Quédate con el Cambio escrita por ReBeec


Capítulo 18
Cap. 17 - "Eu ouvi falar muito de você."


Notas iniciais do capítulo

(Eu sei que, no jogo, a Íris não aparece na festa do pijama, mas já mudei tanta coisa mesmo, né?)



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A semana se passou rapidamente.

Depois da tarde com Nathaniel, Alice voltara para casa e ocupara o resto do seu tempo com tarefas e programas na televisão - desenhos animados dessa vez. Ela percebeu que suas tardes estavam tão caóticas que começou a pensar seriamente em entrar numa das atividades extracurriculares no colégio. Sabia que havia clube de drama, clube de artes, os times de basquete e vólei e até jardinagem; algum podia ser interessante.

Fora isso, ela visitara Nathaniel na Sala dos Representantes na quarta e na quinta-feira, depois da aula – além de também se esbarrarem no corredor e durante os períodos, mas não haviam avançado na relação – ou seja, se beijado. Apenas flertavam com o outro, rindo de piadas internas enquanto seguravam mãos. E Alice estava adorando aquilo, sendo uma adolescente um pouco despretensiosa, apenas se divertindo.

Por sorte, Nathaniel parecia ter levado mesmo a sério seu pedido de “manter as coisas em segredo”, o que era muito bom. Eles eram discretos, e não vira ninguém com suspeitas em cima deles. O maior medo de Alice era que Melody descobrisse, e, não tendo certeza dos sentimentos de Melody por Nathaniel, era melhor esconder, principalmente com a festa do pijama que chegava.

Também, Íris surpreendeu Alice com a eficácia em organizar a festa. Era um pequeno evento, mas ela encontrou detalhes que passariam desapercebidos à Alice: convidadas, comida, e a presença dos pais da Melody – sendo que até fez Melody convencê-los de saírem para jantar, mesmo que eles tivessem o direito de ligar para a casa quando quisesse.

Íris dissera que sua família trabalhava com pequenas empresas, então, mesmo que achasse essa área bastante chata, era claro que ela acabara aprendendo alguma coisa.

Chegou a sexta-feira.

Alice saiu da escola indo direto para casa. Havia combinado de que Íris a buscaria para que fossem juntas até a casa de Melody, dando-lhe tempo para arrumar a mala.

Atravessando a porta, teve uma surpresa: o irmão estava lá.

Jonathan passara a maior parte de suas tardes daquela semana em Seattle. Alice não sabia se ele fazia aquilo por imaturidade, tentando ficar longe dela, ou se ele realmente tinha muitos compromissos na grande cidade. Ela não podia desconsiderar a última opção; além das idas ao hospital, Jonathan ficara encarregado de cuidar do apartamento da família. O lugar estava vazio, e era bom dar uma “checada” de vez em quando para ter certeza de que eles não foram roubados ou coisa parecida.

Ao vê-lo na sala de estar, Alice limpou a garganta para avisar rapidamente:

– Vou dormir na casa de uma amiga hoje. - E subiu as escadas em direção ao quarto.

Ela pegou uma mala pequena e abriu em cima de sua cama, procurando o pijama e materiais de higiene para guardá-los.

Em sequência, Jonathan entrou no quarto, em passos cuidadosos. Ele sentou-se na cadeira que ficava em frente a sua escrivaninha, com um bloco e caneta em mãos, e disse:

– Vai dormir na casa de quem?

Alice o olhou, sem deixar de arrumar as coisas.

Ela percebeu que o irmão não mostrava raiva ou impaciência. Na realidade, havia até um vestígio de preocupação ali.

– Melody – Alice respondeu. - É uma colega do colégio.

– Eu preciso do número dela, e o endereço da casa.

Alice cruzou os braços.

– Sério? - perguntou.

– Alice, é para o caso aconteça de acontecer alguma coisa com você.

– Estamos em Everett! - exclamou. - O que poderia acontecer comigo aqui?

Jonathan suspirou, depois depositou o bloco em cima da mesa.

– Apenas faça isso, Alice – ele pediu. - Por favor.

Alice pegou o celular e escreveu uma mensagem para Melody.

– Eu não tenho o endereço – ela avisou ao irmão enquanto teclava -, mas mandei mensagem para a anfitriã e ela me passará.

– Como você vai se não tinha o endereço?

– De carona. - Ela procurou sua escova de cabelo numa gaveta e colocou na mala.

– Com quem?

– Ah, Jonathan! - ela o encarou. Nem soube o motivo, mas havia repentinamente se irritado. - Você é meu irmão ou meu pai? Que comportamento é esse?

– Alice, é pela sua segurança!

– Okay, okay. Íris, o nome da minha amiga. Ela também é uma colega da escola. Pode anotar o número dela, se quiser. - Entregou-lhe seu celular, já aberto na lista de chamadas.

Jonathan passou a intercalar os olhos entre o celular e o rabisco que fazia na folha.

Segundos depois, comentou:

– Esse número desconhecido... quem está te ligando tanto?

– É o Kentin.

Jonathan a encarou:

– Mesmo?

– Eu pareço estar mentindo?

Ele não respondeu.

Quando Alice prestou um pouco mais de atenção em Jonathan, até parecia que ele havia anotado mais um número no papel.

[...]

Minutos depois, ela já havia recebido a mensagem resposta de Melody e passara os dados para o irmão, junto com uma despedida rápida e de mau-grado, e estava esperando do lado de fora da sua casa, com a malinha na mão.

Uma caminhonete preta desacelerou ao chegar em seu quarteirão, e parou em frente à sua casa.

Ela estranhou que Íris pudesse dirigir uma caminhonete, mas, quando a amiga saiu, foi pelo banco de carona, não no de motorista.

– E aí? – ela disse, e pegou a mala da mão de Alice.

– Oi. Ah, obrigada.

– Então, teve um problema... – ela avisou.

– Qual?

– A Kim teve um compromisso de última hora e não vai poder ir. - Previsível, pensou Alice. - E como ela estava encarregada de comprar nossos mantimentos, nós duas temos que passar num mercadinho. Vai ser rápido, tá bom? Eu prometo.

– Tudo bem, Íris.

Íris sorriu mais uma vez e abriu a porta de trás de Alice:

– Entra aí.

Quando Alice se sentou no banco, e ela mesma fechou a porta, viu o motorista. Um homem de cabelos escuros e brincos visíveis na orelha.

– Ah, esse é meu irmão – avisou Íris ao entrar no banco de carona. - Alice, Viktor. Viktor, Alice.

– Como vai? - ele perguntou ao virar a chave e ligar o motor, com a voz grave provocando um eco no ar.

Ele não parecia ser muito mais velho do que as meninas, mas o cabelo bem escuro e os ombros largos cobertos por um blazer informal davam essa impressão.

– Vou bem – respondeu Alice, um tanto sem jeito. - E você?

– Bem também, obrigado. Íris, em qual mercado vamos? - ele perguntou á irmã logo que o carro começou a andar.

– Vamos naquele perto do parque, que tem um playground do lado.

– Íris, você não vai no escorregador.

– Se eu quiser, eu vou. Se eu não quiser, eu não vou.

– Por favor, Íris...

– Ei, se você tivesse me deixado usar seu carro, não estaríamos passando por isso.

– Eu levaria você à Venezuela se fosse preciso, mas nunca te deixaria atrás do meu volante.

Íris suspirou, e se encostou totalmente no banco.

A viagem até o mercado durou menos de dez minutos.

Viktor permaneceu no veículo enquanto Alice e Íris entraram, comprando biscoitos, refrigerante e ruffles. Ainda houve um momento em que Alice insistiu que levassem algumas frutas, alegando que “preferiria não comer coisas industrializadas a noite toda”, e acabou por convencer Íris. As duas foram em direção ao caixa em seguida.

Depois de comprarem, voltaram ao carro de Viktor, que dirigiu silenciosamente até a casa de Melody.

As duas ainda comentaram sobre assuntos da escola, mas Alice ainda se sentia um tanto tímida na presença do irmão da amiga.

Eles chegaram. As meninas se despediram do rapaz e foram até a portaria do prédio, dizendo seus nomes e em que apartamento iriam. Abriram o portão e caminharam até o elevador, onde chegaram ao apartamento de Melody. Apertaram a campainha, e a própria atendeu:

– Vocês chegaram! - Melody cumprimentou as duas meninas com beijo nas bochechas. Em seguida, pegou os sacos de supermercado na mão da Alice: - O que aconteceu? A Kim passou essa tarefa pra vocês? - perguntou divertida, e quando tentou também segurar os sacos de Íris, esta os puxou para si:

– Minha comida! - brincou.

Melody não percebeu a brincadeira em imediato, mas quando Alice riu, ela relaxou.

– Eu levo até a cozinha com você – ofereceu-se Íris.

– Hum, okay – Melody concordou, e virou-se para a outra: - Ah, Alice, você quer ir indo na frente? É a última porta á direita. As meninas estão lá já.

– Hum, tudo bem – confirmou.

Enquanto as duas outras garotas entraram numa porta á esquerda, Alice fez como sugerido e seguiu o corredor. Andou até a última porta - a única encostada. A abriu e a atravessou.

Ela não esperava nada de muito esquisito, então, foi lógico ter tomado um susto ao ver uma garota de cabelos descoloridos e grandes olhos amarelados sentada na cama com uma pasta verde pelo rosto.

– Olá...? - Alice disse, sem jeito.

A garota de cabelos muito claros virou para ela.

– Oi! - respondeu. - Oh, você deve ser a Alice!

– Sim, sou eu...

– Eu sou Rosalya! - disse, e levantou-se da cama, pegando a mão de Alice e chacoalhando-a, como se fosse um aperto de mão bem informal. - Ah, nos conhecemos, aleluia! Eu ouvi falar muito de você.

– S-Sério? Por quem...?

– Ah, pela Melody. E pela Íris, e até pela Violette.

– Oi, Alice – uma outra voz a chamou.

Alice desceu o olhar e encontrou Violette no chão, com uma roupa mais confortável e um caderno cheio de rabiscos no colo.

No mesmo instante, outra porta no quarto – que Alice deduziu ser o banheiro – se abriu, e apareceu aquela garota que já vira andando pelos corredores como companhia da Ambre, com uns olhos verdes levemente puxados e o cabelo “cor-de-nada”.

– Oieee! - a garota cumprimentou. - Você é Alice, não é? Eu sou a Beatriz! - apresentou-se, e se aproximou da garota loira. - A Íris me convidou, e disse que você teve a ideia da festa do pijama. Muito boa ideia. Bem legal, parabéns. Também fico feliz de ter sido convidada. Adoro essas girls's night. Hihihi.

– Nossa, Bia, para com essa risada de esquilo! - exclamou Rosalya, colocando a mão nos ouvidos.

– Credo, Rosa. Só estava sendo educada.

– Ah, é? Que bom. Seja educada ali perto da Violette, então, que tal?

Beatriz fez uma careta para Rosalya e foi se sentar na cadeira da escrivaninha, mexendo no computador aberta numa página do Facebook.

Alice deu um aceno para Violette – como sempre fazia -, e a garota sentada correspondeu com um sorriso meigo, depois voltou a olhar para o caderno.

– Então – Rosalya começou, puxando Alice para ambas se sentarem na cama. - Ah, você também quer passar um pouco dessa máscara? - apontou para o próprio rosto. - Relaxa, é caseira. Eu mesma fiz. É de abacate. Deixa a pela mais aveludada.

– Hum... Talvez mais tarde...

– Tudo bem. Então, eu já te vi no corredor, sabia? Olhando pra você agora, eu te reconheci. Você sempre tem umas conversinhas com o Castiel no corredor, né, não, pistoleira?

– P-Perdão?

– Pipooooooca! - anunciou Íris ao entrar no quarto com uma tigela enorme na mão. Melody vinha logo atrás dela, com outra tigela menor. - Ah não, Rosa, é mascara do que dessa vez?

– Abacate! - Rosalya respondeu orgulhosa.

– Depois da de tomate e de mel você vai tentar uma de fruta?

– Tomate é uma fruta – Melody corrigiu enquanto colocava tigela em cima do espaço vazio da escrivaninha. Alice pôde ver Beatriz pegando várias pipocas e colocando na boca, enquanto dava alguns cliques no perfil de alguém.

– Tá bom, tá bom – retomou Íris. - Só tenta não fazer bagunça dessa vez, Rosa.

– Pode deixar – Rosalya respondeu. - Então, eu estava falando sobre como a Alice tem um gosto bastante apurado em relação a ruivos.

– Perdão?! - Alice exaltou-se.

– Como assim? - Íris perguntou, dando sua tigela para Melody e pegando uma muda de roupa perto de uma mala laranja, entrando no banheiro logo em seguida, sem nem fechar a porta.

– Qual é o único ruivo na escola, Íris? Ruivo falso, claro.

Segundos depois, Íris saiu do banheiro com uma calça moletom e regata para dormir.

– O Castiel...? - ela supôs. - O que tem ele?

– Você é afim do Castiel? - Melody perguntou, sentando-se na cama ao lado de Alice com a tigela de pipoca na mão.

– Não, não! - Alice respondeu. - Só trombamos no corredor ás vezes. Não, eca, não!

– Tem razão – Beatriz interrompeu, sem deixar seus olhos do computador. - A Alice é afim do Nathaniel. Só não falou isso porque a Melody está aqui

– Meu Deus, Bia, cala essa boca! - Rosalya disse diretamente para ela.

Beatriz virou-se para as meninas, e sorriu:

– Não falei nenhuma mentira.

– Falou, sim – irritada, Alice a cortou. - Eu não sou afim de ninguém!

– Hihihi. Tá bom, e a Lady Gaga não é melhor que a Madonna.

– Eu vou sufocar ela enquanto dorme e não estou brincando – Rosalya sussurrou para Alice, a qual quase ofereceu ajuda em resposta.

Ela havia conhecido a tal Beatriz há menos de cinco minutos. Como alguém poderia se mostrar tão insuportável em um período tão curto?

Ah, certo. Ela é amiga da Ambre..., recordou-se, e pensou o que teria que aguentar pelo resto da noite.


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Notas finais do capítulo

Yep. Viktor fazendo participação especial na história. E, não, ele não é realmente importante aqui, caso esteja se perguntando...



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