Quédate con el Cambio escrita por ReBeec


Capítulo 8
Cap. 7 - "Não foi tão difícil"


Notas iniciais do capítulo

Todo mundo pare e leia a recomendação DIVINA e ESTUPENDA da Nami que, Omg, é basicamente uma das pessoas mais legais que existem no planeta. Obrigada novamente, sua linda linda linda *-*

Então, esse capítulo tá curto, né? É que não faria sentido, nem seria apropriado acrescentar coisa nele. Mas acho que as meninas que curtem um ~certo indivíduo~ vão curtir. Boa leitura (:



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Pela primeira vez no ano, Alice acordou atrasada.

O despertador tocou, mas seu esforço de aprender algum modelo esquisito de maquete na noite anterior, com Jonathan a criticando em cada colagem de miniaturas de árvore, a deixara tão cansada que ela não pôde evitar de simplesmente desligar o alarme e tentar voltar a dormir. Minutos depois, ela percebeu a besteira que tinha feito.

Levantou-se num salto. Tomou banho, trocou-se e, quando em dúvida se deveria usar seu restrito tempo para o café da manhã, ou passar um pouco de maquiagem, ela decidiu cobrir os lábios com gloss.

Eu preciso... Eu quero estar pelo menos um pouco bonita para..., divagou, enquanto terminava de se olhar no espelho, para... Para ninguém! No que você está pensando, Alice? Para ninguém, é claro!

Depositou sua necessaire na escrivaninha. Pegou a bolsa que se encontrava na cadeira do quarto e desceu as escadas apressadamente para sair logo de casa.

A ideia de chamar Jonathan para levá-la passou pela sua cabeça; mas o tempo que demoraria até acordá-lo e fazê-lo estar o suficientemente consciente para ele não arriscar a vida deles ao volante seria de... um tempo longo demais. Não valeria à pena.

Alice chegou no quarteirão da escola logo que o sinal tocou. Passou pelos portões ainda abertos e pôde subir a escadaria; mas assim que adentrou o lugar, um dos monitores impediu sua passagem adiante pelo corredor:

– Quem chega depois do sinal não entra – o homem de óculos esquisitos avisou.

Alice o olhou sem reação por alguns segundos, depois, seu olhar desceu para um crachá preso à camisa do homem. “Ronald”, era o nome escrito.

Ora... O estranho que fica na detenção, se lembrou.

– Meia-volta, mocinha, e direto para casa – ele ordenou, sem se mover do lugar.

A garota respirou fundo antes de fazer o que lhe fora mandado, atravessando de novo a porta e indo descer às escadas. Mas, logo depois, em vez de sair da área escolar, ela sentou no canto de um dos degraus, onde ninguém de dentro do colégio conseguiria um bom ângulo para enxergá-la, e não se importou em permanecer ali.

Alice deixou sua bolsa cair ao lado, e abraçou uma das pernas, apoiando o queixo no joelho.

Droga... Minha segunda semana e já não consigo assistir aula. O que vão pensar sobre isso? O que... O que o Nathaniel pensaria sobre isso?

Imediatamente, Alice levantou seu queixo e negou com a cabeça.

Alice, não seja estúpida. Nathaniel é ocupado o suficiente para não se importar dessa forma com uma aluna que mal conhece. Do que está falando?

A sensação de alguém se aproximando a fez interromper o monólogo, e olhar para o lado, para saber quem era sua nova companhia.

– Bastou uma detenção para você querer se rebelar? - Castiel, com a mochila enfeitada de bottons no ombro, a provocou encarando a garota sentada ao subir os degraus..

Ela franziu as sobrancelhas.

– Eu apenas me atrasei, se é isso o que se referia – ela respondeu.

Castiel estralou a língua, visivelmente entediado.

– E você não deveria estar indo pra casa agora? - ele perguntou.

– Bem, de acordo com aquele seu amigo, Ronald, sim. Porém... Não queria ir para casa. Apenas quero assistir a aula...

– Ah...

Castiel sentou na mureta, ao lado das escadas. Ele permaneceu olhando para frente, sem focar sua visão um ponto específico.

– O Ronald é meio bravo essa hora da manhã – ele comentou. - Mas ele é gente boa no período da tarde. É engraçado discutir com ele sobre as merdas que os outros alunos fazem.

Ele tem mesmo que usar a palavra “merda”?

– Mas depois que ele almoça o humor dele fica melhor, daí que é legal discutir com ele.

– Hum... Então... - ela disse, abrindo um sorriso brincalhão acompanhado da voz irônica - você não é do gênero que almoça sempre, certo?

Entretanto, não correspondendo às expectativas da garota, Castiel a olhou como se estivesse observando um menino do jardim de infância engolindo cola líquida.

– O que isso era pra ser? Uma piada? - ele perguntou.

O sorriso de Alice se desfez, e ela desviou o olhar dele.

– Bem, era... - disse. - Eu apenas... Apenas queria passar o tempo. Não sei...

Castiel continuou a encará-la; agora, sem a expressão zangada de antes.

– Você está nesse estado depressivo porque não conseguiu entrar na aula? - a interrogou com uma sobrancelha erguida. Alice afirmou ao balançar a cabeça. - Cara, que coisa de nerd.

Um momento de silêncio se fez. Alice permaneceu esse tempo ainda evitando encarar Castiel, mas então, uma dúvida lhe surgiu. Ela ergueu a cabeça para ele, e perguntou:

– Castiel, o que você está fazendo aqui a essa hora? - quis saber. - Você já deveria saber que iriam te mandar para casa; por que veio mesmo assim? Não... Por que continua aqui?

Ela pôde ver o canto dos lábios dele se curvando para cima.

– Eu posso entrar na escola se eu quiser – respondeu. - Só estou em dúvida se aguento um dia inteiro de aula, ou não.

Você pode entrar na escola? Agora? Oh, sim, claro...

Castiel voltou a mirá-la.

– Você está duvidando de mim?

– Sim, eu estou – Alice respondeu. - Como você entraria aí dentro? Voando até o telhado? Se teletransportando para uma das salas? Ou trocando cigarros com o tal Ronald?

– Cacete, depois eu que não tenho educação – Castiel afirmou num volume desnecessariamente alto.

Alice se surpreendeu: O quê...?

– O que você quer dizer? - ela perguntou.

Castiel bufou. Se levantou da mureta, e pegou a mochila.

– É meio hipocrisia, você não acha? - ele contestou. - Encher a boca para criticar o meu comportamento, como se eu fosse algum tipo de serial killer, e então ficar duvidando do que eu posso fazer e ainda fazendo piadinhas escrotas com isso... - fez uma pausa, antes de prosseguir: - O mundo não vai ser gentil com você, garota. Te avisei disso no dia que você devolveu a maldita da palheta; mas você não tem que ter essa hipocrisia que tudo mundo tem pra se defender quanto a isso. E vê se não atrasa mais – ele disse, já descendo as escadarias. - Não quero ter que ouvir seus discursos de novo, principalmente ás oito horas da manhã – e seguiu outro caminho.

As palavras de Castiel foram duras, grossas, mas não atingiram Alice como antes - algo a tomou sua atenção rapidamente.

Ela pôde observá-lo indo na direção do portão; contudo, ele não o atravessou como seria o esperado. Castiel virou a esquerda, e parecia seguir uma direção, ainda dentro da escola, que ela não conhecida. E então, ela entendeu o que ele estava fazendo.

Se levantou rapidamente das escadas, pegou a bolsa e se apressou para segui-lo.

– Castiel! - o chamou. - Castiel!

O rapaz se virou para ela:

– Inferno, eu acabei de terminar de falar com você. O que quer agora?

Ela andou os passos que faltavam para chegar ao seu lado, e quanto os acabou, respondeu:

– Você vai entrar na escola, certo? Digo, do seu jeito mesmo, o qual não envolve teletransportes, nem voar até o telhado, nem nada assim...

Castiel ergueu as sobrancelhas.

– Ah... Então agora você quer um favor meu? Cara, se antes eu tava em dúvida se não gostava de você, agora eu praticamente tenho certeza.

– Porém... Argh! Castiel, é importante!

– Importante é a calma que eu perco com você. Cara, você tem noção do-

– Tá bom, tá bom. Desculpa!

Num impulso, o rapaz recou alguns centímetros; mas prontamente mudou a expressão de surpresa para uma levemente confusa:

– O que você falou?

– D-Desculpe a minha falta de educação de antes... - Alice continuou. - Me perdoe. Eu estava brava comigo mesma por ter perdido o horário, e você sempre foi grosso comigo, entã-

– Sério? Até se desculpando você vai me xingar?

– Não, não é isso! Certo, eu vou recomeçar: Eu estava brava comigo mesma, e a sua aparição, o fato de você ter sido... legal... isso, certo, legal comigo, me entregou a oportunidade de descontar minha raiva em você. Então me perdoe, isso não vai repetir.

Castiel desviou o rosto encarou algumas árvores ao redor, sem emitir nenhum som por alguns segundos. Em sequência, seus olhos – que, até então, Alice não havia percebido a coloração peculiar cinzenta – a miraram de forma analítica.

Outros segundos seguiram, até enfim ele se pronunciar:

– Diga-me que eu sou a pessoa mais educada que você já conheceu.

Ela se assustou com o que ouviu:

– O que disse?

– Você ouviu, Alice. Diga que eu sou a pessoa mais educada, elegante e cortês que você já teve o prazer de conhecer e eu te coloco dentro da escola.

– Não era só “educada”?

– Ah, então você tinha ouvido da primeira vez – ele sorriu.

Alice manteve a boca aberta por alguns segundos, mas sem falar, nem pensar coisa alguma. E quando conseguiu, perguntou:

– Isso é mesmo necessário?

– Falou, boa sorte quando você se atrasar de novo.

– Não! Castiel, volta aqui! - ela pediu, enquanto ele andava para direção que tinha vindo, sem dar-lhe tempo pra segurar o braço ou poder impedi-lo. - Castiel! Cas... Tá certo, volta aqui que eu digo.

Castiel parou no lugar, e virou-se para ela, já alguns metros os separando, com o olhar impaciente.

– Você é a pessoa mais educada, elegante e... desculpe-me, qual era a outra?

– Cortês.

– Sim. A pessoa mais cortês que eu já conhe-

– Já teve o prazer.

– Sim! A pessoa mais cortês que eu já tive o prazer de conhecer.

– E diga também que eu sou lindo.

– D-Desculpa? - Alice estranhou, confusa, encarando o rapaz que tinha um recém-formado sorriso vingativo no rosto.

– Não se finja de surda. - Ele cruzou os braços. - Se quer ver aula hoje, diga também que eu sou lindo e que você tem sonhos molhados comigo.

– O quê? Eu não vou dizer isso!

– Tchau! - e virou-se novamente.

Droga!

Alice, então, fechou os olhos, e numa súbita coragem, repetiu:

– Castiel, você é lindo e eu tenho sonhos molhados contigo!

Quando ela abriu os olhos novamente, viu a figura da mancha vermelha caminhando na direção dela, com o maior sorriso que ela já tinha visto em seu rosto.

– Viu? Não foi tão difícil – ele a provocou. - Acho que a gente até poderia aprofundar essas confissões aí.

Ela bufou.

– Você já conseguiu o que queria, não conseguiu? - ela resmungou. - Agora pode fazer como prometido, droga!, e me colocar dentro do colégio?

– Ei, relaxa. - Castiel voltou a caminhar na direção que ia, antes das provocações começarem. Alice se obrigou a seguir seus passos. - Eu só estava brincando.

– Sim, eu sei. São suas brincadeiras que-

– Falou, falou, que seja – a interrompeu. - Só para de reclamar um pouco antes que eu te sufoque com a minha mala.

– Você não-

– Alice, para de falar, inferno!

Ela, só assim, se aquietou.

E pelo resto do percurso, Castiel deixou claro pela própria mudez que não pretendia recomeçar a conversa. Mesmo quando eles chegaram no fundo da escola, tendo caminhado entre árvores e arbustos, e Alice percebera que eles estavam no pátio, o rapaz nada disse. Mesmo quando ele apontou com o dedo uma porta aos fundos que estava destrancada, e depois passarem por ela, Castiel permaneceu em silêncio, até abandoná-la ali e subir alguma escada para ir até onde Alice não fazia ideia.

O percurso inteiro eles fizeram juntos, mas como se nem tivessem tido aquela discussão antes, como se nem ao menos se conhecessem. E Alice começou a acreditar que talvez fosse assim que ela e Castiel deveriam ter se relacionado desde o começo: como desconhecidos, e nada mais.


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Notas finais do capítulo

Nossa, o Castiel é tão...
Não, brincadeira, o Castiel é muito gente boa e divertido quando quer, mas quando prefere ser um capeta irritante, ele também faz um bom trabalho.
No final das contas, como todos nós, não é?



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