– Edward! – Eu chamei quando ele já me beijava a algum tempo, e eu comecei a me lembrar que aquele podia ser o meu “lugar no mundo”, mas ainda assim era uma cama, e isso era meio que bastante estranho.

– Hum. – Ele murmurou e eu ri da forma como ele se recusava a se afastar nem que fosse minimamente.

– Você ainda não me contou seus segredos. – Eu soprei isso próximo ao ouvido dele e ele estremeceu um pouco.

– Mas nós temos tantas outras coisas legais pra fazer Meinu... – Ele reclamou e eu o lancei um olhar maligno. Pena que ele não viu, já que estava muito mais ligado em olhar para outras partes de mim que não incluíam os olhos. – Nós podemos muito bem ficar aqui, e esquentar ainda mais essa cama. Pensa só, nesse frio todo...

– Cale a boca gora mesmo, seu safado. – Eu briguei mesmo estando explodindo de vontade de concordar com cada palavra do que ele dizia, e ainda querendo rir da forma descarada de como aquele ruivo metido queria me seduzir. – Só volte a falar se for para me contar seus segredos.

– Então eu posso ficar sem falar o dia inteiro. – Ele sussurrou no meu ouvido e foi minha vez de estremecer. – E eu posso usar minha boca para te beijar, ao invés de falar com você usando ela também.

– Então, não fale e nem me toque. – Eu disse e o empurrei para longe de mim. Ao menos o mais longe que a pequena cama nos permitia ficar separados.

– Chata. – ele disse me dando um ultimo beijo e se colocando ao meu lado, ficando em silencio por um tempo, e em seguida quebrando o silencio calmo que nos cercava. – Eu nasci em Gales e por isso mamãe ainda vive lá. Meu pai morreu quando eu tinha doze anos, e minha mãe se casou com seu tio três anos depois. Eu estudei em boas escolas sempre, e nunca fiquei reprovado. Tenho carteira de motorista desde os dezesseis e nunca fui "fichado". Nunca usei drogas, mas já consumi álcool. Já usei o carro da mamãe sem permissão e já sai com pouco mais de vinte garotas. Não dormi com todas elas, mas não por que eu não quis. – Ele falou essa parte e riu de forma que me fez querer socá-lo. – Nunca fui escoteiro, e sempre fui fã de Harry Potter. Não costumo ler livros, mas posso tocar uns sete instrumentos. Costumo compor sempre que tenho inspiração e me apaixonei pela minha melhor amiga. – Edward falou tudo com uma naturalidade incrível, tão incrível que eu quase não peguei a ultima parte.

– Como é? – Eu perguntei atônita e podia jurar ter visto um resquício de sorriso ladino brincando em seus lábios..

– Eu te contei meus segredos, agora já posso voltar a te beijar. – Ele disse se virando e vindo de encontro a mim, mas eu rapidamente o afastei outra vez.

– Você está se ouvindo Edward?! – Eu ralhei e ele me encarou frustrado.

– Eu não quero me ouvir agora Meinu, eu só quero agarrar você.

– E a minha mão quer bater na sua cara agora James. – Eu falei e ele riu, com vontade, da minha cara.

– Não vejo a graça.

– Deixa eu te mostrar então. – Ele sussurrou e eu bati nele. Com força dessa vez.

– Eu acho que essa chama do seu cabelo está afetando outro lugar também, seu ruivo maldito. – Eu esbravejei e ele continuou rindo. – Sério, Ed, como você quer me beijar?

– Querendo Meinu, querendo. – Ele disse simples e eu quase ri.

– Se lembra do ultimo segredo que você acabou de me contar Ed?

– Claro que sim.

– E qual foi ele Ed?

– Gosto de batata frita?

– É claro que não, seu estúpido, fale sério. – Eu exigi e ele suspirou.

– Eu não devia ter te contado isso. – Ele resmungou e eu o ignorei completamente.

– Então você sabe do que eu estou falando, não é?

– Talvez eu não devia mesmo ter te falado sobre isso.

– Fale de uma vez Shetfield! – Eu exigi e ele me encarou, bastante sério, a propósito. Ou a palavra certa seria “sexy”?

– Eu. Me. Apaixonei. Pela. Estúpida. Da. Minha. Melhor. Amiga. – Ele disse pausadamente, palavra por palavra, quase soletrando. E cara, o inglês dele fica magnífico assim. Que sotaque! Mas ops... Tem algo errado ai.

– Que droga Ed, não tinha a parte do “estúpida” na primeira vez que usou essa frase. – Eu disse e ele fez uma careta engraçada. Algo como um bico infantil e olhos semi cerrados.

– É por que agora ela merece o adjetivo. – Ele respondeu carrancudo e eu ri da cara de bravo dele, mesmo estando meio chocada com a Idea te ele gostar de verdade de alguém.

– E por que é que a coitada merece ser chamada de estúpida Edward? – Perguntei e vi o mesmo brilho sarcástico de antes brincar agora nos olhos azuis daquele maldito ruivo.

– Por que eu estou aqui a mais de 15 minutos tentando convencer ela a me deixar beijá-la e ela só quer saber de ficar ai falando sobre segredos e essas coisas. – Ele falou emburrado, cruzando os braços infantilmente e eu ia rir, até entender o real significado que aquela frase tinha.

– Você está apaixonado por mim Edward? – Eu perguntei depois de alguns segundos de tentativas frustradas de entendimento, e é claro, de conter o meu sorriso enorme e cheio de dentes.

– Não Manuela, eu estou apaixonado pela minha melhor amiga imaginaria, não está vendo ela? – Ele disse com toda a sua doçura característica e eu quase vomitei um arco iris. Só que não. – Diga "oi" para ela Meinu, seu nome é July.

– Vá a merda. – Eu disse séria e ele riu.

– Vem comigo? – Ele perguntou sorrindo largo e eu fiz a coisa mais ridícula que alguém poderia ter feito naquela situação.

– Claro. – Sim, essa foi a minha resposta, e cara, foi a minha melhor resposta de todo o sempre. Bom, até o presente momento, é claro.

– Perfeito. – Edward disse e logo conseguiu o que tanto queria. Eu deixei ele me beijar, me beijar e me beijar de novo. Até ele cansar de me beijar. Ok, talvez isso teria demorado um pouco, caso eu não o tivesse chutado para longe de mim depois de uns cinco minutos.

– Eu estou ferrado. – Ele falou depois de algum tempo recuperando o fôlego, e eu o encarei com cara de boba. Se ele dissesse algo como “Um vampiro e uma fada podem ter filhotes fofinhos” eu teria sorrido e acreditado naquilo como em uma filosofia de vida. Qual é, ele tinha acabado de dizer que estava apaixonado por mim.

– Por que Ed?

– Por que? Como por que? – Ele disse apoiando o seu peso sobre os antebraços e se elevando um pouco. – Eu estou apaixonado. Cara, eu to mesmo apaixonado por alguém.

– E ela é a sua melhor amiga Ed. – Eu disse ainda parecendo uma estúpida boba, e ele riu ao assentir.

– É verdade. Você está certa. Talvez eu não esteja tão ferrado. Talvez eu até tenha sorte. – Ele disse e u sorri ainda mais. – Eu sou sortudo por estar apaixonado pela minha melhor amiga.