A Semideusa escrita por Messer


Capítulo 8
Ponte


Notas iniciais do capítulo

Demorei, né? Bem, me desculpem, mas eu não conseguia fazer nada. Então pedi ajuda, e ok, mas não consegui muita coisa :/
Boa leitura c:



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O Sol estava se pondo, deixando tudo com uma coloração amarelo-alaranjada, criando sombras e luzes nos prédios de Manhattan. Ninguém parecia notar muito, mas John sempre dera bastante valor ao Sol. Gostava de luz, e, sempre que podia, passava a maior parte do tempo sobre a luz de tal. Pena que só podiam caçar demônios à noite.

Suas pernas estavam suspensas, sentindo o vento frio do Inverno. Mesmo com o não-tão agradável cheiro do rio East, a vista do Brooklyn era simplesmente perfeita, de realmente tirar o fôlego. Mas talvez todo esse crédito devesse ser dado à Mary, que estava aconchegada em seu braço. Ela não estava dormindo, mas parecia quase. Com os olhos fechados e a respiração calma, parecia pacífica. Toda aquela fúria e as sombras de ser filha de Hades pareciam escorrer dela, como se só fosse uma pessoa normal (até onde normal poderia ir para eles).

-Esse é o único momento com luz que eu gosto – ela murmurou, olhando para a cidade.

-Sempre amei o Sol – John disse, com o queixo apoiado na cabeça dela.

-Você sabe o porquê? Que eu gosto do Sol agora, quero dizer.

John arrumou sua postura e  a olhou de um jeito interrogativo, com o rosto sendo iluminado por alguns raios do Sol, o que ele agradeceu secretamente.

-Pois depois dele – ela disse, sem encará-lo -, vem a Lua.

John desviou o olhar dela e deu um suspiro meio humorado.

-Uma vez Caçadora, sempre Caçadora, Mary?

Ele sentiu o peso dos olhos da garota e a tensão que se espalhou pelos seus ombros. Alguns segundos depois, ela segurou o lado de seu rosto e o virou, forçando-o a olhar para ele.

Mary estava com um dos lados da boca fracamente levantado e uma expressão serena nos olhos agora verdes-água. Parecia contente, leve, até mesmo feliz, mesmo com o comentário dele.

-Não tenho muita certeza se hoje, se eu pudesse, voltaria para a Caçada.

Então sorriu abertamente e aproximou o rosto do dele. John se deixou levar, analisando cada detalhe da garota. Os cabelos lisos que enrolavam ao longo que cresciam, e eram claros com mechas pretas, os olhos que sempre mudavam de cor, a leve ruborização que tinha nas maçãs do rosto, e o sorriso que carregava, o sorriso que quase nunca era mostrado, e o deixava bobo.

Ela o tocou levemente com os lábios, esperando alguma reação. Sem aguentar muito, o garoto levou sua mão sobre a dela, a segurando sobre seu rosto e aprofundando o beijo.

Pareceram-se segundos, mas algo dizia que ele estava errado. Mary afastou e se levantou. John sabia que estava com uma expressão de confusão e desapontamento no rosto, pois ela voltou e lhe deu mais alguns pequenos beijos, mas se afastou novamente.

-O Sol já se pôs, caso não tenha percebido – ela disse, com as mãos na cintura e uma expressão não mais tão aberta. - Acho melhor nós voltarmos antes de enviarem alguém para vir nos buscar.

-Que pena – John disse, e escutou a risada fraca dela enquanto se levantava.

Ele chegou perto da garota, que agora estava um pouco escurecida pelas trevas, que pareciam se prender a ela. Com certeza estaria esperando que ele pegasse sua mão ou algo do tipo, mas John não teve muita vontade de fazer algo tão... Esperado.

Com a rapidez dos Caçadores de Sombras, ele passou um dos braços por trás dos joelhos dela e o outro nas costas, para dar apoio. Então, a levantou num impulso rápido, fazendo-a dar um pouquinho mais alto do que ele pretendia. Ele a sentiu se assustar, e logo seus braços estavam em torno do pescoço dele, apertando firmemente. John nem ligou, só deu um sorrisinho e continuou a andar, carregando-a nos braços.

-Você tem problemas? - Ela disse, com uma leve tensão na voz. - Que susto que me deu, seu...

-Seu? - Ele perguntou, com uma sobrancelha erguida. Olhou para ela, que estava cada vez mais bela, mas John quase podia enxergar o poder maligno que se estendia por trás dela. O garoto estremeceu de leve.

Ela franziu a testa, e parecia um pouco envergonhada. Mary havia notado o desconforto do garoto.

-Desculpe – murmurou baixinho. - É automático isso.

Com algum esforço para não parecer tão desconfortável, John sorriu abertamente.

-Não foi nada.

Continuaram a caminhar pela ponte deserta, com o escuro aumentando cada vez mais a cada minuto. Mesmo convivendo com Mary há algum tempo, isso ele continuava a achar isso estranho. Parecia que as sombras queriam agarrá-la, a envolver. Não que fosse algo muito formidável para alguém que gostava tanto de luz.

-Você irá carregar-me até o Instituto? - Ela perguntou após um tempo.

-Eu já disse que você fala estranho? - John retrucou, com o rosto em uma expressão de concentração, mas podia-se ver um fantasma de sorriso em seus lábios.

-Muitas.

-Sim. Vou te levar até lá.

Mary balançou a cabeça e se ajeitou nos braços de John, sem se importar muito com o desconforto dele. Talvez só esteja fazendo isso para me fazer desistir, pensou John. E, pelo o que a conhecia, tinha certeza disso.

Porém, quando a viu, ela não parecia estar em um posição muito confortável.

Estava com o pescoço esticado para trás, os cabelos caindo pelo rosto. Parecia querer enxergar algo através das sombras, apesar de ser mais do que capaz de fazer isso. Preocupado, John tentou se virar para trás, mas não conseguiu.

Mary se livrou de seus braços e o empurrou para trás, sem nenhuma delicadeza. Ele deu alguns passos para trás, recuperando o equilíbrio. Olhou para ela com raiva da ação, mas entendeu o por quê de sua reação.

De algum modo, haviam monstros em sua perseguição. Eram como os que ele havia visto na invasão da “festa” e os que haviam destruído as paredes do Instituto, quando Mary havia chego. O pior era que seus olhos pareciam fixos em John.

Ele ficou paralisado, algo que jamais ocorrera. Escutava palavras que a garota dizia, mas não as entendia. Parecia algo antigo, mas não era latim. As sombras estavam se movendo em sua volta, e a temperatura estava caindo lentamente, talvez pelo fato de já estar bastante frio. A neve começara a cair, e as luzes da cidade não influenciavam em nada. John tentou se mover, mas não conseguia. Quando olhou para o chão, havia um circulo de sombras o rodeando, cobrindo até seus tornozelos. Elas pareciam quase palpáveis. O garoto só sentiu o gosto da bile na garganta. Nunca gostou de sombras, mas nesse momento percebeu que tinha medo de tais.

Logo, a única coisa que viu foi o movimento. Tudo virou um pandemônio, e ele conseguiu se mover. Puxou o chicote que estava preso em sua cintura, mas não conseguiu reagir a tempo suficiente de ser derrubado. John sentiu cordas com um peso nas pontas se enrolarem em seus tornozelos e o puxarem para o chão. Ele caiu no chão de costas, e viu o rosto horrível de um monstro com pele verde, língua bifurcada e olhos amarelos com fendas em cima dele. Momentos depois, ele virou pó.

Mary estava com o rosto cortado e o cabelo em um ninho de ratos. O gorro e o cachecol já haviam sumido, e suas luvas também. Ela segurava a espada negra com as mãos despidas, com flocos de neve caindo por cima delas. A garota o encarava com os olhos totalmente pretos, onde não se conseguia diferenciar a pupila da íris.

John se levantou lentamente.

Olhou para os lados, à procura de algum monstro ou coisa do tipo, mas não havia nada. Ele menos, ele não havia visto nada. Mary não estava mais em sua frente, ele só conseguiu escutar o choque de metal vindo atrás de seu corpo. Quando se virou, viu algo parecido com um corpo humano meio roliço virando pó e sendo sugado por sua espada.

As sombras diminuíram drasticamente quando ela se virou.

-Não ouse em sair desacompanhado, muito menos em me seguir – ela disse, com a voz firme e uma autoridade inquestionável. - Preste atenção em tudo até eu voltar, e acho bom que nem pense em me desobedecer.

-O que você... - John começou, medindo as palavras calmamente, esperando alguma reação dela.

-Não ouse em me seguir. - Ela o cortou.

Então, se virou e correu para a beirada da ponte. Antes que percebesse, Mary pulou.

Correndo, desesperado, se inclinou sobre o parapeito e olhou para baixo. Não havia nenhum sinal da garota.


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Notas finais do capítulo

Ok, aí tem algumas dicas sobre o futuro... Como no capítulo anterior, no sonho de Mary com Apolo. Bem, o que vocês acham que é? Tentem adivinhar :D



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