Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Milllll desculpas pela demora do capítulo, essa semana foi muito corrida... Vou tentar postar de dois em dois dias ;)
Não desistam da minha história, por favor ♥



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Sentia minhas bochechas queimarem quando Rodrigo chegou mais perto do meu rosto gélido. Então ele, num movimento brusco, apoiou seu cotovelo na cama e levantou-se.


– Acho melhor eu já ir indo - falou ele, colocando a mão na cabeça.

E saiu, deixando a porta meio aberta.

Em dezessete anos de amizade, eu nunca tinha tido um momento mais estranho e constrangedor com o Rodrigo. Tá, talvez quando aos sete anos, eu abri a porta do banheiro da casa dele e ele estava completamente pelado. Mas, pelo amor, eramos crianças! Nem conta. E nem chegava ao embrulho no estomago e nervosismo que eu senti quando o Rô chegou de pouco em pouco para cima de mim. Só ainda não tinha descoberto o que aquele nervoso significava.

Depois de alguns minutos, deixei aquela história de lado e entrei no computador. Todos meus amigos estavam online.

Mila S2 Chamem os policiais, a Juliana entrou no computador!

Juliana :3 Hahaha exagerada.

Mila S2– Juliana, você viu?

Juliana :3– Vi o que?

Mila S2– O site que todo mundo tá comentando!

Juliana :3– Que site?

Mila S2– Meu Deus, você não viu???? Vou te passar o link agora!!!!

Então ela me mandou um link de um blog cujas postagens eram todas em letras de fonte vermelha. Tinha um título bem grande: SENHORITA X.

Juliana :3– Que droga é essa, Camila?

Mila S2– Só lê o primeiro post!

Comecei a ler:

"A nossa mais nova aluna, Amanda Lemos, do terceiro ano, mal entrou e já despertou a atenção de todos. Não só por causa de sua aparência de uma modelo da Vogue, mas principalmente por estar namorando um dos gatinhos mais disputados do colégio, o também novato, Rafael Ferreira.

O casal, já juntos há nove meses, sempre transpareceu paixão e alegria à cada segundo, como podemos ver bem em todo beijo caloroso que eles se dão.

Mas será que tudo está às mil maravilhas mesmo? Será que a beleza e charme de Rafael estão sendo suficientes para a loira? Certamente não.

Lemos foi vista este sábado com um garoto misterioso no shopping da praça central, trocando muito mais do que simples carícias. Confira no vídeo abaixo"

Com a mão tremendo, cliquei no vídeo.

O vídeo era curto e direto, com quinze segundos de duração. Mostrava uma garota de roupa comprida beijando intensamente um garoto de calça jeans cujo rosto e corpo eram impedidos de ver graças à péssima filmagem. O garoto a empurra na parede e um beijo mais desesperado começa. A garota era com certeza a Amanda, percebi com tristeza após do décimo segundo. Tinha certeza porque foi a mesma saia que ela fora no colégio segunda-feira. Acaba com Amanda passando sua mão pelas costas do garoto e ele apertando a perna magra dela.

Voltei a ler o post.

"Como não gosto de expor ninguém, cortei o vídeo. Após o décimo sexto segundo podemos perceber com clareza quem é o garoto. E não é o Rafael. Que caia um raio em mim caso esteja digitando mentiras!

Espero que a Amanda e/ou o garoto contem a verdade para o Rafael, após lerem isto. Senão, eu irei. :)

Não duvidem de mim.

Amanda, você me enoja.

Beijos e abraços,

Senhorita X"

Paralisada de terror, comecei a questionar tudo aquilo. Será que era mesmo verdade? Será que não era tudo uma armação? E quem era Senhorita X afinal?!

Fui acordada de meus pensamentos confusos por Camila, que mandava sem parar mensagens pelo chat.

Mila S2– LEU? LEU? JULIANA, VOCÊ AINDA ESTÁ AI?

Juliana :3– Estou, estou. Calma, eu só estou tentando processar tudo isso.

Mila S2– EU SEI! Eu fiquei assim também!!! Quem você acha que é a Senhorita X?

Juliana :3– Eu não faço a menor ideia. Meu Deus, eu sinto como se eu estivesse dentro de um episódio de Gossip Girl.

Mila S2– Exato! Eu estou com muita pena do Rafael agora. Ele é tão fofo! Não merecia uma namorada rodada assim!

Juliana :3– Camila, a gente não tem certeza ainda de nada. Tenho certeza que isso tudo tem uma boa explicação.

Mila S2– Tomara. :(

Juliana :3– Só sei que segunda vai ser um dia agitado.


E foi. Quando a segunda feira chegou, não existia uma pessoa que não sabia do mais novo blog de fofocas do colégio.


Foi triste de ver. Rafael chegou no colégio com uma expressão envergonhada e de fúria.

Praticamente todos do colégio, como telespectadores obcecados, assistiram com prazer a cena que seguiu.

Rafael, com passos rápidos e barulhentos, entrou na sala 505 em qual Amanda se encontrava sentada e encolhida na penúltima cadeira. Com raiva visível em seu olhar, Rafael se sentou na carteira a frente da garota. E começou a encara-la.

Quando reuniu coragem para olha-lo de volta, Amanda, gaga, falou:

– Oi.

Nessa hora, todos já estavam reunidos em volta da sala, lutando para ter um pedacinho de visão do momento.

– Oi? - Rafael falou, indignado - OI? É isso mesmo que você tem pra me dizer, Amanda? Não tem mais nada?!

Ela ficou muda e desviou o olhar.

– E que tal me dizer sobre você se agarrando com outro cara? - berrou - QUE TAL? Que tal você também me falar sobre como você mentiu para mim e me fez passar de ridículo?

– E-Eu - gaguejou Amanda - Bom, hm, eu...

– Não fala nada Amanda, não é necessário. Por que no momento que eu vi aquele vídeo eu sabia que todos aqueles "eu te amo" que você me disse eram a maior mentira. Chega Amanda. Pra sempre. Terminamos por aqui.

Rafael levantou-se da cadeira e foi caminhando calmamente até a porta até ser impedido pela mão tremula da garota.

– Não, Rafa - seus olhos estavam marejados - Por favor, me da outra chance... Aquilo não significou nada!

– Não significou nada pra você! - gritou ele - Mas pra mim significou o mundo! Amanda, eu nunca me senti tão humilhado na minha vida! Sabe quem que me deu a noticia sobre isso? Sabe?

Ela balançou a cabeça em negativa.

– Um pivete que eu nunca vi na vida! Ele passou por mim no ônibus e falou "e ai chifrudo?". Eu tive que brigar com ele pra descobrir porque porra ele estava me chamando assim! Eu achei que caso algo desse tipo acontecesse Amanda, eu fosse uma das primeiras pessoas a saber. E que você ia ter a decência de vir me contar.

Ela abaixou o rosto e puxou a manga de seu casaco para suas mãos.

Ele continuou o percurso de ir embora da sala, mas parou novamente ao ouvir o grito desesperado dela.

– Eu te amo, Rafael.

Ele chegou mais perto.

– O pior dessa história toda é que agora eu não consigo mais acreditar em nenhuma palavra que você me diz.

Agora as lagrimas caiam pesadas e exageradas no rosto pálido de Amanda. Abriu a boca e, como alguém que estava terrivelmente arrasada e cansada, sussurrou:

– Eu sinto muito.

– Eu também - falou Rafael, agora sim saindo da sala.

Dessa vez, não havia nem vergonha nem fúria nos olhos claros dele. Só muita tristeza e dor.

O sinal bateu nesse segundo, então todos os curiosos de plantão tiveram que ir para suas respectivas salas. Tirando eu e o resto da minha turma que nos direcionamos para a "cena do crime".

Amanda estava parada como uma estatua no meio da sala. Suas lagrimas caiam sem parar quando o primeiro professor chegou na sala, fazendo-a despertar. Ela pediu, em tom de voz bem baixo, para ir ao banheiro. Só voltou no horário seguinte.

Queria muito falar com ela porém Amanda estava com uma aparência tão dolorosa e frágil que eu simplesmente não tive coragem de ir conversar com ela. Acho que todos da sala se sentiam assim.

Rafael não apareceu mais no resto daquele dia.

No recreio, Amanda simplesmente sumiu. Mas quem finalmente mostrou a cara foi Alex, o qual veio me puxar em um canto para uma conversa.

– Oi - disse ele, e começou a me beijar.

Interrompi o beijo com um empurrão.

– Que foi, Ju? - falou ele, arregalando seus olhos esverdeados.

Olhei para ele com olhar de desaprovação.

– Isso é por causa do nosso encontro? Por que eu preferi termina-lo mais cedo por que não estava me sentindo bem?

– Alex.

– Eu estava me sentindo mal! Qual é Ju, não fica assim... Por favor.

Ele segurou no meu queixo e começou a dar pequenos beijos na minha bochecha.

– Eu vou te recompensar, prometo! - continuou ele - Jantar romântico na minha casa. Que tal?

– Hm - sorri de lado - Ok.

Dei um beijo rápido em seus lábios rosados e fomos de volta para o pátio.

Chegando lá, algo me chamou atenção. Rodrigo estava conversando com uma garota. Ela gargalhava, exibindo seus dentes brancos, e tocava no braço dele à cada segundo.

A garota tinha cabelos loiros lisos em um corte moderno e repicado, caindo nos ombros perfeitamente. Tinha aparência pequena e frágil, como uma linda boneca de porcelana. Rosto angelical, pele perfeita e unhas bem feitas. Ela era... Encantadora. E eu não ia com a cara dela.

Puxei Alex pelo braço para irmos até o encontro deles dois.

– É verdade, é verdade - dizia ela, rindo.

– Nossa - disse Rô, recuperando-se da gargalhada que ele dera - Você é muito engraçada, suas histórias são o máximo.

Pigarreei com força.

– Juliana - virou-se Rodrigo - Alex. Bom ver vocês.

Sorri falsamente.

– Você quer me falar alguma coisa? - perguntou-me.

– Ah - comecei a pensar em alguma desculpa de estar lá - É só porque minha mãe queria que você fosse ajudar em algo lá em casa. Hoje à tarde.

– O que?

– Hm - falei - Eu sei lá ué! Pergunta pra ela.

– Hm, ok.

Comecei a encara-lo. A situação estava sem sentido e muito esquisita.

– E quem é ela? - sussurrei pra ele, dando um sorriso amigável.

– Ah, sim! - lembrou-se - Alex, Juliana, essa é a Sarah.

Sarah piscou seus olhos azuis grandes que se sobressaiam por causa de seus cílios longos. Deu um sorriso aberto e abriu os braços finos:

– Prazer.

E deu um abraço apertado em mim e no Alex.

– Estranho... Nunca te vi - falei - Você é do terceiro ano?

– Não - Sarah riu - Eu sou do primeiro ano ainda. Mas eu já te vi.

Fiz uma expressão confusa.

– É porque eu, particulamente, te acho muito linda. E é bom observar gente bonita - riu novamente - Acalmem-se meninos, também acho vocês muito observáveis.

Alex deu um sorriso intrigado. Rodrigo olhou para ela admirado.

– Mesma coisa para você - disse Rodrigo, lambendo os lábios.

O sinal tocou e deu um leve susto em Sarah, que colocou a mão no peito e riu. Ela gostava de rir bastante, já havia percebido.

Fomos para a sala rapidamente, já que estávamos longe de lá. Alex correu ainda mais para beber água antes de ir para a aula, então deixou eu e o Rodrigo sozinhos.

– A Sarah é uma graça, não é? - ele disse, sorrindo e bagunçando seu cabelo liso.

– Muito - falei, lamentando pela verdade - Então, como que você conheceu ela?

– Ela veio puxar assunto comigo hoje de manhã. Chegou perto de mim, de repente, e começou a falar sobre um programa de tv que ela vira ontem. Foi estranho, mas ao mesmo tempo, o máximo! Acho muito legal essas pessoas que não tem medo de fazer amizade, de ir conversar com um estranho...

"Entendi, ela é o meu oposto", pensei.


No final das aulas, voltei para casa com Rodrigo. Durante praticamente toda a caminhada ele não parou de me falar como Sarah era isso, como Sarah era aquilo... No meu auge de irritação por ter ouvido o nome dela mil vezes, me vi perguntando:


– Você está apaixonado por ela?

Rodrigo pareceu meio desconcertado por um segundo mas depois me olhou intrigado e disse:

– Não, claro que não. Quero dizer, eu a conheci hoje! Não dá pra se apaixonar por alguém tão rapidamente... Dá?

Franzi o cenho com a pergunta.

– Eu sei lá.

– Sabe sim. No mesmo dia que você viu o Alex pela primeira vez você já ficou toda doida por ele!

– Isso não é verdade!

Era verdade.

– É sim, Juliana, e você sabe.

Revirei os olhos.

– Não revire os olhos pra mim, Jujuba - falou.

– Você prometeu que nunca mais ia me chamar assim! - ri alto - Que droga. Você me chamava assim quando eu tinha quantos anos mesmo?

– Seis - ele sorriu.

Sorri de volta.

– Sabe o que a gente podia fazer? - falou ele.

– Diga.

– Dar uma olhada nos nossos álbuns daquela época.

Fiquei tão empolgada que eu sai correndo em direção para o porão e o Rodrigo veio logo em seguida.

Peguei a caixa pesada e bege em que tinham todos os álbuns de turma que eu já tivera. A poeira subiu e comecei a ter uma crise alérgica.

– Quer que eu busque um remédio pra você? - perguntou ele abrindo o primeiro album. Era da segunda série.

– Não precisa - respondi. Olhei a primeira foto - Meu Deus! Olha aqui você, Rodrigo! Que bebê, meu Deus.

Espirrei.

– E olha você aqui - apontou para a foto e riu. Eu estava fazendo uma careta - Uma palhaça desde sempre.

Dei um empurrão leve em seu ombro. Espirrei.

Rodrigo começou a vasculhar a caixa. Achou uma caixinha que continha um CD dentro.

– Caraca! - ele disse - Eu não vejo isso à milênios. Vamos assistir?

– Claro! Eu acho que eu na verdade nunca vi isso.

Espirrei.

Saímos em direção à sala de TV. Colocamos no DVD Player. Logo começou o tal vídeo a passar.

Começava com um título bem grande: SEGUNDA SÉRIE E - PROFESSORA GABRIELA.

Várias fotos de várias criancinhas começaram a passar na tela. A terceira foto já rendeu boas gargalhadas: eu, toda suja de chocolate e Camila ao meu lado, exibindo seu batom rosa novo. A penúltima foto era de mim ao lado do Rodrigo, nós dois abraçados em cima da grama verde. Olhei para ele naquele momento. Trocamos sorrisos.

Quando eu achava que já havia acabado, um clipe começou a tocar. Era a professora Gabriela perguntando à cada criança quem era o seu melhor amigo e por quê.

A maioria das crianças só dizia o nome e saia para brincar. Todos fizeram isso menos o menininho do último vídeo. Rodrigo.

– E você Rodriguinho, - falou a professora - quem é o seu melhor amigo?

– Minha melhor amiga - ele começou enrolando as palavras - É a Jujuba, com certeza. Porque ela é a menina mais linda, mais perfeita e mais engraçada que eu já conheci!

Ele terminou gritando e abrindo os bracinhos. Mas quando a professora estava indo desligar a câmera, ele falou "espera" e disse:

– E quando nós crescermos, eu vou me casar com ela, dar um cachorrinho para ela e nós vamos viver felizes para sempre.

E deu aquele sorriso fofo que ele sempre teve.

O vídeo acabou por ali mas a zoação estava só começando.

– Ah! - falei, rindo - Quer dizer que eu e você vamos nos casar, é?

– Você não pode levar em conta o que um garoto de seis anos diz - ele falou, tentando esconder o sorriso.

– Então você não me acha mais a menina mais linda, mais perfeita e mais engraçada que você já conheceu?

– Tá, isso não mudou até agora... - ele falou.

Como achei que era brincadeira, continuei rindo. Mas vi que o Rodrigo não ria mais. Ele estava sério.

Nos encarávamos e, confesso, estava gostando disso. Ele abriu a boca e, como se estivesse juntando coragem, falou:

– Juliana, tem uma coisa que eu quero te contar a muito tempo...



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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler ♥
Comente, por favor.