Quédate con el Cambio escrita por ReBeec


Capítulo 29
Cap. 28 - Caminhada


Notas iniciais do capítulo

- eu sei que devia ter postado na segunda
não me batam não me batam não me batam ♥



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– Fala pro vovô e a vovó que eu mandei um beijo – pediu Alice, caminhando para fora de casa.

– Acho que eles conseguem esperar até o Natal – respondeu Diego. - Então você mesma dá um beijo neles.

– O Natal está longe...

No, chega logo. Você vai ver. - Diego aproximou-se da filha, com cuidado para não machucá-la com a mala que segurava na mão direita, e beijou sua testa. - Te espero por lá, ? Mas por agora, tem certeza que você não quer vir com a gente?

– Tenho, sim, pai. Eu não quero ver minha mãe... sabe... - Os olhos dela se voltaram para o chão, tentando esconder a tristeza e a vergonha. - Me desculpe.

Mas Diego entendia:

No se preocupe – ele falou, e ergueu o queixo de Alice para encará-la. – Tudo no seu tempo, hija. Tudo no seu tempo. - Alice assentiu positivamente, se sentindo um tanto mais aliviada. E, enquanto isso, o pai a encara firmemente nos olhos, e sorriu. – Sei que talvez você não goste de ouvir isso, mas, mesmo loira, ainda se parece muito com a sua mãe.

Alice abriu um sorrisinho.

– Ela é linda – falou -, então eu gostei de ouvir isso e aceitarei como um elogio.

– Ah, Díos Mío, Alice, é claro que era um elogio!

E a garota gargalhou.

– Vamos, pai? - Jonathan perguntou, com uma mala de estampa de oncinha na mão. - A gente vai perder o horário de visitas.

– Jonathan, quer tomar cuidado com a minha mala? - A tia o censurou. - Isso custou uma nota! - Jonathan mostrou a língua para ela, e Emily respondeu com uma careta.

Diego abraçou mais uma vez sua filha.

– E não esquece nosso lema - ele sussurrou para ela, com a cabeça encostada em seu ombro.

– Até o Natal, meu anjo.

Ela se despediu:

– Até lá, papa.

Diego levou sua mala até o porta-malas de Jonathan, com o próprio filho do lado, que levava a mala da tia.

Emily dirigiu-se até a sobrinha e a abraçou:

– Se cuida, dona Alice – falou.

– Você também, tia – respondeu Alice. - E...

– Cuido da sua mãe também – a tia completou, e abriu um sorriso tristonho. - Confia em mim, ninguém conhece melhor a santidade da Katty como eu.

Alice soltou uma risada.

Jonathan buzinou já de dentro do carro. Diego, no banco de carona, estava com a janela aberta, e Emily foi apressada até a porta do banco de trás.

Mas antes de entrar, a mulher a chamou:

– Alice! - A menina olhou para tia no momento em que Jonathan ligou o carro. - Se você precisar, e eu espero que você precise, eu encontrei camisinha nas coisas do Jonathan!

O quê?! - Jonathan olhou para o banco de trás, assim que a tia entrou pela porta, e ela ainda prosseguiu:

– Aproveita que você vai ficar sozinha em casa e chama o Nathaniel!

Como é?! - Diego quem exclamou, e fez menção de abrir a porta, mas Jonathan foi mais rápido e pisou no acelerador. O carro cantou pneu logo em seguida.

– Tchau, Alice! - Emily despediu-se pela janela, acenando felizarda para a sobrinha. - Usa a cama do seu irmão que é de casal!

Alice acenava em resposta, não conseguindo parar de rir.

[...]

No dia seguinte, ela ainda segurava o riso ao pensar nessa cena.

Chegou um pouco mais cedo na escola, usando um cardigã azul e calça jeans escura. No braço direito, tinha o livro que Nathaniel a dera, com um marcador na página 32.

A escola ainda estava vazia, com apenas alguns funcionários entrando.

Ao caminhar para as escadarias, ela sentiu seu braço ser segurado com delicadeza, e alguém a beijou nos lábios.

– Bom dia. - Era Nathaniel, que tinha os cabelos molhados e as bochechas num lindo tom de rosa.

– B-Bom d-d-iaa. - Alice respondeu, com os olhos arregalados. Isso foi lindo!– T-Tudo b-bem?

Nathaniel riu.

– Se eu soubesse que você ficaria fofa desse jeito com um selinho surpresa – ele falou -, teria feito isso antes.

– Então faça de agora em diante. - E ela cobriu sua boca no instante seguinte.

O que deu em mim?

E Nathaniel a olhou surpreso, mas em seguida, seu sorriso aumentou ainda mais.

– Como queira – ele disse.

Alice não soube de onde havia vindo aquela ousadia repentina.

Se eu tivesse seguido o conselho da minha tia ontem, ela pensou, ela teria aparecido?

Ah, meu Deus, Alice!

– Bom, é melhor entrarmos – ela sugeriu, antes que tivesse mais pensamentos do gênero.

– Tem razão – Nathaniel concordou, e segurou a mão dela, puxando-a na direção das escadarias.

Alice levou um susto.

Ela olhou para as suas mãos entrelaçadas, e depois para ele.

– Nathaniel... - o chamou. - O que está fazendo?

Ele até parecia estar esperando a pergunta:

– Estou segurando sua mão – respondeu.

– Mas... Nós... Não combinamos de nos manter em segredo?

– Sim, nós o fizemos – Nathaniel parou depois do último degrau, e a fitou. - Mas... estava pensando, já somos namorados agora, Alice. Não é um relacionamento superficial. Eu realmente gosto de você e... presumo que você sinta o mesmo.

– E sinto – ela sentiu a necessidade de afirmar. - É claro que sinto.

– Assim, qual é o problema de todos saberem disso agora? Não estamos fazendo nada de errado.

Eu... talvez esteja, ela pensou. Porque eu sou amiga de Melody.

E ela é apaixonada por você.

Mas Alice era apaixonada por Nathaniel, e Nathaniel também era apaixonada por ela.

Bem, ele nunca disse exatamente nessas palavras, mas...

Mas era verdade, concluiu, e fim de história.

Além do que, Alice tinha o direito de ser feliz com quem desejasse. Além disso, ela manteria o namoro com Nathaniel às escondias pelo resto da vida? Ela não era pessoa de fazer isso.

Não sou a Charlotte, arriscou-se pensar. Eu gosto do Nathaniel, e não tenho mais nenhum problema em assumir isso.

– É verdade – ela, finalmente, falou. - Nós não estamos fazendo nada de errado – e entrelaçou com mais força sua mão com a mão de Nathaniel, que sorriu de maneira encorajada. - A não ser que você considere um erro duas pessoas estarem juntas porque gostam uma da outra.

– Não considero – ele respondeu, contente. - E não acho que alguém consideraria.

Espero que esteja certo, Alice pensou, e caminhou até atravessar o portão, acompanhada pelo namorado.

[...]

O problema era que, não, Nathaniel não estava certo. Isso ficaria bastante claro no horário de almoço.

Mas antes disso, as primeiras aulas de Alice foram ótimas.

Aparentemente, no dia anterior, Rosalya espalhara para a escola inteira que sábado havia sido seu aniversário. E como Alice havia faltado na segunda-feira – depois de insistências de seu pai, tia e irmão para fazê-lo -, as pessoas mais próximas tiveram tempo para comprar presentes.

Rosalya disse que o vestido que dera para Alice na sexta-feira já havia sido um presente de aniversário – e Alice aceitou de bom grado, considerando que a própria Rosa pediu desculpas por não ter ligado para ela no sábado, dizendo que só vira que era aniversário dela no Facebook perto da meia-noite, e não quis acordá-la -, mas Violette, Íris e até Kim deram uma lembrança para ela.

E no intervalo do terceiro período, Melody veio, cortando seu coração:

– Meus parabéns – disse, dando para ela um pacote embrulhado.

– Meu Deus, mas eu nem te dei presente de aniversário – falou Alice, que só percebera o terrível deslize naquele momento.

– Que isso, Alice – Melody a consolou. - Depois daquela festa do pijama, você merece um presente muito mais do que eu. Você e a Íris, mas o aniversário dela ainda vai demorar um pouco.

Alice se sentia a pior pessoa que já havia existido.

Eu deveria aproveitar e contar para ela..., cogitou. Sobre eu e Nathaniel...

– Obrigada, Melody – disse. - E... escute, talvez tenha algo que...

– O que você deu? - chegou Íris, pulando de forma animada. - Você deu o que eu disse pra você dar? Anh? Anh?

Melody sorriu:

– Dei – respondeu.

– Ai, que legal! Alice – se virou para ela. - Você vai esse adorar CD! Tipo, a vocalista da banda... lembra de quando eu falei da ex-namorada do Cast-

– Íris – Melody interveio. - Ela não abriu ainda!

Íris olhou para Alice:

– Ah, merda. Foi mal.

Alice sorriu.

– Não tem problema – disse Alice. - Pode parecer esquisito, no entanto eu não sou muito fã de presentes surpresas. - Desde que Nathaniel me dera um livro... Quero dizer, foi lindo ele ter feito isso, e o livro é intrigante, mas eu esperaria algo como... um colar?

E agora, Alice, você é oficialmente a pessoa mais ingrata do planeta.

– Porém, quem não gosta de música? – ela concluiu. - Então está tudo bem.

Íris suspirou de alívio.

– Bom ouvir isso – ela disse, e puxou o braço de Melody. - Mas, se não se importa, aniversariante, a dona Melody vai me ensinar álgebra antes da prova começar.

– Eu vou? - ela perguntou, confusa. - Mas a prova vai começar em dois minutos.

– Ou é isso, ou você me ajuda depois, na recuperação.

Melody arregalou os olhos, e Alice riu.

– Até depois, Alice.

– Até – ela respondeu, com um aceno, vendo Melody sendo arrastada por Íris, com os olhos alarmados.

Até aquele momento, estava tudo correndo bem.

[...]

Quando o sinal seguinte soou, Alice foi a primeira a retirar-se da sala.

“Você pode me encontrar na Sala dos Representantes no almoço?” era a mensagem que recebera de Nathaniel. Ela já em seguida enviou outra respondendo que “É claro!”, indo ao seu encontro quanto antes.

Ele estava na porta quando ela chegou:

– Você deixou isso no laboratório – ele falou, e entregou a ela o livro da Ágatha Christie.

Ela realmente esquecera-se do livro acidentalmente; embora pudesse supor que uma parte de seu cérebro fizera aquilo de propósito.

– Puxa, obrigada! - ela agradeceu, e segurou o livro no mesmo braço de antes.

– Por nada – ele respondeu. - Entregaram diretamente para os “Achados e Perdidos”, mas, como eu sabia que era seu, vim te devolver prontamente. Sabia que você não pregaria os olhos essa noite senão o terminasse.

Terminar o livro? Essa noite?

Faltam duzentas páginas!

– Obrigada novamente – repetiu. - Vou tomar mais cuidado.

Nathaniel olhou o relógio de pulso e depois para o corredor, que estava ficando vazio.

– Você quer buscar o almoço comigo? - ele perguntou. - Eu vou ter que voltar para a sala depois, mas adoraria sua companhia até lá.

Como ela poderia negar quando Nathaniel falava com ela daquele jeito?

– Sim. Vamos – ela respondeu. E, depois, os dois entrelaçaram as mãos ao mesmo tempo, rindo em seguida.

Nathaniel e Alice caminharam normalmente até o refeitório.

Ambos sabiam que aquela seria a prova de fogo – por mais dramático que isso parecesse. Eles andariam um ao lado do outro, de mãos dadas, claramente como um casal. Sem anúncios ou avisos prévios aos amigos, apenas... se mostrarem, e só. E a verdade era que Alice estava nervosa, e percebia que, embora estivesse escondendo, Nathaniel também se sentia um pouco dessa forma.

Ele era representante de turma, afinal. Um exemplo de responsabilidade na escola. Até surpreendia Alice que o namorado estivesse tão ansioso em mostrar seu relacionamento para os outros; mas, claro, ela não deixava de ficar feliz.

De qualquer forma, ela estava disposta a fazer aquilo. Ela queria fazer aquilo, e não desistiria àquela altura.

Quando eles abriram a porta do refeitório, e entraram, Alice sentiu as conversas diminuindo gradativamente ao seu redor.

Nathaniel a levou para a fila da cantina, enquanto continuavam – ou tentavam continuar – a conversa sobre notas e o rigor de seus respectivos professores que tiveram pelo caminho.

Eles olharam apenas um para o outro durante todo o percurso. Murmúrios à sua volta como “Esses dois? Juntos?” e “Eita, porra!” foram ouvidos, e apesar dos ouvidos de Alice tentassem convencê-la de que o barulho era bem maior do que de fato parecia, ela conseguiu ignorá-los.

O único comentário que realmente os incomodou foi da cozinheira ao perguntar:

– O que os pombinhos vão querer?

Alice quase saiu correndo, mas Nathaniel apertou sua mão com mais força, mostrando que estava tudo bem.

– Um sanduíche de frango – ela pediu.

– Dois, por favor – completou Nathaniel.

E, em seguida, eles pegaram os pedidos.

Ao virar-se para sair do refeitório, Alice pensara que o pior já havia passado. Para variar, se enganou.

Três garotos assoviaram e bateram palmas para Nathaniel quando passaram.

Alice escutou um menino dizer:

– Depois daquele seu poema, né, Thomas, você não podia esperar que ela não saísse correndo de você.

E uma menina:

– A Ambre sabe disso?

E, no final, Alice não resistiu a procurar uma mesa específica: a mesa em que ela sempre sentava com as amigas. Criou coragem, virou o rosto, e as achou.

Estavam todas lá. Com as expressões diferentes.

Violette tinha os pequenos olhos singelamente arregalados, mas voltou a olhar seu almoço quando Alice a fitou.

Íris tinha o rosto ainda mais surpreso, mas não havia nada de negativo ali. Era apenas como se ela tivesse visto Alice usando um par de coturnos ou com uma maquiagem preta: totalmente inesperado, mas não necessariamente ruim.

Já Kim tinha uma única sobrancelha erguida, e os braços cruzados. Ela não parecia realmente surpresa. Foi quando Alice notou que, ela nunca havia gostado muito de Kim, e o sentimento parecia ser recíproco. Elas nunca foram as favoritas umas das outras, no final das contas.

Por último, Melody.

Ela estava com os ombros caídos, e não tinha nenhum semblante de surpresa, ou choque. Na realidade, sua boca estava um pouco aberta, mas seus olhos inexpressivos.

É assim, Alice entendeu, é assim que uma esposa se mostra ao descobrir sobre a traição de um marido.

Ingenuamente, Alice pensara que Melody entenderia, e até ficaria feliz por Alice e Nathaniel. Mas ela se sente traída, Alice percebeu no mesmo instante, e ela não precisava ter passado pela mesma coisa para saber que traição não era algo fácil de perdoar.

Alice virou seu rosto de volta. Ela não apenas oficializou um relacionamento com o menino que Melody era apaixonada, como também havia exposto isso para todos, mesmo depois de ter dormido na casa de Melody, aceitado um presente da Melody e ter sido amiga de Melody.

O que eu estou fazendo?, Alice se perguntou.

Aquela pequena ação – aquela caminhada de mãos dadas com Nathaniel em meio ao refeitório – devia ter acabado com toda a confiança que Melody criara em Alice. E, Alice se perguntou, teria acabado também com a confiança de suas outras amigas?

E se Nathaniel soubesse... a confiança dele continuaria intacta?

Por fim, eles atravessaram a porta do refeitório, com a cabeça de Alice incendiando-se em pensamentos desgastantes. Ela teve certeza de que ouviria um xingamento final ao sair do lugar.

Mas acabou ouvindo algo pior:

– Viu? Foi difícil? - Nathaniel perguntou, mais relaxado.

– Não – ela respondeu. Mas foi estúpido.


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Notas finais do capítulo

Porque não importa se no jogo a docete deu o CD pra Melody no aniversário dela.
Eu altero tudo porque é divertido :)



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