A Rosa Que Sangra escrita por Wondernautas


Capítulo 27
Veneno fatal


Notas iniciais do capítulo

Cap chegando XD! Narrado por ninguém mais, ninguém menos que... Minos!



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Tê-lo em meus braços era tudo o que eu queria. E finalmente consegui. Pude desfrutar da tua pele, apreciar a sua fragrância, sentir o teu calor. Invadi-lo foi como romper as comportas do paraíso e pisar sobre solo celeste. Albáfica, você era tudo o que eu precisava e tudo o que ainda preciso. Logo, é tudo o que quero.

Observo meu amor desacordado ao meu lado direito. Ele está exausto, merece descansar. Afinal, depois desse prazer tão intenso e ardente, até mesmo eu estou ofegante. Ainda assim, não consigo evitar o sorriso ao observá-lo.

– O que a Pandora me diria nesse momento? –  penso, ao me lembrar dela.

Não. Agora não é a hora de pensar em minha finada amiga. Por mais que a ex-namorada de Manigold seja uma valiosa figura para mim, preciso viver a minha própria vida, independentemente do que ela dizia ou diria. Albáfica é o meu sonho  e pretendo vive-lo com todas as minhas forças. Nem aquele idiota do Manigold, em ninguém se colocará em nosso caminho.

– Mas será que o que fiz foi certo? –  sussurro para mim mesmo, assim que meu sorrir desfalece.

Talvez muitas seriam as pessoas que diriam e defenderiam o não. Porém, essas mesmas pessoas não podem me entender, nem me compreender. Elas não vivem o que vivo para me classificar ou julgar. Apenas eu posso fazê-lo. Então... Eu fiz certo?

– Onde estou? – a voz dele, fraca e debilitada, ecoa.

Retorno à realidade. Noto que os olhos de Albáfica tentam se abrir, com dificuldade. Volto a preencher a minha face com alegria e satisfação.

– Onde eu...

– Você está comigo, meu amor... – respondo, levando o meu braço direito para quem está ao meu lado controverso a este.

Minha mão toca os lábios de quem tanto amo. Meus dedos fazem seu contorno, enquanto ele direciona seu fraco olhar para mim.

– O que fez comigo, Minos?

– Nada. Apenas deu um empurrãozinho para que percebesse que nasceu para ser meu.

– Nunca serei seu.

– Tenho uma novidade... – falo, aproximando meu rosto do dele. – Você já é meu.

Lhe dou um beijo ousado. Como é gratificante, prazeroso e indescritivelmente maravilhoso poder desfrutar de sua boca, Albáfica. Não há sabor melhor neste mundo...

– Me deixa em paz... – exige, tentando me empurrar com seus braços fracos.

– Não adianta... – insisto, de olhos fechados, enquanto minha língua invade sua boca, interceptando suas palavras. – Você está fraco demais para decidir qualquer coisa.

Com um movimento, me jogo sobre seu corpo e levo ambas as minhas mãos para seus pulsos, pressionando-o contra a cama. A lascívia agora é o que domina, não só meu rosto e meu olhar, como o meu comportamento.

– Para com isso. – pede ele, sem ter nada a fazer contra os meus atos.

– Você está gostando, admite. Eu sou muito melhor do que o Manigold...

Vou me abaixando, pouco a pouco. Minha boca percorre o trajeto com calma, mas prazer. Pescoço, mamilos, tórax perfeito. Tudo é deliciosamente aproveitado por mim.

– Você vai se esquecer daquele cara logo logo. – afirmo, mantendo meus lábios sobre a região abaixo de seu umbigo.

Ambos estamos nus, sem nenhuma peça de roupa. Tudo o que se encontra no contato da minha pele é a sua pele. A primeira rodada de nossa diversão foi há pouco, mas a segunda promete ser ainda melhor.

– Que mal há em ceder aos seus desejos mais profundos, quando não se faz mal a ninguém? – penso, enquanto deixo marcas por todo o corpo de Albáfica.

Não estou causando mal a ninguém. Pelo contrário, tudo o que estou fazendo é dar prazer a quem não o recebe. Tenho toda a certeza que Manigold não é suficiente para quem tanto me é importante. Apenas eu posso satisfazê-lo de verdade, tenho certeza sim! Assim que você compreender isso, Albáfica, me entregarei aos seus braços sem hesitar. Seremos felizes, juntos, como nós dois merecemos.

Abaixo-me um pouco mais. Minha boca agora está sobre o falo delicioso que ele possui. Sem perder tempo, o abocanho com vontade. Tomo para mim esse intenso prazer, essa magnífica atividade. Degustar-me com esse sabor é algo inigualável. Algo que fica ainda melhor quando o baixo ventre que tomo em meus lábios começa a reagir, adquirindo sua forma ereta pouco a pouco.

– Eu sabia. No fundo, você sempre foi feito para mim. Estava perdido, sem saber como acalmar seus desejos mais profanos, o que o levou a sentir os sentimentos certos pelas pessoas erradas. – mentalizo, enquanto seu membro cresce dentro da minha boca. – Nem Manigold, nem Yuzuriha, nem ninguém será suficiente para você, meu querido Albáfica...

O membro de Albáfica alcança a ereção plena, o que me dá ainda mais prazer. Chupo. E chupo com vontade, alternando o exercício da minha língua entre seu falo e suas bolas. Escuto seus baixos e reprimidos gemidos de prazer. Para que evitar a verdade, meu gostoso? Você é meu e eu sou seu. Para todo o sempre, será essa a realidade.

Os gemidos dele aumentam um pouco mais, o que me faz aumentar a velocidade das minhas chupadas. Quero lhe dar prazer, lhe dar a felicidade, lhe dar amor. Lhe ofereço tudo aquilo que aqueles dois não podem lhe oferecer.

– Manigold... – ouvir esta palavra destroça todo o meu cristalino castelo de alegria.

Sinto como se recebesse, agora, um tiro em meu peito. Encerro por aqui o que meus lábios faziam, abandonando o membro de Albáfica. Erguendo meu corpo para que possa olhar para seu rosto, noto sua expressão de prazer. Talvez fosse algo que deveria me deixar feliz, mas não. Esse prazer que ele sentiu não foi por mim, mesmo que tenha sido eu quem lhe instigara. Foi pensando naquele maldito idiota que Albáfica não conseguiu se segurar. Como isso pode ser possível?

– Manigold... – ele insiste, com as pálpebras entrefechadas.

Minha alegria morreu por completo. Não tem mais graça insistir em sexo por enquanto. Albáfica era uma rosa pura que foi envenenada pela relação com aquele imbecil. Purificá-lo, para que ele retorne a sua graciosidade e pureza natural, não será uma tarefa tão fácil.

– Tudo bem. Você precisa dormir. – falo, libertando seus pulsos e impulsionando meu corpo para fora da cama.

Coloco meus pés sobre o chão. Virando-me para o guarda-roupas, caminho até ele. Abrindo uma das gavetas, seleciono uma cueca qualquer, no caso verde escuro, e visto. Logo depois, tomo o rumo da minha sala. Com um último olhar para Albáfica, que ainda se encontra como vítima de peçonhentos delírios com aquele maldito, me afasto de vez, passando pela minha porta.

– Vou arrancar o Manigold da sua vida, nem que seja à força. – afirmo, irritado, ao percorrer o trajeto para chegar à sala.

Me assento no sofá. Diante da minha televisão, respiro fundo, com o intuito de expurgar os fantasmas da minha alma. Preciso acreditar na certeza de que estou fazendo o certo. É claro que estou! Meu amor trará a cura de que Albáfica tanto precisa. Farei o que for preciso para salvá-lo desse sentimento asqueroso e podre por qual seu coração foi contaminado, meu amor...

O telefone toca. É o meu celular, fato perceptível pelo toque. Meus olhos procuram o aparelho, guiados pelo som que meus ouvidos agora captam. Com apenas reles e míseros segundos, o encontro ao meu lado, esquerdo, no sofá. Recolhendo-o com a minha mão respectiva, analiso o nome no visor: Asmita.

– Alô? – atendo.

– Minos, você está bem?

– Por qual razão eu não estaria?

– Hoje cedo, na sorveteria nova, você estava muito estranho. Cheguei a comentar sobre isso com você. – alega o loiro, do outro lado da linha.

Horas trás, ele e eu estávamos conhecendo a nova sorveteria. Valeu a pena, pois lá o sorvete é espetacular. Aproveitando o momento, nós dois, como amigos, colocamos o papo em dia.

– Não me lembro disso...

– Tem certeza de que não tem nada errado?

– Na verdade tem sim. – falo.

– O que? – pergunta, com um timbre ainda mais preocupado.

Respiro fundo. Levando alguns instantes para contar, penso bem e finalmente digo:

– Você ligando para mim me perguntando se estou bem.

– Sou seu amigo, não sou? Que mal tem me preocupar com seu bem?

– Asmita, por favor... Para com todo esse drama. – peço, entediado com tamanha preocupação.

– Não estou fazendo drama.

– Não, não está. –  concordo, aproveitando a situação para fazer certa ironia. – É melodrama, o que é ainda pior.

– Tudo bem, não lhe incomodo mais. Você deve estar fazendo algo muito interessante e eu aqui lhe atrapalhando, correto?

– Errado. O que eu estava fazendo de interessante já acabou. Tudo o que me resta, no momento, é o tédio.

– Ah, é mesmo? – indaga ele, com um tom instigante. – E eu poderia saber o que fez de tão interessante?

– Não é da sua conta, Asmita. Agora para com essa encheção de saco.

Silêncio. Algo que permanece por alguns momentos, o que me passa a impressão de que o loiro está maquinando algo. Mas o que seria?

– O que você está aprontando, Minos?

– Do que você está falando? Por acaso tirou o dia para tentar me tirar do sério?

– Sabe que não, já que fui eu quem lhe convidou para a sorveteria...

Talvez ele tenha razão. Aquela sorveteria não contribuiu em absolutamente nada para me tirar do sério. Aliás, fez justamente o contrário...

– Fale, Minos. O que você está aprontando? – insiste, batendo na mesma tecla.

– Nada. Já pedi para parar com esse melodrama...

Asmita é audacioso. Ele sabe e sempre soube que eu me interessava pelo Albáfica. Nunca deixou passar despercebido o meu interesse pelo meu amor, sei muito bem disso. Só o que não sei é até que ponto vai essa sagacidade. Poderia ele desconfiar, mesmo de pouco, do que fiz? Será que deixei algo transparecer durante nossa conversa na sorveteria?

– Está planejando algo com o Albáfica? – questiona, me deixando aflito. – Já falei que, com ele, você não tem chances. Albáfica não te ama! Até parece que, correndo atrás dele desse jeito, está procurando o sofrimento.

– Ele e eu nascemos um para o outro. Ele só não sabe disso... Ainda. – me expresso, mas segundos depois me arrependo. Talvez eu deveria ter contornado a situação e mantido meu ar de inocente.

– Está mesmo fazendo alguma coisa, né?

Não respondo, mas o loiro prossegue:

– Minos, Minos... Veja lá no que você vai se meter. Se continuar arrastando asa para ele, vai fazer com que se afaste. Nem amigo do Albáfica vai conseguir ser.

– Asmita, já chega. Eu...

– Além disso, pode ter certeza que se tentar algo, Manigold vai pessoalmente fazer com que se arrependa. – me interrompe, certo do que fala. – Vai por mim, eu conheço aqueles dois muito bem e sei do que estou dizendo.

– Fica relaxado. Não vai acontecer nada porque não estou fazendo nada. E outra coisa: aquele cara não me bota medo não! Quem você acha que eu sou? Um franguinho qualquer?

– Não, mas por mais que não goste de admitir, o Manigold é bom de briga e não vai deixar nada barato. Tenho certeza que a única razão dele ainda não ter partido para a violência com você é a benevolência do namorado dele. Porém, se continuar insistindo, até isso vai acabar... – tenta me alertar.

Vê se pode? Onde já se viu uma coisa dessas? Quem é esse imbecil do Manigold para me encarar? Ele é só um otário mulherengo que acha que está amando o meu Albáfica, mas não está. Perder a Pandora o fez refletir no meu precioso a falta de alguém. No fim, não ama nem nunca amou nenhum dos dois. É um ser incapaz de amar e de compreender esse sentimento, que está além da limitada capacidade de entendimento que ele possui.

– Asmita, para com isso. Você está me tratando como uma criança. Não preciso de nenhuma babá me dizendo como devo fazer as coisas. Se quiser ver com seus próprios olhos, pode mandar aquele cara vir aqui me enfrentar. Eu mostro pra ele quem é que manda.

– Minos, você está pedindo para que eu não lhe trate como criança, mas está agindo como uma, se deixando levar pelos impulsos e por sentimentos superficiais.

– Sentimentos superficiais? – repito, indignado. – Por acaso acha que o que eu sinto pelo Albáfica é superficial? Que papo é esse agora?

– Sim, é superficial sim. Quando se ama de verdade, tudo o que se deseja é a felicidade do outro, não importa com quem essa pessoa esteja. Seu caso é diferente.

– Não, eu sou diferente. – discordo. – Sabe muito bem que sou possesivo, que preciso ter quem amo ao meu lado, caso contrário, não consigo sossegar! Minha maneira de amar é estar ao lado de quem me é valioso, oras...

– Está errado. É justamente a sua necessidade de posse a prova de que ainda não ama, nem nunca amou alguém. O que você tem por ele é obsessão.

– Chega! Está começando a me ofender! – grito, me irritando para valer.

– Não é essa a minha intenção. Tudo o que quero é que abra seus olhos. Albáfica está passando por problemas devido àquela tal de Asuka, assim como o Manigold, Dégel e o Kardia. Não atrapalhe a vida dos dois ainda mais, te peço... – clama ele, com um timbre sereno e calmo, como é do seu costume.

Respiro fundo, outra vez. Tenho agora a plena certeza de que nem mesmo Asmita me entende. É nesses momentos que sinto a falta da minha amiga Pandora. Ela sim me entenderia, me compreenderia sem me julgar em momento algum. Me apoiaria sem pestanejar, concordando ou não com minhas decisões. Desde que eu não causasse nenhum mal, a ninguém, estaria você do meu lado. Não é mesmo, Pandora?

– Você está se envenenando com esse sentimento doentio. Cuidado para não perder a cabeça e fazer uma burrada. Virá a se arrepender depois...

– Agradeço sua preocupação, Asmita. Está sendo um ótimo amigo, devo admitir. Mesmo assim, eu insisto: sei cuidar de mim mesmo, tomar minhas decisões sem ser necessária a opinião de nenhuma outra pessoa. – argumento, tranquilizando-me. – Não farei nada de errado e nem estou fazendo. Pode ficar numa boa, beleza?

Escuto um suspiro do meu amigo. Não capto nenhuma sensação de alívio, que era o que eu esperava. Pelo contrário, o que sinto é que ele está ainda mais aflito.

– Tudo bem. Juízo, viu?

– Eu sou um legítimo juiz! – brinco, com alguns risos. – Fique na paz, não vou aprontar nada.

– Vou confiar em você. Agora desligarei, preciso falar com o Albáfica.

– Tudo bem. – digo, sendo que agora sou eu quem me sinto aflito, mas tento disfarçar esse fato com uma falsa calmaria explanada por minha voz. – Até mais, abraço.

Desligo o meu celular. Mais uma vez, respiro fundo. Recosto minha cabeça no sofá, decidindo pensar em tudo o que está acontecendo, em tudo o que estou fazendo. De fato, não fiz mal a ninguém. Por que, então, sinto essa estranha sensação? Como se eu, no fundo, tivesse remorso? Será isso sentimento de culpa?

– Minos, Minos... Você ama o Albáfica. Acredite que ele também ama você! – declaro para mim mesmo, levantando-me do sofá. – Está tudo certo nessa história. Tudo!

Inicio novos passos. Levando comigo o meu celular, tomo como objetivo retornar para o meu quarto. Enquanto caminho, meus pensamentos se chocam uns contra os outros. Por outro lado, sei que preciso manter a certeza de que o caminho que estou trilhando é o correto. Não me refiro ao caminho do meu corpo, mas sim o da minha alma, o das minhas decisões... O do meu coração.

– Vou te salvar, Albáfica. Prometo!

Me coloco diante da porta aberta do meu quarto. Desta vez, murmurando ele ou não o nome daquele idiota, não vai escapar de mim. Desfrutaremos de mais sexo, de mais prazer...

– Alba...

Não concluo minha frase, pois o que vejo diante dos meus olhos mata todas as minhas palavras. Aliás, o certo seria “quem não vejo”. Perplexo, tento pensar em algo, mas tudo o que consigo é articular:

– Aonde... Você foi?


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Notas finais do capítulo

Bjs e abraços! ^^