Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 44
Capítulo 44


Notas iniciais do capítulo

Em minha defensa, este capítulo foi bem complicado de escrever. Eu tinha tantas ideias, e foi difícil encaixá-las nos momentos certos. Quando percebi, o capítulo estava grande demais, tanto que tive que dividi-lo em duas partes. Queria transformá-lo em um só, mas percebi que ia demorar (tanto que ainda não terminei), e não é justo a espera que vocês tem que lidar. Desculpa, essa época de natal e ano novo é sempre mais corrida para mim, e não consegui administrar meu tempo bem.
FELIZ 2014 GENTE, OBRIGADA POR FAZEREM MEU 2013 MIL VEZES MELHOR! SEUS COMENTÁRIOS ALEGRARAM MEU ANO!
Desejo tudo de bom a todos, beijos



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A vida é mesmo imprevisível. Um minuto você está no parque, finalmente encontrando uma paz que não achava a um longo tempo, respirando o ar com prazer e esquecendo das coisas ruins... Então te sequestram. Realmente aquilo foi uma nada agradável surpresa.

Não conseguia enxergar nada, mas acho que me levaram para um carro. Uma van, na verdade. Um corpo forte me segurava pela barriga. Tentei bater nele, chutá-lo, arranhá-lo, mas o cara sempre dava um jeito de se esquivar.

Depois de uns cinco minutos e muitos gritos meus abafados pelo pano que amarraram em minha boca, senti o carro parar. As mãos me pegaram pelo braço e me ergueram em pé. Eu não queria e não ia andar. Quando o cara percebeu isso, dobrou minhas pernas e me levou em seu colo. "Ele deve ser imenso", pensei, porque eu me sentia do tamanho de um botão nos braços dele. Eu queria socá-lo neste momento, porém minhas mãos estavam imprensadas contra a barriga ou peitoral dele, não sei, e já estavam até perdendo a circulação.

Eu estava tentando tanto sair dos braços do homem, que deixei-o extremamente irritado. Ele acabou com seu pacto de silêncio e mandou eu ficar quieta, senão ia me machucar. Sua voz era desconhecida, grave, e bem ameaçadora. Só que eu não estava sã, então não obedeci. Vinte segundos depois, senti algo bater na minha cabeça, uma dor terrível percorreu meu corpo, e eu apaguei.

Acordei num colchão duro localizado no canto do quarto. Um saco de gelo havia sido colocado na minha cabeça. Um homem gigante e musculoso me observava ao lado da porta. O quarto era pequeno e sem janelas. Não havia móveis, só o colchão e uma lata de lixo pequena.

– Onde eu estou? - perguntei, minha voz rouca por causa dos gritos de antes.

O homem coçou o antebraço tatuado e não respondeu, ainda me encarando.

– Você é surdo?! - falei, sentando-me.

Ele deu uma risada abafada e baixa.

– Você com certeza foi a mais complicada. Que força de vontade, ein? As pessoas espertas e normais ficariam quietas e, no máximo, chorariam, ao descobrirem que estavam sendo sequestradas. Senso comum. "Não irrite o sequestrador", certo? Mas você não. Me bateu o caminho todo. Por isso que eu não fiquei com nem um pingo de pena quando, enquanto você estava se debatendo no meu colo, acabou batendo a própria cabeça na parede. Porém outras pessoas ficaram com pena, e botaram esse gelo aí. Besteira.

Ajeitei-me na cama e toquei no machucado: uma dor espalhou-se no local e eu me arrependi de ter feito o movimento. O homem me observava como se eu fosse um rato de laboratório.

– O que você ganha por estar sendo o capacho da Senhorita X? - perguntei, mesmo não tendo certeza que ele era.

– Quem disse que eu não sou a Senhorita X?

– O que você ganha? - insisti, ignorando-o.

– Eu fico livre de estar no seu lugar, por exemplo.

– Hm, realmente é um pesadelo ficar num colchão.

O homem sorriu e ajeitou o bracelete que usava no pulso esquerdo.

– Você não viu nada, querida.

– Quem é a Senhorita X, afinal? - perguntei, cerrando o cenho e franzindo a boca. Ouvi um barulho de passos se aproximando.

– Falando de mim, Juliana? - disse Sarah, entrando no quarto.

Achei que era uma brincadeira até ver um sorriso maléfico surgir no rosto dela. Eu não sabia o que falar. Meu coração estava a mil por hora, eu sinceramente achei que ia passar mal. Meu instinto gritou e eu me levantei para ir atrás dela. Eu nunca tive tanta vontade de machucar alguém. Mas, para mim, aquilo ainda não tinha sentido. Ela? Senhorita X?

Quando me levantei, caí no chão: uma corrente estava presa no meu tornozelo. Sarah gargalhou e virou-se para o homem.

– Hugo, pega lá as coisas pra mim.

Ele se levantou e saiu. Vi pela fresta da porta que estávamos no subsolo. Sarah abriu um pirulito vermelho e começou a lambê-lo. Chegou perto de mim com passos barulhentos naquele silêncio absoluto.

– Surpresa? - perguntou ela, abrindo um sorriso desprezível.

Não respondi. Eu não queria olhar para ela. Aquilo só podia ser mentira.

– Claro que você está surpresa. Você não tinha ideia! - falou ela - É por isso que eu te acho e pessoa mais burra que já existiu na face da Terra. Tanta gente já descobriu. Eu separei estas pessoas em dois grupos. O primeiro pensa "Não, a Sarah não! Estou enlouquecendo. Aquela doce pequena menina nunca faria nada disso" - ela gargalhou - Esses gostam de se enganar. E tem a outra parte, que não abre a boca pra falar que sou eu porque já tem consciência do que eu posso fazer. Estes me odeiam. Estes sabem que eu não tenho nada de doce e pequena.

Sarah se levantou e pegou um batom e espelhinho que continha em seu bolso do short. Passou o vermelho nos lábios, enquanto falava:

– Eu sempre amei bancar um personagem. A vida fica dez vezes mais emocionante! Vou ser sincera com você, Juliana, adorei o alter ego de garota perfeita que eu fiz para conquistar o Rodrigo. Adorei bancar a garota perfeita lá no colégio. Bando de estúpidos. Eles não vêem que eu sou uma miragem. Que garotas assim não existem. Você foi a primeira que percebeu que tinha algo de errado comigo. Mas não foi afundo na minha investigação...

Selou os lábios para espalhar o batom. Virou para mim enquanto colocava o objeto no bolso novamente.

– Que desperdício - continuou ela - Olha, adoraria continuar com a nossa deliciosa conversa, mas tenho um encontro com o Rodriguinho. Volto daqui a umas duas horas para te torturar - eu finalmente olhei para ela. Ela riu - Gostaria te dizer que estou brincando, mas não gosto de mentir. Beijos, querida.

Ela caminhou até a porta com muita falsa pose, e só parou quando ouviu-me dizer:

– E quando você vai contar pra ele a vadia imensa que você é de verdade, hã?

Sarah virou-se para mim e deu um largo sorriso. Ela estava se divertindo pra caramba com aquilo.

– Oh, bebê. Ele já sabe. E quer saber? Ele adora meu trabalho sujo.

– Mentira - saiu instantaneamente da minha boca.

Sarah veio até mim. Tentei recuar, mas mesmo assim ela conseguiu segurar meu rosto, e com força, devo adicionar. Deu um sorriso de dó.

– O mais triste é que eu conheço melhor ele do que você. Você é terrivelmente burra, caramba.

Sacudi meu rosto e ela soltou suas mãos gélidas.

– Minha mãe e meu pai vão notar que eu não estou em casa. Já está tarde. Eles vão sair ligando para meus amigos, e quando nenhum deles falar que está comigo, meus pais irão ligar para a polícia.

– Hm, sua observação seria interessante se eu já não tivesse pensado nisso antes - retrucou ela, rindo rapidamente - Você facilitou muito as coisas para mim, Juliana. Quando você desmaiou por causa da sua trapalhada, a qual eu amaria ter filmado, você ficou totalmente vulnerável. Então eu simplesmente peguei seu celular e enviei uma mensagem pra sua mãe falando que você ia dormir na casa da sua amigona Sarah! Ela me ligou uns minutos depois, confirmando. Ficou tão alegre em saber quão próximas nós estamos! Adorou tanto a minha simpatia, que falou que se você quiser, pode dormir outros dias, contanto que você tenha uniforme e material para o colégio. Hugo deve estar em sua casa, agorinha mesmo, para buscar suas coisas. Dirá que é meu tio ou algo do tipo.

Comecei a ficar nervosa de verdade.

– Amanhã se eu não for pra escola, o diretor vai ligar pra minha mãe.

– Você sabe que as coisas no colégio não funcionam assim. Você precisa faltar uns três dias seguidos para eles pensarem em ligar para os seus pais. E se você for uma boa menina, amanhã de tarde você já sai daqui. Claro que só se você tiver aceitado meu acordo.

– Que acordo? - rosnei.

Ela sorriu e virou as costas. Eu queria cuspir na cara dela. Na verdade, eram tantas coisas maléficas que eu queria fazer com a Sarah, que eu nem me reconhecia! Porém, mais que tudo, eu queria me livrar daquele lugar.

Quando Sarah estava perto da porta, Hugo voltou com um laptop em uma mão e uma mesa de plástico em outra. Depois de colocar o primeiro em cima do outro, sentou-se no chão e fez um sinal com a cabeça para Sarah. Ela foi embora, e eu fiquei sozinha com aquele homem corpulento e de olhar duvidoso. Decidi ser legal com ele. Quem sabe conseguia a simpatia dele e conseguia sair de lá rápido.

– Sinto muito por ter te batido - menti.

Hugo arqueou as sobrancelhas e continuou olhando para um papel em sua mão.

– Tudo bem - respondeu ele - Não é como se você tivesse conseguido me machucar, ou algo assim.

Não pude deixar de dar uma risadinha. Analisei a corrente que prendia a circulação do meu pé. A corrente vinha da parede e era presa por um cadeado.

– Que papel é este que você está segurando?

Ele pigarreou e escondeu o objeto. Olhou-me estranho.

– Vamos lá, Hugo. Mostre. Não é como se eu pudesse arrancar da sua mão e sair mostrando pros outros.

Ele parou um segundo para pensar e disse:

– É uma foto da minha família.

– Posso ver? - pedi.

Hugo hesitou mas veio até meu lado e me entregou a figura. "OK, ele confia em mim em algum grau", pensei.

A foto mostrava uma família grande num cômodo pequeno. No canto direito, vi um pinheiro de natal decorado com luzes. Não demorei para achar Hugo: o mais alto da foto, envolvendo uma mulher bonita e baixa. Apontei para ela e olhei para ele. Hugo baixou os olhos e disse, baixinho:

– Minha ex mulher.

– Hm - gemi - Não quero abusar, mas ex porque?

– Está abusando.

– OK. Desculpa.

Ele suspirou e olhou para a parede.

– Ela me deixou por causa desse meu trabalho. Mais especificamente, depois de eu bater no sobrinho dela.

– O quê? Sarah pediu para você bater nele?

– Sim... - disse sua voz densa, pesada pelo arrependimento - Este menino aqui.

Hugo apontou para um garoto de moletom azul. Aproximei a imagem do meu rosto e reconheci-o. Abri a boca.

– É o João?!

– Hã... Você conhece ele?

– Sim, ele é um grande amigo meu. Quando você bateu nele?

– Hm. Meses atrás. Sarah disse algo sobre ele ter invadido o esconderijo dela no colégio e disse que ele merecia uma lição.

Lembrei-me na hora. Eu também estava no dia que ele invadiu. A lembrança de vê-lo no dia seguinte, com olho roxo e boca cortada, preencheu minha mente.

– Meu Deus, foi você - falei, fazendo Hugo pegar a foto da minha mão e voltar para seu lugar anterior, evidentemente chateado - Mas a Sarah sabia que a sua esposa era a tia dele?

– Sim. Sarah fez de propósito. Podia ter escolhido qualquer cara para fazer o serviço, mas queria que fosse eu. Ela é assim.

– E você ainda se dispõe a trabalhar pra ela?! Quer dizer, nem pela sua mulher você considerou em deixar esse trabalho?

Hugo estava bravo.

– Juliana, eu penso nisso todo dia, tá bem? É um fantasma que me persegue e me impede de dormir! Eu amo minha ex mais que tudo neste mundo. Mas eu não ia conseguir sustentá-la sem esse emprego. Não ia conseguir me sustentar também! A Sarah é podre de rica. Meu salário é maior que o salário mínimo do país. Ganho mais que muita gente. Ainda tenho moradia garantida! São muitas vantagens para desperdiçar.

– Tenho certeza que você pode conseguir melhor.

Ele balançou a cabeça e sorriu, triste.

– Eu não completei o ensino médio e já fui preso. Você acha mesmo que eu tenho ofertas de trabalho batendo na minha porta?

– Se eu fosse você, procuraria que nem um louco por outro emprego, mas não continuaria em um que destrói minha integridade e minha moral. Não continuaria em um lugar que me fez perder o amor da minha vida.

Ele respirava rápido e se concentrada num ponto desconhecido do chão.

– Ela fez bem em me deixar - disse ele - Ela pode ser o amor da minha vida mas eu não sou o dela. Esse história de achar a pessoa certa, vocês se merecerem e viverem felizes... Baboseira. Não existe algo mais longe da realidade.

– Você pode achar que ela está melhor sem você, mas eu aposto que ela sofre toda noite... Pela saudade que sente.

Hugo virou o rosto para mim, balançando a cabeça como sinal de incompreensão.

– Você fala de amor como se já tivesse sentido. Tão nova, não sabe ainda das coisas que vai passar. As paixões que você tem na adolescência... Apenas amostras bobas do que você vai ter. Mas é claro que adolescentes tendem a dramatizar tudo, então você acredita que já teve o pior.

– Sinceramente, se o que eu já senti até hoje foi só uma pequena parcela do que eu sentirei quando crescer... Eu não quero ser adulta. Nunca. Não consigo imaginar um sentimento pior do que amar e perceber que tudo fora uma ilusão. Saber que o cara que você amou preferiu escolher a garota errada. Sentir que você não é boa o suficiente. Ver que o cara que você se apaixonou apenas te enganou. Mas o pior é, mesmo sabendo quão cretino e mentiroso ele é, ainda querer ele mais que qualquer coisa no mundo.

Então eu comecei a chorar. Baixinho e com as mãos cobrindo o rosto, mas ainda sim era vergonhoso. Eu estava mesmo abrindo meu coração para um cara que servia minha inimiga? Um cara que tinha espancado meu amigo? Quando decidi parar com o drama, percebi que Hugo tinha voltado para meu lado e estendia um lenço de papel.

– A Sarah adora dar isso para as vítimas - explicou - Pressão psicológica. Usa a voz que usamos para lidar com bebês. É horrível. Enfim, toma... Sem maldade por trás.

Peguei e sequei as lágrimas. Devolvi o papel amassado para ele. Hugo acertou a bolinha numa cesta de lixo perto.

– Desculpa pelo o que eu falei. Tá claro que você já amou... É porque eu não tive nenhuma paixão forte durante o colégio, então fico achando que ninguém teve também. Mas posso perguntar uma coisa? - afirmei com a cabeça - É o... Namorado da Sarah esse garoto que você está apaixonada? Rodrigo, o nome dele.

Balancei a cabeça com dificuldade. Ele abriu a boca, parecia querer dizer algo, mas bem nessa hora nós ouvimos passos se aproximando. Hugo apressou para voltar para seu lugar. Sarah entrou no quarto e fechou a porta.

– Estou de volta! - cantarolou ela, arrastando uma cadeira de plástico e encaixando-a debaixo da mesa. Sentou-se e ligou o laptop - Sentiu minha falta, Ju?

Eu revirei os olhos.

– Que rápido foi seu encontro, huh? - provoquei - Você sabe bem como agradar um cara.

– Quer mesmo tocar nesse ponto? - retrucou ela, gargalhando mais alto que o normal - Nós duas sabemos que eu soube agradar ele mais que você.

Eu desviei o olhar e coloquei-o sobre um buraco no meio da parede, onde formigas entravam sem parar em uma fila impecável. Sarah chamou minha atenção com um "Ei" alto.

– Vamos logo ao ponto, que acha?

– Finalmente - respondi.

– OK. Odeio fazer rodeios, então vou logo falar o que eu quero. Eu quero que você mude de cidade.

Isso me pegou tão desprevenida que eu berrei:

– O quê?!

– Eu quero que você saia da cidade - repetiu - Preciso desenhar?

– Como eu vou sair da cidade, pirou? - respondi, balançando a cabeça.

– Se vira, Juliana. Sei que você tem as suas manhas com seus pais. Convença eles.

– Espera - fiquei quieta por um segundo e ri - Eu estou dando bola pra isso? Sarah, vai se foder. Eu não vou me mudar de cidade por causa de você.

Olhei para Hugo e ele estava fazendo gestos com a mão para eu parar. Sarah me olhou e sorriu.

– Achei que você fosse falar isso. Então eu tenho uma coisinha pra te mostrar.

Vi ela apertar o botão direito do mouse duas vezes. Em seguida, levou o laptop nos braços e veio andando até mim. Sentou-se no chão, numa distância que eu não podia alcançá-la. Virou a tela para mim e clicou num botão. O vídeo começou a passar.

Ficou preto por alguns segundos até que o rosto de João pulou numa expressão assustada e raivosa. Ele estava com olheiras, e por trás se via árvores grandes e alguns arbustos.

– O quê você está fazendo aqui? - perguntou João, chateado.

– Que recepção boa - respondeu a pessoa que filmava. Parecia ser um homem, mas não reconheci a voz. Devia ser algum capacho da Sarah.

– O quê você quer?

– João, agora você está traficando?

– Isso lhe parece o quê?

– Sim ou não? - insistiu o homem.

– Claro, babaca.

– Que drogas?

– Está interessado, por acaso? - retrucou João, impaciente.

– Só me diga quais drogas! Não seja grosso, já fomos amigos.

João abaixou o rosto e mordeu os lábios. Ajeitou seu gorro azulado, dizendo:

– Depois que eu disser, vai embora. Tá chamando muita atenção.

– Combinado - falou o cara.

– LSD, cocaína e maconha - respondeu João.

– Sério?

– Olha, depois nós conversamos melhor. Agora sai daqui, você combinou.

E assim o homem fez. Virou o corpo e assim tive a visão de um parquinho ao longe, duas crianças magrelas brincando com castelinhos de areia. A câmera, a qual estava tão constante quanto ao seu posicionamento, teve uma brusca mudança. Filmava a grama verde com uma visão trêmula. O homem parecia estar tentando se esconder num arbusto. A câmera percorreu folhas até focar no João, agora mais de longe, entre as árvores largas. Vi um corpo se aproximando apressadamente, mas não enxerguei quem era pois João e as árvores perto eram as únicas figuras nítidas. Quando a tal pessoa se aproximou por completo, vi quem era: eu própria.

Tirei os olhos rapidamente da tela e percebi que Sarah me olhava com um imenso sorriso maléfico. Respirei fundo e voltei ao vídeo.

Eu vestia um casaco preto e botas marrons. Meus braços estavam cruzados. Lembrei que foi o dia que eu descobri que João estava traficando, e fui visitá-lo para fazê-lo mudar de ideia. Porém o vídeo não mostrava isso.

A câmera não capturou nossas vozes. Eu estava séria e João também. Então aconteceu algo. João entregou-me um saquinho plástico com muito pó branco contido. Eu não acreditava que a Sarah tinha conseguido documentar aquilo. O pior foi que eu, na filmagem, fiquei maior tempo observando o saquinho em minhas mãos. Logo em seguida o vídeo acabou. Daquele jeito, parecia que eu tinha adquirido a cocaína. A filmagem indicava isso, ainda mais porque não mostrou minha conversa real com ele, nem eu devolvendo a droga depois. Era tão real que quase eu acreditei.

Sarah fechou o laptop com brutalidade e olhou para mim. Percebeu que eu estava em estado de choque então apressou-se a falar:

– Deixa eu te explicar como fizemos isso, porque foi tão divertido! Eu pedi para um dos meus funcionários, Lucas, vestir um boné e fazer aquelas perguntas pro João. Eles já foram amigos, então foi fácil. Coloquei uma micro câmera no boné dele, uma micro câmera incrivelmente cara mas muito boa, como você pode ver pela definição das imagens. Você aparecer foi um bônus inesperado. Ainda bem que o Lucas já tinha te visto no colégio e sabia o quanto eu te adoro, porque aí ele teve a brilhante ideia de te filmar. Conseguimos pegar o áudio da conversa e filmamos até o final, só que não tem graça assim, né? Do jeitinho que eu editei ficou muito mais divertido!

Sarah olhou para Hugo e este veio até nós, pegou o laptop sem olhar em meus olhos e saiu do quarto.

– Então - continuou ela - Vou te explicar como as coisas vão seguir agora. Você vai dormir hoje aqui, amanhã você vai convencer seus pais a sair da cidade a qualquer preço, e vai vazar daqui no máximo semana que vem. Estamos de acordo?

– O quê? Não - respondi.

– Juliana, querida. Eu vou soltar esse vídeo na internet e entregar pra polícia. Na verdade, pode ficar na cidade, porque ver João e você serem presos e humilhados será tão mais divertido!

Percebi que ela estava certa. Era tão claro que era eu na filmagem, e parecia mesmo que eu estava comprando drogas. Comecei a ficar desesperada.

– Sarah, não, pede outra coisa. Eu não vou sair da cidade! - comecei a gritar - Não só porque eu não quero, mas porque meus pais nunca aceitariam, estamos no fim do ano letivo, eu não tenho dinheiro pra comprar um apartamento logo agora e... Não dá!

– Você acha mesmo que eu ligo? - riu ela - Vou repetir: ou você sai da cidade, ou vai pra prisão. Sua escolha, amor.

Eu cerrei o punho de raiva.

– Acho que prefiro contar pra escola toda que você é a Senhorita X. Você no mínimo vai ser expulsa do colégio.

– Não - contrariou ela -, no mínimo ninguém vai acreditar em você. O que vai ser totalmente o caso. Eu sou a queridinha de lá, você é a coitada. Acharão que você perdeu a cabeça.

Eu odiava como ela dizia tudo com confiança na voz. Ela falava de modo que te fazia acreditar em qualquer porcaria que saísse por a queles lábios vermelhos. Vadia.

– Sarah... Qualquer outra coisa eu faço - pedi.

– Já disse que não, que inferno! Olha, não sei porque você quer tanto continuar aqui. Não é como se as pessoas fossem sofrer quando você fosse embora. Aquela patricinha, Camila, talvez... Por uma semana, no máximo. Ninguém mais ia se importar. O Rodrigo com certeza ia fazer uma festa.

Sarah levantou-se com um sorriso e foi até onde Hugo estava. Olhou nos olhos dele com raiva evidente.

– Nada de conversar com ela, me ouviu? - ameaçou ela, e depois virou-se para mim - Tá na hora de dormir, Juliana. Você tem muito o que pensar. Amanhã você tem que me dar uma posição, ou então vai ter que ficar mais outro dia aqui, que tal?

Sarah jogou um beijo no ar e desfilou até a porta. Foi embora deixando uma batida estrondosa da porta se fechando. Eu comecei a respirar com dificuldade. Hugo percebeu e falou:

– Acalme-se, Juliana.

– Como?! - perguntei com tristeza, virando meu corpo - Qualquer escolha que eu fizer será horrível... Não estava me fazendo de difícil, duvido que meus pais vão aceitar minha ideia de mudar de cidade do nada! Vai ser tão complicado, mas eu vou ter que fazer por causa do João... Ele vai ficar muito tempo na cadeia... Bom, eu também ficarei se essa filha da puta postar esse vídeo na internet! E eu nem comprei droga nenhuma, é tanta injustiça que eu quero...

Fiquei de bruços e berrei contra o colchão. O grito foi abafado. Ouvi Hugo dizer algo, mas ignorei e mandei, mais como um pedido triste, que ele fosse embora por um minuto. Aleguei que necessitava de um minuto sozinha.

– Não posso fazer isso. Sarah não permite.

– Hugo, eu não tenho nem por onde fugir! Não tem nem janela nessa porcaria! Eu só quero ficar sozinha... Por favor.

Meus olhos marejados fizeram ele se sentir desconfortável e concordar. Quando ele saiu, pensei em um jeito de prender a porta, porém era inútil. Meu único jeito de sair dali era pela porta. Decidi fazer o que tinha dito. Deitei-me e chorei, não querendo ter que tomar aquela decisão. Imaginei um discurso convincente que eu teria que fazer na manhã seguinte.

Hugo voltou alguns minutos depois com um copo d'água para mim. Estendeu-o em silêncio e eu neguei com a cabeça, limpando as lágrimas do meu rosto. Ele colocou o copo do lado do colchão e voltou-se ao seu posto.

– Acho melhor você descansar agora e lidar com isso amanhã de manhã - sugeriu ele.

– De manhã a Sarah já vai pedir a resposta final - lembrei - Tenho que decidir isso agora. Se bem que não há o que pensar muito, é claro que eu tenho que sair da cidade. Eu só tenho que ver como vou pedir aos meus pais.

– Ela vai pedir sua resposta depois do almoço. E espera, pensa, deve ter outra saída.

Franzi o cenho e olhei para o homem.

– É? Tem alguma ideia de qual seja?

– Sempre tem alguma saída. Por exemplo, o último garoto que veio aqui, Sarah também pediu pra ele fazer um bando de maldade mas ele deu um jeito e seduziu ela. Conseguiu sair esta manhã.

– Você está dizendo para eu seduzi-la? - perguntei, realmente tentando entender o que ele estava querendo dizer.

– Não, estou dizendo que sempre tem um jeito de fugir.

– Você vai deixar eu sair pela porta? É um ótimo jeito de fugir.

– Sinceramente? Deixaria você sair, mas tem mais um bando de caras no caminho que nunca deixarão você passar.

Fechei a cara. Tentei pensar em um jeito de enganar a Sarah. Tudo parecia que não daria certo. Então, um clique estalou na minha mente. Para começar, quem era o garoto que havia seduzido ela? Perguntei a Hugo, e ele respondeu:

– O ex dela.

– O Rodrigo esteve aqui? - gaguejei - Mas não tem sentido, eles estão namorando, porque ela prenderia ele?

– Não, o outro ex. Alex. Pegaram ele no fim da noite de sábado, quando ele estava saindo da casa de uma menina, e ele saiu hoje de manhã.

– Era a minha casa - contei, surpresa demais para falar mais alguma coisa.

Não acreditei que Alex tinha sido sequestrado que nem eu, muito menos que ele tinha namorado com a Sarah. A figura deles juntos era difícil para mim de imaginar.

– De qualquer jeito, ele só escapou porque ela ainda tem maior queda por ele. Então não provoque ela, Juliana. Não vai ganhar nada com isso. Melhor ir dormir.

Não respondi. Virei meu corpo para a parede e encarei a tinta descascada. Hugo apagou as luzes algum tempo depois. Tentei imaginar minha vida em outra cidade, sem a presença de praticamente todos que eu amava. Um desespero bateu no meu peito e eu fiquei pensando nisso por horas, as lágrimas caindo devagar e em silêncio.

Por um momento, achei que Hugo poderia estar dormindo. Não sei de que adiantaria sair de lá, mas só deixar aquele quarto parecia uma boa ideia. Quem sabe encontrava Sarah no caminho? Bem que eu queria dar um tapa bem dado no rosto dela.

Quando virei-me, vi na hora que Hugo estava bem acordado. Olhava para o colo e parecia pensativo.

– O que te incomoda?

– O que você disse - atirou ele - Você estava tão certa. Eu não devia trabalhar mais aqui. Mas eu não sei o que fazer quando sair daqui! Se eu deixar esse emprego, vou perder casa e dinheiro. Não sei por onde começar depois disso.

Coloquei-me no lugar dele. Eu entendia a preocupação dele. E se a ex dele não o aceitasse de braços abertos? E se Sarah fizesse algo para se vingar? O dinheiro que ele tinha era suficiente para comprar um apartamento novo? Por isso, fiquei calada.

Tentei dormir mas meus olhos não queriam pregar. Como fiquei a noite inteira acordada, planejei tudo. O discurso para os meus pais já estava memorizado. Usaria a minha poupança de anos e daria para eles acharem um apartamento. Eles iam negar, dizer que era para minha faculdade, carro, minhas despesas futuras... Porém, no fim, eles teriam que aceitar.

Eu até já tinha visto na minha mente como seria minha despedida com Camila, João, Alex, enfim, todos meus amigos que eu me importava. Na minha mente, sempre acabava com um abraço. Porém, por um motivo ridículo e desconhecido, eu não conseguia imaginar minha despedida com Rodrigo. Eu teria que me despedir, sabia disso, mas não sabia como. Um "tchau"? Muito impessoal. Não é como se nós não tivéssemos história. Um abraço? Não muito apropriado, levando em conta da nossa situação. Eu sentia um embrulho quando tentava aprofundar o pensamento.

Depois de ficar no colchão em todas as posições imagináveis, parecia que eu estava a um milênio lá. Enquanto esfregava meus olhos exaustos porém atentos, perguntei:

– Que horas são?

– Seis da manhã. Sarah deve passar aqui daqui a uma meia hora, só para checar que você está arrasada e morrendo de medo dela.

– Medo é o menor dos sentimentos horríveis que estou sentindo por ela.

Hugo mexeu os ombros e a cabeça, alongando-se. Levantou-se do chão, falando:

– Vou tomar um café. Vou ver se dá pra eu te trazer alguma comida.

– Obrigado - falei, bocejando - Você pode tirar a corrente do meu tornozelo? Está machucando.

O olhar desconfiado ele não me surpreendeu. O que me deixou impressionada foi quando ele se virou e abriu o cadeado. A corrente se soltou e um alivio percorreu a área. Passei a mão pela marca vermelha e funda em minha pele.

– Eu confio em você. Sei que você não vai sair do quarto... E se sair, você só vai ter a chance de subir a escada, porque logo depois os caras vão estar de olho.

Eu acreditava nele. Achava mesmo que seria assim. Mesmo assim, pensei em tentar escapar, assim que Hugo saiu pela porta. Fui caminhando calmamente até lá, quando a porta abriu-se sozinha. Jurei que era Hugo voltando por algum motivo, por isso tentei correr de volta ao colchão. "Ele não pode desconfiar de mim", pensei. Mas não era quem eu pensava.

Alex caminhou para dentro com o dedo na boca, indicando que eu deveria ficar em silêncio. Era meio difícil, porque tudo que eu queria perguntar era o que ele estava fazendo ali. Ele fechou a porta bem lentamente e virou-se para mim, pronto para receber um abraço.

– Mocinha em perigo, vim te salvar - disse ele, bagunçando meu cabelo.

– Graças a Deus! - sorrimos juntos - Como você conseguiu entrar?

– Com ajuda.

– De quem? - indaguei, cerrando o cenho.

– Rodrigo - respondeu ele.

– Quê?! Rodrigo está aqui?

– Claro. Quando a gente descobriu o estado que você se encontrava, queríamos vir o mais rápido possível ajudar.

– Explica melhor. Como vocês descobriram?

– Não sei se você sabe mas a Sarah também me prendeu aqui e...

– Sei - interrompi.

– Tá - estranhou - Enquanto eu estava aqui, ouvi Sarah dizendo para outros caras que a próxima seria você. Pressenti que seria no mesmo dia que eu conseguisse sair. Quando encontrei Camila naquela loja, ouvi-a dizer que você estava indo pra casa dela na mesma tarde. Achei que te sequestrariam depois, mas não quis bancar o detetive e te seguir. Então, só de noite, eu fui na sua casa, e sua mãe me recebeu com a notícia que você estava aqui. Me xinguei mentalmente por não ter ido antes.

– Não tem problema - falei - Não tinha como você saber o horário exato... E mesmo se não fosse hoje, outro dia a Sarah agiria.

Alex acabou concordando

– Bem quando eu tava lá na sua casa, o Rodrigo entrou, desesperado ao ponto que chegava a ser hilário. Ele berrava, falando que a mamãe dele tinha dito que Sarah tinha passado para pegar as suas roupas! A sua mãe não entendeu a aflição dele, e ficou bem preocupada. Rodrigo sabia que tinha um plano maléfico por trás. Eu puxei-o até o jardim e o cara começou a me perguntar que nem um louco se eu sabia o que tinham feito com você. Depois de explicar o quê eu achava que estavam fazendo contigo, Rodrigo simplesmente saiu correndo. Eu tive que gritar muito para fazê-lo parar - ele riu baixo - Nossa, ele é uma comédia. Ele queria correr até a casa da Sarah para te salvar! Imagina!

Parei um segundo para sorrir. É, aquilo parecia algo que Rodrigo faria. Algo irracional e engraçado.

– Eu convenci ele, depois de muita conversa, a esperar até as seis da manhã, porque nessa hora que os capachos estão mais bobões e a partir desse horário que a Sarah vai pra escola, já que ela gosta de chegar cedo.

– Saquei. Ainda não entendi onde o Rodrigo está e o quê ele está fazendo.

– Sabia que você ia querer saber isso - respondeu ele, sorrindo - Graças a ele que eu pude entrar aqui, já que ele está conversando com os capachos, distraindo-os. Rodrigo fez uma amizade com todos eles, por causa do tempo que ele passou aqui por causa da banda. E também porque os capachos e eles compartilham um ponto em comum.

– E qual seria esse? - interessei-me.

– Todos odeiam a Sarah.

Já ia chamá-lo de louco e demandar uma explicação, quando Hugo entrou no quarto. Este ficou, em segundos, vermelho de raiva. Fechou a porta e suas narinas se estufaram.

– Que porra você ta fazendo aqui, Alex? - perguntou Hugo, cerrando o punho.

– Ao contrário do Rodrigo, eu não fiz nenhuma amizade, viu? - comentou Alex, rindo.

– Você tem que ir embora agora - ordenou o outro homem.

– Tudo bem. Vamos, Juliana - disse Alex, agarrando meu braço e me levando em direção a porta. Hugo formou uma barreira na nossa frente, e um "não" estava estampado no seu olhar.

– Por favor, Hugo - implorei - Me deixa sair daqui.

– Não mesmo. Nenhum de vocês dois.

Eu abri a boca para pedir novamente, desta vez mais dramática, quando Hugo fez uma cara estranha e tapou, com suas mãos, a boca minha e de Alex.

– Sarah está descendo as escadas.

Meu coração pulou. Deus sabe lá o que ela faria com Alex, comigo, e até com o Hugo! Eu tremi com os pensamentos.

– Corre pra cama! - falou Hugo para mim, e empurrou Alex para o canto do quarto. Este ficou colado na parede, sem respirar. Não entendi como aquilo podia ajudar em algo.

Hugo foi mais rápido e abriu a porta antes da Sarah bater. Ela ficou surpresa e deu bom-dia.

– Que agilidade para seis horas da manhã - estranhou ela, dando um pequeno passo para dentro do quarto.

– Foi aquele novo café que a senhorita comprou. Incrível, experimentei ele agorinha.

– Que bom - respondeu ela, olhando para mim. Eu estava sentada no colchão, respirando rápido - Alguém está com medo de mim?

Eu parecia mesmo que estava nervosa. Não neguei, acho que ela queria que eu tivesse medo dela.

– Agora eu vou pra escola, Juju. Depois pergunto pro Rodrigo, meu namorado, quais são os deveres para amanhã. Se bem que você tem algo mais importante para pensar do que deveres!

Sarah gargalhou enquanto virou-se para sair do quarto. Hugo já estava fechando a porta quando a menina colocou o pé para impedir.

– Estou de olho - falou ela, referindo-se a nós dois.

Assim que a porta foi fechada, vi Alex pegando o celular no bolso e digitando algo rapidamente. Quando percebeu que eu estava observando, quis explicar.

– Tenho que avisar Rodrigo para sair de lá. Se a Sarah vê-lo, vai desconfiar na hora.

Concordei e decidi voltar a convencer Hugo. Para começar, sorri. Ele fechou a cara.

– Não adianta, Juliana. Você não vai sair.

Bufei e tentei outra abordagem.

– Hugo, eu sei a resposta - falei, fazendo-o franzir a testa - Estou falando do que você me disse mais cedo. Não existe a solução perfeita para o que você está procurando. Sempre vai ter uma perda. Mas talvez a beleza esteja aí, não vê? A incerteza dos atos. Acho que arriscar nesses casos é a melhor escolha. Minha recomendação é: vá atrás da sua esposa e da sua família... Não existe coisa mais valiosa, nem dinheiro, nem casa. Eles vão te acolher... Eu sei que você não quer gastar o tempo da sua vida aqui.

Ele analisou o chão de ladrilhos de porcelana, e balançou a cabeça como afirmação, claramente triste.

– Me deixa sair daqui, Hugo - pedi - Você disse que sempre tem uma saída melhor, e talvez essa seja a minha.

Ele olhou para mim com as sobrancelhas unidas.

– Tudo bem - respondeu - Eu também vou com vocês. Quero dar um fim nisso logo.

Nós três compartilhamos um sorriso. Então, de repente, a porta foi aberta e por um segundo meu coração disparou. Porém disparou ainda mais quando eu vi quem tinha entrado. Rodrigo tropeçou no próprio pé e caiu no chão gelado assim que entrou no cômodo. Ele buscava oxigênio pela boca semiaberta.

– Tudo bem, cara? - disse Alex, incapaz de segurar o riso.

Rodrigo se levantou e arrumou a roupa, rindo também.

– Tive que encarnar um ninja para poder despistar a Sarah - falou ele, bagunçando ainda mais o cabelo com as mãos - Ela quase olhou quando eu estava descendo as escadas, então tive que correr muito.

– É a sua namorada, pra que fugir dela tanto? - perguntei de cara fechada. Os três homens me olharam estranho.

– Então - ignorou Rodrigo - Qual é o plano?

Nos entreolhamos, todos sem ideia. Surpreendentemente, Hugo foi o que respondeu.

– Eu tenho um.


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Notas finais do capítulo

Aceito críticas construtivas! Por favor, comentem o que acharam!