A Rosa Que Sangra escrita por Wondernautas


Capítulo 19
As folhas sempre caem ao chão


Notas iniciais do capítulo

To feliz, consegui postar o cap de acordo com meus planos. Eles não se frustraram rsrsrs Boa leitura!!



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11:30 da noite. A casa da família Bezzarius, agora, vazia. E está de tal forma há algumas horas. Ou melhor, com apenas seus dois rotineiros moradores: Minos e Kazuya.

– Satisfeito? - pergunta Minos, com os braços cruzados, diante do irmão.

Kazuya, sério e inabalável, como antes nada diz. Ambos estão de pé ao redor de uma pequena mesa de vidro redonda na cozinha, no interior da casa.

– Você passou dos limites... - bufa Minos, dando as costas para o caçula e caminhando para a sala, bem próxima.

Kazuya observa o andar firme do irmão. No fundo, sente que ele está triste por tudo o que aconteceu na festa. Sendo que, grande parcela da culpa pela comemoração ter sido arruinada é do próprio Kazuya. Para maior e melhor exatidão, toda a culpa é dele.

– Mano... - o garoto chama pelo mais velho, correndo atrás dele assim que ele desaparece do seu campo de visão, ao passar para o outro cômodo da casa.

Minos se vira em direção a televisão da sala e se joga, de costas, para o sofá. Se ajeita, então, no canto direito. O cômodo é espaçoso e de fato, bem confortável, tal como o sofá em questão.

– Desculpa... - pede Kazuya, com uma expressão de arrependimento no rosto, enquanto caminha com calma em direção ao mais velho, esparramado no sofá de três lugares.

O dono da casa permite que a decepção e a nítida tristeza dominem seu rosto. Olhando firme para a televisão desligada, sobre uma estante, quatro ou cinco metros a sua frente, Minos usa sua mão direita para retirar o controle da mesma de um canto do sofá e, direcionando-o para a tv, aperta o botão vermelho na ponta e a liga.

– Olha... - fala Kazuya, como se esquecesse completamente do que fez - Eu gosto desse programa... - comenta, indo em direção ao irmão e fitando o que agora passa na tv - Minha ex gostava tanto que eu acabei gostando também...

– Ex por que a coitada não foi capaz de suportar esse seu jeito mimado de sempre querer as coisas da sua maneira. - indaga Minos, sem olhá-lo.

De repente, Kazuya se aproxima o suficiente e, de frente para a televisão, se assenta bem no colo do irmão mais velho.

– Eu já te pedi desculpas, né? - diz, assistindo o programa de tv, no qual o apresentador em questão entrevista uma mulher, celebridade bem conhecida nas passarelas do mundo.

– O que você tá fazendo? - pergunta Minos, arqueando a sobrancelha direita e olhando para o irmão.

– Essa tal de Jessie Fingermon é gostosa, né? - o garoto, sem desgrudar os olhos da televisão e ignorando o outro por completo.

Minos suspira fundo, voltando a assistir o programa. Parece se sentir incomodado, não só pelo irmão estar em seu colo, mas também pelo comentário que ouvira do mesmo. Desde jovem, o Bezzarius mais velho teve de se virar sozinho para cuidar do irmão, com a falta de ambos os pais. Passou grande parte da adolescência fazendo tudo por si só e, naturalmente, não demorou muito para descobrir sua sexualidade. Não que o fato de se interessar por garotos fosse algo que o machucasse. O que sempre o feriu, na verdade, foram comentários como esse que o Kazuya acabara de fazer.

– Perguntei o que você está fazendo... - friza Minos, segundos depois.

– Ah, é... - antes de continuar, o adolescente solta uma leve risada, mas os dois permanecem assistindo ao programa exibido pela televisão com fidelidade - Esqueci que você não gosta de mulher...

– Kazuya, basta!! - grita Minos, agressivo.

Querendo ou não, o garoto acaba por se calar. São raras as vezes que consegue tirar o irmão mais velho do sério e agora parece ter conseguido tal feito. Por um bom tempo, sendo mais preciso quase um minuto inteiro, é possível escutar apenas o som da televisão.

– Eu só não queria te perder, Minos... - sussurra o garoto, aparentemente desarmado, sem todo o seu timbre provocador - Ainda mais para aquela florzinha...

– Você não vai me perder, Kazuya! - exclama Minos, enquanto ambos continuam com o olhar preso pela tv - E o Albáfica não é uma florzinha. Respeite-o!

Repentinamente, o loiro remexe o quadril sobre o colo do mais velho. Minos não consegue evitar a incomodação em sua face.

– Preciso ficar sozinho. Me deixa sair... - diz, querendo sair do sofá, da sala, da casa, talvez do planeta se possível...

– Gosta mesmo do tal Albáfica, né? - pergunta o garoto, ignorando-o outra vez.

Minos se cala. Desviando o olhar da tv, repousa seus olhos cabisbaixos no ponto de visão dos próprios pés, usando agora um par de sandálias roxas escuras. Seus dois braços, antes espalhados pelo sofá, agora se recostam ao lado de cada coxa. O Bezzarius mais velho cai no oceano de seus pensamentos.

– Acho que sim... - responde, segundos depois, assim que recupera seu autocontrole.

– Eu não queria ter que te perder. Sinto muito pelo que fiz, por ter feito aquele show e por ter convidado a ex-namorada de um dos amigos dele... - afirma o garoto, olhando para o irmão, desta vez.

Minos ergue o rosto e encara o caçula. A proximidade de poucos centímetros o incomoda ainda mais e, decidido a ir para seu quarto e se afogar no seu travesseiro quente, ele declara:

– Eu já falei que jamais me perderá, pois eu sou seu irmão e sempre estarei ao seu lado. Gosto do Albáfica de uma maneira diferente, sabe bem disso...

O mais velho leva ambas as mãos para a cintura do garoto, com o objetivo de retirá-lo e sair da sala. Contudo, mesmo que por um breve instante, Minos se lembra do rosto de Albáfica e seu baixo ventre acaba reagindo.

– Estou sentindo isso... - comenta o garoto, sorrindo de uma maneira nada inocente.

Minos se irrita. Fechando a cara, ele encara Kazuya:

– Pare com isso! - exclama.

– Eu quero você, meu irmão! Não quero ter que dividir sua atenção com quem não te merece... - reclama o irmão, virando seu corpo por completo para o dono da residência - Você só precisa de mim e eu só preciso de você.

O mais novo se joga contra o corpo do mais velho. Levando suas mãos até o peitoral de Minos, Kazuya prossegue ao aproximar seu rosto do dele:

– Tenho saudades da época que passeava comigo no parque, que pagava sorvetes para mim ou quando tomávamos banho juntos quando eu me sentia solitário...

Sem delicadeza alguma, Minos usa ambas as mãos e empurra o garoto para o outro lado do sofá. Ríspido, se levanta, exaltando a voz outra vez:

– Para de agir dessa maneira! Eu não sou sua propriedade, tenho vida também!! - afirma, de pé, fitando o irmão assentado - Não vá achando que acatarei todos os seus desejos, pois está muito enganado!! Está na hora de você perceber que eu tenho o direito de ter o meu espaço! E que você tem o dever de respeitá-lo!

Os olhos do loiro tremulam. As palavras do outro conseguiram atingi-lo como o esperado.

– Se eu sempre estive ao seu lado era por que me sentia na obrigação de zelar por você! - revela, enquanto permanece a encará-lo, a certa distância - Mas agora é hora de andar com suas próprias pernas.

Dando-lhe as costas, o grande amigo de Pandora caminha para sair da sala e ir em direção a cozinha, com o intuito de atravessa-la e chegar em seu quarto. Durante o trajeto do mesmo, o olhar inquieto e inconstante do garoto o segue.

– E mais uma coisa... - fala Minos, sem cessar seus passos - ... eu nunca vou ser algo mais do que seu querido irmão. Lembre-se disso.

Ele sai da sala. Desta vez, Kazuya decide por não segui-lo. Se o fizesse, a consequência poderia não ser tão neutra como a anterior. Por outro lado, o olhar do adolescente rapidamente retoma sua confiança. Retornando seu foco de visão para a televisão, o loiro sorri e decide falar consigo mesmo:

– Vou te mostrar o quão está enganado, mano... Você não precisa de ninguém além de mim e farei o que for preciso para que perceba e entenda isso...

/--/--/

Tão lindo, tão perfeito, tão gostoso, tão... tão... afz, Albáfica!! Tenho vontade de te ter a todo segundo!! Acho que não consigo mais viver longe de você...

– Te amo tanto... - sussurro, acariciando a parte direita do rosto do meu azulado com as costas da minha mão, enquanto ele se encontra dormindo, como um anjo.

Essa noite foi incrível. Cada vez é melhor que a outra, supera a outra. Talvez seja nosso amor que sempre deixa tudo tão bom...

Ele sorri. Seu rosto está virado para mim, mas ainda sim ele se encontra no mundo dos sonhos. Me perco, sem nenhuma relutância, na admirável beleza de sua face. O Alba é tão lindo, todo meu. Aquele que amo.

Nós dois estamos na cama dele, entre seus lençois. Roupas? Não to com a mínima vontade de catá-las pelo quarto. Para falar a verdade, prefiro assim. Nós dois, tão perto um do outro, da maneira como viemos ao mundo. Se dependesse de mim, aliás, da animação implacável do meu " colega da região de baixo ", teríamos mais uma rodada.

– Manigold, sossega esse fogo, senão daqui a pouco ele vai querer é matar a vontade de " variar " agora mesmo... - digo para mim mesmo, rindo, sem deixar de acariciar seu rosto suave.

Desvio meu olhar para o teto, enquanto mantenho o carinho para sua face. Meu sorriso não desaparece, tal como meus pensamentos: Albáfica quer experimentar ser o ativo comigo?

– Eu... passivo? - penso, inquieto e hesitante.

Com qualquer outro cara, as chances de assumir esse papel seriam zero. Aliás, as chances de algum outro me interessar já são bem baixas. Entretanto, o Alba é diferente. Ele não é um simples " cara gostoso ", ele é o cara que amo. Sim, não posso negar que o amo, mesmo que eu tenha demorado tanto para perceber isso e que tenha sido necessário a intervenção da Pandora para que meus olhos pudessem ser abertos.

– Pandora... - meus lábios liberam o nome dela.

Tenho a impressão de que permaneço minutos e minutos pensando. Pensando na minha vida em geral. Na faculdade, nos meus objetivos de vida, na partida da Pandora, no meu amor com Alba e nosso mais recente namoro, na festa de hoje que se tornou um verdadeiro fiasco... Enfim, em quanto a minha vida mudou e quanto ainda mudará!!

– He... - ao pensar em um certo detalhe, não consigo segurar o riso, mesmo breve - Como será que o Kardia e o Dégel se viraram com a Asuka, hein?

Abandono as carícias no rosto do Alba. Recolhendo o braço para mim mais uma vez, fito seu rosto por alguns segundos e dou um rápido beijo, com meus olhos fechados, em seus adormecidos lábios. Me levanto da cama e, ao procurar pela minha cueca branca, a visto segundos depois de achá-la. Saio do quarto e caminho normalmente até a sala. Chegando lá, pego o controle remoto em cima da tv e me jogo no meio do sofá para assistir qualquer coisa que possa me divertir. Ligo a televisão em seguida.

– Wow, que isso?! - meus olhos se arregalam assim que vejo um filme erótico, entre duas garotas, bem " naquela " cena - Nessa hora?!

Minha " ferramenta " desponta, depressa, na minha cueca. Olho para ela, olho para a tv. Olho para ela, olho para a tv. Olho para ela, olho para a tv. E de novo... Logo, sinto um anseio por fazer o que qualquer cara faria nessa situação. Minha mão direita se inquieta. Contudo, a esquerda troca de canal imediatamente no instante em que Albáfica invade minha mente outra vez.

– Isso não é certo... - penso, suspirando fundo.

Por que não é certo? Na verdade, nem sei como explicar o motivo por qual penso dessa forma. Sei apenas que tenho a sensação de que seria uma espécie de traição com ele. Contudo, outra questão povoa minha mente nesse exato momento: será que o Alba não se alivia, as vezes, quando está sozinho? Será que ele faria o mesmo que acabo de fazer: negar a vontade do corpo em respeito ao sentimento do coração?

Sentimento do coração? Eu, Manigold, pensando em coisas desse nipe? Só mesmo Albáfica para me proporcionar algo assim...

– E então, Jessie Fingermon... - fala o apresentador do programa da tv. Por incrível que pareça, parei nesse canal há mais de um minuto atrás, mas somente agora consegui oferecer atenção para tal - Conte-nos como foi essa grande confusão na sua época de colegial.

Meus olhos se arregalam. Eu, perplexo.

– Essa loira gata ai é a... - começo, mas não consigo terminar a frase. Apenas fico de queixo caído diante da tela da televisão.

– Bem... - fala a loira, sorridente no programa em questão, em frente ao entrevistador - Foi uma experiência um tanto quanto cômica e marcante. Admito que ter sido pega em flagrante pelo garoto mais popular e pegador da escola e, depois, ser descoberta pela colégio inteiro... não foi algo digno de esquecimento...

É ela mesma!! A Jessie está em um programa de tv??? Difícil de acreditar... Mesmo assim, não há dúvidas de que seja mesmo ela. E assim que escuto o comentário da mesma, me lembro da Asuka. Em consequência, do Kardia. Logo, me levanto do sofá. Meus olhos percorrem toda a extensão da sala a procura do que preciso nesse exato instante.

– Cadê o meu celular? O Kardia precisa ver essa!!

/--/--/

Corpos colados e unidos. Gemidos... Gemidos e mais gemidos. Além deles, o suor escorre pela pele dos dois. O que está em baixo, de cabelos lisos esverdeados e pele clara. O que está em cima, uma pele mais parda e os cabelos mais azuis e selvagens.

– Ahr... Tô quase lá! - exclama Kardia, de olhos fechados e lábios entredentes, se movimentando aceleradamente, entrando e saindo do seu namorado.

Dégel, por outro lado, não consegue falar nada. Apenas geme incontrolavelmente. Seu corpo suplica por mais, por mais do seu estonteante escorpiano dentro de si.

– Tô quase!! - exclama, bem alto.

De repente, o celular de Kardia toca. Sobre a pequena estante ao lado direito da cama, o aparelho vibra.

– Kar... dia... - o aquariano tenta falar, também de olhos cerrados e corpo encharcado de suor, tal como o namorado.

– Que é? - pergunta, sem mal dar importância para o toque do celular.

– Seu celular... atende... - pede Dégel, com dificuldade.

– Não, espera... Só mais um pouquinho...

– Atende logo, Kardia!! - exclama, com o autoritarismo afogado em puro prazer.

Contrariado, o escorpiano descola seu corpo do de Dégel. Abrindo os olhos, interrompe as suas estocadas antes incessantes e faz seu rotineiro bico de insatisfação. Insatisfação sim! Para ele, a coisa não tem graça quando não vai até o fim.

– Vai... atende... Pode ser importante. - pede o de cabelos verdes, ao desfazer a posição tão favorável para o contato e se jogar de costas para a cama, um pouco ofegante.

– Eu deveria ter desligado essa droga!

Kardia, acatando o pedido do parceiro, ergue o braço esquerdo para pegar o aparelho, ainda vibrante sobre o móvel.

– Alô, maninho... - atende frustrado, ao ver o nome do amigo no visor do celular e ao se jogar ao lado direito de Dégel, recostando a cabeça no travesseiro e permitindo que seus longos e rebeldes cabelos se espalhem por parte dele.

– Alô, parceirão! - exclama o canceriano, do outro lado da linha - Que desmotivação é essa ao atender um telefonema do seu melhor amigo? Por acaso... liguei em hora errada?

– Mais errada impossível, senhor da voz broxante e das ligações inconvenientes! - exclama, colocando o outro braço para trás da nuca.

Dégel, ainda ofegante, observa Kardia. De certa maneira, até hoje se impressiona, mesmo depois de tanto tempo juntos, com a incrível capacidade do namorado de recuperar o fôlego tão depressa.

– Meu Alba não acha a minha voz broxante, sabia? - pergunta Manigold, irônico.

– E ligou para me fazer tamanha revelação? Ou quer propor um teste para comprovar o que afirmei? Meu Degelinho não iria concordar em participar de uma suruba não... - fala, com o tom mais sério do mundo.

Dégel, ao seu lado, se irrita um pouco. Contudo, não se manifesta. Apesar do comentário nada agradável do outro, o aquariano sabe sempre manter a educação acima de qualquer coisa. Talvez seja essa uma das suas melhores qualidades, dentre tantas que possui. Pretende repreendê-lo sim, mas depois que a conversa dele com Manigold se encerrar.

– Não, não liguei pra propor isso não, oh gostosão! - exclama o amado de Albáfica, cômico - Liguei foi para outra coisa...

– Ah, tá querendo me experimentar a sós, seu tarado? - pergunta Kardia, gargalhando por dentro, mas sério por fora.

– Quem sabe em outra vida? - ao perguntar tal coisa, Manigold se mata de rir por alguns segundos, mas logo retoma o foco e continua - Eu liguei, na verdade, para falar sobre uma pessoa...

– A pirada da Asuka?

– Quase. Na realidade, eu queria mesmo saber o que houve lá na festa do Minos depois que Alba e eu saímos, mas... Acho que isso pode esperar...

– Como assim? - pergunta Kardia, arqueando a sobrancelha direita, sem entender o que seu melhor amigo fala.

– Cara, liga logo a sua tv no canal 7 e vai saber do que estou falando...

Manigold, do outro lado da linha, para de falar por alguns instantes, deixando o já nada paciente Kardia ainda mais ansioso. Entretanto, o caranguejo prossegue momentos depois:

– Se o assunto é a Asuka... bem... acho que sei exatamente a razão responsável por ela ter aparecido do nada... Aliás, a garota responsável e em nada desconhecida para todos nós...

Sim. Como diria o Albáfica, assim como as folhas secas sempre caem ao chão, assuntos mal resolvidos do passado, cedo ou tarde, marcam presença no nosso futuro...


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Notas finais do capítulo

Abraços pessoal. Pd ser q o próximo demore a ser postado graças a minha semana de provas mas assim que eu puder eu volto rsrs. Até!!