A Rosa Que Sangra escrita por Wondernautas


Capítulo 10
O sangue que é da rosa


Notas iniciais do capítulo

Perdãaaaaaaaaaaaao pela demora, espero que gostem^^!!Usei algumas gírias para " marcar " a forma de falar/ pensar do Manigold, pois boa parte do capítulo é narrado por ele... Pequeno, mas foi tudo o que consegui escrever T-T...



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Existe aflição maior que essa: esperar notícias da saúde de uma pessoa tão querida minutos depois da mesma dizer que está morrendo??? Acho que não...

A Pandora pode ser aquela que beijou, abraçou, amou, sentiu, tocou o Manigold por muito e muito tempo, quando eu desejava o mesmo. Mas não há razão para odiá-la. Pelo contrário, apesar do estilo " gótico " e a pose de vilã de mangá, Pandora sempre foi uma pessoa meiga e gentil. Claro, do jeito dela. Mas sempre um alguém bondoso e com um maravilhoso coração.

- Fique calmo, Alba... - sugere Yuzuriha, assentada em um banco do corredor.

Estamos ambos esperando informações de Pandora, no maior e melhor  hospital da cidade. Pouco tempo antes, ela estava vomitando sangue sem parar. Portanto, Yuzu e eu viemos às pressas para cá. A sorte é que a loira estava de carro e não foi muito complicado chegar aqui.

- Tá difícil... - comento, andando de um lado para o outro em frente ao banco de Yuzu, enquanto ela me acompanha com seus belos olhos.

- Sei disso. - diz ela, aparentemente calma - Mas ficar nervoso assim não ajuda em nada e acaba me deixando nervosa também. - ela espera alguns segundos do meu " vai e volta " e prossegue - Sente-se aqui e vamos aguardar informações.

Finalmente resolvo escutá-la e me assento ao seu lado esquerdo. Cruzo os braços e as pernas. Inquieto, meus pés " vibrantes " se manifestam. É exatamente assim que me sento e me comporto quando o meu nervosismo está à flor da pele.

Yuzuriha, agora próxima de mim, vira seu rosto e nossos olhos se encontram. Ela está linda...

- Alba... - diz ela, séria, mas linda como sempre.

- Sim? - pergunto, disfarçando meus segundos de devaneios ao observas seus traços faciais.

- Deve estar querendo saber como Pandora e eu nos conhecemos, certo?

- É... certo. - um solene riso, para depois ouví-la.

- Bem... Foi a Sasha que nos apresentou. As duas não se davam muito bem há alguns anos atrás, quando ainda eram vizinhas. Viviam brigando e isso desde crianças... Mas com tempo elas superaram as diferenças, mas não chegaram a se tornar amigas de verdade.

- Entendo. - afirmo, esperando escutar mais.

Yuzuriha volta a face para a frente, mas não cessa seus dizeres:

- A Pandora nunca foi de criar muitos laços com as pessoas. O único amigo dela que conheço é o Minos...

- Aquele cara da lanchonete? - pergunto, cético.

- Sim.

- Poxa... - respiro fundo, olho para a minha frente e continuo - Apesar da cidade ser grande, parece que todo mundo conhece todo mundo e só eu que permaneço antissocial... Mas continue. - encerro, voltando a fita-la.

 - Enfim... mesmo quando a conheci, a achei muito... muito... - tentando achar a palavra correta.

- Solitária... - falamos juntos.

Segundos de silêncio. Seria uma coincidência falarmos juntos ou... somos tão parecidos que isso é inevitável? Será que chegamos ao ponto de termos as mesmas linhas de raciocínio, filosofias de vida e cogitações lógicas?

- Tentei ser amiga dela... - continua - Mas não obtive sucesso na empreitada. A conheci há uns três, quatro meses atrás. A Sasha me disse ontem que ela namora com o seu colega de apartamento... certo? - vira sua face de volta para mim ao pronunciar a palavra final.

- Acho que sim... - sorrindo, fecho os olhos e procuro uma alternativa para escapar desse desagradável assunto - Mas e a Sasha, ela está bem? - pergunto, ficando sério.

- Isso! - exclama Yuzu, sorridente - Era isso que eu tinha ido fazer na sua casa. Ou melhor, dizer...

- Dizer o que? - noto, pelo alegre tom de voz dela, que Sasha mal não está. Mas permaneço sério.

- Dizer e explicar o motivo por qual eu tive de sair às pressas da lanchonete. O bebê dela nasceu! - revela, supercontente - Seu nome é Seiya, um lindo garoto!

- Sério? Que nome bonito... - pergunto, devolvendo-lhe o sorriso - Eu até havia me esquecido de que ela estava grávida. É tanta coisa na minha cabeça... - explico.

Yuzuriha, rindo de maneira suave e encantadora, curva o próprio corpo e posiciona os cotovelos sobre os joelhos, voltando a olhar para a frente.

- Não se importe com isso, te entendo perfeitamente. Muitas vezes acho que eu não sou desse planeta, mas sim parte de uma raça diferente, proveniente de outro mundo... - diz, como de agora desabafasse algo verídico, um relato real...

- Talvez você seja uma lemuriana lendária. Ou uma marciana que se encantou com a ingenuidade humana e se esqueceu da missão de nos exterminar.

- Concordo que são opções bem convincentes.

Ambos rimos. Apesar da situação não ser das melhores, o momento de descontração não é nada dispensável. Pelo contrário, sorrir agora é o melhor a se fazer. " Quem quiser vencer na vida deve fazer como os seus sábios: mesmo com a alma partida, ter um sorriso nos lábios. "... Dinamor...

- Senhores... - a voz contemplada de seriedade e profissionalismo quebra o momento sorridente de nós dois.

É o médico. Voltamos nossos aflitos olhos para ele. Um senhor de, aparentemente, 40 a 50 anos, todo de branco. Magro, cabelos brancos, estatura alta e expressão facial que... me assusta profundamente. Será que a Pan...

- Ela morreu? - pergunta Yuzuriha, sem rodeios, o que me abala um pouco.

- Não. - nega, ainda sério.

Ouvir essa palavra me alivia. Sim, a Pandora está viva e...

- Mas pra ser sincero... não vai demorar muito.

Que raios de médico é esse? Dizer de forma tão direta as coisas e... como assim " não vai demorar muito " ? Isso é lá coisa que se fale pra pessoas tão apreensivas como nós, no momento?

- Explique por favor. - pede Yuzu. Aparentemente, só ela consegue fazer as perguntas por aqui...

O médico fecha os olhos e respira fundo. Instantes depois, os reabre dizendo:

- Fizemos alguns exames na paciente. Com a confirmação de seus relatos, descobrimos que ela sofre de uma doença terminal degenerativa. Em outras palavras, a amiga de vocês infelizmente... pode vir a falecer em breve.

A notícia mais atormentadora que eu ouvi nos últimos anos. Doença terminal degenerativa? Por essa, eu jamais pude esperar... Significa que...

- ...não há esperanças? - pergunto, de olhos arregalados simbolizando a minha perplexidade.

- Tanto a equipe do nosso hospital quanto todos os outros profissionais que atuaram no caso dela anteriormente acharam a mesma resposta: não. - diz friamente - Não se sabe a verdadeira causa da doença, pois é algo inédito até mesmo para mim, que estou há mais de 20 anos nessa carreira.

Medicina. Talvez não seja essa a carreira, afinal, que eu queira seguir. Sempre sonhei em poder ajudar as pessoas e salvá-las. Contudo, sou alguém que preza demais a vida. Prezo ao ponto de que a possibilidade de perder uma delas, por quais razões fossem, iria definitivamente me destroçar. Cada vez mais, penso que meu destino é ser um grande escritor. Seria uma alternativa de levar aos outros conforto, paz , amor e felicidade... sem que eu corresse o risco de perder uma vida bem diante dos meus olhos e me culpar por isso.

" O destino não é uma questão de sorte, é uma questão de escolha. Não é algo pelo que se espera, mas algo a alcançar. " ... William Jennings Bryan. Sim, penso dessa forma... Talvez já esteja mais do que na hora de definir o meu destino...

- O que podemos dizer com certeza é que ela pode morrer a qualquer momento. - o médico continua - Sinto muito, mesmo... - nesse instante, sinto a veracidade em seus sentimentos, pois creio que tanto o médico quanto sua equipe fizeram tudo o que poderiam fazer por ela...

- Entendemos... - diz Yuzuriha, em um tom melancólico.

- Logo poderão entrar no quarto para vê-la. Mais uma vez... sinto muito. - conclui, ao se  virar para a direção do corredor de que veio e se afastar.

Yuzuriha e eu estamos aqui, de pé. Entretanto, nos sentamos imediatamente. Minhas pernas, pelo menos, não são capazes de suportar todo o peso da verdade. Meus olhos se enchem de lágrimas. Meu coração doi. E também chora... chora lágrimas de sangue. Agora eu entendo tudo... Compreendo toda a dor e a provação e principalmente o sacrifício dela.

Pandora viveu feliz ao lado de Manigold, pois o ama. Mas percebeu que, mais cedo ou mais tarde, a hora iria chegar e ela iria partir. Decidiu romper tudo e não lhe dizer a realidade para não fazê-lo sofrer. A Pan é como eu: ambos amamos intensamente a mesma pessoa e somos capazes de enfrentar qualquer dor para ver o seu sorriso. Mesmo eu sabendo que ela era como uma " concorrente ", eu faria de tudo para evitar a sua morte. Ou pelo menos, eu... eu... eu...

- Definitivamente... - digo, ao lado de Yuzu, enxugando veloz as lágrimas dos meus olhos com minha  mão esquerda - Ela não poder partir sem antes te dar um último adeus, Manigold.

De repente, me vejo correndo apressado pelo corredor rumo a saída do hospital. Yuzuriha, já compreendendo minha intenção, vem logo atrás de mim. Sério, mas ainda deixando algumas lágrimas voarem pelos cantos do hospital, digo para mim mesmo no meu percurso:

- Pois eu não vou permitir!!

/--/--/

" Graças ao amor, todos os seres têm sua hora de bondade. O princípio que na natureza faz a flor, no mundo vivo faz a beleza, no mundo humano faz a virtude, o encanto, o pudor, é algo grande, puro, santo: é o Amor. " ; Ernest Renan...

- Finalmente uma frase filosófica que não cita a palavra rosa... - falo para mim mesmo - Se bem que... fala de flor, né?

Acordei há alguns poucos minutos atrás. Pela luz que invade o local através da janela, imagino que já passa do meio-dia. Encontrei no lado da cama em que um certo alguém deveria estar o bilhete em seu lugar. Essas palavras davam início a pequena mensagem que se reduzia ao canto direito da pequena folha de papel:

- " Tive de sair com urgência, te explico quando voltar. Te amo, meu caranguejo! " - leio mentalmente, segurando-a na mão direita.

Ah... que cara fantástico é o Albáfica. Mas... não deixa de ser um cara. Será que é isso que desejo? Viver um amor com outro homem? Talvez, não tenho certeza... Até hoje poderia jurar que eu era hétero e sem sombra de dúvida. Mas agora... bem... não sei mais nada.

Desde que Pandora saiu desse apartamento, ontem, me dizendo todas aquelas coisas e terminando nosso namoro... não sei explicar. Parece que não sou mais o mesmo. Ou talvez eu agora seja alguém que na verdade sempre fui, mas não sabia. Seria tão mais fácil se a vida tivesse um manual de instruções... Momentos de plena confusão como esse seriam solucionados rapidamente.

Continuo espreguiçado na cama. Os lençóis totalmente desarrumados e o cobertor desolado no chão. Meus olhos se fixam no teto do meu quarto, enquanto viajo por outros mundos. Pelo menos essa é a minha impressão: de que navego, no momento, por oceanos desconhecidos  de mundos alternativos.

Fico pensando... como o Alba conseguiu suportar tanta dor assim? A perda dos pais, a falta de amigos, a descoberta da opção sexual assim tão cedo e em uma fase tão complicada, o sentimento por mim, a obrigação de me ver todos os dias com outra pessoa... Tudo isso, na verdade, só me faz admirá-lo mais e mais. Ele é muito mais forte do que eu imaginava. Muuuuuuuuuuuito mais forte que aqueles que o julgam pelas aparências pensam.

Uma pessoa sem igual e digna de ser admirada. Acho que foi essa a razão que me fez desejar a sua amizade. Albáfica é simplesmente fantástico! Esperto, inteligente, escritor talentoso e bota talentoso nisso... Alegre, lindo, gostoso e... pronto, já fiquei excitado.

- É melhor eu tomar um banho frio para apagar esse fogo... - digo para mim mesmo, ao ver a elevação na minha cueca, debaixo dos lençóis.

E assim faço. Levanto da cama, vou até o guarda-roupas do meu lado esquerdo e pego uma camiseta branca, uma bermuda jeans e uma cueca vermelha. Quero deixar ele doido quando chegar... Putz, meus pensamentos tão muito sujos ultimamente. Aliás... eles jamais estiveram limpos...

Seguindo tranquilo, vou assobiando até o banheiro. Abro a porta do mesmo e, retirando a cueca que já estava usando, a jogo para qualquer canto aleatório. Coloco as roupas limpas sobre a pia. Tudo bem que eu sou meio desleixado, despreocupado e bem folgado. Mas poh... esse é o meu jeito de ser. E o Alba gosta de mim assim, do jeitinho que eu sou. E acho que gosto dele do jeito que ele é.

Abro o box de vidro cor esmeralda do banheiro e me coloco debaixo do chuveiro. Sim, esmeralda... Eu não saberia que cor é essa se o Albáfica não me contasse tamanha novidade para mim. Mas tanto faz... quem se importa com a cor do box do banheiro??

Ligo o chuveiro e permito que as aquecidas gotas d'agua escorram por cada parte do meu corpo. Enquanto massageio meus ombros, o rosto claro e sexy dele me vem a mente.

- De novo, é? Você não sai da minha cabeça? - pergunto para quem aqui não está, rindo de mim mesmo. Pareço um adolescente bobo e apaixonado, o que não faz nada o meu estilo...

Mas é como eu disse antes: parece que não sou mais o mesmo. Por outro lado, talvez eu esteja sendo nesse instante a pessoa que eu sempre deveria ter sido: aquele que ama e é amado.

- E se meu amor é mesmo verdadeiro, Alba... - sussurro, fechando os olhos e sentindo a água cair sobre mim - Não vou tolerar mais o derramar do sangue da minha única  e preciosa rosa: você.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Me digam nos reviews rsrs, espero vcs la!!XD