Quédate con el Cambio escrita por ReBeec


Capítulo 11
Cap. 10 - "Namoradas verdadeiras"


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo com destaque para os OCs. Vamos lá, esses irmãos são uma gracinha '-'



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– E aí? - Íris perguntou.

Kim colocou o dedo no lábio, numa expressão pensativa, depois apontou com o queixo para um rapaz loiro de regata verde.

– Oitenta por cento de chance – ela respondeu.

– Aquele baixinho? Mesmo?

Kim olhou para Íris e afirmou com a cabeça.

– Dá uma olhada no jeito que ele corre – pediu, voltando a mirar o garoto. - Não, olha o jeito que ele arremessa a bola e depois vira as mãos pra baixo, como se estivesse esperando alguém aparecer da arquibancada pra fazer a unha dele. Não, oitenta não. Noventa por cento de chance de ser gay.

Alice riu.

– Você acha que ele se diverte no vestiário depois do treino? - a própria perguntou.

Íris olhou para ela, expressando um falso choque.

– Que isso! - exclamou. - Alice, que mente criativa.

– Não! Eu não-

– Fim de treino, pessoal! – o treinador na quadra gritou. - Vejo vocês na quinta.

Os rapazes tiraram a camiseta – para o deleito da plateia feminina – e secaram os rostos suados, depois deram tapas no ombro um do outro, seguindo para o vestiário.

– E você, Kim? - o treinador perguntou á garota ao se aproximar da arquibancada.

– Tudo bom, treinador?

– Tudo ótimo. Só queria saber se você vai voltar pro vôlei.

– A Kim jogava vôlei? - Alice sussurrou para Íris, que murmurou um “jogava” como resposta.

– Eu não sei, treinador – Kim respondeu. - Eu estou atolada de coisa pra fazer. Mandando as cartas para as universidades, por exemplo. Talvez no segundo semestre dê para eu voltar.

– Tudo bem, leve seu tempo – o homem disse antes de se virar para a outra arquibancada e gritar: - Meninas, agora vocês. Podem entrar na quadra!

E um grupo de garotas com os cabelos presos e os shorts excessivamente curtos levantaram-se animadas, com bolas de vólei na mão para começar a arremessarem uma para a outra. E surpreendentemente, havia uma cabeleireira loira conhecida ali no meio.

– Aquela por acaso seria a Ambre? - Alice perguntou para as duas ao seu lado, encarando a jogadora.

– Ah, é – Íris quem respondeu. - Ela joga desde... desde quando?

– Desde que ela entrou na escola – respondeu Kim, numa voz não muito animada.

– É. A Ambre é muito boa, não sei se já comentei. Nosso time ganhou as estaduais semestre passado por causa dela. As outras garotas meio que tem medo da bola quando ela vem muito forte, mas a Ambre encara e vai de frente. Teve uma vez, num jogo aqui na escola, que uma menina de outro time falou mal da pele dela, e a Ambre cortou na cabeça da garota. Não sei como não foi expulsa do jogo...

– Não foi expulsa porque ela deu pro juiz.

– Kim! - censurou Íris. - Não é verdade!

– Quem disse? - Kim retrucou. - Ambre é uma vaca, nunca se sabe quem é o da vez.

– Você só fala isso porque ela ficou com seu ex.

– Não. Eu falo isso porque ela é uma vaca que dá pra todo mundo mesmo.

Alice deixou as garotas discutirem – incluindo Kim claramente irritada - enquanto observava o time de vôlei se aquecendo.

Estavam num revesamento de saque, e ela pôde ver Ambre jogando a bola para o alto e pulando numa altura impressionante para cortá-la. Em sequência, pegou outra bola e fez o mesmo movimento.

Uma garota do time foi falar com ela, e Ambre respondeu qualquer coisa. A primeira menina parou na sua frente, e elas começaram a tocar a bola uma para a outra.

– Mano, não dá pra jogar vôlei com ela! - Kim continuou a dizer. - Se eu continuasse no time ia enforcar ela no meio do jogo.

– Deixa disso, Kim – Íris pediu.

– Ela não me parece tão ruim como dizem... - Alice se intrometeu. - Sim, ela é um tanto patricinha, e pode se dar, digamos, muito bem com os garotos, porém qual o grande problema disso?

– Ah, como você é ingênua, Alice! - Kim respondeu.

“Ingênua”? De novo alguém me chamando assim?

Íris retomou:

– A Kim só tá exagerando, Alice. Elas nunca se deram muito bem e tal, por isso que a Kim adora falar mal dela.

Quem não adora falar mal dela? - Kim retrucou. - E agora a gente pode sair daqui? Essas meninas não são gostosinhos de tanque definido, mas sim umas muito ruins eu não aguento mais ficar assistindo esse circo. Estou indo... - e se levantou, caminhando para fora da arquibancada e atravessando a porta do ginásio, para sair do lugar.

Íris nem se mexeu.

Alice olhou para ela, e depois para a porta, em dúvida.

– Pode ir se quiser – Íris disse, sem olhá-la. - Eu vou ficar aqui mais um pouco.

A garota loira franziu o cenho.

– O que houve, Íris? - perguntou. - De repente ficou mais reservada...

Íris sorriu. Olhou para Alice e falou:

– Você realmente se preocupa, não é? Cara, você é um amor mesmo...

Alice sorriu, sabendo que estava aparentando mais triste do que queria.

– Eu só... Ah... - Íris suspirou. - A Kim anda meio estressada ultimamente, só isso. Tipo, esse lance com a Ambre. Nem foi nada demais. A Ambre ficou com um ex-namorado da Kim logo depois que eles terminaram, mas e ela nem ligava muito pra isso. Só que agora ela disse como se fosse pior do que realmente foi; o que não foi grande coisa, sério. Mas, deixa disso. Então, você quer ir pra casa agora ou quer fazer mais alguma coisa?

– Hum, não sei... Eu-

– Ah, calma aí. - Íris pegou o celular do bolso, que parecia vibrar com a tela acesa, e atendeu. - Alô? Alôôô? - Coloco o dedo no outro ouvido para escutar melhor. - O que foi? O papai apareceu? Mas já? Ah, tá né. Tá bom, eu to indo – e apertou o botão vermelho. - Ah, foi mal, Alice. Parece que meu pai voltou de viagem mais cedo e ele quer sair pra comer alguma coisa comigo e com meu irmão, então eu tenho que vazar. A gente pode ir até o portão juntas, se quiser.

– Hum.. Tudo bem.

As duas se levantaram. Íris pegou sua mochila e Alice sua bolsa.

Antes de irem, Íris ainda acenou para um rapaz que saia do vestiário, e o próprio garoto lançou um sorriso para Alice que, constrangida, desviou olhar.

– Você não precisa ser tão tímida – Íris comentou no caminho. - Já basta a Violette. Vai, começa a dar bola pra alguns garotos. Tem alguns bem legais que ficam te olhando.

– Eu... Eu não quero perder meu tempo com um garoto o qual não seja o garoto especial...

Íris a olhou duvidosa.

– Calma, não me diz que... Nossa, você está esperando, tipo, o cara ideal? - perguntou.

– Hum... Sim. Acredito que você posso colocar dessa maneira...

E a garota ruiva sorriu.

– Você nunca namorou então? - perguntou. - Nunca teve nada com algum garoto?

– Hum, em fato, eu já tive dois namorados.

– Sério? - elas pararam no portão, e Alice pôde ver a expressão realmente surpresa de Íris.

– Poxa, Íris, eu não sou assexuada.

– Não disse isso. Mas, não importa, fale sobre esses seus namorados. E fala rápido que eu tenho que ir!

Alice riu.

– Bem, resumidamente... – falou. - Hum... O primeiro eu namorei por algumas semanas, dos meus catorze aos quinze anos. O nome dele era Henry. Nos conhecemos na escola e... íamos no cinema e compramos presente no Dia dos Namorados. Não foi um grande romance cinematográfico. Eu gostava muito dele, porém ele teve de mudar de cidade, e achamos melhor acabar com o namoro. E o segundo, eu já estavam com dezesseis anos, foi o Michael. E ele era bem legal, entretanto... ele não fez nada demais, mas, ainda assim, eu senti que nunca teríamos um futuro, entende? Então, para que perder tempo? Acabamos por terminar também.

– Terminaram... desse jeito que você me disse? Sem mais nem menos?

A garota loira deu de ombros.

– Ele não era meu – e fez sinal de aspas – “garoto especial”.

– Hum.... - Íris ponderou. - Interessante. Ah, meu Deus! - ela pegou o celular do shorts e atendeu: - Que foi? Estou indo! Já estou até no quarteirão. - Alice percebeu a mentira, e sorriu divertida com isso. - Então que tal você- Ei, ele desligou na minha cara!

– Seu irmão?

– É... - Íris guardou o shorts e revirou os olhos. - Tá bom, eu tenho mesmo que ir agora. Até amanhã então, okay, Alice? Depois a gente fala mais sobre isso - despediu-se, já se afastando.

– Até – Alice respondeu à distância, sem certeza de que Íris escutou.

Deu meia-volta, e seguiu a direção oposta da amiga.



[…]






– Quantas namoradas você já teve, Jhonny?





– Hum, deixa eu pensar... - ele murmurou enquanto fazia o acabamento de um desenho de duas crianças brincando debaixo de uma árvore. - Teve a Mary Jane¹, logo antes de ela se envolver com o Homem-Aranha... - ele fez a irmã, sentada à sua frente na mesa de jantar, sorrir. - Depois a princesa Leia¹, que estava triste na época porque tinha acabado de descobrir que havia beijado o próprio irmão. Em seguida a maravilhosa da Daenerys¹, do "Game Of Thrones". Ai! - exclamou a receber um leve tapa da irmã na testa.


– Não namoradas imaginárias! - ela disse. - Namoradas verdadeiras.

– Agora você me deixa com poucas opções. Não, brincadeira – se corrigiu - eu sou divino. Vamos lá: houve... acho que foram duas no Ensino Médio. É, duas. Outra no comecinho da faculdade, porque, também, eu fiz o começo da faculdade, e outras duas aqui em Everett.

– Você namorou alguém aqui em Everett? - Alice indagou.

– Nem tente procurá-las porque você não as achará, Áli. Uma foi estudar arte contemporânea no sul do país, e a outra se mudou pra algum lugar da Europa, cuidar da mãe.

– Eu pensei que você havia tido só uma namorada. Aquela da faculdade...

– Porque foi a única que eu acabei te apresentando. De fato, eu sou realmente garanhão que nem o Jhonny Bravo, então não é à toa que você me apelidou com o nome dele. Mas por que a pergunta?

– Ah, por nada...

Jonathan interrompeu o desenho a encarou:

– “Por nada”...?

– Sim. Por nada.

– Áli...

– O que foi? - ela perguntou, tentando se fazer de inocente.

– Áli...

– O quê?

– Alice Rodríguez!

– Certo, certo, tá bom! - exclamou ela. - Meu Deus, você nem pareceu você mesmo me chamando dessa forma. Eu estava apenas me perguntando... quando você namorava essas garotas, você acreditou que construiria um futuro com elas?

– Como assim? - Jonathan levantou-se e pegou a garrafa térmica de café em cima da bancada. Depositou o conteúdo numa xícara e voltou a se sentar.

Alice olhou para a própria xícara à sua frente, com chá de camomila, quando respondeu:

– Quando você namorava essas garotas, você pensava num futuro com elas? Casamento, filhos...

– Ah, entendi... - Jonathan deu alguns goles na bebida, antes de colocar a xícara de lado e voltar ao desenho, alternando o olhar entre o próprio lápis e a irmã: - Na verdade... Não no começo. Ensino Médio e faculdade... você achava que eu ia pensar em casamento? Não, não... Mas em relação às duas namoradas aqui em Everett... Bem, passou pela minha cabeça. É que você não as conheceu, mas a primeira, uma alta e alegre que adorava pintar o cabelo, também não parecia interessada em casamento nem coisa alguma desse gênero; mas com a segunda, eu pensei nisso. Pensei até em propor de nós morarmos juntos, mas... Ah, foi quando ela soube da mãe e teve de ir embora. Acontece...

– Puxa, você nem a apresentou a mim...

– O quê? Áli, eu mal via você naquela época – Jonathan retrucou. - Ou você estava na escola, quero dizer, nas duas escolas né, ou estava na casa de algum amigo, ou dizia que estava estudando.

– Eu estava estudando.

– Estudando geografia ou estudando música?

– Estudando maneiras de ser uma péssima irmã.

– Bem, parece que você não estudou o bastante...

Alice o olhou surpresa, e seus lábios se curvaram para cima.

Ele tinha a elogiado.

De um jeito um tanto esquisito, mas tinha.

– Obrigada – ela decidiu agradecer.

– Por que a curiosidade? - ele a interrogou, bebendo mais do café.

Alice olhou para os lados, para o relógio que marcava 5h27 da tarde, e passou a batucar a mesa com os dedos.

– Já não deveríamos preparar o jantar?

– Alice...

– Eu apenas... - foi convencida a contar. - Eu... Eu estava pensando no relacionamento dos nossos pais outro dia, entende?

– Pensando, como...?

– Em como eles se amavam, em fato. Você sabe, o papai era louco pela mamãe, e até mudou-se de país para poder ficar com ela. Claro que, anos depois, ele decidiu repentinamente voltar a morar na Espanha e acabou por ficar longe de seus filhos, duas pessoas que ele dizia amar tanto, porém não estamos falando disso. - Jonathan franziu o cenho ás palavras da irmã, mas nada disse. - De qualquer forma, eu sempre pensei no relacionamento deles como, de certa forma, um exemplo. E eu... Eu não quero nada menor do que eles tem. Eu não quero nunca aceitar nada menos do que eles tem juntos...

Jonathan decidiu continuar o desenho depois. Bebeu toda a xícara de café e colocou na pia. Depois, apoiou os cotovelos na mesa, o queixo nas mãos e disse:

– Você sabe que as chances de você encontrar o amor da sua vida com dezessete anos são muito pequenas, não sabe?

– Eu tenho quase dezoito.

– Você tem dezessete, Áli – a lembrou.

Alice soltou o suspiro e também apoiou a bochecha na mão, usando a outra mão para mexer no saquinho do chá.

– Você já namorou também, não namorou? - Jonathan não se sentia muito à vontade em falar da vida amorosa da irmãzinha, mas achou que era forma de ajudar. - Um cara, não foi?

– Dois.

– Ah, é. Eu só me lembro do último, que você apresentou aos nossos pais uma vez. Qual era o nome dele? “Marcel”?

– Michael.

– E vocês terminaram por que mesmo?

– Porquê... Bem, eu soube logo na época que nunca teríamos filhos nem casaríamos. Não teríamos futuro, nem algo do gênero. Ele era divertido e bem legal, mas qual seria o sentido de levar à diante algo que não teria um lugar à ser levado?

– Pelos deuses gregos, Alice!

Alice o encarou.

Jonathan estava com a expressão irritada.

– O que foi? - estranhou ela.

– Você terminou com o menino porque achava que vocês não teriam futuro?!

– Desde quando você tem opinião sobre meus namorados?

– Isso não importa, coelho branco. A questão é: que tipo de pensamento é esse? Se guardar pro amor da sua vida e se manter puritana enquanto isso...

– Eu não disse-

– Eu não gosto de me meter na sua vida, de verdade, Áli. Mas, adorada e jovem irmã, até eu sei que isso que é perda de tempo. Você não precisa ficar esperando o cara dos sonhos. Vai se divertir enquanto isso. E quem disse que você, de cara, vai saber quem é esse tal garoto? Você tem que conhecer ele primeiro...

– Porém...

– “Porém” não é uma palavra que cabe nesse contexto. - Ele se levantou da cadeira e deu um beijo na testa da irmã, roubando a xícara de chá dela logo em seguida. - Você é jovem, certo? Vai curtir a vida e ser feliz. Pronto. Assunto encerrado porque eu não vou mais falar sobre os garotos com quem você compartilhou beijos. - E bebeu do chá na xícara. - Meu Deus, por que você gosta dessas coisas? - perguntou, referindo-se a bebida.

– Benefícios à saúde.

– Que tal uma Fanta laranja? - ele perguntou, devolvendo a xícara à Alice e indo em direção à geladeira. - Tem laranja dentro.

– Você sabe que esses refrigerantes nem ao menos tem a polpa da fruta, certo? É absolutamente artificial; chega a ser nojento.

– Na verdade, Áli, eu sei – ele disse ao se sentar na cadeira abrindo a lata. - Você fala isso sempre que eu vou beber refrigerante. Ou comer bolo de cenoura; ou aquela lasanha de tomate. Ou nuggets de vegetais. Ou...

– Certo, certo, entendi, Jhonny - avisou. - Porém, não espere que eu pare.

– Ah, não. Eu sei que não vai parar, coelho – respondeu, erguendo a bebida no ar com um brinde, e virando-a na boca logo em sequência.


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Notas finais do capítulo

Mary Jane: personagem do HQ/filme Homem-Aranha; Princesa Leia: personagem de Star Wars (episódios IV a VI); Daenerys: personagem da série de TV "Game Of Thrones", ou série de livros Cronicas de Gelo e Fogo.

Mas, me respondam, vocês acham que eu sou "honrando" os personagens do jogo ou estou viajando muito...?
Ah, e deu pra perceber que o Jonathan chamada a Alice ás vezes de "coelho branco" por causa da história Alice no País das Maravilhas, né? Tá, só queria confirmar :D

Beijos minha gente, até... breve! o/