Eu e Você escrita por Hanna Martins


Capítulo 3
Capítulo III - Adoro chocolate


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo da fic saindo quentinho.



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Aqui estou eu, onde? Na cozinha, o único lugar relativamente seguro em dias de festa. Olho para meu relógio, é quase meia noite, o que é considerado cedo para certas pessoas, ou seja, para todos os alunos de Panem, o colégio em que estudo. Isto significa que a festa está só começando. Uma noite com música alta, ou aquilo que eles chamam de música, para mim não passa de batidas sem nenhum sentido; e claro, pessoas, muitas pessoas. Será que Peeta resolveu convidar o colégio inteiro? Enfim, uma noite perfeita para mim, só que ao contrário.

Ouço vozes. Será possível que até a cozinha não seja mais um território seguro? Percebo que as vozes vêm do jardim. Ótimo, são Cato e uma garota peituda, que não reconheço, se agarrando. O garoto sem cérebro é um sério concorrente ao posto de galinha de Panem, que atualmente pertence à Peeta.

Saio rapidamente da janela. Não quero que eles me vejam. Cato, é um dos tipos de pessoa que mais detesto. Sei que ele vive contando para seus amiguinhos sobre suas conquistas amorosas, ele fala tudo – e quando digo tudo, significa tudo – já cansei de pegar ele falando sobre isso. Esta é mais uma das desvantagens de morar na mesma casa de alguém como Peeta. Acho que deveria fazer uma lista. Pensando melhor, acho que não, perderia muito tempo com isso.

Resolvo esquecer de Cato, ou não. Eca! Eles começaram a fazer certos barulhos muito suspeitos. Não acredito nisso! Vão procurar um quarto, ou uma moita, no jardim tem muitas! Melhor eu sair daqui, antes que eu ouça mais coisas que não quero ouvir.

Quase não consigo me mover. Há pessoas por todos os lados. Procuro rapidamente um lugar em que não há muitas pessoas. Essa parece uma missão impossível. Respiro fundo: lembre-se Katniss, isso logo vai terminar. Chamo Peeta de todos os nomes possíveis e impossíveis na minha mente, isso me acalma um pouco.

Há tantas pessoas, tantas pessoas... acabo de esbarrar em alguém.

– Cuidado, Katniss! – essa voz... e aqui está ele, com seu sorriso que me faz esquecer tudo, até mesmo o fato de estar neste lugar. – Você está bem?

Não dá tempo de responder, quando percebo minha mão está na mão de Gale. Ele me conduz, abrindo caminho. Gale é alto e forte, para ele é fácil abrir caminho, ao contrário de mim, que sou pequena.

Mal posso acreditar nisso, Gale e eu estamos de mãos dadas, enquanto ele abre espaço para mim. Modo babaca apaixonada acionado. Para muitas pessoas pegar na mão de alguém não significar coisa alguma. Mas para mim, pegar na mão de Gale é como se eu flutuasse. Sua mão é macia e quente. Ele me segura de uma maneira forte, porém delicada, como se segura um filhote recém-nascido.

Sinto meu coração acelerar. Não é só o fato de Gale estar segurando minha mão, porém todo o resto, como ele está me conduzindo, como ele percebeu que eu queria sair daquele lugar. Não ouço mais a música, a única coisa que ouço é meu coração, não vejo mais ninguém, o único que vejo é Gale que está em minha frente. Algumas vezes, Gale volta-se para mim, sorrindo. Queria que esse instante nunca mais terminasse.

No entanto, tudo na vida termina. E meu pequeno passeio com Gale também. Só então percebo, onde nos encontramos, estamos no jardim, perto da piscina. Olho em volta, e não há ninguém. Gale retira sua mão da minha, para meu desagrado. Se pudesse, nunca mais soltaria a mão dele.

– Katniss, você não gosta de festas, não é mesmo? – diz com um sorriso, me olhando.

Seu sorriso é doce, ao contrário dos sorrisos de deboches que encontro todo dia me acusando, me julgando por eu não andar com roupas de grifes, por meu cabelo não ter o último penteado da moda, por eu não usar maquiagem, por eu me vestir com roupas baratas, por eu existir. Porque sei que minha existência é uma afronta a eles. Eu não me encaixo em seu mundinho. Sou um verdadeiro ET.

Olho para mim, estou vestindo um jeans já desbotado, e uma blusa preta. Sorrio timidamente. Nós dois acabamos rindo.

– É, acho que não gosto muito.

– Vou te contar um segredo, Katniss. – diz ele se curvando para ficar quase do meu tamanho, e abaixando a voz – Eu também não. – ri, voltando a sua posição e a sua voz normal.

Gale caminha até uma das pequenas mesas que ficam ao redor da piscina e faz um sinal para que eu me sente na cadeira vazia que está ao seu lado.

Sento-me na cadeira. Está frio, sopra um vento gelado. Entretanto, eu me sinto bem pela primeira vez em toda noite. Gale foi o meu salvador, nunca acreditei em príncipes que resgatam donzelas em perigo, mas se existisse um príncipe assim, esse alguém com certeza seria Gale. Realmente, estou no modo babaca apaixonada! Só mesmo Gale para me fazer agir dessa maneira.

Não sei como e quando me apaixonei por Gale. Lembro-me da primeira vez que vi Gale. Peeta havia roubado um de meus livros (sim, sou uma apaixonada por livros, acho que não existe pessoa mais feliz do que eu quando estou com um livro na mão). Aquele era um de meus livros prediletos, “Alice no país das maravilhas”. Peeta corria pelo jardim com meu livro nas mãos, rindo, dizendo que iria jogar o meu livro na piscina. Era meu primeiro mês morando com os Mellark, e eu já aprendera que o sofrimento seria meu companheiro. Nem adiantava falar com minha mãe, ela sempre defenderia Peeta, afirmando que era uma brincadeirinha inocente, coisa de garotos. Prim, também não era uma opção; e Haymitch, eu mal o via, pois sempre estava ocupado demais com o trabalho.

Eu estava cansada de correr para tentar deter Peeta, que era – e é – bem mais rápido e forte do que eu.

– Não pensei que gostasse de roubar as coisas dos outros, Peeta Mellark.

Olhei para o garoto que falava. Lá estava ele, sorrindo. Ele era lindo, como todos os outros amigos de Peeta. O primeiro pensamento que tive foi de correr. Os meus encontros com os amigos de Peeta não haviam sido nenhum um pouco agradáveis, para usar um eufemismo. Já sabia o que me esperava, o melhor era correr.

No entanto, antes que meu pé começasse a se mover. Uma mão me tocou no ombro, ao me virar vi o garoto que falara com Peeta um pouco antes. Ele estava sorrindo para mim. Era o primeiro sorriso que recebia desde que viera morar naquele lugar. Quer dizer, é claro que recebera sorrisos, mas todos eram de deboches.

Fiquei completamente hipnotizada com o sorriso do garoto.

– Seu livro – só então percebi que ele estendia o livro para mim.

Peguei rapidamente meu livro e já estava saindo, quando o garoto falou.

– Meu nome é Gale, e o seu?

– Katniss – disse quase num sussurro.

– Ah! Catnip.

– Não, Katniss – consegui falar em um tom mais alto - ... É... obrigada – disse vencendo minha timidez.

– Não foi nada, Catnip – falou com aquele incrível sorriso nos lábios.

E desde aquele dia minha vida tornou-se um pouco mais suportável.

Gale era uma presença constante na mansão Mellark. Era fácil topar com ele pelos corredores. Sempre que me via, lançava aquele sorriso para mim. Uma espécie de bálsamo para mim. Porém, nunca chegamos a ser amigos. Não, ele era apenas uma pessoa que me tratava gentilmente, aliás, o único que me tratava daquela maneira. E um dia, percebi que estava completamente e irremediavelmente apaixonada por Gale Hawthorne. E assim, Gale tornou-se meu amor. Platônico, obviamente. Eu nunca teria coragem de confessar meu amor por ele. No final das contas, é melhor assim.

Sempre soube que minhas chances com Gale eram tipo... zero! Lindo, doce, gentil, melhor eu parar de enumerar as qualidades de Gale, senão nunca mais acabo. Sei que a metade das garotas de Panem morre de amores por ele. Gale não é um galinha, igual Peeta ou Cato, não, ele é muito diferente deles. Porém, amar Gale é como amar um astro da TV. Posso vê-lo quase todos dias, saber onde mora, qual seu estilo de música predileta, a data de seu aniversário, mas nunca me aproximar realmente dele. Por que eu me meti nesta furada chamada amor?

– Catnip – ele ainda me chama assim algumas vezes – Pensei que você não estaria aqui, nesta festa.

Apenas sorrio, não sei o que falar. Nunca fiquei sozinha com Gale por tanto tempo. Ele sempre está cercado por seu grupinho ou com Peeta. Por que eu simplesmente travo quando estou perto dele? Gale deve achar que sou uma idiota. Sempre que estou com ele, começo a rir nervosamente ou dizer palavras incoerentes.

– É... que só soube da festa hoje... no final das aulas...

– Peeta pode ser muito impulsivo às vezes. Não fique brava com ele, ok?

Gale, Gale, Gale. Você pode me pedir tudo, porém, acho que quanto a não ficar brava com Peeta, nem você, nem ninguém pode impedir isso. É claro que não digo isso, apenas me limito a assentir com a cabeça.

– Vocês têm até os mesmos gostos! – ri.

Olho para ele, surpresa. Do que ele está falando?

– Peeta também adora comer chocolate no meio da noite.

– O quê? Como você sabe que estava comendo chocolate?

– Talvez, eu possa ler mentes! – ri da cara de interrogação que acabo de fazer – Ou talvez, você tenha comido e se esquecido de limpar o rosto!

Imediatamente passo minha mão pelo rosto. Sou mesmo uma desastrada.

– Não, do outro lado – passo a mão na parte que Gale me indica – Ainda não saiu.

E quando percebo, Gale está inclinando-se sobre mim. Levemente passa seu polegar perto de minha boca. Sinto minha pele se arrepiar, meu coração disparar, e as borboletas que moram em meu estômago despertarem para um longo voo. Gale está muito próximo de mim, posso sentir sua respiração em meu rosto. Ele me olha e eu perco completamente o juízo. Sua boca está apenas a centímetros da minha. Sinto que ele se aproxima mais de mim. O que está acontecendo aqui? Não sei, e nem quero saber.







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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Curiosos, não tanto...?



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