A Semideusa escrita por Messer


Capítulo 9
Chalé de Ares


Notas iniciais do capítulo

Calma, eu não errei a fic! Haha
Bem, boa leitura, Shadowgods ;D



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Quando Jessica escutou a trombeta de concha soar, ela xingou, mas sua voz, por enorme sorte, foi abafada pelo travesseiro. Caso fosse pega mais uma vez pela líder de seu chalé, estava no mínimo ferrada.

Mesmo sendo inverno e o alarme atrasado duas horas para a felicidade dos campistas de ano inteiro, era realmente complicado levantar da cama no inverno, tendo de enfrentar toda aquela neve logo no início do dia, sem contar todos os treinamentos. Era difícil algo interessante ocorrer naquela época, exceto, talvez, uma festinha ou outra que o Sr. D. dava quando extravasava um pouco na bebida.

–Vamos sua preguiçosa – ela sentiu um travesseiro ser jogado em suas costas.

Resmungando coisas indecifráveis, que variavam do grego, latim, português e outras línguas, Jessica afastou os cobertores e se levantou, seguindo ao banheiro. Depois se trancou, sabendo que as únicas pessoas que estavam lá além dela eram seus dois meio-irmãos, Marcus e Kaio. Marcus foi quem deveria ter jogado o travesseiro nela, pois o outro garoto era tão preguiçoso que chegava a dar raiva.

Jessica censurou a si mesma e voltou para pegar suas roupas, jogadas no baú ao pé de sua cama. Não escolheu muito, só pegou o necessário para o dia, e voltou a se trancar no banheiro, trocou de roupa rápido e escovou os dentes, já escutando as insistentes batidas de um dos garotos. Ela resmungou algo com a boca cheia de espuma do creme dental, e saiu de lá depois de terminar a higiene dental.

Marcus estava com os braços escuros cruzados sobre o corpo grande e entrou rápido, logo depois que Jessica saiu. Ela pegou uma touca e colocou o longo e escuro cabelo por dentro da touca azul, sem pentear. Colocou luvas e botas pretas, depois vestiu o casaco roxo que estava jogado por cima da cama acima do beliche que dormia.

Ela olhou Kaio que estava ainda deitado em uma confusão de cobertores e roupas jogadas em cima dele. Jessica bufou e foi em direção ao garoto.

–Anda, acorda! - Ela o empurrou com força.

Kaio só colocou uma mão para fora do ninho, fazendo um sinal para ela ir embora. Irritada, Jessica o empurrou com o pé, sem nenhuma delicadeza.

O garoto tirou as cobertas do rosto, revelando uma pele bronzeada em uma expressão de raiva, com os olhos azuis e dourados brilhando em uma pequena fenda de sono, juntamente com o ninho de ratos que era o cabelo castanho.

–Vá pro Tártaro – ele murmurou, encarando Jessica com fúria.

Ela rolou os olhos e deu um suspiro teatral.

Então estralou os dedos, usando os seus truques de filha de Hécate. O chalé encheu de um pó azul brilhante, e nada se pode enxergar por alguns segundos. Depois que a magia cessara, Jessica estava com as mãos na cintura, com uma expressão de triunfo, olhando para cima, onde Kaio se pendurava do teto.

–Me tire daqui, sua filha de uma górgona! - Ele gritou com raiva.

Jessica balançou a cabeça com um sorriso no rosto.

–Você se xingou, imbecil.

Kaio colocou as mãos sobre a boca, com os olhos bicolores arregalados.

–Jessica. Um mês limpando o chalé.

Ela olhou para trás, onde um quase-pronto Marcus estava na porta escancarada do banheiro, olhando sério para ela. Um calafrio lhe percorreu pela espinha.

–Mas ele não...

–Sem desculpas – o garoto a cortou.

–Mas... - Jessica tentou se explicar.

–Sem. Desculpas.

E voltou para o banheiro, batendo a porta. A garota bateu o pé com raiva, e trincou os dentes. Sempre se metia em confusão. Talvez ter benção de Hermes não era tão útil o tempo todo.

–Eu estou aqui, sabe? - Kaio disse, com os braços cruzados.

Jessica estava caminhando em direção da porta do chalé, quando estralou novamente os dedos e desfez o feitiço, escutando o baque surdo do meio-irmão caindo no chão. Então, bateu a porta do chalé com força, sentindo o vento frio cortar o rosto. Irritada, lutou contra a neve para ir até o refeitório. Quando chegou, depois de uma longa caminhada, estava suada e arfava. Por fim, se deixou cair no banco de seu chalé.

Estava tudo calmo, e, pelo jeito, ninguém além dela havia saído dos chalés. A neve não caía mais, apesar de continuar bastante frio. Tudo, inclusive o telhado de grama do chalé de Deméter estava coberto pela neve. Era bonito ver o Acampamento naquela época. Passar as horas no chalé ou em algum outro lugar, com a luz do Sol no rosto.

Mas é claro. Ela não podia fazer aquilo. Tinha de treinar, treinar e treinar.

Estava quase dormindo novamente quando escutou algumas vozes. Abrindo os olhos, viu que as crianças do chalé de Ares saiam. Na verdade, Quíron as chamava de crianças. Elas mais pareciam monstros meio humanos bombados. Era simplesmente horrível ficar na companhia da maioria deles. Jessica prendeu a respiração decidindo se ficaria ou ia embora e só voltava quando houvesse outras pessoas.

Medo. Por quê tem ele? A pergunta rodava sua mente. Não podem fazer nada contra você.

Por fim, resolveu ficar. Era só ficar quieta no seu canto. Ela não faria nada. Eles talvez não.

A silhueta dos brutamontes foram ficando cada vez mais visíveis. Uma das garotas que vinha na frente, a líder do chalé, sorriu maliciosamente para ela.

O coração de Jéssica disparou, e ela se arrependeu profundamente de não ter saído de lá. A garota, Misha, chegou e parou na frente de Jessica, à um metro de distância.. Seus outros meio irmãos se reuniram por volta, formando um círculo pelo qual seria impossível de se sair. Não podia escapar. Mas talvez eles só estivessem tentando o medo dela. Não se deixaria ter medo. Tudo menos isso.

–E aí, bruxa? - Misha disse, mostrando o sorriso nada amigável de dentes amarelos e tortos. Estava com roupas militares de inverno e uma bandana vermelho sangue prendendo os cabelos pretos emaranhados. Seus olhos pareciam de porcos. - Tudo beleza com os truquezinhos de covarde? - Ela deu uma gargalhada, acompanhada pelos seus meio-irmãos.

Jessica já podia sentir a aura de magia se prender à ela.

–Melhor que você com essa cara de porco – disparou, furiosa.

Misha parou de rir e a olhou com raiva. Seu rosto se transformou em uma máscara de fúria enquanto levava as mãos para agarrar Jessica. A garota se encolheu e arregalou os olhos azuis enquanto via o futuro sofrimento.

Até uma sombra cruzar o seu caminho.

Misha gritou de fúria enquanto caía para trás. Seus irmãos ficaram confusos por um momento antes de atacar a interferência. Dos cinco semideuses, três atacaram de imediato, para serem jogados para trás como bonecos de palha. Os outros dois recuaram, assustados.

As sombras que estava à frente de Jessica se tornaram mais nítidas, mostrando uma garota, um pouco mais alta que ela mesma. Estava sem luvas, com as roupas rasgadas. Carregava uma espada curva e negra na cintura, e tinha madeixas claríssimas que se misturavam com outras negras.

Quando a garota se virou para Jessica, ela prendeu a respiração. Era uma antiga amiga, com olhos multicores.


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Notas finais do capítulo

Viu? Não tinha errado a fic! Deixa um review, falando como que está a história, e o que você espera? Obrigada ;)



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