Quédate con el Cambio escrita por ReBeec


Capítulo 28
Cap. 27 - Interrogamento Familiar


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente :)
Ainda viajando, o capítulo foi programado, não sei se eles mostrem isso.

Capítulo não totalmente revisado. Porque, sabe, eu estou escrevendo isso de um passado onde já são quase seis horas da manhã, sua querida autora vai viajar em oito horas e a mala dela ainda nem começou a ser feita. Claro que dormir essa noite não é uma opção. Mas ela é legal e quis deixar vocês com esse capítulo meigo. Se quiserem esperar eu revisar, eu devo estar de volta em... cinco dias, uma semana?
O futuro é incerto. Principalmente pra mim, que está escrevendo do passado.

Ok, chega de piadinha ruim. Aproveitem o capítulo :3

— "yo" = eu
— "ahora" = agora
— "quien és" = quem é



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Aquela segunda-feira havia sido bastante tranquila.

O céu estava nublado, e todos pareciam ter sido afetados por isso, diminuindo o volume e o tamanho de suas conversas, além de não terem resultado em nenhuma confusão.

Mas um comentário dito por Íris para Melody, que estava ao seu lado na Sala dos Representantes, alertou Nathaniel:

– Sábado foi o aniversário da Alice, sabia?

Minutos depois, Nathaniel tinha uma pontada de culpa por ter infringido as normas do colégio, buscando pelo endereço de Alice nas fichas escolares. Olhar dados privados dos alunos para assuntos pessoais era terminalmente proibido, mas ele não se conteve depois de que Alice não atendera o celular. E como também havia faltado aquele dia, Nathaniel, então, se viu cogitando visitá-la em sua própria casa para fazer uma surpresa; e assim foi feito.

Depois da aula, o representante segurava um papel em mãos enquanto caminhava pela calçada de uma das ruas residências de Everett. 506, pensava, olhando os números gravados nas casas. 506.

Ali!

A casa era branca, de dois andares, com uma pequena árvore no jardim.

Nathaniel andou até a porta, arrumou o cabelo e tocou a campainha. Um minuto depois, foi atendido.

Um homem, alto e bastante magro, apareceu. Tinha os cabelos castanhos claros e um par de óculos redondo no rosto. Ele o analisou com curiosidade.

– Boa tarde – disse. - Posso ajudar?

– Hum, sim – Nathaniel respondeu, inseguro. - Eu me chamo Nathaniel. Procuro pela Alice. Essa seria a casa dela, por acaso?

A compostura do homem mudou.

– Ah, então você que é o Nathaniel – disse, ergueu sua mão para frente, e eles se cumprimentaram. - Prazer, eu me chamo Jonathan, e sou o irmão mais velho, anormalmente forte e faixa preta em judô da Alice – sorriu; e o representante sentiu um calafrio subindo pelo seus braços. - Então, o que você faz na casa da minha irmãzinha?

– Jhonny, é algum amigo meu? - uma voz feminina soou dentro da casa.

– Não – Jonathan respondeu ao virar-se de costas. - Não sai daí, coelho! - E virou-se para Nathaniel, esperando.

– Eu... eu só... - mas outra figura apareceu na porta: um outro homem, perto dos cinquenta anos, com a cor da pele, os olhos e altura muito semelhantes aos de Jonathan, apenas um pouco mais robusto.

– Jonathan, quién es? - o homem perguntou, num sotaque latino.

– Ah, pai, esse é o Nathaniel. Ele veio aqui para falar com a Alice.

O homem encarou Nathaniel de cima a baixo, com as sobrancelhas erguidas. Depois, deu-lhe também um aperto de mão.

– Olá, prazer – as palavras em espanhol imediatamente sumiram. - Eu sou o Diego, o pai durão e temível de Alice, também experiente em armamentos militares. Aprendi tudo com meu próprio pai, que defendeu a Espanha sendo um fuzileiro na Segunda Guerra Mundial. Em que posso ajudar?

Nathaniel engoliu em seco.

– Eu, hum, poderia falar com Alice, por favor? - perguntou, preocupado.

– Pode, é claro – Diego respondeu. - Mas por que não damos uma conversinha antes? Certamente você está disponível, não é? Vamos, entre, entre.

Nathaniel não teve muita opção, senão passar pela abertura que Diego oferecera e entrar numa sala de estar simples, com um sofá num tom esverdeado em frente a uma televisão de tela plana. E, ao fundo, uma mesa de jantar, onde uma mulher loira, parecida com Alice, ocupava uma cadeira; e a própria Alice à frente da desconhecida.

Alice o viu entrando:

– Nathaniel! - exclamou, levantando-se e indo em sua direção.

– Nã-nã-não – Jonathan a impediu de se aproximar do convidado. - Continue a tomar chá com a tia. Eu, o nosso pai e Nathaniel estamos nos dando bem.

– Sente-se, Nathaniel – convidou Diego, apontando para o sofá.

Nathaniel seguiu o conselho. Em seguida, Jonathan e Diego sentaram-se em cada ponta, deixando o representante vulnerável, no meio, assumindo uma postura rígida.

– Então, há quanto tempo você e a minha menina se conhecem? - Diego perguntou casualmente, apontando para Alice, que se encontrava em pé, com um olhar alarmado.

Papa... - ela falou – isso é mesmo necessário?

– É – Jonathan e Diego responderam juntos, e Diego voltou a encará-lo:

– E então?

– Desde o primeiro dia de aula, senhor – Nathaniel disse, com os punhos se abrindo e fechando nervosamente no colo. - Eu a ajudei com a matrícula. Foi quando conversamos pela primeira vez.

– Ele é representante de turma – Alice insistiu. - Diga a eles, Nathaniel.

– Isso é verdade? - Jonathan questionou.

– É – Nathaniel respondeu. - É verdade.

– E o que faz um representante de turma?

– Bom, nós normalmente ajudamos a integrar os novos alunos, como também auxiliamos os professores ou coordenadores nas atividades propostas para nossas turmas. É muito bom, pois, além de contar como vantagem para a entrada numa boa universidade, também nos-

– Você já namorou, Nathaniel? - Diego o interrompeu, alisando o queixo.

– D-Desculpa, senhor?

Novia, digo... namorada, já teve?

Nathaniel olhou para Jonathan e para Diego, e se obrigou a responder:

– Sim, já... uma só.

– E por que terminaram? - Jonathan interrogou.

– Anh... Ela se mudou de cidade, e perdemos o contato.

– Quer dizer que você não correu atrás da garota? - Diego arrumou a postura; o som do telefone veio ao fundo, mas foi irrelevante no momento. - O senhor é sempre assim, Nathaniel? Esquecendo das garotas que foram boas para ti, as descartando como se não passassem de um objeto? Ou você... como posso dizer... valoriza as mulheres como deveriam ser valorizadas; principalmente aquelas que possuem um pai que sabe manusear uma arma de quarenta e cinco quilos?

Nathaniel arregalou os olhos.

– Bom, s-senhor, minha mãe sempre me disse-

Papa – Alice interveio. - É a vovó – disse, segurando o telefone sem fio na mão. - Ela gostaria de falar com você, e eu sugiro que você atenda prontamente porque o interurbano da Espanha é extremamente caro! Vamos, vamos, não temos que piorar a crise na União Europeia, certo? Atenda. Ahora! – e entregou-lhe o telefone.

Diego olhou o aparelho na mão, e suspirou.

Olhou para Nathaniel, e levantou o dedo indicador.

– Uma última pergunta então, rapaz – disse. - A que deveria ter sido a primeira.

– Sim? - Nathaniel murmurou. - Pode falar.

– Você está namorando com Alice?

A sala fez silêncio no segundo seguinte.

Nathaniel franziu o cenho, confuso, pensando que realmente não tinha resposta para aquilo.

Ele mirou Alice, do outro lado da sala, de braços cruzados, e percebeu que seus olhos azuis brilhavam numa expectativa enorme que só poderia ser por uma coisa: sua resposta. Só então que, notou, Alice também ansiava por saber o que ele diria, e além disso, ela tomou aquela pergunta mais para si do que seu pai ou irmão fizeram. E, de um jeito de outro, a reposta de Nathaniel mudaria o rumo de seu relacionamento.

Confiante e sem deixar os olhos da garota, respondeu:

– Sim – disse. - Sim, senhores. Nós estamos namorando.

Alice abriu um sorriso triunfante. Nathaniel sentiu seu sufoco valer a pena, vendo que, com certeza, ele dera a resposta certa.

Porém, virando-se para Diego, ele engoliu em seco novamente.

– Hum. Foi bom te conhecer, rapaz – Diego disse, e apertou a mão de Nathaniel mais uma vez. Depois, levantou-se, levando o telefone à orelha. - Madre?– murmurou, se afastando.

Nathaniel deixou-se suspirar de alívio.

– Jonathan... - Alice o chamou se aproximando. - Eu acredito que você prometera à tia Emily um retrato. Por que não começa agora?

– Ah, tenho certeza que a tia pode esperar.

– Tia...? - Alice olhou a mulher sentada à mesa, como pedindo desesperadamente por um apoio.

– Oh, sim – a mulher se pronunciou. - Quero dizer: não, melhor não esperar, Jonathan. Por que não começa agora?

– Tia Emily... - ele protestou.

– Vamos, eu vou dar no pé hoje à noite, mocinho!

Jonathan encarou Alice, derrotado.

Então, virou-se pra Nathaniel:

– Foi um prazer conhecê-lo, namorado da minha irmã – e deu-lhe um último aperto de mãos. Levantou-se e foi em direção à mesa, gesticulando ao conversar com a mulher.

Alice, enfim, deu dois passos até estar de frente a Nathaniel. E ergueu sua mão para frente; não para dar-lhe um cumprimento formal, mas apenas para segurar os dedos dele com os dela.

Ele aceitou o convite, abrindo um sorriso satisfeito, e levantou-se.

– Ei, hum... - ela abriu um sorriso tímido. - Você gostaria de ir subir e ir para o meu quarto? Não que eu esteja insinuando nada! Não, apenas que lá é mais silencioso, e poderíamos ficar sozinhos...

– Caso os namoradinhos subam, yo voy junto! - a voz de Diego veio de outro cômodo.

– E eu não vou impedir – Jonathan avisou inocentemente, apontando um lápis.

Alice olhou com desdém para o irmão.

– Minha família é um tanto protetora – disse, como se desculpasse.

Nathaniel sorriu, mostrando-lhe que não se importava com nada daquilo – na realidade, até acharia aquilo divertido, se ainda não estivesse tão nervoso.

– Está tudo bem – ele falou, e olhou seu relógio de pulso. - Eu também tenho que ir logo para casa. Prometi para minha mãe que chegaria cedo.

– Ah, é claro...

– E... - Nathaniel olhou para os lados. Continuaria a falar mas, sabendo que o irmão e até o pai de Alice ouviriam, mudou de estratégia: - Você poderia me acompanhar até lá fora?

Alice estranhou o pedido, mas o acarretou mesmo assim:

– É claro.

Os dois atravessaram a porta de entrada, chegando ao jardim da casa. Andaram de mãos dadas até perto da garagem, onde Nathaniel a fez parar, mas, antes que fizesse seu movimento, Alice ainda disse algo:

– Me desculpe pelo que aconteceu lá dentro – pediu. - Principalmente pela parte em que meu pai perguntou sobre se estamos namorando... - ela ficou um tanto cabisbaixa ao prosseguir: - entendo que foi muita pressão, e eu não levei nada daquilo a sério, então não precisa se preocupar com-

– Mas estamos namorando, não estamos?

Alice o olhou esperançosa, e depois desviou o olhar.

– Eu não sei – disse. - Estamos?

Nathaniel pensou em algo.

Ele aproximou-se dela, e sussurrou no seu ouvido:

– Alice Rodriguez – ele pronunciou, lentamente – você, então, apesar dos eventos recentes, aceitaria namorar comigo?

Nathaniel esperava a resposta “sim”, mas a que ganhou foi um pouco diferente.

Alice começou a rir, com a mão no ouvido.

– Fez cócegas! - ela disse, risonha. - Eu nem tinha ideia de que dava para sentir cócegas no ouvido.

– Hum... Alice... - Nathaniel murmurou.

Alice o encarou:

– Sim? Oh! - E abraçou-o. - Meu Deus, Nathaniel, é claro que eu aceito namorar com você! - afirmou. - É claro!

Ele a abraçou de volta, com força, e sussurrou em seu ouvido:

– E também: feliz aniversário.

Alice se afastou um pouco dele, afim de olhá-lo nos olhos:

– Você sabia? - ela perguntou, contente.

– Uhum.

Ela abriu o sorriso:

– Ah, então você não veio para cá só pra se constranger na frente do meu pai, e sim para me desejar “parabéns”!

– E para te entregar algo também.

– Um presente? - ela adivinhou, com os olhos brilhando.

Nathaniel afirmou com a cabeça.

Enquanto Alice abria um sorriso, Nathaniel se afastou para tirar algo da mala, e depois, a entregou:

Um quadrado embrulhado, com um laço em cima.

– Abra – ele pediu. - Eu quero ver sua reação.

– Tudo bem – Alice respondeu.

Ela desfez o laço da fita, e depois usou a unha para cortar uma parte do papel de presente. Quando terminou, viu o que era:

– Um... livro? - e o olhou, com os olhos azuis maiores que o normal. - Um livro!

– Você gostou? - perguntou Nathaniel.

Alice sorriu.

– Ahaaam – respondeu, longamente. - Mas... é claro que eu gostei...! E, olha isso – ela olhou a capa. - Agatha Christie! Puxa vida!

– É minha autora predileta – Nathaniel comentou. - Acho que você vai gostar.

– Ah... também acho. - Alice ainda olhou por mais um tempo a capa do livro. Depois, ela deixou deus ombros relaxarem e suspirou. Abraçou o livro contra o corpo, e sorriu; o sorriso parecia mais natural. - Obrigada – ela disse. - Pelo livro e por ter vindo me desejar parabéns. E até por ter enfrentado minha família ali dentro! - Os dois riram. - E me desculpe por você ter conhecido meu pai e meu irmão desse jeito. Estamos todos agitados hoje.

– Foi um prazer, Alice – disse Nathaniel. Mas a expressão dele mudou singelamente em seguida: - Ah, só uma coisa: - ele limpou a garganta – seu pai sabe mesmo manusear armas?

– Ah! - Alice riu alto, e passou a mão no rosto, como se lembrasse algo. - Meu Deus, não me diga que ele veio com aquele papo de que o pai dele havia sido piloto de caça.

– Na verdade, ele mencionou defender a Espanha como fuzileiro na Segunda Guerra...

– E você acreditou? - ela perguntou, ainda sorridente. – Nath, você é melhor em história do que eu, sabe que a Espanha era até neutra na Segunda Guerra! Eu nem acredito que meu pai ainda fala isso, meu Deus!

– E o seu irmão... também é faixa preta em judô?

– Ele disse isso? - ela ergueu as sobrancelhas, chocada. – Não, não se preocupe, ele não é. Não me diga que você acreditou em tudo isso, Nath!

– Acreditei! - disse ele, e os dois riram juntos novamente. - Sua família é divertida – ele ainda comentou.

Alice, então, assumiu um semblante mais chateado. Mas apenas deu de ombros e respondeu:

– Quando estão de bom humor, são a melhor coisa do meu dia.

Dois minutos depois, Nathaniel se afastava da casa, enquanto Alice permanecia em seu jardim, segurando o livro e acenando uma despedida.

Entrou em casa sob o olhar rigoroso do pai, mas não demorou muito para ele lhe dar um beijo na testa e comentar, orgulhoso:

Yo até curti o rapaz. E curti ainda mais o fato dele achar que eu sei usar um fuzil.

– É, papa... - Alice deu um tapa consolador no ombro dele. - Tenho certeza que você impôs um grande medo no Nathaniel – e foi subir até o quarto, onde depositou com carinho o livro em cima de sua escrivaninha.

Ela, realmente, tentaria lê-lo.


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Notas finais do capítulo

#RindoEternamenteDaSurpresaDaAliceComSeuAmadoLivroAgathaChristie

:D



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