Quédate con el Cambio escrita por ReBeec


Capítulo 16
Cap. 15 - "Precisamos conversar"


Notas iniciais do capítulo

Ainda vou levar cada bronca pelos meus atrasos...



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O sinal do almoço na segunda-feira não ajudou com a dor de cabeça de Alice.

Ela se levantou de sua carteira e saiu da sala. Viu Kim do outro lado do corredor, conversando com uma garota de cabelos muito loiros e olhos tão claros que pareciam dourados, mas ambas pareceram não notar sua presença.

A jovem continuou seu caminho, até encontrar Íris em seu armário.

– Oi - a cumprimentou, com a voz sonolenta, com um envelope em mãos enquanto guardava o celular no bolso. - Como foi seu fim de semana?

– Bem, normal... - Meu começo de sábado foi absolutamente divertido com a companhia do meu melhor amigo, depois passei por uma das piores brigas que já tive com meu irmão e não estamos nos falando até agora. – E o seu?

– Bom – respondeu. - Não dormi muito essa noite, mas sobrevivi.

– Hum... E o que está segurando? - Alice perguntou enquanto segurava os próprios livros contra o peito, encostado nos armários.

Íris mostrou para ela o endereço gravado no envelope.

– “Universidade da Califórnia”? - Alice leu em voz alta.

Íris acenou positivamente com a cabeça e guardou o envelope no armário.

– Vou mandar logo quando estiver indo para casa – disse Íris. - Quero fazer uma entrevista de admissão. Eu já visitei o campus e conheci as instalações ano passado, e, de verdade, eu acho que adoraria estudar lá.

– É uma das melhores universidades do mundo – lembrou-se Alice.

– E uma das mais concorridas... - Íris deu de ombros, fechando a porta do armário. - E você? Alguma universidade em especial?

– Ah, bem, há a Universidade de Seattle, porém... - Eu não tenho noção para aonde quero ir! – Não temos que falar nisso agora, temos? - Alice tentou desconversar.

Por sorte, Íris entendeu o recado, e, ao olhar o que estava em cima da pilha de livros de Alice, encontrou um outro assunto ainda melhor para discutir:

– E essa sua carta? - perguntou, apontando com o queixo.

Alice olhou para baixo, para saber ao que a amiga ruiva se referia; mas não havia nada ali, e quando ergueu a cabeça, encontrou a carta já na mão de uma Íris sorridente.

– Íris... - a censurou.

– “De: Thomas, Para: Alice” - ela leu em voz alta. - “Cara Alice”...

– Íris!

– “Rosas são vermelhas, violetas são azuis. Não sou bom com poemas, mas sei que seus olhos também são azuis. Como as violetas.”

- Íris, me devolve a carta, sua ladra!

- Espera, tem um "PS"! "PS: Sou melhor beijando do que escrevendo". Nossa. Investe nele, Alice!

– Íris! - Alice arrancou a carta da mão da garota, enquanto esta ria sem dó.

– Uau, esse cara se esforçou, hein? - zombou da amiga. - Cara, se eu não estivesse com tanto sono faria uma análise da profundidade emocional disso aí.

– Não tem graça! - Alice olhou para o papel, terminando de ler o poema. Mas esse era o problema: não havia mais poema. Era aquilo, apenas, terminando na parte das violetas, e só. - Bem, em fato – ela opinou – acredito que ele pudesse ter se esforçado mais.

Íris riu novamente.

– Estava no seu armário? - ela perguntou.

– Hum... Sim, era onde estava - Alice achou melhor mentir do que ter que explicar toda a situação com Lysandre, quando eles se conheceram no teatro. E ela só segurava aquela carta “poética” porque havia colocado-a sob a capa do livro que segurava naquele momento, e pretendia jogar fora assim que pudesse.

– É o primeiro? - Íris perguntou, guardando seu envelope no armário, fechando-o e seguindo em direção ao refeitório.

– Sim. E o último também, espero.

– Vou te escrever um poeminha anônimo só pra zoar com sua cara.

– Não ouse!

Já no refeitório, com a multidão de alunos, elas encontraram Violette sozinha numa mesa, comendo algumas uvas de uma bandeja descartável. Quando Íris e Alice se aproximaram, ela abriu um sorriso aliviado – talvez por saber que não passaria mais o intervalo sozinha.

Ainda em seguida, Melody se aproximou, cumprimentando as meninas. Porém, ela nem chegou a se sentar, avisando que compraria seu almoço, e perguntou se as garotas queriam algo. Tanto Íris quanto Alice pediram sanduíches – e Alice especificou pelo sanduíche natural sem queijo -, e deram o dinheiro para os lanches à representante, que partiu em direção à fila dos alimentos.

– Sabe, - pronunciou-se Íris, preenchendo o silêncio ao se sentar – precisamos conversar sobre um assunto.

– Puxa... eu me sinto tão desconfortável quando falam isso, sabia?

– Isso o quê?

– “Precisamos conversar”.

– Ah, eu também! Mas falo mesmo assim pra assustar "geral".

Alice olhou para Íris, e a ruiva abriu um sorriso satisfeito.

No instante seguinte, era Kim que se juntava à mesa:

– Bom dia. Ah, valeu, Violette – disse, pegando a bandeja de uvas da garota para si.

Violette não pestanejou.

– Legal, você chegou – festejou Íris. - Vamos lá, assunto importante e rápido: aniversário da Melody. É essa semana.

Essa semana? - Alice quis confirmar. - Agora?

– Uhum. Na sexta.

– Vocês estão falando sobre o meu aniversário? - Melody perguntou, se juntando a mesa e distribuindo os sanduíches de Íris e Alice.

– Droga, não era pra você ter ouvido! - Íris pegou seu sanduíche e abriu a embalagem, dando uma rápida mordida. - Eu já tinha planos pra uma festa surpresa! - disse, mastigando.

– Íris, sempre que a gente planejou alguma coisa de aniversário surpresa, deu merda – Kim opinou. - Lembra a festa surpresa da Violette ano passado? O que aconteceu? Esquecemos de avisar a aniversariante pra aparecer.

– Ah, é... Foi mal de novo por isso, Vio – Íris desculpou-se, olhando para a mais baixa, que deu um sorrisinho como consolo. - Beleza, sem festas surpresas esse ano – e deu outra mordida. - Agora nem rola mais mesmo...

– Posso perguntar algo? - Alice questionou, só então abrindo seu sanduíche.

– É claro.

– Por que não fazer uma festa normal, excluindo a parte da surpresa?

– Ah, então... - Melody começou, receosa. - Eu preciso avisar logo agora, já que vocês parecem empolgadas: meus pais não deixariam uma festa. Eles não gostam muito desse tipo de coisa, principalmente quando tem bebidas alcoólicas e meninos juntos com meninas.

– Então faça uma festa sem bebidas – Alice sugeriu. - E... talvez sem meninos, se é o que temos...

– Isso ficaria sem graça – opinou Íris. Mas, imediatamente, olhou para Alice, e as duas arregalarem os olhos e exclamaram juntas:

– Uma festa do pijama!

Melody sorriu:

– É uma boa ideia!

– Boa ideia? Sério? - discordou Kim, de braços cruzados. - Isso é o tipo de coisa que se faz quando tem doze anos. Já temos dezessete; no meu caso dezoito, e vamos ficar de pijaminha contando histórias de terror baixinho pra mãe da Melody não acordar?

Então por que não dá uma sugestão melhor?, Alice retrucou mentalmente.

– Exatamente – interveio Íris. - Nós nunca mais fizemos isso, Kim. Vamos fazer pelo menos mais uma vez. Pelos velhos tempos.

Kim olhou para Íris, depois para Alice e Melody e terminou em Violette, e, aparentemente, alguma coisa na mais baixinha – que Alice percebera pelo canto de olho que estava anormalmente animada, mostrando que até ela havia gostado da sugestão – a fez mudar de ideia.

– Tá bom – finalmente respondeu. - Festa do pijama.... Mas vocês vão cuidar da coisa toda!

– Tudo bem, é fácil administrar isso – respondeu Íris, com a voz cansada. - Eu dou conta.

– Não, eu vou ajudar, Íris – disse Melody.

– Não, não, não, aniversariante, deixa comigo. - Íris soltou um bocejo, que terminou num sorriso animado. - Ah, vai ser tão legal. Não vai, Violette?

– Vai, sim – ela respondeu.

– Você vai, Violette? - perguntou, curiosa, Alice.

– Hum... Acho que sim. Quando vai ser?

– Acho que nessa sexta mesmo – Melody respondeu. - Pode ser? Daria certinho...

– Ah, numa sexta-feira?!

– Kim, não enche – retrucou Íris. - Pode ou não?

Kim olhou novamente para as meninas, e deu de ombros.

– Posso – respondeu.

– Então já combinamos? - Alice perguntou.

As demais concordaram, empolgadas, acrescentando algo como “eu levo filme” ou “eu levo a pipoca” como resposta. Ainda planejaram algo com sacos de dormir e sites na internet com histórias de terror para contar, e conversaram sobre convidar mais algumas garotas para se juntarem a elas – não tantas, afinal, ainda era uma coisa mais íntima.

E Alice se viu mais animada com a discussão, a ponto de demorar longos minutos para perceber ao seu lado que Íris havia caído no sono, debruçada sobre a mesa, numa posição bastante torta; e quanto notou, tentou não rir muito alto para não acordá-la.

[…]

Ainda preciso ver Nathaniel.

– Hum, Melody – Alice a chamou casualmente enquanto guardava as coisas em seu armário. - Você pode me dizer se o Nathaniel está na Sala dos Representantes?

– Ah, não está, não – Melody respondeu, tirando uma mecha de cabelo do rosto. - Eu acabei de vir de lá. Ele foi embora mais cedo, na verdade. Acho que tinha uma consulta no médico...

Embora mais cedo? Ah, que droga. Tínhamos que combinar aquele almoço!

– Hum, tudo bem...

– Você não pode resolver comigo? - Melody insistiu. - Eu provavelmente posso ajudar também, assim você não precisaria se preocupar em achar o Nathaniel depois...

– Ah, não é nada – disse Alice. - Eu só preciso perguntar a ele se... - pensou em qualquer coisa, e a pior desculpa foi a que escapuliu: - Se a Ambre está bem, já que... eu não a vi o dia inteiro, e ela deve ter faltado, então deve estar doente...

Melody a olhou esquisito.

– Nós a cumprimentamos no corredor hoje – ela disse.

– Ah, mas é claro! - Alice deu um tapinha na própria testa, encenando. - Como eu sou esquecida ás vezes...

A risadinha que Melody soltou parecia um tanto forçada.

– A gente se vê amanhã então, okay? - ela disse, já se despedindo.

– Certo. Até amanhã.

Assim que Melody se afastou, Alice deu um suspiro.

Ela ainda não tinha certeza se Melody tinha ou não sentimentos por Nathaniel, mas, por enquanto, era melhor que escondesse sua situação.

E antes de ir embora, a figura alta de Lysandre surgiu na sua frente, ocupando o lugar da garota que havia acabado de sair:

– Olá, Alice. Como vai?

Alice sorriu:

– Vou bem, Lysandre, e você?

– Divino, obrigado. - E foi aí que Alice notou que Lysandre segurava um papel dobrado; ele a deu no instante seguinte. - Perdoe-me não poder conversar mais com a senhorita, me encontro apressado, contudo eu me deparei com Nathaniel no corredor, hoje mais cedo, e ele pediu-me que a entregasse isso. Até mesmo fez um breve e casual comentário sobre a folha de ausência, se referindo algo como “um favor por um favor”.

– Ah, obrigada.

– Pois bem, devo partir. É sempre um prazer revê-la, Alice.

– Igualmente, Lysandre.

Alice não esperou outro segundo para abrir o papel.

Era um bilhete escrito numa bonita caligrafia:

“Alice,

Sinto muito por não poder te perguntar isso pessoalmente – eu tive um compromisso -, mas gostaria de saber se poderíamos marcar o almoço para amanhã. Você estaria disponível?

Meu número de celular está no rodapé, e, se puder me ligue para confirmar ou desmarcar, eu agradeceria em presença amanhã. Você também pode mandar mensagem, mas eu preferiria ouvir sua voz.

Espero sua resposta.”

Os alunos já partiam da escola, e Alice ainda encarou o bilhete por alguns segundos.

“Preferiria ouvir sua voz”...

Bem, pensou, esse é o tipo de bilhete que conquista uma garota.

Sorridente, ela pendurou sua bolsa no ombro, e caminhou para a saída do colégio.


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Notas finais do capítulo

Eu tentando fazer Nathaniel sedutor...
E eu tentando assustar as leitoras com o título do capítulo...
E ainda eu colocando poema "rosas são vermelhas" na fanfic...
É o sono, galera. Ah, e eu vou revisar o capítulo amanhã. Se eu fizer isso agora vou dar uma de Íris e tirar um cochilo na mesa.
Beijos!



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