Little Things escrita por BiaSiqueira, ThansyS


Capítulo 33
"Legal" não é bem a palavra certa


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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– Boa noite Manu. – Pela terceira vez eu estava ouvindo aquela frase em menos de 10 minutos. Dizer “Boa noite” é forma carinhosa que a minha irmã tem para me dizer “cala a b oca logo por que eu quero dormir”. Isso por que eu não consigo parar de falar a pelo menos umas duas horas. Dividimos o quarto e como eu não consigo dormir, eu tenho que fazer com que ela não consiga também. Dane-se a lógica da bondade entre irmãs. Se eu ficar acordada sozinha, Deus sabe que eu arrumo minhas malas e vou correndo daqui até Londres só para matar de vez essa saudade absurda que eu estou sentindo.

– Mariana, eu fiquei um ano fora, você devia ser mais sensível sabia? – Eu disse e ouvi ela bufar.

– E você devia ser menos chata, e se é para gastar meu tempo ouvindo você falar sem parar, pelo menos você podia me dar detalhes de como foi a linda e romântica história de amor entre você e aquele britânico fofo... – Ele começou com o mesmo discurso de tentar me convencer a falar do Edward mais uma vez. E então, foi minha vez de dizer:

– Boa noite Barbie. – Eu disse e podia jurar que ela estava sorrindo por finalmente me fazer calar a boca.

E lá se foi minha única chance de não me afogar em lembranças. Não que eu estivesse achando ruim estar de volta em casa. Eu amo minha família. Mas convenhamos que saudades de Londres somada à diferença de fuso horário tiraria qualquer um do sério.

E ai eu me lembrei de que quando o sono demorava muito a chegar, eu precisava apenas me concentrar em ouvir do quarto ao lado, o som do violão ou a voz do James enquanto de madrugada, ele compunha uma de suas musicas.

Mas o Edward não estava aqui agora. Eu queria que estivesse, e que eu pudesse me levantar no meio da noite, me fingir de brava e ir até o quarto dele o mandar ir dormir.

– Vá de uma vez para cama, ruivo. Amanhã você tem aula. – Eu disse a ele enquanto o via pular de susto pela minha aparição repentina no meio da madrugada.

– Você sabe que acabou de esmagar a minha inspiração, não sabe baby? – Ele dizia enquanto me encarava com olhinhos pidões.

– Deixe-me sorrir um bonito sorriso para você então, e logo a sua inspiração vai voltar. – Eu dizia a ele e o via sorrir da careta que faria em seguida.

– Isso não está ajudando em nada Meinu. – Ele dizia entre as risadas.

– Que pena Honey, vamos ter que tentar de novo amanhã... Assim que você tiver acordado par ame levar para escola. – Eu dizia enquanto o forçava a deitar-se na cama, mesmo entre os papéis espalhados.

– E finalmente chegamos à chave para tudo isso. – Ele respondeu me roubando um selinho. – Não quer perder a carona para amanhã...

E a lembrança só me fez me sentir mais perdida. Mesmo que um sorriso bobo estampasse meus lábios. O escuro do quarto se equiparava ao escuro que tinha no meu coração. Edward me fazia brilhar. Sem ele, a luz ia embora também.

Eu havia chegado em Londres quebrada. No dia em que fui aceita para o intercambio, eu corri para o meu quarto, fechei portas e janelas e como uma criança machucada eu chorei. Chorei por que estava perdida. Perdida em meio aos sentimentos que esmagavam meu coração. Eu não queira ir embora. Abandonar minha família nunca havia estada nos planos. Eu não queria deixar o Brasil. Eu não sonhava com Londres. Não daquele jeito. Mas eu não podia ficar. Sozinha e vazia era como eu me sentia. Eu não tinha um lugar. E eu queria fugir. Por isso me inscrevi no intercambio dos sonhos. Uma carreira promissora em um ramo pelo qual eu nem tenho paixão. Um mundo novo diante dos meus olhos, e a saudades de casa talvez preenchesse o vazio cheio de nada que estava no meu peito. E eu finalmente encontrei meu caminho quando dentro de um minúsculo apartamento, do outro lado do mundo, eu apertei a mão de um cara de toca de frio e gelado feito um picolé. E as chamas que pareciam enfeitar o cabelo dele, encheram também o meu coração escuro. E lá estava eu outra vez. Perdida no sentimento que me dilacerou a alma. Perdidamente apaixonada pelo cara mais imperfeito e mais magnífico que eu podia conhecer.

James Edward Shetfield entrou com todo no meu coração e não deixou espaço para o vazio preencher. E agora que eu me via sem ele, o maldito sentimento de perda parecia querer voltar.

E em um ato de puro desespero, e medo mesclado à dor, eu me levantei, corri escadas a baixo e tirando o telefone do ganho eu disquei o numero que faria com que a conta de telefone lá de casa fizesse papai ter vontade de me chutar daqui até Londres, mas eu não me importava. Eu precisava ouvir a voz dele, e a ansiedade era tanta, que eu nem havia terminado de discar os números e eu já podia ouvir. Sim, de alguma forma eu ouvia Edward ao longe dizendo:

Manu…– E eu sorri por pensar que estava começando a ficar louca. Mas quanto a voz pareceu mais perto, eu parei de sorrir e passei a duvidar realmente da minha sanidade mental.

Are you in there? Open the door, please. I’m here. – A voz agora vinha não mais das lembranças na minha cabeça, mas aparentemente, do outro lado do portão da minha casa.

E eu corri como se a minha vida dependesse disso. E bati o pé na mesinha da sala como a bela desastrada que eu sou. E isso aparentemente acordou o resto da casa, já que eu praguejei em alto e bom som.

E eu fiz o que ele estava pedindo. De pijamas, cabelo emaranhado e um sorriso enorme no rosto eu corri ainda mais quando notei que não estava, de fato, louca, e nem alucinando. E sem tropeçar e nem cair no caminho, eu me lancei quase que de forma desesperada nos braços do ruivo que estava de pé no portão da minha casa.

E o meu James sorriu para mim. E enlaçou seus braços em volta da minha cintura, e com uma risada alta ecoando dos nossos lábios, eu o apertei mais forte só para ter certeza de que ele estava mesmo ali.

– Ao que parece, a palavra “legal” era mesmo bastante genérica para descrever o seu amigo não é Manu? – A voz de mamãe se fez ouvir e só assim eu soltei o pescoço do Edward. Mas segurei firme em sua mão para ter certeza de não deixar ele ir de novo.

– Mamãe, papai, este é o Edward. O garoto de quem eu falei. – Eu falei e antes que mais alguém pudesse se pronunciar, minha irmã se fez ouvir.

– Caramba, ele é mesmo ruivo.


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Notas finais do capítulo

Alguém vivo ai para comentar?!
Beijo Beijo e fiquem com Deus!