Soa o sinal que anuncia que a aula terminou. Meus colegas começam a sair da sala. Todos estão agitados, mais do que o normal, afinal hoje é sexta-feira, o que significa para meus “queridos” colegas uma única coisa: festa. Algumas garotas que estão em minha frente começam a falar sobre os vestidos que usarão e sobre os caras que pegarão. Enfim, uma típica conversa que escuto desde meu primeiro dia neste colégio.

O pátio do colégio está cheio de adolescentes agitados e animados com o final de semana. Tento abrir caminho até o portão. Hoje, parece uma missão quase impossível. Resolvo esperar um pouco, era só que me faltava morrer atropelada por algum de meus colegas. Será possível que hoje eles estão ainda mais agitados do que os outros dias?

– O que você acha de eu usar aquele vestido azul que comprei em Paris? Quero só ver se ele não vai me notar!

– É melhor você caprichar no decote! Você sabe como é Peeta, todas a garotas já ficam em cima dele o tempo todo, imagine então na festa que ele vai dar!

Para tudo! O que? Eu escutei direito? Que festa é essa? Maldito Peeta! Corro os olhos pelo pátio procurando por Peeta. Até que o encontro cercado por seu grupinho formado pelos mais populares do colégio: Cato, o típico gostosão sem cérebro; Glimmer, a loura que todos os meninos querem pegar; e Clove, a capitã do time de vôlei. Gale também pertence ao grupo dos populares, mas... Não é esse o momento para pensar em Gale. Peeta diz alguma gracinha para Glimmer em seu ouvido, pois ela sorri de uma maneira safada. Típico de Peeta. Afinal, é o garanhão do colégio, não duvidaria que ele já dormiu com mais da metade das garotas da escola.

Preciso falar com ele. Porém, não quero ir até seu grupinho. Enquanto meu cérebro tenta encontrar uma solução, meus olhos encontram Gale. Ele não está falando com nenhum de seus amiguinhos. Gale é tão diferente deles e de Peeta. Como ele foi ficar amigo desses caras?

Gale está com seus fones de ouvido e seus olhos estão fechados. Quando vejo Gale me esqueço do resto. Fico olhando para ele como se não existisse mais nada... Gale abre os olhos e olha em minha direção. Desvio os olhos mais vermelha que um tomate (sorte que meu cabelo é longo, por isso dá para cobrir o meu rosto). Desde aquele dia não consigo para de pensar no que aconteceu.

Gale realmente parecia ter segurado minha mão mais forte do que o normal. No entanto, se isso foi um acidente, coisa da minha imaginação, ou... outra coisa, nunca soube. Peeta interrompeu meu momento com Gale, chegando e levando Gale consigo – nenhuma novidade nisso, o trabalho de Peeta é tornar minha vida um inferno, ele só estava realizando sua tarefa. Enquanto, eu fiquei lá paralisada, tentando entender o que havia acontecido.

– Agora resolveu fazer guerra de silêncio?

Só então noto a presença de Peeta que me encara. Olho para ele interrogativa. Ele solta um longo suspiro.

– Disse para você que estou indo para a casa do Cato, então você não precisa me esperar.

Desde quando Peeta Mellark me avisa de alguma coisa? Isso para mim é novidade.

Peeta já está saindo de perto de mim, quando lembro da festa.

– Peeta, espera ai! – ele volta-se para mim – Que negócio é esse de festa?

– Uma festa – diz como se eu fosse a pessoa mais idiota que conhecesse e acabasse de fazer a pergunta mais imbecil que já ouviu. – Vai me dizer que não sabe o que é uma festa? Pessoas, música... Pensei até que as crianças da pré-escola sabe o que é isso. Mas acho que pessoas como... – ele me lança um olhar sugestivo, seu tom é irônico. – não sabem o que é isso.

– Não desconversa. – ignoro a provocação – Quero saber que história de festa é essa que você está fazendo!

– Ah! Isso. – sorri – O pessoal estava um pouco entediado, resolvi animar um pouco os ânimos...

– E quando vai ser isso?

– Hoje, à noite – e sem que eu precise perguntar acrescenta – Em casa.

– O que? Está maluco. Como assim, hoje à noite?

Desde que eu passei a viver nesse mundo, só havia uma coisa que eu detestava tanto quanto Peeta Mellark, festas.

Se eu soubesse que haveria uma festa em casa, eu teria pensado em uma maneira de sair dessa enrascada. Porém, em cima da hora, não me vem nenhuma solução em minha mente.

Vai ser uma longa noite... Algo está me avisando que isso não irá terminar bem para uma pessoa. Óbvio, que essa pessoa sou eu.