Uma noite na boate mais cara da cidade, duas festas de veteranos amigos Edward, e um acampamento de dois dias que a louca da Kamyla nos convenceu a ir. Tudo isso em uma semana. Chegue a citar as três provas que eu fiz ainda?

Sábado, 6 horas da manhã.

O dia do bendito acampamento.

E eu odeio insetos.

- Vamos logo Manuela. Se você demorar mais cinco minutos a Kamyla vai entrar e ai ela vai morrer no meu sofá e nenhum de nós vai conseguir sair de dentro dessa casa. – Edward falou lá da sala ao lado de suas muito bem arrumadas bolsas para acampamento. Os materiais maiores para montar a barraca já estavam no carro. Eu tenho culpa se ele tem mania de organização e arrumou as coisas dois dias antes?

- Só falta colocar mais umas coisinhas aqui e agente já vai poder ir. – Eu respondi de dentro do carro e vi o ruivo me surpreender na porta com um olhar impaciente.

- A Kamyla entrou. – Ele falou derrotado se jogando sobre a minha “pequena” pilha de roupas em cima da cama. – O que vamos fazer agora?

- Pare de drama Edward. – Eu falei e ele se afundou ainda mais.

O clima naquele dia não estava muito bom. Fazia uma temperatura quase beirando a um frio desagradável, mas ainda não estava chovendo. Edward usava uma touca que deixava quase toda a cabeleira ruiva dele coberta. Eu tinha luvas nas mãos e uma das toucas do Edward na cabeça. Só pra esclarecer o fato de eu passar mais tempo vestida nas roupas dele do que nas minhas. Sou brasileira e pobre. Não é como se eu fosse desperdiçar dinheiro comprando toucas e essas coisas sem importância quando eu tenho todas as do Edward para usar. Qual é? Ele tem muitas.

- É to bom saber o quanto sou amada por você ruivo. – Kamyla entrou no quarto se atirando na cama ao lado do Edward. Antes de se sentar ela arremessou sobre ele um dos meus sutiãs. Vergonha meu amor, venha me buscar agora.

- Saiam logo os dois de cima dessa cama. – A voz de Phil soou e eu vi o Edward revirar os olhos.

- Agora a putaria está completa. Só faltava você mesmo Phil. Sobe na cama, puxa a Manuela e agente pode ficar desarrumando tudo aqui ao invés de ir congelar lá fora. – Edward derramou todo o seu sarcasmo para cima dos meus amigos. Rabugento nível máster. – Se é que você me entendem. – Ele deixou clara a maldade implícita nas suas palavras e eu resolvi que era hora de acabar com a putaria.

- Levantem o rabo daí todos vocês. Eu já estou pronta e vocês estão me atrasando. – Eu falei e todos eles me encararam incrédulos. Como se fosse mentira o que eu acabei de dizer.

- Você acordou vinte e sete minutos atrás. Não somos exatamente nós que estamos atrasando você. – Edward expressou alto o provável pensamento de todos eles. Eu apenas sorri. Só que não.

- Eu não teria acordado tarde se eu tivesse conseguido dormir mais de duas horas por noite essa semana. – Rosnei para eles e o até o Phil se encolheu um pouco.

- Ninguém te obrigou a ficar na gandaia. – Kamyla justificou e eu fiz uma careta para ela.

-Se é assim, você também não pode me obrigar a ir acampar. Boa sorte para vocês, eu vou dormir. – Falei tentando me jogar em direção a cama e sendo interceptada pelos braços nada fracos de Phil.

- Você não seria obrigada a ir se não tivesse apostado comigo que beijava aquele nerd esquisito na noite passada. – Kamyla disse fazendo uma careta e senti Phil estremecer.

- Eu nunca, volto a repetir, NUNCA pensei que você fosse ser capaz de beijar aquele a cara. – Eu respondi sincera e ela gargalhou.

- Eu já fiz coisa muito piro nessa vida minha cara miga. – Ela falou e todos nós arregalamos os olhos. No instante seguinte Edward olhou significativamente para Phil, Phil olhou para mim e eu voei. Livre como um pássaro. Ou não. Talvez eu ainda estivesse com um pouco de sono. Edward me segurou e me colocou como um saco de batatas gordas e pesadas. Senti um bullyng ai. Nada legal.

- O que vocês pensam que estão fazendo? – Esganicei uma tentativa falha de grito enquanto batia nas costas do James.

- Eu não obrigado a ouvir o que quer que a Kamyla tenha feito na vida. Eu não quero me traumatizar a esse ponto. Então, por favor, meu anjo, fique quietinha até estarmos seguros dentro do meu carro. – Edward falou baixinho e eu ri. Talvez ser carregada fosse até legal.

- Sigo o meu carro e tente não comer muita poeira. – Phil passou por nós ao lado de Kamyla Edward apenas resmungou algo desconhecido provavelmente em grego arcaico. Ou em inglês mesmo. Quem se importa? Eu nunca vou saber.

Ele me colocou confortavelmente no banco do carro, abrindo a porta e jogando lá dentro enquanto dava a volta e ia para o lado do motorista. Cinco segundo depois Phil cantava pneus no asfalto e Edward o seguia com a mesma vontade insana de provar que era bom no volante. Ou, que era tão “macho” quanto Phil na hora de dirigir.

- Se você não diminuir agora, eu vou ser obrigada a pular daqui. – Eu falei tentando em vão chamar a atenção dele. Eu sou jovem não quero morrer. – Edward eu to falando sério. – Eu falei e vi ele dar um sorrisinho sacana antes de acelerar mais. – Merda Edward, você é britânico, onde foi parar sua maldita boa educação e senso de regras? – Eu quase gritei quando ele cortou dois caros de uma única vez colando na traseira do carro de Phil. A mais de cem por hora em pista dupla. Hora de confessar meus pecados.

Vi Phil acelerar mais e acompanhei, desesperada, o discreto movimento que a perna do Ed fazia para pressionar ainda mais o acelerador. Em um movimento de alto preservação pousei as mãos em uma das pernas dele. A reação foi imediata. Edward afrouxou o aperto no acelerador e no volante gradativamente. Virou para mim de olhos arregalados.

- Olhe ara frente ruivo. – Eu falei e o vi sair do transe rapidamente. Tirei minha mão da perna dele e o vi ficar mais vermelho do que pimentão. Eu não devia estar diferente.

- Por que você mandou a Kamyla beijar o estranho noite passada? – Edward cortou o silencio que havia se instalado. Eu o matei mentalmente por isso. – Você sabia que ela estava bêbada e beijaria um crocodilo fêmea se você pedisse.

- Eu não pensei que ela fosse chegar a tanto. – Respondi dando de ombros e ele riu.

- Não vem com essa não. Você estava sóbria e sabia que ela não. – Ele falou e eu estremeci um pouco. Onde ele queria chegar era perigoso.

- Vai ver eu queria que ela fizesse e eu tivesse que vir acampar. Você sabe que eu amo a natureza. – Eu falei adiando inevitável e ele riu.

- Você ama sim a natureza. Contando que ela esteja a uma distancia segura de você. – Ele disse a verdade e eu corei. – Você salvaria todas as florestas do mundo Manuela, mas nem se quer pensaria em visitar uma delas.

- Você sabe por que eu fiz isso. Não entendo o motivo desse dialogo. – Falei ríspida e vi a velocidade do carro diminuir ainda mais e vi Edward parando em um acostamento sem se importar por Phil acabar longe de nossas vistas.  – O que é que você está fazendo Edward? – Perguntei assim que o vi estacionar o nosso carro.

- Quero ouvir você dizer. – Ele falou se aproximado perigosamente de mim.

- Me ouvir dizer o que? – Eu era estúpida, mas não sonsa a tal ponto. U sabia o que ele queria ouvir.

- Você sabe. – Ele respondeu.

- E você também. – Ele soprou no meu ouvido eu estremeci um pouco.

- Você quer ouvir, eu vou falar então. – devolvi a ele em um sussurro quase inaudível. – Eu fiz aquilo por que ela estava louca para beijar você e isso acabaria acontecendo uma hora ou outra. Você estava desesperado e eu não sabia mais o que fazer. Afinal essa coisa toda é culpa minha. Foi ideia minha trazer ela para sua vida e é meu dever concertar isso agora.

- Esse não é o seu dever agora. –Ele falou rindo baixinho e eu o encarei.

- E então qual é o meu dever Ed?

- Nesse momento...É me beijar.