Quédate con el Cambio escrita por ReBeec


Capítulo 25
Cap. 24 - Inalcançável


Notas iniciais do capítulo

Oi :3



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– Então, tipo, sei lá... Só porque eles se conheciam quando eram crianças, não quer dizer que eles tiveram alguma coisa depois.

– Espero que não. Não seria justo a Ambre pegar o outro único cara que eu já curti nessa escola, né?

Alice olhou de relance as meninas que conversavam encostadas no armário.

As duas tinham o jornal na mão; não eram as únicas.

– É meio bizarro – também ouviu um rapaz comentar. - Eu sempre associei o Castiel a um serial killer, e nessa foto ele parece até um dos duendes do Papai Noel.

Ao caminhar no corredor da escola, durante o intervalo, a garota viu e ouviu a grande maioria dos alunos comentando sobre a última notícia “bombástica” do jornal que havia acabado de ser entregue: Castiel e Ambre.

Logo depois de entregá-la as fotos de Nathaniel, como combinado, Alice fez Peggy garantir seu anonimato. E Peggy cumprira a promessa, dando a oportunidade de Alice ter uma sensação diferente das que conhecia ao caminhar por entre os jovens agitados de sua escola.

Ela não só se sentia vingada pelo tapa de Ambre – e a vermelhidão muito bem escondida pela maquiagem que fizera mais cedo, antes de vir para a escola, a lembrava disso -, como se sentia até... inalcançável, manipulando seus colegas a pensarem o que Alice determinava sobre alguém – no caso, Ambre – sem sofrer as consequências disso, ainda podendo manter uma boa imagem de si mesma.

E era impossível não gostar dessa sensação.

Os comentários à sua volta eram os mais diversos, como: diferença deles pequenos para hoje, e a possibilidade ou não se eles já haviam tido alguma coisa em escondido.

Claro que a teoria fez Alice rir. Castiel namorando a Ambre seria mais bizarro do que a própria Alice namorando o Castiel.

A notícia não estava na primeira página, estava em outra seção que parecia ser reservada para a vida corriqueira dos alunos, ou algo do gênero - Peggy até havia explicado -, porém a manchete teve destaque como se fosse considerada a mais importante do jornal.

– Ei, e aí?

Alice olhou para o lado quando Rosalya a cumprimentou.

– Olá, Rosa – disse. - Já viu o jornal de hoje?

– Ah, aquela baboseira com o negócio da Ambre? - Isso a surpreendeu. Rosalya parecia ser o tipo de garota que se interessaria por esse tipo de coisa. - Enfim, eu vi. Grande coisa, não sei porque todo mundo tá comentando isso. Tem coisas da Ambre bem pior que já vimos por aqui.

Me pergunto quais..., Alice pensou, por um instante. Alias, aonde será que está Ambre?

– Mas, então – Rosalya retomou -, abriu essa nova butique no centro, e como eles estão começando os negócios agora, as roupas já entraram em promoção. Quer ir hoje à tarde? É sexta-feira, então deve ser tranquilo para ir e voltarmos.

– Ah... Por que não? Parece-me uma boa ideia.

– Ótimo! - Rosalya abriu um sorriso. - Você está de carro?

– Eu? - Alice quase levou um susto. - Não. Eu nem ao menos sei dirigir.

– Não? Você não tem uns dezoito, já, Alice?

– Ainda não – respondeu. - Mas eu vou fazer em breve. - Muito em breve!, ela se alarmou. Nossa, nem vi como a data já estava próxima.

– Ah, mas tudo bem – disse Rosa. - Eu estou de carro, eu levo a gente. Me encontra na saída depois da aula. Você tem que passar em casa pra pegar alguma coisa?

– Não precisa. Eu tenho meu cartão aqui.

– Uh, perfeito! - Rosalya, então, deu um aceno. – Vou pra aula. Até daqui a pouco!

Alice respondeu ao aceno ao se despedir.

Rosalya parecia ser uma garota legal. Ou, pelo menos, tinha um bom gosto para roupas e um grande senso de humor, então era provável que elas realmente fossem se divertir depois da aula.

Sabendo que o sinal do fim do intervalo já estava para tocar, Alice continuou seu percurso lentamente até sua sala de aula.

No caminho, ela percebeu que andava mais leve e até mais confiante de si. As coisas estavam andando tão certo na última semana que era como se nem um tornado pudesse desequilibrar novamente sua vida.

Atravessando o corredor até outra porta, um par de vozes totalmente diferentes chamou sua atenção.

Hum... não vai fazer mal nenhum saber quem está cochichando nesse volume...

E naquele instante, ela percebeu que disse algo semelhante a que a Peggy diria.

Alice encostou-se numa parede para olhar dentro de um corredor. À distância, viu duas amigas de Ambre. Uma com traços orientais, que tinha um olhar preocupado, e a outra com rabo-de-cavalo e piercings na sobrancelha.

E, encostada na parede, era a própria Ambre.

Ela... está chorando?

– Eu vou falar com o Lysandre – a garota de rabo-de-cavalo avisou. - Vou pedir para que ele fale com o Castiel. Isso tudo já está ultrapassando o ridículo.

A garota de traço oriental a olhou:

– Você consegue, Charlotte?

Charlotte?

Uma lembrança da festa do pijama de Melody fez Alice lembrar de Bia, quando ela murmurou “Charlotte estúpida”, depois de ter sido rejeitado pelo Lysandre no telefone. E a voz da mesma era parecida com a da garota que, semanas antes, ouvira conversando com Lysandre no teatro, quando ela fora levar a folha de ausência e conversou com ele pela primeira vez.

Quando a dita Charlotte pronunciou sua seguinte frase, num tom malicioso na voz, não restou dúvida:

– Lysandre diz “sim” pra muita coisa quando estamos na estufa do clube de jardinagem.

Ah, meu Deus!, Alice pensou. E ela não conseguiu segurar a curiosidade em entender o que estava acontecendo. Sabia que era extremamente errado e mal-educado ouvir a conversa alheia, mas elas estavam num corredor no colégio. Era como se pedissem para serem ouvidas!

– Ouviu, Ambre? - a garota oriental perguntou. - A Charlotte fala com o Lysandre, que fala com o Castiel, e então o Castiel vai ver que você não teve nada a ver com esse negócio do jornal.

– Li, você é idiota? - Ambre tirou a mão do rosto de forma agressiva, e Alice pôde ver o rímel dela borrado, escorrendo pelas bochechas. - Você devia ter visto hoje, como ele me parou no almoço. Ele estava tão bravo! O Castiel já me odeia, nada vai convencê-lo de que eu não fiz isso...

– Ele não te odeia, Ambre – Charlotte a consolou. - Ele só não gosta mais de ninguém desde que a merda da Deborah foi embora.

Quem?

– Que bosta. - Ambre colocou a mão na testa. Mas, repentinamente, arregalou os olhos e estralou os dedos. - Espere, eu tenho uma ideia.

– Fala – disse Charlotte.

– Puta merda, que coisa simples. Por que eu não penso logo nessas coisas? – Ambre se perguntou. - Eu faço a própria Peggy dizer para o Castiel que foi ela quem achou a foto e a colocou no jornal.

– Ah, é? - Li duvidou. - E como você faria isso?

– Você pode trocar por uma notícia – sugeriu Charlotte. - É o que todo mundo faz quando não quer que a Peggy publique algo.

Ela fez isso com mais pessoas?, Alice se perguntou.

– Você tem alguma coisa decente - Charlotte retomou – que ela vá aceitar?

Ambre cruzou os braços, e pensou por um minuto. Quando se lembrou de algo, disse:

– Tenho. Uma... ah, sabe aquela festinha escrota do pijama da Melody que a Beatriz foi?

Ela sabe dessa festa?

Alice recebia uma nova informação a cada minuto, era impressionante.

– Então – Ambre prosseguiu, limpando um pouco do rímel borrado com os dedos. - Parece que, no meio da noite, a Violette fez um desenho da Íris transando com o Dajan, sei lá. A Bia conseguiu pegar o desenho, está com ela agora. Sei lá, acho que dá pra usar. Estamos falando da Peggy, ela meio que aceita qualquer coisa no desespero.

Não!

Não, não, não!

– Calma, a Íris e o Dajan estão se pegando? - Li confundiu-se.

– Pelo jeito, sim, mas... - Charlotte ponderou. - Eu não acho que a Peggy vá aceitar um desenho, estando ou não no desespero.

– O desenho tem a assinatura da Violette – Ambre respondeu. - E a Violette é “amiguinha” da Íris. Deve ser o bastante pra conseguir um favor da Peggy.

– Não!

E foi quando Alice notou que havia dito “não” em voz alta.

Charlotte, Li e Ambre olharam em sua direção.

– Você? - Ambre perguntou, agressiva. Deu dois passos em direção à Alice. - Que merda você está fazendo aqui?

– Calma, Ambre – pediu Charlotte.

– Ambre... - Alice se aproximou, receosa.

– O que você ouviu? - Ambre perguntou, indo em sua direção.

– Bastante coisa. - Alice decidiu ser sincera. Era a melhor decisão àquela altura. - Inclusive a parte em que você vai prejudicar a Íris por nada.

– Eu não vou-

– Fui eu, okay? - Alice admitiu.

Ambre parou por um instante.

Alice sentiu toda a sensação de inalcançável, manipuladora e informante anônima se desvairando no ar. Durou pouco tempo...

E um segundo depois, uma sobrancelha de Ambre se ergueu.

– Você.O.Quê? – perguntou pausadamente, provavelmente já prevendo a resposta.

– A foto no jornal, de você com o Castiel quando crianças. Eu achei e eu tive que colocar. Foi culpa minha. Por favor, não prejudique a Íri-

– O quê?! - E Ambre provavelmente daria outro tapa em Alice, se não fosse por Charlotte, que a segurou firmemente pelos pulsos. - Sua puta! O que você estava pensando?

– Eu...

– Sua vaca! Eu vou enfiar uma estaca no seu-

– Ambre! - Charlotte censurou.

– Ambre, deixe-me explicar – Alice pediu.

– Explicar?! Como você-

– Foi pelo Nathaniel, eu juro! Fiz isso por ele!

– Do que você-

– Ambre, espera! - Charlotte pediu, com a voz tão alta que fez todas se calarem. - Deixa ela falar, que saco. Depois eu te solto e você dá a surra nela.

O quê?!

Ambre olhou para Li, e depois para Alice. Conseguiu soltar seus próprios braço de Charlotte e fez um sinal com a cabeça:

– Trinta segundos – disse. - Trinta. Começa.

Alice olhou para os lados, confusa.

– É-

– Vinte e sete – Ambre avisou.

– Tudo bem, tudo bem. É... - Alice engoliu em seco, e continuou: - Certo. Depois da notícia sobre os representantes terem notas alteradas ter sido publicada, há duas semanas, eu fui falar com a Peggy sobre isso, e eu descobri que ela publicaria outra notícia sobre o Nathaniel, exclusivamente sobre ele com você. Também era uma foto de vocês dois ainda na infância, porém aquela foto iria denegrir a imagem do Nathaniel perante a escola e... eu não pude deixar isso acontecer com o Nathaniel. Você sabe que eu não poderia fazer isso, Ambre! E então eu fiz um acordo com a Peggy de que, se eu desse uma manchete sobre o Castiel, ela não publicaria mais essa notícia do Nathaniel. Me desculpe se você acabou no meio dessa história, eu juro que não foi com intenção...

… não no começo.

Ambre a olhou, com os punhos ainda fechados, e as sobrancelhas erguidas.

Alice sentia a urgência de uma resposta. Não só para saber a opinião de Ambre, mas para saber que ela mesma não tinha feito algo tão ruim assim.

E Ambre duvidou:

– Você está falando sério?

– É claro que estou! - Alice respondeu, alarmada.

Ambre soltou o ar.

– Bom, você ganhou o direito de não levar um soco – ela disse. Alice não soube se era algo bom ou ruim. - Mas eu só digo isso porque não tem um infeliz nessa escola que não saiba como a Peggy é. - Charlotte e Li respiraram fundo, e Ambre cruzou os braços. - Mas... agora que a merda está feita – falou, e aproximou-se de Alice, dando-lhe uma pontada de medo -, que tal... fazermos um acordo? Hum? Eu e você?

– A-Acordo? - Alice perguntou.

– Aham. É simples, porque, com você, as coisas não podem ser muito complicadas, não é? Então, é só você falar pro Castiel que é a você a culpada da notícia no jornal, e eu não digo pro Nathaniel que você é.

Alice soltou um ar de surpresa.

Droga!, pensou.

Se alguma pessoa já havia achado Ambre burra, teria que rever seus conceitos.

Mas a própria Ambre teria que rever seus conceitos, se ela achava que Alice se submeteria a isso:

– Não – Alice respondeu.

Ambre ergueu uma sobrancelha.

– Não? - Ambre repetiu. - Foi o que eu ouvi?

– Foi – disse Alice, determinada. - Eu recusei o seu acordo. E sabe por quê? - Porque eu não vou afetar meu relacionamento com Nathaniel depois de ter me arriscado para ajudá-lo! – Porque eu estou cansada dessa sua mania de perseguição, Ambre, em achar que tudo o que eu faço é com intenção de te prejudicar, mesmo que eu tenha acabado de explicar que eu te coloquei nisso acidentalmente – ou quase. - A notícia no jornal? Eu fiz pelo Nathaniel. O beijo que eu e o Nathaniel demos, adivinha? Foi ele quem puxou a minha cintura e me beijou. E além de você ter me dado um tapa no rosto – Alice apontou para a própria bochecha – por nada, você ainda quer me chantagear? Não, eu não vou deixar.

– Ótimo – Ambre retrucou. - Tenho certeza de que Nathaniel vai ficar bastante impressionado em ver o quão correta você é em ter feito essa merda com a minha foto no jornal.

– Hum. Pois bem, então eu acho que Nathaniel também vai ficar muito impressionado em ver a marca que você fez na minha bochecha.

Ambre cruzou os braços:

– Você não tem provas, pelo que eu vejo.

– Eu tenho o machucado - Alice afirmou, convicta - e, o mais importante, uma boa reputação com Nathaniel, coisa que aparentemente você não tem. Roubar o gabarito das provas, foi isso que eu ouvi? Bem, em quem você pensa que Nathaniel vai acreditar?

Ambre pareceu engasgar quando Alice terminou.

E, depois, o pior aconteceu: os olhos dela ficaram úmidos novamente.

Ela tem que estar fingindo o choro, Alice pensou. Tem que estar.

– Você quer colocar o meu próprio irmão contra mim?! - ela perguntou. A voz estava trêmula. – Tudo bem! Vai, então! Já destruiu a minha imagem com o Castiel, o que seria o Nathaniel depois disso, não é?

– Ambre... - Li se aproximou, com a mão erguida para encostar no ombro dela, mas Ambre se afastou.

– Mas, - Ambre continuou, olhando para Alice – não pense que a sua atitude não vai ter volta, sua vaca. Você não me conhece de verdade. Então fica aí, achando que tem todo esse poder que acha que tem, que eu vou dar um jeito de te mostrar o quão deplorável você é. - E Ambre girou seu corpo, apressou seus passos e caminhou para fora do corredor, desaparecendo no instante seguinte.

Li foi logo atrás, sem perder tempo.

Quando Alice olhou para Charlotte, esta a encarava, com os olhos verdes apertados e a sobrancelhas num “V”. E logo em seguia, sem dizer uma palavra, ela quebrou o contato visual e fez o mesmo caminho que as duas amigas, desaparecendo da vista de Alice.


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Notas finais do capítulo

TR3T4S
Alice tá apimentada, pensando o quê, filho
hahahahaha :)



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