Nemela escrita por Metan


Capítulo 5
Banquete - I


Notas iniciais do capítulo

Acabei atrasando de novo. Peço desculpas por isso!
Mais um capítulo, que na verdade é a primeira parte. A segunda será lançada ainda nessa semana, e garanto que estará cheio de surpresas :D



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            Acordar sobre a luz de archotes não era sempre uma boa coisa a se fazer. As sombras provocadas pelo fogo dançavam por toda a parte, e Nemela sentiu-se intimidada por elas. Estavam aqui e ali, sempre mudando de forma, sempre atraindo a sua atenção. Parecia que tinha adormecido por uma era, e apenas agora se levantava. Seus olhos estavam tão sujos que abrí-los foi uma dificuldade tremenda, e a luz do fogo não a ajudou nem um pouco. Descobriu-se sentada, ainda com as pernas esticadas na cama…

            … uma cama estranha, por sinal.

            Era mais confortável do que a cama que tinha na fazenda e, sem sombra de dúvidas, do que o terreno em que teve se recostar toda noite, durante a fuga de Helgen. Mesmo a grama fofa não era o suficiente, e quando chovia, ela pinicava tanto a pele que uma vez mal conseguiu dormir. Era mais confortável até do que a cama da estalagem em que dormira em Riverwood. Mas afinal, aonde estou?

            Olhou ao seu redor. Nemela situava-se num enorme cômodo quadrado. Pilares de três metros, feitos de carvalho se dividiam um do outro a cada dois metros. Após os três metros, entre os pilares, mais pedaços grossos de carvalho se situavam e grudavam entre os pilares em forma de ondas, todos enfeitados com desenhos em azul e dourado que eram impossíveis de serem decifrados por conta do musgo que bloqueava quase toda a parte. Mais acima, mais construções de madeira, desta vez em forma de xís com um símbolo com as mesmas tonalidades de azul e dourado no centro de cada xís, em forma de círculo, e um pouco de musgo saia das fendas. Finalmente, as janelas e o telhado completavam a construção.

            Nemela percebeu que aquele mesmo desenho nas ondas e no centro dos xíses estava, na verdade, presente em toda a parte: nas paredes atrás dos pilares, onde bancos, montinhos de flores de lavanda e altares para rezar se recostavam nela; até mesmo no centro do cômodo um grande mosaico redondo estava integrado ao chão. Quatro passagens se abriam do mosaico redondo e levavam, após um degrau, para quatro camas de repouso que ficavam exatamente entre os pilares. Entre um caminho e outro, o chão era quatro dedos mais fundo, todo coberto por água cristalina. Nemela se encontrava em uma dessas camas, e se assustou quando percebeu que uma silhueta de uma mulher se aproximava dela.

            - Então você finalmente acordou – disse a mulher, que dela só o seu rosto podia ser visto. Sua cabeça era coberta por um capuz azul que se transformava num sobretudo, e logo percebera de quem se tratava. – Dormiu por muito tempo, sim. Mesmo com o poder das nossas magias, temi que o pior pudesse acontecer.

            - Este é o Templo de Kynareth? – percebeu.

            - Sim, estamos em seu interior. Você recebeu diversos ferimentos durante a batalha com o dragão. Me deixa feliz vê-la com vida novamente. Oh, não, não se…

            A guerreira tentou se levantar, mas diversas pontadas nas pernas fizeram-na pensar duas vezes, mas não sem fazê-la gritar.

            - Me falaram sobre como matou o dragão. Suas pernas se chocaram com força nas escamas, e todos nós sabemos como elas são duras como montanhas e afiadas como espadas. Além do mais, soltou-se dele durante o arrastão, despencou no chão e saiu rolando. Surpreende-me não ter quebrado um osso, no mínimo…

- Quanto tempo se passou? – cortou. Não estava no modo para ouvir sobre como quase morreu.

- Ah, dois dias, descansou por dois dias inteiros – respondeu a sacerdotisa. – Mesmo quando despejei vinho quente sobre as suas feridas para cicatrizá-las, não acordou – adicionou. - Preciso ver os seus ferimentos mais uma vez. O Jarl ordenou-me para que ele fosse notificado o quanto antes. Preciso tratar de você, antes de mais nada. Não tenha medo, somos os únicos aqui. Não houve soldados que precisassem de tratamento, pois todos os que tiveram a infelicidade de receber uma rajada de fogo ou uma mordida não sobreviveram.

Essa mulher fala demais, pensou com desdém. Relutante, tirou as suas roupas, e só nesse momento ela percebeu que utilizava seda fina. Não utilizava mais a armadura da guarnição de Whiterun, por boas razões. A armadura terminou totalmente destroçada, o escudo tinha voado de suas mãos enquanto domava o dragão em pleno ar, e a espada ficou cravada em seu crânio. Pensar na possibilidade do escudo ter atingido alguém na nuca quase a fez rir.

- Vejamos… É, estão melhores. Porém, terá de passar um tempo aqui na cidade, até os seus ferimentos se fecharem, e eu terei de trocar algumas bandagens na sua barriga e pernas. Vamos lá, deite-se aqui na cama. Isso, não se mecha. Fique deitada enquanto eu vou buscar alguns aparatos e o vinho quente.

- Eu… - começou.

- Não resista – cortou enquanto andava até um dos altares -, você mal consegue ficar de pé. Não está em condições de batalhar de novo. Não se preocupe, cuidarei de você tanto quanto eu puder. Agora espere um pouco. – começou a enxer a jarra de vinho quente. – Quase lá… Pronto, será o suficiente.

- Não é isso. Há… eu não sou a única Nascida do Dragão. Onde… onde o outro se encontra?

- Ah, está bem, e até comemorou a vitória contra o dragão com o pessoal da estalagem. Pagou duas rodadas de vinho pra todo mundo, o melhor que tinha, disseram. Não podem saber de nada que seja bom que já querem comemorar como se não houvesse amanhã – grunhiu a sacerdotisa. – Vai poder falar com ele tempo o suficiente, garota. Ele pretende ficar mais um tempo pela cidade e, com esse seu corpo, não deve ser difícil obrigá-lo a ficar um tempo a mais – deu uma risada leve.

- Toma-me por uma prostituta? – guinchou sem medir as palavras.

- Ah, não, nada disso. Peço desculpas se a ofendi, Nemela, mas você tem mesmo um corpo agradável. Heh, pode-se ver que possui mesmo o sangue de dragão correndo pelas suas veias, pela sua ira. Novamente, foi apenas uma brincadeira. É preciso de bom humor para aguentar as adversidades, garota. E também para suportar os guinchos de dor ao jogar vinho quente. Não vou precisar jogar muito, já que grande parte já se cicatrizou. Mantenha-se deitada, se quiser te dou um pedaço de papel pra morder.

- Não precisa – essa mulher realmente fala demais.

- Tem certeza? O último que recusou terminou com vinho quente na boca pra cicatrizar a língua. Não foi a melhor coisa que eu já vi, nem ouvi, isso eu te garanto. Melhor não discutir, afinal. Tome – tirou do bolso um pedaço de papel enrolado e o ofereceu para Nemela. - Não tenha medo de morder. Se quiser, pense nela como uma maçã menos apetitosa.

De bom grado Nemela enfiaria o papel na boca da sacerdotisa, mas ao invés disso colocou na própria. A sacerdotisa despejou o vinho sobre as duas coxas nuas da mulher, que mordeu o papel com força, não sem gemer. Voltou a despejar na barriga e nos braços. Nemela mordera tanto o papel que foi difícil arrancá-lo de seus dentes.

- Agora vamos limpar a sua pele e atá-la – pegou um pouco de água atrás dela e a despejou sobre onde o vinho fez seu caminho. Depois, secou a pele com uma toalha e começou a cobrir os seus machucados com ataduras. – Ah, agora isto, para acelerar a sua recuperação. – Puxou uma garrafa média com um líquido extremamente vermelho, mas não era sangue: era uma poção. Nemela possuía um conhecimento sobre poções, o suficiente pra saber do que se trata cada coloração, mas nunca chegou aos pés de sua mãe. Ela era uma mestra na hora de identificar elementos de ingredientes e de transformá-los em poções e remédios extremamente efetivos. Perguntava a ela com frequência por que não abria uma loja de alquimia em Riften, mas ela sempre dizia que a vida na fazenda era melhor.

- Prefiro ter a minha própria plantação a depender de alguém para comprar os meus produtos. Além do mais, naquela cidade fedorenta, as pessoas não realmente compram, entende? – explicou uma vez à sua filha.

- Está sonhando acordada? Não se preocupe, Nemela, seu sono é bem compreendido. A lua ainda está alta no céu. Vamos, beba esta poção para ajudar a sua regeneração, e então darei-lhe algo para ter bons sonhos. Se possível, de uma vez. Isso, boa mulher. Não se deite ainda, o seu chá está bem aqui. É feito de leite com asas de borboleta azul e dedo de gigante, portanto não espere nada gostoso. Beba, não hesite – ofereceu a garrafa com o líquido violeta clara para as mãos de Nemela, que a segurou e retirou a rolha que protegia a poção dos efeitos do ar. Levou-a à boca. – Sem cara feia, você provavelmente já provou coisa pior. Sente-se cansada agora, não é? Vamos, durma. Eu vou te cobrir, não se preocupe. Tenha bons sonhos – foi a última coisa que ouviu – e teria agradecido aos deuses por essa dádiva, se não tivesse despencado em um sono profundo.

No sonho que tivera, porém, nada via. O mundo se transformara num breu gigante que suportava apenas vozes. Vozes em uma língua que não entendia quase nada, a não ser Dovahkiin, que se repetia de tempos em tempos. Aparentemente, estava acorrentada. Quando abriu a boca, um grito mudo saiu dela ao passo que as vozes se aproximavam cada vez mais, e mais.

Foi quando ela sentiu uma respiração secando os ouvidos que ela acordou, assustada, quase rolando cama abaixo com cobertor e tudo. Sentiu-se aliviada por saber que era apenas um sonho, mas o sol forte batendo no seu rosto logo afastou o seu alívio. A sacerdotisa então apareceu, como que um balde de água fria, com a sua grande boca e olhar velho.

- Ah, resolveu acordar de novo, querida? Isso é bom, sim. Acordou bem a tempo do café da manhã, e te garanto que esse não será qualquer café que você já tomou na sua vida. O Jarl requisita a sua presença, e eu teria que te acordar, se não tivesse o feito por vontade própria. Agora venha, precisa se vestir de maneira apropriada. Não vai querer quebrar o jejum com ele dessa maneira.

Após se trocar – e de muita, muita falação -, Nemela foi até Dragonsreach escoltada pela sacerdotisa, que a ajudava a subir os degraus com demasiada dificuldade.  Nemela usava um vestido de cetim vermelho que pendia nos joelhos com mangas compridas e uma bota forrada por pelagens cuidadosamente trabalhadas. Foi um sacrifício para vestir tudo isso e também embaraçoso para sair com ele pela rua; estava acostumada com as roupas de um cidadão comum e, ainda assim, achava a armadura mais interessante.  Sentia olhares sendo sobrepostos nela.

Sentiu-se aliviada ao abrir os portões de Dragonsreach, mas então todos os olhares do grande salão se viraram a ela também, e quase suspirou alto por isso. Tentou não se importar e seguiu em frente, em direção aos pequenos degraus à sua frente.

O salão estava vivo à luz da fogueira central e dos archotes espalhados pelas paredes. Ao contrário do que pensou, Farengar e Irileth vestiam suas roupas tradicionais de mago e escudeiro. Reconheceu o Senhor Comandante, com a sua careca reluzente e os trajes que denunciavam o seu posto. Fora os três, todos os outros pareciam utilizar roupas de festa, embora só reconhecesse o Jarl. Aproximou-se do Jarl sob olhares de curiosidade, espanto e reconhecimento.

- Achei que estivesse morta, mulher, mas me parece estar inteira, apesar de estar mancando – comentou o Jarl. – Tenho a hora de lhe oferecer o nosso pequeno banquete de café da manhã.

- A honra é minha, milorde – respondeu com um aceno médio de cabeça. O Jarl retribuiu da mesma forma, e adicionou um comentário.

- O que você fez com os seus olhos? – Quando Nemela não entendeu, Balgruuf explicou. – Eles estão mais azuis, mas não é qualquer azul. É um azul… profundo. Só de você olhar para mim, já sinto minha alma se esvaindo. - Utilizava o mesmo traje que utilizara da última vez que o viu e, quanto ao seu intendente, não conseguiu encontrá-lo.

Juntou-se ao pessoal no banquete. Quebrou o jejum com pão recheado com carne de vaca molhado a uma sopa de tomate, torta de limão e vinho, para ajudar a descer. Mais um ou dois outros pratos foram servidos, mas a esse ponto, Nemela estava pra explodir de tanto comer. O Jarl se levantou de seu trono e lembrou a todos:

- O grande banquete será servido hoje à noite, em comemoração à nossa vitória sobre o dragão. Requisito a presença de todos que estão aqui e o resto da população de Whiterun. Espalhem a notícia – ordenou. As pessoas começaram a abandonar as mesas, e Nemela identificou algumas cotas de malha, trajes ricos que conhecia tanto quanto as pessoas que observava. Não conseguiu identificar uma sequer. Resolveu passear pela cidade.

Desceu o grande lance de escadas até a praça, onde um homem lançava palavras sobre Talos, de frente de uma grande poça onde parte da água se juntava. Confie em mim, Whiterun!, gritava, com as mãos para cima. Confie em mim - Heimskr! Pois eu sou o escolhido de Talos! Eu mesmo fui votado pelos Nove para espalhar Sua palavra sagrada! Talos, o Poderoso! Talos, o Inexpugnável! Talos, o Perfeito! Por você, nós rezamos! Continuou a andar praça abaixo, para o Distrito Plano, quando uma discussão se iniciou entre um homem, aparentemente Redguard, e um outro homem. Alguns guardas apareceram para separá-los.

- “Do que estou falando? É claro que você nunca foi até o Distrito das Nuvens.”? Eu sou o irmão do Jarl, seu Redguard desgraçado! Deveria mandar o meu irmão te prender e dar o seu pinto de comer aos gigantes! – urrou o homem, que tinha tatuagens nas bochechas e um longo cavanhaque que ia até depois do pescoço. Foram precisos seis guardas para impedir que o homem cometesse alguma barbaridade. O Redguard tinha uma feição tão desprezível que olhá-lo era motivo o suficiente para querer dar uns tabefes no seu rosto.

Nemela continuou a descer as escadas até o Distrito Plano, onde os mercadores anunciavam os seus produtos nas suas respectivas barracas. Olhar para a quitanda de frutas e carnes quase fez o seu estômago revirar; não por que eram de má qualidade, mas porque já estava completamente cheia. Quase se atrapalhou com um cachorro que corria das mãos de um garoto. Na sua frente, uma casa se instalava e, quando Nemela viu a placa pendurada na sua porta, percebeu que se tratava de uma loja de alquimia. Logo ao seu lado, viu uma loja de consumo geral, mas não eram essas a que estava procurando.

Seguiu mais em frente, passou por uma casa à sua esquerda e outra à sua direita, cujo acesso dependia de uns doze degraus. Parou de andar quando o barulho de marteladas não poderia estar maior, a não ser se fosse ela no lugar da ferreira, que trabalhava incessantemente na sua fornalha.

- Com licença…

- Hmm? Ah, se não é a Nascida do Dragão. Bem vinda à minha loja – o sorriso que ostentara denunciava que não seria tão difícil quanto imaginou.

- Não precisa me chamar dessa forma. Pode me chamar só por Nemela.

- Como a senhora quiser. O que lhe traz até aqui?

- Vim lhe pedir para ser a minha mentora. Sempre quis aprender a arte da forja, e acredito que você saiba bem disso.

- A… Ah, sim, é claro, eu posso ser sua mentora. Mas isso é estranho. Por que a mim, e não ao Eorlund? Foi o Provenus quem lhe enviou, não foi? – Não sabia por que ele a enviaria, tampouco se deveria mencionar Ulfric. Acho melhor manter esse segredo morto, decidiu.

- Sim. Ele me falou bem das suas habilidades – mentiu.

- Terei de agradecê-lo por isso depois. Possui algum conhecimento, Nemela?

- Sobre forjas, nenhum.

- Primeiramente, deve conhecer o metal. Ele deve ser o seu amigo primário, acima de qualquer coisa. Deve saber quanto tempo ele precisa ficar na fornalha, a potência perfeita da sua martelada, nem mais, nem menos. Deve-se procurar também o equilíbrio da arma nas suas mãos e também o melhor corte. Para isso, precisa saber lutar. Sabe lutar, mulher?

- Apenas o básico – respondeu.

- Se souber diferenciar uma espada boa de uma ruim, será o suficiente. Pretende forjar com essas roupas de madame?

- Na verdade, eu preferiria a cota de malha, mas fui requisitada pelo Jarl, no café da manhã. Por causa disso, me…

- Sei, sei. Espero que isso não seja um sinal de mulher fraca. Odeio quem exibe suas fraquezas por aí, saiba disso desde já – avisou. – Você realmente não tem nada mais pra vestir?

- A minha armadura foi destruída contra o dragão, infelizmente.

- Uma pena – suspirou. - Venha, eu devo ter uma roupa de ferreira sobrando. Posso te emprestar, por enquanto…

- Se não se importar, prefiro começar amanhã – interrompeu.

- Ah, como quiser. Amanhã, sob a primeira luz da alvorada, já que é assim.

Nemela agradeceu e voltou a andar pela cidade. Andou pelo Distrito do Vento, apenas para descobrir que é aonde se encontram as residências; seguiu caminho até a praça principal e se deparou com a escadaria para a Guilda dos Companheiros: um grupo de pessoas que realizam missões pelo bem da população, como resgates, missões para limpar cavernas nas proximidades, resolver discussões, entre outras necessidades. Embora sejam tarefas dignas, não é o tipo de sonho que Nemela tem. Na verdade, Nemela não sabe o que quer. Tudo o que sei é que quero ajudar o Ulfric com a sua guerra, e que agora sou uma Nascida do Dragão, mas não sei o que fazer com isso, pensou naquele momento de paz. E que agora sou uma aprendiz de ferreira.

Nemela também não sabia o que fazer naquela cidade naquele momento, a não ser esperar pelo banquete. Voltou ao Templo para descansar, embora provavelmente se arrependesse demais dessa decisão.

Quando entrou lá, porém, apenas ela estava lá. A sacerdotisa provavelmente ainda não tinha voltado de Dragonsreach, o que era uma ótima oportunidade para dormir um pouco mais sem ser perturbada. Nemela deitou-se na cama da direita e desatou a dormir.

Como se também não soubesse com o que sonhar, a mulher não teve sonho algum.

Foi acordada pela sacerdotisa, e quase desejou estar em coma por isso. Ela trocou os seus ferimentos, não sem antes tomar um banho, e não fez nada disso sem falar descontroladamente. A sacerdotisa a apresentou mais um daqueles vestidos de cetim, do mesmo modelo do que o anterior, mas esse era de cor magenta, e as mangas eram tão pontudas que quase batiam no joelho.

- Não parece gostar muito de vestidos, não é? Uma pena que o Jarl tenha ordenado a sua presença apenas devidamente vestida, e ele mesmo fez questão de mandá-los. Como a sua esposa faleceu há pouco tempo, não se importou em emprestar aqueles outros dois.

- E quanto a você?

- Eu? Não preciso me vestir diante do rei. Se eu quiser aparecer apenas com as minhas roupas de baixo, que assim seja, mas então alguns homens arrancariam os próprios olhos, portanto, apareço apenas com a minha roupa padrão de sacerdotisa. Coloque essa sapatilha logo, vamos. Lembro-me até hoje de como essas porcarias machucavam os meus pés, e de como eu os arremessei longe quando virei uma devota. Mas não é o seu caso, então agilize. Excelente. Agora podemos ir.

Saíram do templo e se depararam com montes de pessoas subindo a escada para Dragonsreach sob a luz da lua, dominando completamente o céu lotado de estrelas. Seguiu a multidão, junto com a sacerdotisa, mas apenas Nemela era visada pelos homens. Quando olhava na direção deles, porém, eles logo mudavam de ideia. Seus olhos estavam realmente mais azuis do que o normal. É um azul… profundo. Só de você olhar para mim, já sinto minha alma se esvaindo, lembrou-se das palavras de Balgruuf. A ferreira, porém, não se importou, ou pelo menos pareceu não se importar, e o mesmo pode-se dizer da sacerdotisa.

Com esse pensamento acrescido do ritmo lerdo da multidão, chegou ao grande salão do Jarl de Whiterun.


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Notas finais do capítulo

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