Quédate con el Cambio escrita por ReBeec
Notas iniciais do capítulo
PARE
PARE PARE PARE
Você já leu a recomendação de los diosos que a Yumi escreveu? Vamos lá, ela escreveu em espanhol e disse que minha fic é uma das séptima maravillas del mundo! Assim mesmo como eu citei,EM ESPANHOL!
Leiam a-go-ra.
Então, existem capítulos que devem ser maiores, e capítulos que devem ser menores. Esse deve ser menor.
A tarde já caía quando Alice e Ken terminavam o chá gelado que estavam compartilhando em frente ao carro azul-marinho do rapaz, estacionado em frente à casa dela.
– Próximo domingo – ele confirmou depois de jogarem a lata da bebida num lixo. - Nem que eu tenha que desmarcar um encontro com o presidente. Vai que eu apareço no sábado de novo e você me obriga a ir numa manicure.
– Não aja como se você não tivesse adorado seu novo visual – Alice o provocou.
Ela deu um beijo na bochecha dele antes que o garoto tentasse se explicar. Depois, sussurrou perto do ouvido:
– Converse com sua mãe. E com seu pai também, se possível. Você ainda os tem por perto, então aproveite. Por mim.
Dois minutos depois, o carro partiu e ela caminhou para dentro de casa, em passos curtos e cansados.
Ao abrir a porta, encontrou Jonathan mirando a televisão.
Ela estranhou que ele não a havia cumprimentado, como sempre o fazia. E apenas a notou quando ela fechou a porta e colocou a chave no trinco afim de trancá-la.
– Oi – ele falou, mas em seguida voltou a olhar a televisão.
– Oi, Jhonny.
Alice colocou a bolsa na mesa de centro ao se aproximar, percebeu que havia uma caneca vazia – onde provavelmente havia café – e depois se sentou ao lado dele.
– Se divertiu hoje? - Jonathan perguntou.
– Sim. Fui para o cabeleireiro. Se você notasse meu cabelo como deveria, já haveria percebido.
– E, calma, você arrastou o Kentin consigo?
– Você o viu ali fora conversando comigo?
– Vi o carro dele quando eu cheguei. - Jonathan pegou o controle da TV ao seu lado para mudar de canal. - Se estivesse estacionado um pouco mais para trás, eu não teria dó em bater na traseira do carro do menino para entrar na garagem, falando sério.
– Oh, sim, eu me assegurei pessoalmente que o carro não estivesse bloqueando a passagem.
– E, de alguma forma, Kentin agradece por isso.
Alice observou o rosto tenso do irmão enquanto ele não encontrava uma programação que não o agradasse – o que era bem raro.
– E você, – ela tentou – o que fez?
– Eu... passei no hospital para... ah, você sabe – e soltou um longo suspiro. - Depois fui almoçar qualquer coisa e fui no ateliê. Acabei ficando por horas porquê deu um problema por lá. Venderam uma peça errada, e o retorno custaria mais do que o preço da venda e o comprador estava decidido em dificultar as coisas. Sabe, economia... O tipo de coisa que o nosso pai gostaria, imagino.
– Pff... - Alice murmurou, lembrando-se da conversa mais cedo que tivera com Ken; quando percebeu que realmente andava irritada com o pai; em sua perspectiva, uma irritação absolutamente justificada.
E quando deu por si, a mudança dos canais na televisão havia cessado, e o irmão a encarava de forma séria.
As sobrancelhas grossas dele, o aro fino do óculos, o nariz triangular com a boca simples, os ombros com os ossos saltados e o cabelo desgrenhado; de estética, ele continuava o mesmo; era a seriedade que o tornava muito diferente – isso, e as olheiras recentes debaixo dos olhos.
Por um segundo, ela se assustou ao enxergar o próprio pai na imagem do irmão. O que não era algo tão difícil. Tanto em aparência, como em personalidade, os dois homens eram mais parecidos do que gostavam de admitir.
– O que foi isso? - ele perguntou.
– Isso quê, Jhonny?
– Esse “Pff” que você fez – respondeu. - Algo que queira conversar?
Alice soltou o ar de forma lenta.
O irmão parecia cansado, mas Alice também não estava perdendo para ele nessa disputa.
– Não, Jhonny. Agradeço pela gentileza, porém quem eu deveria, ou gostaria de conversar, se encontra em outro continente, aparentemente desinteressado demais na própria filha para pegar um telefone e compartilhar um momento com ela.
Jonathan franziu as sobrancelhas:
– O que deu em você, Alice?
– O que deu em mim? O que... - bufou. - Por que você está colocando a culpa em mim? Eu só estou me expressando, e sendo sincera, por deus! Não consigo fazê-lo nem com você agora?
– Você pode falar o que quiser comigo, Alice! Eu estou só tentando te entender.
– Ah, e você não sabe? - ela se levantou, impaciente. - Eu acabei de te dizer, caramba!
– Certo, então o problema é com o nosso pai? Se você quer falar com o ele, por que não liga pra ele você mesma?
– Porque não é assim que funciona! - Alice abriu os braços, de forma mais dramática do que gostaria. - Foi ele quem me enfiou nessa cidadezinha e em seguida não meu deu alguma satisfação sobre o que estava fazendo na Espanha, ou como estavam as coisas por lá; nem se preocupou se eu estou viva, ou terrivelmente doente, ou se a minha glicose explodiu e eu vou desmaiar num coma que nem a mamãe!
– Alice, se acalme!
Jonathan levantou-se também e a segurou pelos ombros, olhando firme os olhos azuis chorosos da garota que conhecera quando ela tinha três dias de vida – quando ganhara uma mania infantil de puxar o cabelo do irmão a cada cinco minutos.
– Alice, Alice... olha pra mim – ele pediu. - Me escute, tá? Só me escute. - E ela pareceu se tranquilizar um pouco, assentindo com a cabeça e limpando rapidamente as poucas lágrimas. - Olha, vamos lá, você... você consegue imaginar, Áli, o que é, de repente, sua esposa, a mulher que você ama e com quem construiu uma família, se afastando de você, e você ainda não podendo fazer nada? E pior! A mulher que você ama, não indo embora, mas apenas inconsciente, sem poder falar com você, sem poder te ouvir falando o quanto você a quer de volta...
– Ah, pelo amor do inferno, Jonathan! - Alice soltou os braços dele em seu ombro, a fúria retornando em seu rosto. - Por um acaso você é idiota? É claro que eu sei como é ter a pessoa que eu amo sem poder me ouvir. Eu, você e o papai sabemos. Ele não é o coitado da história. Eu sou a filha dela, eu sofri muito mais.
– Tá maluca? - ele retrucou.
– Como você pod-
– Por acaso você se mudou de país pra ficar com ela? Desistiu de uma vida inteira, deixou sua própria casa e sua família para ir viver com ela? Você-
– Ele deixou a família para construir outra com a mamãe!
– Não importa, Alice. - E Jonathan apontou-lhe acusadoramente o dedo: - Você conhece ela por dezessete anos. Já a mãe o pai estiveram juntos por quase trinta!
– Eles estão juntos! - Alice se afastou, com as mãos na cabeça. - Eles estão! No presente!
– Tanto faz, Alice. Só não se faça de vítima, como se nosso pai não estivesse fazendo o maior esforço que pode pra continuar a vida na falta dela! Não importa se ele voltou pra Espanha pra ajudar a cuidar dos nossos avós, ou porque ele estava precisando de um tempo. Você não está sem casa! Você não está sem comida, e não está sem estudar! Você está numa casa confortável e em ótimos cuidados!
– E desde quando você o defende? - Alice perguntou, voltando-se para ele. - Você sempre disse que o papai era ambicioso, exigente demais e não sabia entender o próprio filho. O que aconteceu agora?
– O que aconteceu é que ele continua sendo meu pai,– respondeu Jonathan - independente de tudo. Não é algo que ninguém possa mudar. E eu amadureci e passei a respeitá-lo. Respeito-o não apenas por ser meu pai, mas porque ele merece. E você deveria fazer o mesmo, Alice. Amadurecer um pouco e deixar de ser tão mimada quanto ainda é lhe faria bem.
– Fica quieto! - ela gritou enquanto ele lhe dava as costas e ia em direção as escadas, irritado demais para continuar uma conversa sensata. - Você não tem o direito de dizer isso, seu estúpido! Como você tem coragem de me chamar de mimada quando foi você quem abandonou a faculdade?
Jonathan virou-se para ela, segurando o corrimão, com o rosto um tanto chocado.
Mas naquele momento, Alice nem ligava se havia magoado o irmão.
Ele suspirou de forma exausta antes de falar:
– Ás vezes eu quase me arrependo de ter concordado com o papai em deixar você morar comigo.
Alice estava perto demais da mesinha de centro. Então, ela pegou por impulso a caneca de café que estava lá e jogou em direção ao irmão.
Jonathan defendeu o rosto com as mãos, mas a caneca se espatifou na parede ao seu lado, caindo em vários pedaços no chão. E quando Jonathan descobriu os olhos, e viu a bagunça que formara, lançou na Alice um puro olhar de desapontamento.
Nunca haviam olhado para ela daquele jeito. Nem pai, mãe, ou amigos, ninguém. E aquilo, aquele olhar tão intenso e sincero, pareceu uma flecha cortando seu coração ao meio. Ela achava que nunca havia decepcionado alguém antes... mas havia uma primeira vez para tudo.
O irmão ainda olhou mais uma vez para os pedaços na caneca no chão, antes de suspirar e virar-se de costas, subindo as escadas e se retirando. O som de seus passos indicaram que ele deveria estar indo para o quarto; e uma porta batendo com força deu-lhe a certeza.
Nesse meio tempo, ela somente ignorou os pedaços de caneca no chão e passou a mão pelo rosto.
Sentou-se no sofá, e abraçou seus joelhos, deixando seu ótimo sábado se encerrar da pior forma que poderia.
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É, cara...
Mas então, alguém concorda com o Jonathan e também acha que a Alice é meio mimada?