A Rosa Que Sangra escrita por Wondernautas


Capítulo 21
A ávida chama, o gelo inabalável


Notas iniciais do capítulo

Cap de Dégel e Kardia (sim, demorou, mas chegou XD!!). Foi um pouco mais curto do que eu estava planejando, mas... enfim... Espero agradar^^



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" O amor verdadeiro é brasa do viver, fogo que arde eternamente dentro de corações. Calor imbatível que nem pelo zero absoluto pode ser superado. É a intensidade de fortes laços, laços esses que nem mesmo a ditadura do tempo pode apagar. É uma invencível chama, que supera as leis do Universo, quebra as regras do destino e rompe as rochas da solidão. É a matéria que o frio da angústia não é capaz de  congelar. " 

£££££  por Albáfica Anágnos

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É tarde. 17:55. Na zona norte da cidade, em uma das ruas mais tranquila da mesma, se encontra um dos melhores prédios residenciais da região.

- Degelinhoooooooooooooo... - chama o escorpiano, por seu namorado.

Kardia, com um tom manhoso, chama Dégel. O escorpião, na cama do seu quarto, do apartamento do casal. Jogado de costas a ela e de braços estirados, observa a porta, esperando que ele apareça.

- Vem caaaaaaaaaaaaaaaaaaaa...

- Espera, estou ajeitando os livros da estante... - diz Dégel, calmo, da sala próxima ao quarto - Está tudo bagunçado.

- Mas você faz isso todo dia... - reclama ele - Deixa esses livros de lado um pouco e vem aqui, vem... - pede, na disputa contra os amados livros de Dégel.

- Não faço não. E foi você quem bagunçou eles!

- Faz sim!! E... é fui eu sim!

- Não faço!!

- Faaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaz siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim!!!

- Fica quieto Kardia e deixa de ser chato!! - exclama Dégel, ainda na sala - Senão vou te obrigar a ler todos os meus livros do Machado de Assis e do José de Alencar comigo.

Os olhos de Kardia se arregalam e ele sente sua espinha gelar.

- Tá, desculpa... - diz o escorpiano, na cama, com um tom mais choroso do que antes.

- E para de manha! - reclama o aquariano - Parece uma criança pirracenta!

- Eu já pedi desculpa, vai... - ainda choroso, diz Kardia.

Tão diferentes, mas mesmo assim se amam tanto. Dégel é um legítimo intelectual, que domina com excelência vastas áreas de conhecimento como Química, Física e Gramática, tendo como grande paixão a Literatura. Desde criança, sempre repudiou esportes e qualquer atividade física que julgasse desnecessária. Sempre educado, quase nunca perde a calma e se dispõe a resolver conflitos com diálogo. Kardia, por outro lado, é um atleta nato que pratica principalmente futebol, basquete, e vôlei com relativa frequência. Impaciente, perde a cabeça com facilidade por ser um tanto quanto impulsivo. Tem uma dedicação impressionante com a sua forma, verdadeiro horror aos livros e real fascinação por sexo. De fato, duas pessoas extremamente diferentes que encontraram um forte sentimento, um pelo outro: amor. Quem sabe aquela velha expressão que diz que os opostos se atraem seja verídica. Ao mínimo, nesse caso pode-se afirmar com certeza absoluta e inegável que é.

- Que vontade de te agarrar, Dégel... - pensa o mais velho, ainda na cama.

O escorpiano não escuta mais as palavras do outro. Somente o barulho dos livros sendo ajustados na estante. De repente, o namorado de Dégel se levanta, com calma e sinuosidade, da cama. Indo passo a passo com o intuito de chegar na sala, se coloca na porta do quarto e o observa, de longe, por alguns segundos. Com seus longos cabelos verdes soltos pelas costas, o aquariano está, nesse instante, agachado ao chão, se dedicando a tarefa que há pouco dissera estar fazendo. De pé, Kardia o observa por alguns segundos.

- Vou te pegar... - fala o de cabelos azuis escuros - Ah, mas eu vou te pegar!!

Dégel, surpreso com o que ouvira, para de arrumar os livros e, mantendo-se agachado, olha para trás. É percepitível a sua cara de interrogação.

- Não entendeu, foi? - pergunta lascivamente, levando ambas as mãos ao primeiro botão de sua camisa branca, desabotoando-a. Não deixa olhar diretamente para os olhos do amado.

- Para de gracinha... Eu preciso mesmo falar uma coisa séria com você... - diz, sem se abalar com as insinuações do " colega de apartamento ".

Kardia abandona sua expressão um tanto quanto tarada. Ficando sério, ele para no terceiro botão, deixando parte de seu peito definido à mostra.

- Coisa séria? - pergunta ele - O que é?

Dégel se levanta e caminha, com certa calma, em direção ao namorado. Com sua mão direita, puxa com carinho o pulso esquerdo do mesmo e o guia até o sofá. Ambos, lado a lado, se sentam, entreolhando-se. Centímetros os separam.

- É sobre a Asuka...

Kardia respira fundo, um tanto quanto entediado. Pelo que demonstra, seu interesse no assunto em questão é zero.

- O que tem ela? - pergunta, com o tédio estampado em sua face.

- O Manigold ligou mais cedo, há uma hora mais ou menos, e me contou certas coisas sobre ela e a Jessie.

- Wow, sério? - indaga, surpreso - Ele demorou tanto que até pensei que já tinha esquecido disso, até porque eu mesmo esqueci. - dando de ombros, continua - Pouco me importa aquela doida.

- Era de se esperar que você se esquecesse. - diz o dono dos longos cabelos esverdeados, tão próximo ao outro. - Mas enfim... ele estava reunindo certas informações... E acredite: ela é mais doida que você pensa!!

- Poh, isso tá parecendo coisa de filme! - exclama Kardia - Pra quê tudo isso?

- A Asuka já ameaçou a Jessie de morte, Kardia. - fala Dégel, sério, enquanto o observa.

Os olhos do escorpiano se arregalam. Seu amado, por sua vez, continua mesmo assim:

- Elas tiveram alguns probleminhas e terminaram a relação que tinham. Daí em diante, a Asuka passou a perseguir a Jessie. Sobrou até pro cachorro dela que sofreu uma tentativa de homicídio, pelo que o Manigold falou...

- Um cachorro... sofrendo tentativa de homicídio!? - sem conseguir se segurar, o " fogoso " se entrega às gargalhadas, colocando cada palma aberta sobre um peito.

- Já falei que é assunto sério, Kardia. - diz Dégel, tentando manter o ritmo equilibrado da conversa - Para com todo esse seu deboche!!

- Desculpa... - tenta dizer, ainda gargalhando - Mas tá difícil, Degelinho... Um cachorro sofrendo tentativas de assassinato? Isso é um tanto quanto hilário...

Dégel lança um frio olhar para o namorado, o encarando severamente. No mesmo instante, Kardia para de rir, tomando para si uma nítida e segura seriedade. A ameaça gélida pode ser perigosa demais caso continue a rir dessa forma.

- Como tem coragem de rir do coitado do cachorrinho? - indaga, ainda com o mesmo olhar.

- Desculpa, desculpa, desculpa...

O aquariano vira seu rosto para a frente. Respirando fundo, diz nos seguintes segundos:

- Continuando... - Dégel tenta retomar, respirando fundo outra vez, fechando os olhos e abrindo-os segundos depois - O Albáfica também acha que não faz mal algum ficar com um pé atrás com ela. Citou até a possibilidade de comunicar à polícia, mas decidimos juntos que ainda é cedo demais para isso. Afinal de contas, apesar de tudo o que a Asuka fez, a Jessie nunca deu nenhuma queixa às autoridades. Logo, não temos muito ao que recorrer.

- Sei... - agora mais sério ainda, cruza os braços enquanto o ouve.

O amante dos livros prossegue, virando seu rosto de volta para o impecável amante na cama:

- Só pra te deixar " preparado " para qualquer loucura dela. - o aquariano faz questão de dar ênfase ao adjetivo " preparado " - Espero que essa desequilibrada caia em si e acorde para a realidade, antes de tentar qualquer coisa.

- Qualquer coisa? - pergunta - Tipo o quê?

- Não sei... Depois o Manigold te conta e te detalha tudo. Ele ligará ainda hoje.

Kardia, virando o rosto para a frente, fala:

- Talvez ela esteja precisando de uns bons tapas na cara pra aprender... - afirma ele.

- Como? Tá querendo bater nela? - pergunta Dégel, pasmado, observando a face séria do outro.

- Não eu, mas a gente pode chamar a Yuzuriha, amiga do Albáfica lá... Ela bem que poderia dar uns tabefes na Asuka, não acha? - pergunta, ainda de braços cruzados e a sobrancelha esquerda arqueada, a espera da resposta de Dégel - Ela até tem motivos, já que foi " bulinada " pela assassina de cachorros indefesos.

- Para de falar besteira! - exclama, desaprovando a afirmação dele - Violência não resolve absolutamente nada, Kardia.

- Mas não foi você quem falou poucas e boas para ela na festa do Minos? Lembra?

- Isso é diferente! Ela tinha que se colocar no seu próprio lugar... Onde já se viu aparecer do nada e achar que é a última bolacha do pacote!!??

- Tá, foi mal... - fala o escorpião - Esquece o que eu disse.

Dégel o ouve bem. Contudo, continua:

- Violência só gera mais violência e você sabe muito bem disso... - desviando seu olhar para a frente de novo, impulsiona seu corpo para a frente, descolando-o do sofá e apoiando seus cotovelos sobre seus próprios joelhos - ... As pessoas desse mundo deveriam respeitar mais umas as outras e se colocar no lugar do outro. Se fosse assim, nossa sociedade não estaria tão falida...

- Acha a sociedade falida? - questiona Kardia, fitando o rosto do companheiro com fidelidade.

- Você não acha? - pergunta, desviando seu olhar para a face do escorpiano, mergulhando em seu olhar.

Kardia descruza seus braços. Se aproximando de uma só vez, joga seu corpo em Dégel e o empurra para o sofá, surpreendendo-o. Seus lábios perdem a anterior distância que os separavam. Agora, somente míseros centímetros.

- Querendo você ou não, reclamar dos podres do mundo não vai melhorá-lo em nada...

Kardia o beija. O forte desejo do escorpiano pode ser sentido pelo outro, que mais parece uma presa sendo vitimada por seu impiedoso predador. Contudo, segundos depois, Dégel vira o rosto, escapando da boca ávida do namorado.

- E o que poderia melhorar o mundo? - pergunta, um pouco tristonho, demonstrando estar totalmente fora do clima de romance - Estudei tanto e já li tanto. Muitos falam que sou inteligente e tenho uma mente brilhante, mas... Por quê isso parece ser tão difícil de responder e ainda mais de concretizar? Por quê???

- Eu não sei... - fala Kardia, rindo, mantendo seu corpo sobre o de seu " Degelinho " - ... Afinal de contas, você sempre foi o cérebro da nossa relação, certo? Responder coisas complicadas assim não é a minha praia...

Dégel vira seu rosto de volta para ele. Ambos sorriem.

- E você sempre foi o gostoso cheio de desejos, certo? - indaga o intelectual.

- Isso é verdade. - afirma, risonho, pressionando o corpo do outro e envolvendo a cintura do mesmo com seus braços fortes - Mas você também é uma delícia que não fica muito atrás...

- Eu sou apenas um nerd frustrado que tenta encontrar respostas para vagas perguntas. - diz, mantendo seu sorriso - Não tenho nada de especial...

- Tem sim. - Kardia fecha seus olhos, Dégel faz o mesmo. Logo, eles se beijam por mais alguns segundos. Uma união serena e apaixonada de seus lábios - Você tem o meu amor... - conta, enquanto ainda se beijam e de olhos cerrados.

O beijo cessa. Sem palavras. Dégel, agora sem encontra sem palavras. O que dizer nesse momento? Ele não sabe. Contudo, passam-se instantes e, por perder-se tanto no olhar daquele que ama, é capaz de capturar em sua mente aquilo que deve dizer:

- E você tem o meu.

O namorado do nerd sorri.

- Você não deveria se culpar tanto pelos problemas do mundo. Nem tentar fazer de tudo para achar soluções para eles. Você tem que viver a sua vida, Dégel... - argumenta Kardia - Tem que lutar pela sua felicidade. Todos tem direito à ela: você mesmo já me disse isso.

- Eu vivo a minha vida, meu amor... E sou feliz, você me faz muito feliz - defende-se, levando seu indicador direito para a testa do amado e, em seguida, brincando com uma das mexas dos cabelos dele - Só que tenho mesmo essa personalidade e esse jeito de sempre pensar globalmente... sabe? Não consigo deixar de pensar no todo para analisar só a parte...

- Sim, eu sei. - confirma - Isso foi a primeira coisa que me encantou em você. Está sempre preocupado com tudo e todos e se dedicando ao máximo por eles. Mas isso acaba te prejudicando também... - colando suas testas, ele continua - Não quero te ver sofrendo.

Os dois se calam por alguns momentos. Dégel abaixa seu braço, abandonando os fios azuis escuros do companheiro. Seus olhos ainda fixos aos do outro. Logo, Dégel decidir se manifestar outra vez, quebrando o silêncio:

- Você é atrevido, é briguento, adora uma confusão e as vezes quase me mata com esse seu fogo sem controle... E olha que não foram poucas vezes, hein? - na sua face, um novo sorriso é desenhado - ... Mas você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

- E você na minha. Quero estar com você sempre. - levando seus lábios até a porção esquerda do namorado, ali dá uma leve mordiscada, fazendo com que sua vítima solte um contido gemido - Sabia que só você consegue apagar o meu fogo? - pergunta, com uma expressão sugestivamente atirada, assim que levanta seu rosto e o encara novamente - Em todos os sentidos?

Dégel ri por alguns segundos. Fala ao conseguir se controlar:

- E só você consegue me derreter todo desse jeito... Não consigo nem unir forças para resistir...

- Fazemos uma ótima combinação, não é verdade, meu Degelinho? - pergunta, sorrindo - Não sei o que seria de mim sem você... E nem gosto de imaginar isso!!

Dégel não responde. O beijo ousado do outro, assim como os movimentos sagazes de Kardia na região " frágil " do intelectual o calam, além de forçá-lo a cerrar seus olhos, sem nenhuma resistência. Entretanto, ainda assim, os pensamentos do aquariano voam, livres, por sua mente:

- Sim, você tem toda a razão... Até por que eu também não consigo me imaginar sem você do meu lado... Nem quero também, admito. Te amo mais do que qualquer coisa, meu Kardia fogoso... meu grego incandescente... meu... amor...


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Então... presentinhos ( presentes= reviews) ? XD , ate a próxima!!