Quédate con el Cambio escrita por ReBeec


Capítulo 3
Cap. 2 - "Quase. Alice."




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Depois de quase uma semana arrumando seus pertences, treinando algumas receitas como as de spaghetti e panquecas, e forçando Jonathan à ajudá-la com seus desenhos tão amadores, Alice partira para seu primeiro dia de aula.

Naquela segunda-feira nublada, ela estava dentro do carro do irmão, estacionado na frente da escola quase deserta, ouvindo-o tagarelar mais do que deveria:

– Então olha, você sobe as escadas e vai andando no corredor olhando pra direita. Lá pela terceira porta é a sala da diretora - a voz sonolenta de Jonathan a alertava no banco de motorista, enquanto ele fazia retas e círculos num mapa imaginário à sua frente, do qual a Alice nem tinha a vontade de tentar entender. – Eu liguei pra confirmar ontem, e eles disseram que você já podia vir estudar. Só entrega a foto três por quatro que tiramos no sábado porque, é... eu não tinha nenhuma foto sua pra dar pra eles quando eu vim na quinta. Tenta entregar pra diretora mesmo, e aproveita pra puxar um papo com ela. Você sabe, ser amiga da chefona.

Alice revirou os olhos.

– Eu conseguiria tudo isso sozinha, Johnny - ela tentou esclarecer -, não precisava que você me trouxesse. Principalmente com essa aparência. Você se assemelha com os zumbis que vimos ontem na TV.

– Sem falar sobre The Walking Dead a essa hora da manhã, Áli. Eu vou voltar a dormir hoje e não quero pesadelos. Não quer mesmo que eu entre com você?

– Não, eu não quero. Eu não sou uma criança.

– Você é chata como uma. Tudo pronto? – ele perguntou, encarando a garota usando camiseta de manga comprida rosa e jeans claros. – Você podia ter se arrumado mais – comentou.

– Eu não queria chamar atenção.

– Ah, é, tem razão. Seu cabelo já faz isso por você.

– Argh! Tchau Jonathan! – disse irritada, abrindo a porta do passageiro e saindo do carro com a larga bolsa pendurada em seu ombro.

Deu a volta para chegar à calçada, passou por um portão e ouviu a voz do irmão atrás de si.

– Qualquer coisa me liga, ouviu? É sério – disse ele, pela janela do carro aberta.

Ela virou para ele e acenou com a cabeça.

– Vai tirar sua soneca, tá bom? – brincou ela, e deu meia-volta seguindo para a entrada do colégio.

A estrutura à sua frente era maior do que imaginou que seria. Um prédio de cinco andares com janelas espelhadas e as paredes pintadas de branco, escadaria que antecedia das largas portas que davam acesso ao colégio e um pequeno jardim o cercando, com uma placa perto do portão escrita MADELEINE HIGH SCHOOL.

Era muito cedo, e Alice estava sozinha nos corredores. Caminhou por entre os armários olhando para a direita, como o irmão aconselhara, até encontrar a porta de madeira com a placa DIRETORIA.

Deu duas batidas e ouviu alguém lhe dizer “Entre”.

Girou a maçaneta e se deparou com uma sala decorada com plantas, uma mesa rústica e uma senhora de óculos redondos e cabelos e presos sentada numa poltrona vermelha.

– Sim? – a senhora perguntou, esperando uma introdução da convidada.

– Bom dia – a mais jovem disse. – Chamo-me Alice Rodríguez, sou uma nova aluna.

– Oh, sim, sim. Por favor entre, senhorita Rodríguez – a senhora fez um aceno com a mão, começando a mexer em alguns papéis que repousavam perto de um pequeno computador.

Alice fechou a porta e se sentou numa das cadeiras de madeira que ficavam de frente à escrivaninha.

– Sou a diretora do colégio, - apresentou-se a mulher – Irene Macys. A senhorita pode me chamar de senhora Macys. Bem-vinda ao nosso colégio. Espero que se integre bem aos nossos horários e atividades.

– Hum, obrigada... – Alice agradeceu, um tanto desconfortável pela postura tensa da diretora e o olhar aflito por trás de seus óculos de grau.

– Seu irmão nos visitou na quinta pra fazer sua matrícula, certo? Posso ver aqui. Ele nos entregou tudo conforme requerido, incluindo seu boletim da escola anterior, que é impressionate. Temos prazer em recebê-la, querida. Tenho certeza de que suas notas nos trarão satisfação. Apenas... Parece que tem algo faltando aqui...

– Acredito que Jonathan não tenha entregado a foto três por quatro – Alice explicou, abrindo sua bolsa e tirando um envelope de dentro. – Desculpe-me senhora Macys, ele não as tinha no dia, mas aqui estão...

– Oh, não querida, não sou eu que cuido desses detalhes – falou, levantando brevemente a mão para recursar o envelope. – Estava vendo que faltam alguns papéis que eu deveria te entregar. Faça assim, entregue as fotos para o representante de classe, ele que cuida disso, e ele mesmo vai te entregar os documentos. Como sua primeira aula não vai demorar, acho melhor a senhorita já ir encontra-lo.

– Hum, tudo bem – Alice respondeu guardar o envelope na bolsa. – Onde eu devo...

– Logo no final do corredor, uma porta com a placa “Sala dos Representantes”. Procure o Nathaniel, e chame-o se precisar de mais alguma coisa. - A diretora levantou-se e abriu a porta com um sorriso no rosto que a aluna julgara esquisito.

– Certo, senhora Macys. Obrigada pela atenção – ela agradeceu enquanto saia da diretoria, e a senhora rapidamente fechara a porta.

Alice olhou para trás, e suas suspeitas aumentarem sobre seu desgosto à diretora, mas nada disse. Ela foi caminhar pelo corredor procurando a porta com a tal placa.

Passou por algumas salas, bebedouros e banheiros. Acabou por virar em um lugar ou outro, até parar em um lugar desconhecido. Olhou para um lado, e para o outro. As paredes e os armários eram idênticos, e em grande número para uma escola de uma cidade pequena. Teriam tantos alunos assim? E será que havia algum deles perambulando por ali para ajudar Alice, no momento em que se descobrira totalmente perdida?

Ela suspirou em descontentamento. Talvez atravessasse aquela porta de vidro, há alguns metros de distância, que dava para um pátio extenso, e assim pudesse achar alguma outra entrada para o colégio. Mas antes que pudesse dar outro passo, Alice percebeu que não estava sozinha:

– Tenho certeza de que vai dar tudo certo – uma voz feminina soou pelo corredor.

– Você não pode ter certeza disso – outra, masculina veio. Alice então pode identificar duas figuras virando no corredor onde ele estava, e um casal surgiu. – Foi mal Íris, não quero falar disso.

– Não fale assim. Você... Ah, oi! – a garota disse, uma ruiva de olhos alegres com camiseta listrada.

– Olá – Alice devolveu o cumprimento.

O que está fazendo aqui? - questionou ela. - Espera, você é nova? Eu nunca te vi antes pela escola...

Alice piscou os olhos num sinal de incômodo, olhando de relance o garoto de cabelos cor de fogo, ao lado da outra, que a mirava com um olhar agressivo. Qual o problema desse infeliz?

Ela se sentiu desconfortável, mas respondeu:

– Sim, hoje é meu primeiro dia - confirmou. - Me chamo Alice. Vocês se importariam em me ajudar? Eu me perdi...

– Claro, nós-

– A gente se fala depois, Íris – o garoto interrompeu de forma ríspida, passou pela nova aluna sem olhá-la novamente e empurrou a porta de vidro com força, seguindo para o pátio.

Alice observou sua saída com o cenho franzido. Quanta educação..., pensou ela.

– Me desculpe por isso, - a outra falou. – Castiel não se dá muito bem com gente nova.

– O nome dele é Castiel?

– Castiel para os conhecidos, Castiel para os íntimos e Senhor Magnífico para os inimigos – ela falou risonha. – Uma piada que ele faz... Quero dizer, fazia, antes de... Ah, não importa. Vamos. Qual o número da sala você tem que ir?

– Anh... Sala dos representantes, em fato.

– Tudo bem, eu te levo! Ah, eu meu nome é Íris – ela se apresentou, e retornou pelo caminho que veio. Alice se aprontou para segui-la. – Você tem que resolver esses negócios de entrada na escola, né? É, eu lembro como foi comigo. Eu estou aqui desde o primeiro ano do Ensino Médio, e pelo jeito, depois de quatro anos, não mudou tanta coisa. Mas e aí, de onde você veio?

– Bom... – Alice fez uma pausa, relutante. Certo, vamos lá. – Vim de Seattle.

– Seattle? Que legal! E por que você veio pra cá, a terra do tédio e da monotomia?

Alice respirou fundo antes de responder:

– Meus pais quiseram que eu mudasse de cidade – mentiu. - Terei que entrar numa faculdade em breve e eles acharam que seria melhor para meus estudos morar em um lugar mais tranquilo.

– Ah, entendi. Mas talvez ter ficado em Seattle fosse melhor dependo da faculdade que você quisesse entrar... Você já decidiu qual vai querer fazer?

– Anh... Não, não decidi. E você?

– Também não. - A garota ruiva deu de ombros. - Ah, eu tenho umas ideias, né... Mas sei lá, tá meio difícil ainda pra escolher aquela mesmo, sabe?

– Bem, ainda temos tempo para isso – Alice sorriu. – Estamos em agosto, em maio do ano que vem começam as seleções. Não preocupe-se tanto.

– Não, pode deixar, não vou esquentar muito com isso. Ah, chegamos – avisou, e as duas pararam em frente à porta com a placa SALA DOS REPRESENTANTES.

Alice olhou em volta e percebeu que estava no mesmo corredor de antes e, alguns metros à frente, estava a diretoria. Dera uma volta inteira no colégio á toa. Idiota, pensou consigo mesma.

– Obrigada por me trazer aqui, Íris.

– Que isso - respondeu a outra. - Eu vou indo pra sala, depois a gente se fala, tá bom? – Despediu-se com um aceno e voltou na direção anterior.

Alice voltou ao olhar a porta e tentou se lembrar das palavras da diretora, de que ela teria que falar com um garoto para entregar a foto... Qual era o nome dele mesmo?

A porta se abriu, e um loiro de camisa e gravata apareceu na visão de Alice. Ela encontrou seus olhos cor de ambrósia, e não pôde evitar perceber a postura impecável do rapaz.

– Olá – ele falou surpreso, quase esbarrando na garota que estava parada em sua frente.

– Oi... Olá – ela respondeu sem-graça. - M-Me desculpe, eu estava distraída e nós quase trombamos por minha causa, puxa.

– Não se preocupe, ninguém se feriu – ele disse, num sorriso educado. – Você precisa de alguma ajuda?

– Sim, sim. Eu estou procurando um representante de classe por ordem da diretora. - Ela pensou por alguns segundos. Nathaniel! – Nathaniel, acredito.

– Eu sou o Nathaniel – respondeu. – É aluna nova? Por favor, entre. – Ele deu passagem para que ela passasse pela porta aberta.

– Hum, obrigada.

– Por que exatamente a senhora Macys te enviou para cá? – ele perguntou fechando a porta e caminhando pela sala.

– Eu tenho de entregar uma foto três por quatro, e lembro-me dela falar que me entregariam algum documento...

– Ah, claro, o procedimento de matrícula. Perdão, seu nome é...? – perguntou ele, indo em direção a um armário de metal e puxando um arquivo.

– Alice Rodríguez - ela respondeu.

O rapaz, Nathaniel, vasculhou papéis por alguns segundos, com os olhos fixos na gaveta, depois se virou para ela.

– Desculpe, Alice, mas você pode me dizer seu outro sobrenome? Não acho Rodríguez aqui.

– Oh... – ela murmurou, em descontentamento. – Se é realmente necessário... Miller.

– Aqui está – avisou ele logo em seguida. Pegou uma pasta e foi em direção à garota retirando alguns papéis de dentro. – Realmente, só falta a foto. Você a tem aí? – ele ergueu a cabeça para olhá-la

Alice prontamente tirou o envelope da bolsa e o entregou.

– Obrigado – ele recebeu o objeto. – Está tudo certo agora. Só devo te entregar isso – deu-lhe os papéis. A garota os pegou para analisá-los. – São seus horários, um pequeno caderno com as normas de vestuário, um mapa da escola e um calendário com os principais eventos escolares.

Agora que eu recebo um mapa?, pensou ela irônica.

– Sua próxima aula é geometria, pelo que eu vi, - continuou - sala 305, professor Alan. Gostaria que eu te acompanhasse? – ele se ofereceu.

– Ah sim, por favor – aceitou ela. - Eu acabei por já me perder hoje, odiaria que acontecesse de novo num período tão curto.

Ele sorriu.

– Então vamos – disse, abrindo novamente a porta para ela passasse.



[...]







– Ah, olha você aí!

Alice ergueu a cabeça para a porta da sala. Lá estava Íris, encostada na soleira com os braços cruzados descontraidamente.

– Hum... Oi, Íris – sorriu, feliz em lembrar o nome da garota. - O que faz aqui?

Nossa, todo mundo já foi? - ela estranhou, passando os olhos pela sala vazia. - Que bando de esfomeados. Então, eu não queria te deixar sozinha no almoço do seu primeiro dia - sorriu de forma amigável. - Deprimente demais, né? Eu sei, sou uma pessoa super atenciosa. Vamos, as meninas aqui fora estão nos esperando - avisou, apontando para fora da sala. - O prato de hoje é macarrão com queijo, e eu estou morrendo de fome.



Alice guardou um caderno na mala, se levantou da carteira e foi de encontro com as outras.

No corredor, além de Íris, estava uma garota com os cabelos artificiais de roxo com a atenção focada umas folhas em sua mão, e uma negra com encantadores olhos verdes.

– E aí? – a negra cumprimentou.

– Ah! Kim, essa é a Alice, a garota de Seattle que eu falei - Íris as apresentou. - E Alice, essa é a Kimantha.

– Kimantha, não - disse a garota. - Eu já passei da fase de ser vítima desse nome. Kim, por favor.

– Olá, Kim - Alice saudou.

– E esse pedaço de gente aqui - Íris disse, passando o braço pelo ombro da outra garota - é a Violette. - A garota baixinha limitou-se a dar um aceno tímido em apresentação, e Alice devolveu com um sorriso.

E assim, as quatro meninas seguiram para o refeitório.

Alice não ficara exatamente nervosa em seu primeiro dia de aula, mas fora um alívio já ter companhias tão cedo; e além disso, seria bom voltar a conviver com garotas. Depois das duas últimas semanas apenas na presença do pai, e depois, do irmão, ter aquelas conversas superficiais sobre sapatos e maquiagem seria agradável. Futilidade era uma coisa boa de vez em quando, e Alice sabia bem disso.

Chegarem ao refeitório discutindo sobre o vocalista da nova banda da semana – e Alice, com sua ignorância nesse meio musical, apenas balançava a cabeça em concordância e imitava as outras meninas quando elas riam -, pegaram a bandeja, se serviram do almoço e se sentaram em uma das várias mesas do lugar.

Alice pode ver Kim acenando para mais três garotos enquanto fazia comentários aleatórios sobre eles, e Íris rindo enquanto Violette permanecia olhando sorrateiramente para um grupo de pessoas excêntricas que faziam pilhas com almôndegas.

Não era uma visão muito agradável para Alice, mas Violette parecia estar gostando.

– Você os conhece? – Alice perguntou à garota baixinha ao seu lado.

Violette a olhou num susto, e respondeu com a voz fina:

– N-Não. Quero dizer, - demorou um pouco, mas então assentiu - sim. O garoto com boné fazia aula de desenho comigo, mas a gente não conversava tanto assim...

– Quer ir lá falar com ele? Você pode ir. Íris não vai ficar brava, se é o seu medo... – E um peso morto a menos no almoço seria interessante, completara em sua cabeça.

Violette deu um sorriso tímido e balançou a cabeça em negação.

– Não, tudo bem – respondeu ela. – Eu não queria... Eu não quero...

– Ei, do que vocês estão discutindo? – Íris perguntou com as bochechas vermelhas de tanto rir, provavelmente das piadas de Kim

– Nada, nada, só... – O olhar de Alice caiu num grupo de garotas numa das outras mesas, com roupas curtas se exibindo para um grupo de garotos com uniformes de basquete. Que coisa ridícula.

– Só o que, Alice? - Kim perguntou.

– Nada, nada - ela respondeu com indiferença. Depois olhou as três garotas e tentou aparentar mais disposição. - Mas bem... - prosseguiu. - O que eu preciso saber para sobreviver com dignidade nesse colégio? - perguntou na melhor tentativa de parecer interessada ao que as outras tinham para falar.

As calouras se entreolharam.

– Você quer dizer, tipo... Que professores te deixam dormir e que aulas são boas para cabular? - Íris questionou.

Alice sorriu:

– Quero saber, tipo, tudo.

Tanto Íris como Kim e Violette também sorriram.

– Pois então, temos coisas além da conta para discutir - Kim respondeu, com uma voz mais travessa. - Tem muita coisa rolando por debaixo dos panos dessa escola, você não tem ideia...


[...]






Depois do almoço, houve geometria, literatura e filosofia, depois mais alguma aula que Alice nem se lembrava. Na verdade, nem as fofocas do almoço fora algo tão memorável. Tudo bem, teve assuntos interessantes – supostas traições e até um boato de gravidez -, mas ela estava esperando mais. Bem, Alice já tinha ouvido coisas bem mais polêmicas, então talvez fosse exigir demais que uma escola - um cenário jovens previsíveis, e numa cidade pequena - tivesse intrigas maiores do que artistas adolescentes fumando nos bastidores de um concerto, ou as mentiras reveladas numa premiação musical.

Mas então, foi fim de aula.

Quando o último sinal tocou, Alice permaneceu sentada na carteira enquanto via os alunos saindo com pressa das salas, para logo saírem correndo portão a fora e irem embora. Depois de alguns minutos, ela pegou a bolsa e foi também em direção à saída.






No caminho, encontrou, com a gravata bem arrumada e uma pilha de arquivos na mão, o representante de salas simpático que havia a ajudado mais cedo:


– Oi - ele cumprimentou ao encontrá-la. - Aline..., acertei?

– Quase. Alice - ela o corrigiu, tentando ignorar a breve irritação que sentira por ele ter errado seu nome. Ele parece ser educado demais para receber um comentário desnecessário meu tão cedo, concluira, e o continuou: - Olá, Nathaniel.

– Então, seu primeiro dia na escola foi bom? - perguntou ele.

Ela assentiu.

– Sim, foi. Já tenho algumas amigas, vários colegas divertidos e ótimos professores... - afirmou, acreditando que os elogios agradariam àquele garoto que, afinal, trabalhava na coordenação do lugar.

– Fico feliz que esteja gostando - ele admitiu, numa voz satisfeita. - Você veio de Seattle, não é?

– Sim - respondeu. - Eu vim. Por quê?

– Nenhum motivo em particular. Só é sempre interessante a chegada de uma pessoa habituada a um lugar um pouco diferente. Mas de qualquer maneira, tenho certeza que você vai se sair bem aqui. E caso tenha algum problema, não hesite em me chamar, entendeu? - disse, agora num tom prestativo o suficiente para Alice acreditar que ele estava se disponiblizando para ela.

– Não tem problema eu ir na sua sala... - ela questionou, testando a breve teoria - para reclamar sobre qualquer problema?

– Problema algum. Afinal, essa é a função de um representante de classe, não é?

Ah... Porcaria, ela pensou desapontada. É claro, como se alguém tão centrado como ele mostraria interesse em alguém tão rapidamente. Alice, você tem que parar com isso.

– Sim, sua função - ela concordou desanimada. - Bem, creio que tenho que ir agora. Meu irmão disse que estaria me esperando na saída.

– Oh, você tem irmão? - ele perguntou.

– Sim, um irmão mais velho. Mais velho digo... oito anos mais velho. Bastante, não é?

– Bem, comparando-se que eu sou cinco minutos mais velho que minha irmã, para mim, é bastante - disse num meio sorriso.

– Espere. Cinco minutos... Gêmeos? - questionou ela.

Ele concordou com a cabeça.

– Minha irmã faltou hoje, senão você provavelmente teria a reconhecido e já até saberia.

– Bem, é provável que eu a veja amanhã... De qualquer forma, tenho mesmo de ir, Nathaniel.

– Oh, mas é claro - ele afirmou. - Desculpe-me prolongar o assunto.

– Que isso, você é um bom parceiro de conversa. Nos vemos amanhã, certo? - despediu-se.

– Certo. Até amanhã, Alice - ele respondeu num aceno de mão. Ela acenou de volta, virou-lhe as costas e caminhou até a saída da escola.

Desceu as escadas e foi para o portão onde, menos sonolento e com mais vitalidade, o irmão Jonathan a esperava, com os braços cruzados e as costas encostadas em seu carro cinza.

– Se divertiu na volta ao inferno? – ele perguntou enquanto ela se aproximava.

– Na medida - respondeu, tentando aparentar indiferença, mas seu irmão a conhecia bem demais:

– Nossa, que atitude é essa? Encontrou alguma fada madrinha na escola?

Alice sorriu, e olhou para seu irmão de forma divertida.

– Você questiona muito, Johnny – disse -, muito mal. Agora, nós podemos tomar um lanche? Eu quero comer alguma coisa.

– Agora está falando minha língua. Entra, tem um restaurante vegetariano aqui perto – disse, indo abrir a porta do motorista.

– Restaurante vegetariano? – ela perguntou.

– Você quer comida saudável, restaurantes vegetarianos fazem comida saudável – disse, ainda sem entrar no carro. - É, eu pesquisei na internet. Viu? Eu posso ser um irmão legal.

Alice sorriu.

– É - ela concordou. - Legalzinho.

Jonathan revirou os olhos de forma dramática, e depois riu. Eles entraram no carro e seguiram para a refeição que durou o resto da tarde.


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Notas finais do capítulo

Ta-raaaan! =D



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