Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 40
Capítulo 40


Notas iniciais do capítulo

Fiquei um pouco bem triste agora porque vi o tanto de gente que parou de acompanhar Último Romance. Nossa, eu entendo, minha demora foi uma coisa absurda, mas como eu fiquei triste. Vou falar todos os motivos honestos dessa demora:
1 - Semana de provas do meu colégio. Boa notícia: foram as últimas do ano.
2 - Minha casa ficou sem internet por algumas semanas.
3 - Mudança de servidor do Nyah!
Sinto muito muito mesmo, desculpem-me se eu estou fazendo tudo errado! Minha história está acabando então, por favor, não desistam dela agora.



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O mês que seguiu depois daquela noite foi completamente maravilhoso. Rodrigo tornou-se ainda mais carinhoso e atencioso depois daquele dia. Estava fazendo de tudo para ser um namorado ainda melhor, como ele prometera na carta. Suportava-me em qualquer coisa, era gentil com todas as palavras, e demonstrava seu amor cada vez mais. Na verdade eu percebi que os dias que seguissem seriam ótimos durante a nossa primeira vez. Ele fora tão amoroso e dócil, preocupado que se eu estava me sentindo confortável, e se eu estava sentindo dor. Eu senti, bastante, mas valeu a pena. Ter aquele momento com ele foi muito especial para mim.
Engraçado foi o dia seguinte, que fui na casa da Camila contar as novidades. Não dava pra ser por celular, mensagem de texto, nem e-mail. Tinha que ser cara a cara.
Cheguei lá por volta das três. Não tinha avisado a ela que iria aparecer, porque queria surpreendê-la. Os pais de Camila estavam viajando (para variar) e, naquele dia, os empregados estavam de folga.
Como a porta da casa de Camila estava sempre destrancada, entrei sem problemas. O segurança que vigiava a casa dela, Vinícius, me conhecia desde pequena então não pensou duas vezes: deixou-me passar. Subi até o quarto dela quieta e tentei espiá-la. Ela estava com Rafael, e os dois estavam abraçados vendo TV. Olhei para Camila: pela primeira vez eu vi seu cabelo bagunçado na presença de um garoto. Ela estava com uma roupa bem desleixada. O casal estava debaixo do edredom, e Rafael sem camisa.
– Tsc, tsc, vocês dois ontem a noite pegaram fogo, ein? - falei, fazendo-os perceber a minha presença. Ambos pularam de susto.
– Juliana! Porque você está aqui? - perguntou ela, tentando não parecer envergonhada.
– Queria te surpreender. Tenho novidades. Mas se você quiser que eu volte depois, para vocês ficarem sozinhos, tudo bem.
– Que tipo de novidades? - ela perguntou, arregalando os olhos - Fofoca?!
– Não - respondi, fazendo ela perder o interesse - É sobre eu e o Rô.
– Hm - ela ainda não parecia interessada, mas não soava rude - Vocês brigaram? Você quer desabafar? Pode dizer o que houve, o Rafa não vai ligar não.
– Bom, é uma coisa que eu só queria contar a você.
– Poxa, não precisa esconder coisas de mim não, Ju! - falou Rafael, franzindo o cenho.
– Mas é algo mais entre amigas, sabe, porque ela vai querer detalhes e você não vai gostar.
Ele me olhou como se não fosse sair de lá por nenhum motivo. E como eu não iria embora sem conversar com Camila, a qual eu não estava falando tanto quanto antigamente, disse:
– Então tá, se vocês insistem. Ontem eu e o Rodrigo transamos.
Camila pulou da cama com um único impulso, e deu um berro. Segurou meu braço com força e deu um sorriso com todos dentes.
– Ai meu Deus! - disse ela - Conta tudo! Todos os mínimos detalhes, vai!
Estava abrindo a boca para começar a contar a história, mas então Rafael me interrompeu, ainda sentado na cama:
– Espera. Mínimos detalhes? Como assim? Vocês saem falando sobre tudo que aconteceu?
– Hm, é - respondeu Camila, como se fosse a coisa mais obvia do mundo - Tudinho.
– Não, vocês... Você... Camila, você falou tudo sobre a nossa primeira vez? - perguntou ele, soando preocupado.
Eu e ela nos entreolhamos e demos uma risada mais alta do que deveria. Sim, ela havia falado tudo. E como fora engraçado. Rafael se atrapalhara diversas vezes naquela noite. Teve um momento que ele se empolgou demais e acabou caindo da cama. Mas isso foi a parte não tão vergonhosa da coisa.
– Porra, Camila - disse ele, parecendo chateado.
– Calma, Rafa, eu não vou sair contando isso pra ninguém não - falei - Garotas são assim, relaxa.
– É, e até parece que você não comenta - retrucou Camila.
– Mas não é assim! Os caras são tipo "e aí, rolou?", "arrã", "meu garoto". Só.
– Duvido, aposto que ficam falando de como é o corpo da mulher e et cetera - disse ela, não convencida.
– Superficialmente. Olha, eu vou indo. Não quero ouvir aqui como foi a performance do meu amigo. Que nojo.
Eles se despediram com um beijo na bochecha. Eu contei tudo pra Camila, na correta sequência dos fatos, e quando terminei, ela estava com uma feição sonhadora, como uma criança que acabara de ouvir o mais doce conto de fadas.
– E quando acabou? - perguntou ela - Vocês dormiram, conversaram? Ou foi que nem eu e o Rafa, que fomos comer um sanduíche?
Dei uma risada e expliquei. Eu lembrava tudo perfeitamente. Quando tudo acabou, eu e Rodrigo ficamos lado a lado dando respirações profundas por um minuto. Eu olhei para ele rapidamente e este estava me encarando com um sorriso torto no rosto. Foi um clássico momento Pinter: onde tudo é dito em silêncio, nas sutis entrelinhas, porque o que realmente queremos dizer tem emoções demais para formar palavras.
Aproximamos nossos corpos quentes lentamente e ficamos quietos. Eu analisei o rosto dele enquanto ele desenhava espirais imaginarias na minha pele, com seu indicador. Adormecemos lá depois de algum tempo, abraçados, e só acordamos quando ouvimos a porta da sala bater com força. Eu vesti rapidamente minha roupa e Rodrigo fez o mesmo, bem ao tempo da mãe dele abrir a porta e se deparar conosco de pé com os cabelos bagunçados. Ela deu um olhar desconfiado e pediu para nós ajudarmos ela com as compras.
Depois de ajudá-la, decidimos sair para pegar uma sessão de cinema a meia noite. Porém foi difícil me concentrar, tudo que estava na minha mente era o que tinhamos acabado de fazer. Voltamos para casa com os dedos entrelaçados.
Até o fim daquele mês, Rodrigo tentou ao máximo recuperar o tempo perdido. Ele estava mais atencioso e doce do que nunca. Ele me mostrou que a frase "eu te amo", em si, não é verdadeira. O sentimento por trás dela que vale, o que pode ser demonstrado em atos. Todo dia, Rodrigo me dava uma flor que encontrava no caminho, ou roubava um beijo, ou fazia cócegas quando eu estava por perto, ou então, como foi muitas vezes, dizia algo que me fazia sorrir.
O mais estranho era que depois daquele tempo todo eu ainda sentia um embrulho no estômago quando ele me olhava. Podia passar a madrugada em claro apenas pensando no sorriso dele. Sentia meu coração aquecer toda vez que tocávamos os lábios. Eu jurava que, naquela altura, essas coisas típicas de nova paixão adolescente já teriam cessado. Como eu estava enganada.
–--
No mês seguinte, os rumores sobre a gravidez de Camila, que até agora não tinham saído da boca das pessoas, simplesmente foi esquecido. Acho que o fato dela não ter criado barriga ajudou para as pessoas perceberem que era tudo um engano. Na verdade, Camila fez questão de ficar ainda mais magra do que antes, e usar roupas ainda mais justas.
Eu estava toda semana ligando para João, pedindo notícias sobre o julgamento. Ele nunca dizia nada de novo, falava que era um processo lento mas que tinha fé em se salvar por causa de seu advogado. Houve um dia que eu liguei e ele disse que aquele seria o último dia de julgamente, se tudo fosse do jeito que ele planejava. Eu e Rodrigo decidimos ir até lá dar uma força.
O prédio mesclava cores acizentadas na sua maior parte. Pisamos sobre um gramado pinicante e bege até chegarmos em uma escada com chicletes colados a provavelmente anos. Entramos e nos deparamos num lugar frio cheio de salas. Nos encontramos com João, Manuela e Leon. Ela estava vestida com uma saia lápis e uma camisa de listras finas. João e Leon usavam ternos pretos.
Eu e Rodrigo não pudemos assistir o julgamento, pois pelo jeito havia um limite de pessoas e nós não éramos considerados envolvidos no caso de nenhuma maneira. Logo, tivemos que esperar por algumas horas numa cadeira pequena de metal. Utilizamos o tempo com um sério jogo de perguntas (O que você prefiriria: beijar um rato de esgoto, ou ter a cabeça completamente raspada para toda a eternidade? Perguntas inteligentes assim), comer todos os tipos de besteiras, e debater filmes. O tempo voou, e quando vimos, João, Leon e Manuela estavam saindo da sala seguidos de várias pessoas bem-vestidas e com feições sérias.
– E então? - perguntou Rodrigo para qualquer pessoa que quisesse responder.
João se ajoelhou e começou a chorar bastante. Eu coloquei a mão na boca. Não conseguia acreditar: teriam eles perdido? Iria João para a cadeia? Comecei a me sentir aflita e nervosa. Manuela se agachou e com um único olhar, fez ele se levantar. João virou-se para o Leon e forçou um abraço, enquanto o advogado apenas ficou parado com uma cara assustada.
– Senhor Leon, eu não tenho nem como te agradecer, você salvou minha vida, o senhor é incrível, vou passar o resto da minha vida a seu dispor! - João berrou sem pausas. Apertou ainda mais Leon, o qual tentava se soltar dos braços do garoto.
– Vocês ganharam? - falou Rodrigo, tão nervoso quanto eu.
Manuela abriu um sorriso gigantesco e deixou algumas lágrimas caírem. Rodrigo abraçou ela e eu dei um abraço em João, até para ajudar o velho advogado a respirar um pouco.
– Ganhamos, mas João terá que se submeter a um intensa reabilitação, será obrigado a fazer testes de sangue surpresas e, sem aviso prévio, terá a casa vasculhada. Nada disso é perto de agradável mas...
– Mas não é a prisão! - interrompeu João, sorrindo de orelha a orelha.
– E foi o que eu consegui fazer, depois de várias negociações - disse o homem, pegando seu celular - Estou feliz que eu consegui, João. Sei que isso trará uma paz imensa, tanto para você quanto para minha sobrinha - Manuela deu um sorriso acanhado - E é isso que importa.
Todos nós compartilhamos sorrisos por um breve momento, até que Rodrigo disse:
– A gente devia sair para comemorar. Vamos, nós cinco, jantar em um lugar especial, sei lá!
– Eu passo - disse Leon, após fazer as contas matemáticas e ver que estava incluído - Mas obrigada, rapaz.
Nós quatro andamos até uma pizzaria no final da esquina, famosa por sua massa fina e leve. Pedimos uma grande e nos esbanjamos até o final da noite. Acho que nunca tinha visto João tão eufórico. E Manuela, apesar de fazer questão de esconder sorrisos, estava evidentemente feliz. No fim, enquanto Rodrigo ligava para um táxi, eu fui no banheiro rapidamente. Quando saí, deparei-me com Manuela e João num canto do restaurante. Eles não perceberam minha presença. Eu não queria espionar o momento que eles estavam tendo mas eu não queria também arruiná-lo, algo que aconteceria se eu passasse por eles, já que os dois estavam bloqueando o caminho.
João estava falando algo para ela no instante que eu me aproximei. Ele segurou uma mecha do cabelo dela e suspirou, dizendo:
– Manu, obrigada. Não sei o que eu faria se não fosse por você.
– Hm - ela parecia envergonhada - Agradeça a Juliana, ela que me contou o que estava acontecendo.
João deslisou sua mão até a de Manuela, e entrelaçou os dedos.
– Foi a maior alegria você ter vindo aqui fazer isso para mim. Sei que já há um tempo mas só agora deu para dizer isso.
– Hm, mas eu não virei novamente se você fizer besteira mais uma vez, me ouviu? Você se lembra da única coisa que eu te falei antes de viajar? Em resposta ao seu imenso e-mail, eu escrevi uma frase. Qual foi?
– "Não faça nada imprudente, e cuide-se" - disse ele, abaixando a cabeça.
– Ah, deveria lhe agradecer por seguir exatamente o que eu disse, não é?
Ele ficou sem graça e soltou a mão dela. Ela levantou o queixo dele para eles se olharem nos olhos.
– Se você seguir isso dessa vez direito, a partir de hoje, eu tenho uma proposta pra você.
– Qual? - disse ele, mostrando-se realmente interessado.
– Se você não fizer mais nenhuma besteira, não se drogar, não vender drogas, não bater, não roubar, não matar - ele bufou - Eu sei que você não vai fazer isso, mas estou falando as condições... Tá, se você não fizer nada que vá me deixar potencialmente irritada, e concluir o ensino médio com notas razoáveis... Pode vir morar comigo.
João quase perdeu a cabeça.
– Sério mesmo? Posso?! - falou ele, segurando os pulsos dela com certa força.
– Pode - respondeu ela, caindo em seguida nos braços estendidos dele. Ele abraçava ela como se fosse a última coisa que ele poderia fazer no mundo - Eu já pensei bastante nisso e... Eu quero isso mais que tudo. Morro de saudade de você.
João deu um sorriso gigantesco e tascou um beijo de cinema nela. Só pararam porque viram o Rodrigo se aproximando. Decidi aparecer nesse mesmo instante.
– Que demora, Ju. O táxi já chegou. E vocês? - disse Rodrigo, virando-se pra João e Manuela.
– Hm, já vamos embora - disse ela - Vou levar João em casa.
Percebi os olhos dele brilhando.
Nos despedimos com palavras acanhadas e entramos no táxi.
Com uma brincadeira cujo objetivo era não pisar nas rachaduras na calçada, eu e Rodrigo caminhamos até nossa casa. Percorremos o caminho de pedras até a entrada da minha casa, de mãos dadas. Quando chegamos na frente da porta, Rodrigo virou sua cabeça e seus olhos se fixaram em mim. A lua cheia refletia em sua pupila dilatada.
– Sabia que toda a vez que eu chego nesse exato lugar, eu começo a ficar todo sentimental? - disse ele, com as bochechas coradas - É bem bobo mas toda santa vez que eu me coloco na frente da porta da sua casa eu lembro do dia que eu te contei que ainda estava apaixonado por você. E você me beijou. Depois do cinema, você lembra?
– Refresque minha memória - menti. Eu me lembrava perfeitamente.
– Aquele dia que nós fomos no cinema junto com a Sarah e o... Primo dela.
– Ah é! O Gustavo! - falei, fingindo estar surpresa - Hm, Gustavo.
Rodrigo me olhou com raiva nos olhos azuis. Eu dei uma risada.
– Claro que eu lembro daquele dia, seu bobo! Como esquecer? Foi simplesmente perfeito.
– É, sei que você gostou de enfiar a língua naquele metido.
Gargalhei alto enquanto lembrava da cena. Agora tudo aquilo parecia divertido.
– E você morreu de ciúmes.
– Nada a ver - ele disse, desviando o olhar e parecendo meio bravo. Eu virei o rosto dele e arqueei as sobrancelhas - Tá, eu fiquei com um pouco de ciúmes, mas era meio impossível não ficar. E você também ficou se mordendo ao me ver com a Sarah!
– Hm - falei cabisbaixa, lembrando da parte triste da coisa - Até hoje.
– Algo - ele disse, beijando minha testa - totalmente - minha bochecha - desnecessário - meus lábios.
Eu o abracei e fiquei na ponta dos pés para alcançar seu ouvido. Disse:
– Eu só tenho medo de te perder.
– Não precisa. Eu sou completamente seu. Minha mente, meu corpo. Seu.
– Promete?
– Prometo.
– Para sempre meu?
– Para sempre seu.
Sorri sem mostrar os dentes. Segurei o rosto morno de Rodrigo com ambas mãos e ele segurou o pingente do colar que ele me dera, sorrindo torto.
– Se é assim, eu acho que também vou ter que dizer que eu sou sua, não é? - falei, fingindo indignação.
– Ah - ele sorriu - É, acho melhor, para poupar eu ficar com vergonha futuramente por ser o único loucamente apaixonado da nossa relação.
– Idiota.
– Minha.
Nós nos beijamos até minha mãe sair da casa falando para eu entrar logo. Despedi-me dele com um abraço.
Quando cheguei no meu quarto, nada poderia estar melhor para mim. Finalmente o peso que eu sentia quanto ao julgamento do João havia ido embora. Ainda me senti mais feliz por causa do acerto de contas com a Manuela. Já estava me preparando para dormir quando recebi uma mensagem no celular com o número protegido. Estava escrito:
"O romantismo de vocês me dá nojo. Sinceramente, não consigo imaginar casal mais meloso do que vocês dois! 'Para sempre' é um termo tão antiquado, Juliana. Você, no fundo, sabe que o relacionamento de vocês não durará muito. Mas se você na verdade acredita nessa baboseira, sinto que eu terei que mudar a sua mente. Por mim, domingo que vem vocês estão acabados. Faça a contagem regressiva, Juliana. Tenho uma surpresinha pra você.
Senhorita X :)"


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