Não sei o que fazer.

Ou danço, ou simplesmente fico parada. A música corre por entre o salão, me convidando a acompanhá-la. Porém, tudo o que consigo fazer é ficar parada, imóvel como um animal antes de atacar ou correr. Pois essas são minhas vontades. Atacar, viver como nunca, aproveitando cada milésimo de segundo e marcar a história, para que as pessoas lembrem de mim, pois serei esquecida caso morrer.

E a outra vontade é de correr de tudo isso, ir para bem longe. Sem mais sofrimento, pessoas mentirosas, traidoras e enjoativas. Ir para um novo país, passar uma semana lá e seguir em frente. Nunca ficar, nunca criar raízes. Ir embora para sempre. Pois essa é a melhor parte de ir embora: ir. Não voltar mais.

Por causa disso eu continuo parada, escutando de longe aquela canção, com cada nota soando suavemente, como se soubesse da minha indecisão e fizesse o melhor de si para me consolar.

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