uma explicação pra isso, mas ela foi por água abaixo. Há um tempo perguntei a mesma coisa para Leah e ela também me respondeu que não, então achei que só os alfas pudessem se conectar assim com sua parceira da mesma forma como nós nos conectamos com o bando quando estamos transformados, mas nunca tive tempo de vir perguntar para você. – falei meio encabulado. – Eu tenho Lizzy 24hs por dia dentro da minha cabeça, com seus sentimentos confusos gritando para mim.

- Isso é completamente impossível! – Sam falava sem acreditar com os olhos arregalados.

- É também achei no começo, mas ela está aqui dentro. – falei batendo na testa. – Exatamente agora ela está dormindo. – constatei.

- Inacreditável! Nunca ouvi falar sobre essa possibilidade. – ele disse ainda em choque.

- E esse é mais um motivo para tentar quebrar o imprinting, definitivamente não a quero dentro da minha cabeça! Deve haver algum jeito de acabar com isso. – disse indo para a janela.

- As lendas não falam nada sobre isso Jake você pode ir até o conselho se quiser, mas não vai adiantar muito. Você está destinado a ser dela e ela a ser sua Jake isso é inevitável. – Sam falou com certo pesar na voz.

- Obrigado por me ouvir Sam, mas mesmo que isso seja verdade eu vou tentar evitar o máximo possível, não vou passar o resto da minha vida ao lado de uma louca narcisista. – disse voltando a observá-lo com um sorriso amarelo no rosto. - Talvez seja meu destino ser azarado com as mulheres.

Sai de lá sem esperar que Sam me respondesse, não queria ficar discutindo algo que ele na verdade não gostaria que mudasse, caso eu conseguisse quebrar o imprinting isso mudaria muita coisa e talvez se sentiria um fraco por não ter conseguido causado tanta dor a Leah quando conheceu Emily.

Voltei para casa esperando que alguma resposta caísse do céu, mas apenas encontrei o carro de Quill parado na porta.

- Você não deveria me esperar lá fora pelo fato de não estar na sua casa? – perguntei jogando as chaves da moto na estante.

- Eu sou da casa, pensei que soubesse Jake! – Quill fez piadinha enquanto dava mais um gole na minha cerveja.

- O que você quer?

- Vim ver como você tava. Nossa cara você devia ter visto a sua cara ontem! Totalmente transtornado! Acho que por muito pouco você não se transformou lá na pista mesmo. – ele falava como se estivesse contando a ultima fofoca de Forks e não uma quase ameaça para todos nós.

- Agora que você já viu que estou bem já pode ir embora então. – rosnei para ele, não estava afim de ficar batendo papo como duas vovozinhas fofoqueiras.

- Nossa cara que humor! Tudo bem eu vou antes que você me morda. – ele disse fazendo piadinha novamente.

- Cai fora Quill! – falei abrindo a porta.

- To indo mano! Mas eu pensei que você fosse querer saber da sua mina.

- Que mina Quill? Não viaja cara, eu não tenho nenhuma garota! – soltei enquanto pegava uma cerveja na geladeira.

- A garota de ontem te lembra alguma coisa? – paralisei ao ouvir suas palavras, não estava preparado para ouvir falar sobre Lizzy, minha raiva ainda estava quente por minhas veias.

- Embry e eu fomos falar com a Leah nas lojas dos Newton e a vimos passar do outro lado da rua totalmente acabada.

- Como assim acabada? – perguntei entre os dentes me controlando ao máximo.

- Parecia que tinha acabado de acordar, estava andando descalça pela rua com o mesmo vestido de ontem toda descabelada. A Leah ficou falando um monte no nosso ouvido, mas eu nem dei bola você sabe como ela é né! – a cada palavra de Quill a raiva dela e por ser tão inútil preso a ela aumentava, sentia minhas veias esquentarem e ao fundo ouvi a latinha estourar na minha mão.

- Jake você está bem cara? – ouvi Quill me perguntar com uma expressão de espanto.

- Vai embora Quill!  - falei travando a mandíbula tentando conter o tremor que começava dentro de mim.

- Você precisa de alguma coisa cara? – Quill continuou perguntando preocupado.

- Vai embora! – rosnei fazendo com que ele percebesse que não estava para brincadeira.

- Calma Jake! Eu já estou indo embora. Tente não pirar por causa daquela garota ok! – ele falou enquanto saia fechando a porta logo em seguida.

A raiva em mim era tão grande que quando percebi já estava jogando o que tinha por perto nas paredes. Precisava me acalmar mesmo como Quill havia dito estava começando a perder o controle. E esta noite eu precisaria de muito controle, muito controle.


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