Almas Sombrias escrita por Caroline Hernandez


Capítulo 2
Capítulo Um




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Capítulo Um

    Estava parada ali, bem na frente da minha cama entre a porta do banheiro e a minha cômoda, uma sombra cinza e sem forma definida, meio que parecia pairar no local e depois de alguns segundos desapareceu. Eu já estou acostumada com isso, sombras e névoas aparecem e desaparecem da minha frente desde que eu tinha onze anos e aconteceu aquele incêndio, antes tinha medo e não queria abrir os olhos, mas agora já está mais do que normal para mim, está certo que as formas de animais que as vezes aparecem de noite são assustadoras e eu ainda não me acostumei, mas espero me acostumar um dia, aliás, eu espero que essas coisas estranhas que acontecem comigo um dia sumam sem aparecer mais, não me fariam falta. 

    Passo pelo lugar onde antes estava a sombra cinza para entrar no banheiro e sinto o local ainda meio gelado, isso acontece e eu em geral não gosto desses calafrios, eles sim me assustam. 

    Tomo um banho quente e ponho o uniforme do colégio, é uma roupa feia, uma saia azul marinho com a barra branca, uma blusa branca com as beiradas azuis e um colete azul marinho por cima da blusa, e os sapatos são pretos com a meia levantada até os joelhos, é uma roupa completa, completamente ridícula e que se você mudar uma coisinha com por exemplo subir um pouco a saia, dobrar as meias ou tirar o colete, o aluno leva advertência. Ainda não entendo como a Laura quis me colocar nessa escola, eu preferia ter aulas em casa, não gostou muito de me relacionar com as pessoas, em lugares muito aglomerados tem mais sombras também e isso me deixa nauseada. 

    - Bom dia Laura e tchau - digo já na porta pronta para ir embora. 

    - Deixa que eu te levo - ela diz vindo para o meu lado e pegando as chaves do carro - E vem cá, quando que você vai me chamar de mãe? Já era para ter se acostumado com isso, moramos juntas há cinco anos. 

    - Talvez eu te chame de mãe, quando você passar a agir como uma - digo bem seca. 

    A Laura eu não considero muito como mãe, ela me largou lá na casa da minha avó junto com meu pai assim que nasci, meu pai morreu quando eu tinha um ano e minha avó me criou, e a Laura nem vinha me visitar, isso só ocorria acho que umas duas vezes no ano, que era no meu aniversário e no natal, isso quando ela se lembrava do meu aniversário, e fora que a Laura se acha uma adolescente e se comporta como uma, vive saindo para baladas e volta tarde da noite, fica faltando o trabalho, cada hora saí com um homem diferente, e por aí vai. Acho que ela acha que vai ficar com a pensão que minha avó deixou para mim para sempre, agora eu ainda não posso pegar o dinheiro, mas quando puder, vou sumir daqui e nem quero saber como ela vai ficar, já que falta o trabalho e está próxima de ser demitida. 

    Chego no colégio em menos de um minuto, a Laura quando dirige esquece que existe regras de trânsito e saí voando pela pista, dá até medo de andar de carro com ela, aliás, acho que ela está com a carteira de motorista vencida, é melhor parar de andar de com ela antes que paremos na delegacia. 

    - Não me espere no jantar hoje, tenho compromissos - a Laura diz quando eu já estou saindo do carro. 

    - Como se eu já não estivesse acostumada com isso - digo batendo a porta do carro e andando para a escola cheia de alunos na entrada. 

    Em menos de um segundo o carro da Laura já sumiu da entrada do colégio, acho que deveria ter uma placa no carro dela dizendo "Cuidado, carro a jato", pois ela voa naquele carro, falta pouco sair da pista. 

    - Amigaaaaaa! - ouço a Brianna gritando e se jogando em cima de mim - Você não sabe da maior, eu vou sair com o Ryan e você vai sair com o irmão dele, um encontro duplo. 

    Eu viro para ela com a cara de incrédula. 

    - Você o quê? Eu não acredito que você fez isso! Você sabe que eu não suporto do irmão chato do Ryan. 

    - Mas ele é bonito, e eu não quero sair sozinha com a Ryan. 

    Ryan é o vizinho novo do prédio da Brianna, ela se apaixonou por ele desde o dia que ele chegou e ela cisma que tenho que gostar do irmão gêmeo dele, mas o Henrique é um porre de chato, se você ficar um minuto conversando com ele, dá vontade de pegar uma arma e atirar na própria cabeça. 

    - Eu não vou sair com o Henrique.

    Entramos na sala de aula que ainda está vazia e nos sentamos na mesa dupla perto das enormes janelas. 

    - Que saco amiga, agora vou ter que sair sozinha com o Ryan. 

    - Mas não era isso que você queria? - pergunto enquanto jogo a minha mochila ao lado da cadeira e tento desviar os olhos da sombra que se forma perto da porta da sala de aula. 

    - Era, mas sei lá, vai que ele seja maluco. 

    - Então não vá a esse encontro. 

    - Ei, Alyssa, dá para você olhar para mim - a Brianna diz virando meu rosto para seu lado - Está olhando o quê lá fora? 

    Noto que a sombra desapareceu da porta e me alivio um pouco, é bom não ter ela ali o tempo todo me observando. 

    O sinal bate e os alunos enchem a sala e o ambiente vira um falatório de gente. Depois de um tempo me ligo que a Brianna está esperando uma resposta minha.

    - Não estava vendo nada. 

    O professor entra na sala bem na hora que a Brianna ia tentar me obrigar a ir com ela a esse encontro e eu agradeço por ele ter entrado agora, e esse professor se alguém disser uma palava é posto para fora de sala. 

    Enquanto estou tentando me concentrar na matéria de física no quadro, sinto aquele calafrio horrível na minha perna, fico com medo de olhar para baixo e ver o que é, mesmo eu já meio que sabendo do que se trata. 


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Notas finais do capítulo

E aí pessoas, gostaram? rsrs