Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por ler ;)



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A primeira a notar não fui eu. Quero dizer, tinha gente já vazando da festa. Todas as pessoas bêbadas com suas bebidas alcolizadas estavam indo embora. Aquilo era caso para os bombeiros e talvez a polícia caso vissem aquele bando de menores de idade bebendo.

Não era a casa toda que estava pegando fogo, até porque eu teria notado a forte luminosidade. Era só a parte lateral da casa. Por coincidência, a parte do quarto da Amanda. Quando eu olhei para ela, ela estava completamente aos prantos, gritando e chorando:


– Meu celular, meu laptop, minhas roupas, meu quarto!

Sai da piscina rapidamente e liguei para os bombeiros, que demoraram alguns minutos para chegar. E quando eles chegaram, praticamente todo mundo já tinha ido embora, inclusive alguns dos empregados. Só sobrou eu, Alex, Camila, Rodrigo e Rafael. Bruno já tinha ido antes desse incêndio todo começar.

O bombeiro fez um bando de perguntas para a Amanda, que estava com o rosto todo borrado de maquiagem por causa do choro. E era à prova d'água!

De pouco em pouco, nós fomos saindo pois já estava bem tarde. E Mandy ainda apavorada, repetindo constantemente "meus pais vão me matar, meus pais vão me matar". Deu dó dela.

Alex fez o favor de levar Camila e eu para a minha casa. Ah, e o Rodrigo também. O Rô não queria de jeito nenhum que o Alex desse uma carona para ele, mas acabou cedendo pois já eram quase cinco da manhã e não dava para ficar procurando um ônibus ou algo parecido. Quando chegamos na frente da minha casa, eu já estava saindo e agradecendo quando Alex me puxou e me deu um beijo comprido na boca, fazendo a Camila soltar um "Aw!".

Rodrigo deu um abraço de tchau na Cam e entrou em sua casa. Mas não me deu nem tchau.

"Nossa, ele é/foi apaixonado mesmo por ela. Nem liga mais pra mim, só pensa na Camila", pensei, com uma pontinha de ciúmes.

Fizemos força para chegar até o meu quarto e caímos num profundo sono. Só acordamos ao meio dia, com minha mãe brigando com a minha irmã pelo telefone.

Alex não me ligou, nem mandou mensagem durante o final de semana. Eu jurava que depois do nosso episódio de afeição, ele ia me ligar ou só mandar um "oi" pelo facebook, sei lá. Mas eu estava enganada.

Quando eu vi ele segunda-feira, ele deu o maior sorriso e nem comentou sobre a falta de comunicação durante os dias anteriores. Porém como eu achei que eu estava sendo muito chata com isso tudo, tirei da minha mente essa história toda.

Quando a Amanda chegou no segundo horário, quase ninguém percebeu que era ela. Mandy estava com uma saia verde-musgo bem comprida, cabelo bagunçado, unhas sem esmalte e uma rasterinha bege. Nem parecia ela.

Assim que os outros horários acabaram, fomos falar com ela.

– Amanda, - falei - você está bem?

Ela só me deu um olhar gelado e disse:

– Eu pareço bem?

Todos permaneceram calados.

– Você precisa de alguma coisa? - perguntou Camila.

– De uma casa nova e mais uns milhões para reconstruir meu guarda-roupa, você pode me dar isso?

Todos ficaram calados de novo e ela saiu bufando e puxando o Rafael junto.

– Rafael disse que os pais da Amanda ficaram muito bravos - disse Alex - E eles cancelaram o cartão dela. Por isso que ela está com as roupas da mãe dela.

– A gente tem que fazer alguma coisa para ajuda-la - falei - Quer dizer, ela é a Amanda! Amanda das roupas caras, que adora moda... Ela deve estar sofrendo com essa roupa.

– Não tem nada o que fazer - falou Alex, num tom gélido.

– Claro que tem - falei, chocada com a insensibilidade dele - Tem que ter alguma coisa.

Então ele ignorou o que eu disse, puxou-me pra um canto e começou a me beijar. É, foi meio difícil resistir.

O resto da semana foi todo assim: Amanda com raiva da vida e com roupas largas, Rafael indo atrás e sempre com cara de cansado, Alex me puxando para cantos e me beijando, Camila brigando com Bruno porque ele estava conversando com alguma garota, Rodrigo voltando a sentar no outro lado da sala, mesmo ele insistindo que não estava bravo com nada.

Sexta-feira Alex puxou-me pela cintura para sentar ao lado dele num banco.

– O que você vai fazer amanhã? - perguntou ele, segurando minha mão.

– Acho que nada - falei, curiosa para ver onde ele ia chegar - Porque?

– Que tal eu e você irmos ver um cineminha ou algo assim? - perguntou ele, pegando um chiclete para mascar - O que você acha?

– Eu acho... - dei um beijo rápido nele - Uma ótima ideia.

Eu fiquei bem animada. Não era só o meu primeiro encontro com o Alex, era o primeiro encontro da minha vida!

"Mas... Ele não especificou se era um encontro mesmo", pensei.

Mesmo assim, sábado fiquei o dia todo me arrumando. Literalmente, eu acordei e pintei minhas unhas de preto, depilei minhas pernas, tomei banho de banheira, passei um hidratante caro e sequei meu cabelo com o secador (coisa que eu só fazia em eventos importantes como casamentos, enterros, essas coisas). O cinema era as oito e eu já estava as sete e vinte toda arrumada: vestido colorido, brinco brilhante e sapatilha vermelha.

Fiquei sentada na cama completamente parada que nem uma estátua até minha mãe falar que tinha alguém me esperando lá embaixo. Como já eram oito e cinco, desci muito animada para ver o Alex. Mas quando cheguei lá, era o Rodrigo com um dvd nas mãos.

– Juli... - aí ele virou e me viu - Uau, você... Você está muito linda... Hm, você vai para algum lugar?

– Na verdade sim - falei mexendo no meu vestido - Eu e o Alex vamos no cinema.

– Ah - falou ele. Pigarreou - Ah sim. Bom, é porque eu não sabia que você já tinha planos então eu trouxe o seu filme favorito. Bom, um dos seus milhões filmes preferidos.

– (500) Dias com ela? - disse, sorrindo.

– (500) Dias com ela - afirmou ele.

Fiquei com uma dorzinha no coração. Eu nunca dizia não à uma possibilidade de ver um filme da Zooey, muito menos do Joseph!

– Que tal a gente assistir semana que vem? - perguntei.

– Parece ótimo - disse ele, forçando um sorriso.

– Você é o melhor amigo do mundo, Rô - falei, tocando em seu braço - Só você para fazer algo assim.

– Aposto que o Alex faria a mesma coisa - disse ele, com um tom desconhecido por mim em sua voz.

Bem nessa hora a campainha tocou. Minha mãe atendeu apressada e quase caiu para trás quando se deparou com o homem mais lindo do mundo. Pelo menos naquele segundo ele era.

Alex estava vestido com uma roupa informal, acho que por isso que ele ficou tão atraente. Ele estava com uma calça jeans, all star branco, um óculos escuro Ray-Ban e a camisa dos The Ramones.

– Você deve ser a irmã mais velha da Juliana - falou ele, cumprimentando minha mãe - Prazer, meu nome é Alex.

Bom, nem preciso dizer que a minha mãe teve um ataque de riso e ficou dizendo "Seu bobinho" sem parar. Nem preciso dizer também que ela caiu nas graças dele completamente. Depois de uns minutos dele falando piadinhas, Alex virou-se para mim e disse:

– Pronta para ir?

Despedi-me de minha mãe e de Rodrigo, o qual ainda estava lá com uma expressão muito esquisita no rosto. Parecia raiva. E tristeza. Não tinha certeza.

Só sei que já estava tarde e a gente já tinha perdido a sessão da comédia romântica que eu tanto queria ver. Então quando a gente chegou no cinema, só tinha mais um filme de terror para assistir.

– Desculpe, Ju - falou ele, na fila da pipoca - Eu queria mesmo que você visse aquele filme com a Emma Stone. É porque o carro deu problema e...

– Shh - falei, colocando o indicador em cima dos lábios dele, tentando imitar os filmes - Tudo bem. Pelo menos eu estou aqui com você.

Ele abriu um sorriso e começou a beijar minha bochecha. Só parou porque uma garota cutucou o ombro dele.

– Alex, quanto tempo! - disse ela.

A garota ela loira, tinha traços fortes e era bem mais alta do que eu. Com uma jaqueta jeans e uma maquiagem pesada, a garota era bem magra porém cheia de curvas.

– É verdade - disse ele, soltando a minha mão - Você... Você está bonita.

Admito que eu fiquei um pouco incomodada. Quer dizer, não é porque ele elogiou ela. Mas sim porque eu tinha me preparado que nem uma louca e ele não tinha nem se dado o trabalho de reparar.

Aí que a garota foi notar minha existência.

– E essa é... - disse ela, olhando para o Alex.

– Ah! - disse ele, também lembrando da minha existência - Essa é... Bom, essa é a Juliana. Juliana, essa é a Suzana Aguiar.

Então eu sorri, de um jeito bem falso, confesso.

– Vocês vão ver que filme? - perguntou ela, passando a mão no seu cabelo comprido.

– Ilha Sanguinária 2 - O Retorno - falei, sem paciência.

– Nossa, deve ser uma droga - disse Suzana.

– Deve mesmo - falou Alex, rindo.

"Se você acha uma droga, porque insistiu para ver esse!?", gritei mentalmente. Já estava ficando com raiva da situação.

– Mas eu também vou ver o mesmo, infelizmente - disse Suzana - Meu namorado Henrique que quis.

"Hm, então você tem namorado!", pensei, começando a simpatizar com a garota.

– Homens - disse ela para mim, soltando em seguida um som de deboche.

Logo em seguida o tal de Henrique chegou e começou a puxar papo com o Alex sobre algum assunto irrelevante. Então sai de fininho e fui ao banheiro.

Enquanto eu arrumava meu cabelo, Suzana chegou por trás e começou a passar um batom vermelho nos lábios.

– Você e o Alex estão namorando? - perguntou ela, do nada.

Por instinto eu ia dizer sim mas aí eu comecei a pensar. Ele nunca me pediu. Esse era nosso primeiro encontro e nem parecia bem um encontro. Mas mesmo assim, falei:

– Arrã.

– Sabe, eu fui a primeira namorada de verdade do Alex. A gente tinha quinze anos e estudávamos juntos. Nós namoramos até o ano passado, mas aí eu terminei com ele.

Tentei me segurar mas não foi o suficiente.

– Porque você terminou com ele?

– Olha, querida, você vai ver mais pra frente que o Alex é bem fechado agora no começo da relação, mas depois ele vai se abrindo... E eu não gostei de umas coisas que eu descobri sobre ele. Não vou dizer o que foi porque eu prometi mas... - aí ela olhou para mim - Calma, que cara é essa! Já estava na hora de terminar, quero dizer, já estávamos muito tempo juntos...

Ela voltou a passar seu batom cor de sangue.

– O Alex é uma ótima pessoa, Juliana - continuou ela - Só porque não deu certo entre eu e ele, não significa que não vai dar certo entre vocês dois. E se um dia você precisar de ajuda com esse enigma que é ele, pode me ligar ou algo assim. Sério mesmo.

Então Suzana deu uma piscadinha e foi embora, deixando-me com o espelho e minha imagem refletida.

Quando sai, Alex estava impaciente com a pipoca na mão.

– Finalmente ein - disse ele, entregando nossas entradas para uma moça de uniforme.

– Tinha uma fila enorme no banheiro - menti - Hm, o que você e o Henrique conversaram enquanto eu e a Suzana não estávamos?

– Ah, maior babaca aquele cara - disse Alex - Tem o ego do tamanho desse cinema.

Ao chegar na sala de cinema, percebi que Suzana e Henrique estavam duas fileiras na nossa frente, rindo feito loucos e tendo uma guerra de pipoca. Eles pareciam estar se divertindo pra caralho, se quer saber minha opinião. O contrário do que eu estava tendo no momento, já que Alex parecia estar irritado com algo e só ficava mexendo no celular, digitando alguma coisa.

O filme mal tinha começado e metade do elenco já estava massacrado. Suzana dava uma risada alta a cada segundo que alguém era morto.

Pode ter sido paranoia mas eu percebi que o Alex não estava prestado atenção naquele filme maravilhoso (ha, ha, não) pois ele estava ocupado demais olhando para cada movimento que sua ex fazia. E eu estava que nem uma idiota tentando ganhar a atenção dele.

– Eles formam um casal fofo, não acha? - eu perguntei, com a intenção de ver sua reação.

– Er - cerrou o cenho - Sim, muito.

Encostei minha cabeça em seu ombro.

Durante uma parte do filme em que o assassino estava correndo atrás da principal com uma faca na mão, Suzana e Henrique começaram a se dar uns amassos bem intensos. Eu jurava que eles deviam estar achando que estavam em uma filmagem de um filme pornô porque, Deus do céu, a coisa estava ficando mais quente e cada vez mais o Alex parecia inquieto.

– Eu preciso ir no banheiro - ele disse e saiu em disparada em seguida.

Depois de uns quinze minutos eu sai de lá também porque eu juro que estava preocupada em como que ele estava. Encontrei-o no lado de fora andando de um lado para o outro.

– Alex, o que que foi?

– Desculpa Juliana - disse ele, acendendo um cigarro - Mas isso foi um erro. Não devia ter vindo aqui hoje.

– Mas que porra que você está falando? - gritei - E desde quando você fuma?!

Ele se sentou em um banco de madeira e deu um trago forte. Soltou a fumaça lentamente e disse:

– É coisa minha - fechou os olhos - Posso te levar para casa?

– Vamos - revirei os olhos.

O caminho para casa foi silencioso e entediante. O único momento que nós atualmente trocamos uma palavra foi em um momento que ele espirrou e eu disse "Saúde". Eu sei, que ridículo!

Quando chegamos na frente da minha casa, Alex só coçou a cabeça e deu-me um beijo rápido na bochecha.

Não tinha outros encontros para comparar mas aquele tinha sido uma droga.

Arrastei-me até meu quarto com preguiça. Já estava de pijama posto quando jogaram uma pedrinha em minha janela.

Rodrigo estava perto de sua janela dando um sorriso torto. Abri a minha e começamos a conversar (isso era possível pois nossas casas eram praticamente coladas).

– Como foi o encontro com o príncipe encantado? - perguntou ele, olhando para baixo.

– Não foi - respondi.

– Como assim?

– Ah - coloquei meu cabelo para atrás da orelha - Problemas.

– Que problemas?

– Nada, é só que... - enrolei - É...

– Juliana, Juliana, se você não me falar agora o que foi... Você vai ver.

– Ui - brinquei - Vou ver o que?

Rodrigo deu um sorriso provocativo e saiu correndo. Sabia exatamente o que ele iria fazer. Comecei a rir sozinha.

Ele chegou segundos depois e começou a fazer cocegas em mim.

– Para, para! - disse, morrendo de rir - Não, na cintura não!

Ele estava vermelho de tanto rir mas continuava a me provocar. Pulei na cama para tentar fugir de suas mãos, o que não deu resultado. Parecíamos duas crianças correndo de um lado para o outro.

Depois de um minuto, nós dois estávamos muito cansados então só caímos em minha cama.

– Falando sério - disse ele, com a respiração ofegante - O que houve no encontro?

– Ah - virei-me para encara-lo - O Alex encontrou a ex ele, ele ficou estressado por causa de alguma coisa, maior chatice. Nem quis terminar de ver o filme!

– Que absurdo - falou Rô, sério. Começou a observar o teto.

– Espera - cheguei mais perto - Você está sorrindo?

– Eu? Eu não. Não tem motivo de sorrir.

Rodrigo começou a rir.

– Que lindo, rir da minha desgraça deve ser o máximo.

– Não, Ju - riu mais alto - Eu sei como você devia estar animada. Sinto muito que o seu primeiro encontro não tenha sido perfeito... Do jeito que você merecia ter.

– Obrigada - sorri torto.

Com a maçã do rosto avermelhada e cheia de pintinhas espalhadas, cabelo castanho bagunçado e um sorriso adorável, Rodrigo me encarava intensamente. Seus olhos azuis e profundos analisavam meu rosto com cuidado quando ele pegou uma mecha do meu cabelo liso e colocou-a para trás da minha orelha.

Sentia minhas bochechas queimarem quando ele chegou mais perto do meu rosto gélido. Aí ele...


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Notas finais do capítulo

Comentem, pelo amor de Deus!
Beijos ♥