Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 38
Capítulo 38


Notas iniciais do capítulo

Gente tive um ataque de risos lendo as reviews do capítulo passado (sério)! Eu não esperava que vocês ficassem com tanta raiva do Rodrigo hahaha
Boa leitura ♥



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Rodrigo e os outros vieram ao nosso encontro com ânimo. Assim que me viu, Rodrigo desviou o olhar por alguns segundos e voltou com um sorriso sem-graça. Dei o meu melhor sorriso falso e fingi não ter visto nada antes. Sarah veio me abraçar, e eu a abracei de volta. Claro que na minha mente o que eu queria era xingá-la durante horas, mas me contive.

- Ah, que bom que vocês voltaram! - falei, empurrando Rodrigo com força. Uma raiva disfarçada - Mal posso esperar para ouvir cada detalhe!

- Rodriguinho vai te contar tudo - disse Sarah, expondo seus dentes ridiculamente brancos - Mas eu já tenho que ir.

- Já? - falei, colocando as mãos na cintura - Que pena! Estava esperando ansiosamente para ouvir o que vocês dois aprontaram no Rio! - e dei uma risada brincalhona.

- Depois, Juju - disse ela, esboçando um sorriso grande.

Joguei um beijo no ar para ela. Eu estava quase explodindo de raiva. Puxei Rodrigo até o carro prateado dos pais dele e lá fomos nós.

- Que saudade, Ju - ele disse, tentando me dar um beijo. Esquivei-me - O que foi?

- Nada - menti, sorrindo - Vamos conversar quando chegarmos na sua casa.

Dessa vez Rodrigo não estava com sono nem cansado. Pra falar a verdade estava bem animado. Quando entramos no quarto, a poeira subiu e fez ele dar um espirro. Eu fechei a porta e fiz um gesto para ele se aproximar. Ele veio esperando um beijo, um abraço, algo assim. Mas, para sua surpresa, levou um empurrão bem forte.

- Juliana! Isso doeu!

- Era pra doer mesmo! Ô Rodrigo, você acha que está enganando alguém? Depois do que eu vi no aeroporto eu tenho certeza que algo está acontecendo entre você e a Sarah.

- Juliana, você está louca? - falou ele, tentando me acalmar com um carinho no ombro. Dei um tapa em sua mão - Ai! Juliana, não tem nada entre eu e a Sarah.

- Não acredito em você. E quanto ao seu telefonema ridículo, ein?

- Posso ser honesto? Não me lembro desse telefonema. O Daniel disse na manhã seguinte que eu tinha te ligado mas eu não lembro de nada. Seja lá o que eu tenha dito, ignore por favor. Eu estava super bêbado.

- Ah, então deixa eu te ajudar a lembrar, querido. Em resumo: você foi grosso comigo, ficou olhando para a calcinha da Sarah, disse que eu deveria ser mais como ela, ficou dizendo que as meninas do Rio eram super lindas, e que eu deveria ficar feliz com essa informação.

Ele selou os lábios e olhou para baixo, como se tivesse acabado de ser derrotado. Entortou a boca.

- Tem certeza que era eu? - ele disse, fazendo-me dar uma risada sarcástica - Ju, eu nunca faria isso em plena consiência, você sabe.

- Eu achava isso também, mas estou cheia de dúvidas agora. Você sabe o que dizem, que tudo que bêbados dizem é verdade.

- Isso é mentira.

- Nem sabia que você era desses de se embebedar tanto - confessei.

- Eu não sou. Você me conhece. Foi algo meio que do momento. Tínhamos acabado de fazer um show, queríamos comemorar.

Rodrigo se aproximou e tentou me dar um abraço.

- Não - recuei - Estou puta com você.

Ele me olhou de cima pra baixo.

- Sei que não é a melhor hora de dizer isso mas você fica tão gata quando está brava.

Fiz cara feia. Ele sorriu.

- Realmente não é a melhor hora - respondi.

Ele bufou e se ajoelhou na minha frente, olhando para cima, tentando fazer com que eu olhasse para ele.

- Tem algo que eu possa fazer pra você me desculpar? - perguntou ele.

- Rodrigo, você passou um mês sem ter uma conversa decente comigo. Não se importou nem um pouco. Ficou dando em cima de fã. Ficou o tempo todo de bracinho dado com a Sarah. Se embebedou, foi grosso... Eu realmente não estou no clima de ficar de bem com você agora.

- Rapidinho, que história é essa de ficar dando em cima de fã? Eu não fiz isso não.

- Tem uma menina no Twitter que fez um Fã Clube pra vocês e ela disse que você falou que ela era linda diversas vezes.

- Eu não me lembro disso não. Você sabe, pessoas podem mentir para tentar sair bem na fita.

- Você tá com a memória bem danificada, né, amor? Olha, quando você ficar afim de me contar a verdade, vai na minha casa.

Fui indo em direção a porta rapidamente, fui impedida por Rodrigo, que ficou na frente da maçaneta, olhando pra mim sem parar. Ele estava com a respiração curta e um olhar tristonho.

- Para com isso, Ju. Me desculpa, tá? Mas eu não me lembro mesmo disso. Eu... Poxa, eu não sei mais o que falar.

Eu abaixei meus braços, os quais até então estavam cruzados, e olhei para ele séria. Mordi meu lábio inferior e disse, com minha voz já rouca:

- Você sabe o que mais me magoou? - ele balançou a cabeça lentamente em negativa - Não foi a ligação. Não foi a falta de contato. Não foi a grosseria. Foi ela. Ela e você. Sabe, eu assisti a Twitcam da banda. Eu não quis comentar nada na hora porque eu queria ver como aquilo ia desenrolar. Quando ela disse meio que eu era a causa porque vocês tinham terminado foi tão... Foi como se eu fosse o único motivo porque vocês não estão mais juntos. Aquilo doeu pra caralho. Porque eu fiquei me sentindo como um peso na vida de vocês, um obstáculo terrível que só serve pra atrapalhar o destino amoroso de vocês dois. Entende? Se a gente tivesse bem, conversando todo dia, próximos e tal, eu não ia ficar tão pensativa e chateada ao ouvir isso. Mas imagina como eu estava. Semanas sem falar com você, ver você. Tudo que eu via era comentários nos YouTube e tweets, tentando de alguma forma me sentir mais próxima de você. Mas a sua falta de preocupação... Isso que mais acabou comigo.

Terminei de falar com uma voz terrivelmente trêmula. Rodrigo se aproximou e me deu um abraço. Eu cedi por alguns segundos, até notar o que estava acontecendo. Empurrei-o novamente. Ele abriu a boca, provavelmente para falar alguma desculpa, mas eu o impedi colocando a minha mão em sua boca.

- E depois que terminou a Twitcam, eu pensei: Caramba, talvez se eu acabasse tudo com ele, eu estaria fazendo um grande favor. Não só pra ele, mas para ela, e pros fãs também. Todos querem que isso aconteça, porque eu tenho que ser egoísta e impedir tal coisa?

Rodrigo segurou a minha mão e retirou-a de seus lábios macios. Ficou segurando-a com uma feição magoada no rosto, e então disse, num tom desesperado:

- Não, não, Juliana, eu não quero ficar com ela! Não termine comigo, por favor...

Rodrigo estava a ponto de chorar. Porém meu coração não se amoleceu por um segundo. Naquele momento, ele só parecia um ótimo ator para mim. Eu tentei me relaxar. Segurei o seu rosto.

- Rodrigo, não dificulte isso ainda mais. Eu não estou terminando com você. Eu estou te dando um tempo pra pensar - respirei fundo - Se você quer continuar a ser meu namorado, vá amanhã na minha casa as cinco horas. Podemos conversar. Se você tem algum sentimento por ela, não vá na minha casa amanhã. Se você me traiu esse tempo todo ou pensou em fazer, não vá na minha casa. Eu não vou brigar, te bater, chorar, nada. Olha, eu só não quero mais ser enganada. Se der cinco horas e você não vier, eu entendo totalmente. Não vou mais conversar com você. Vou me afastar. Não vou te incomodar. Sem ressentimentos. Veja, estou te dando uma chance de terminar comigo e ficar com ela. Não vê como eu estou deixando tudo mais simples pra você?

Ele abriu a boca para responder. Coloquei meu dedo indicador em cima de seus lábios. Ele olhou para os meus.

- Nossa conversa acaba por aqui.

Eu olhei para ele uma última vez e tentei não parecer completamente devastada. Saí de seu quarto e fechei a porta com o olhar fixo no chão. Desci as escadas já sentindo as lágrimas quentes escorrerem pelo meu rosto. Enxuguei-as rapidamente e saí da casa dele. Por algum motivo, não queria ir para minha casa também. Por isso, saí correndo para uma direção que nem eu sabia.

Corri bastante. Algo me dizia que quanto mais eu corresse, mais aquela dor fugiria, e por isso eu corri o mais rápido que eu pude. Só parei quando comecei a me sentir realmente mal e um pouco tonta. Sentei-me na beira da estrada, e foi aí que não consegui segurar mais as lágrimas. Elas vinham sem parar, como uma cachoeira. O medo de Rodrigo terminar comigo começou a me pertubar. Senti-me burra por ter prolongado aquela dor até a tarde seguinte. E então pensei na Sarah. Eu estava com tanta raiva dela que não conseguia explicar. Mas eu sabia que era uma raiva injusta. Ela não tinha culpa. Tá, ela estava querendo um cara comprometido, mas eu fiz o mesmo quando ela namorava ele. Parecia o carma dando o troco.

Fiquei sentada até quando um carro passou por perto. Era um carro preto grande, com uma placa conhecida. A janela de vidro escuro foi se abaixando até que eu vi uma mulher de cenho franzido me observando.

- Juliana, o que você está fazendo aí? Está tudo bem? Precisa de carona?

- Não, obrigada, Manuela - respondi, limpando o rímel borrado - Eu estou bem.

- Você está um pouco longe da sua casa - constatou ela -, quer que eu te leve até lá?

- Não. Pra falar a verdade, minha casa é o último lugar que eu quero estar agora.

- Hm. Parece que você teve um dia estressante. Venha, entre no carro. Vamos pro meu hotel - disse ela, clicando num botão que fez as portas se destrancarem.

- Não é necessário, Manuela.

- Juliana, eu não vou te deixar aí! Você teve sorte de não ter sido sequestrada ou assaltada até agora! O sol está se pondo, vamos.

Como estava cansada de discutir, eu entrei no carro. Sentei-me no banco de couro e senti um aroma silvestre no ar. Por dentro, o carro era tão impecavelmente limpo quanto por fora. Eu coloquei o cinto de segurança e ela disparou com o carro.

- Quer me falar o que aconteceu? - perguntou ela, desviando o olhar rapidamente da pista e colocando-o sobre mim. Eu balancei a cabeça em negativa e funguei - Juliana, eu sei que a gente não se conhece direito mas eu quero que você saiba que sempre pode confiar comigo. Todos os meus amigos dizem que eu sou uma ótima ouvinte. E eu sei guardar segredos. Bom - ela deu uma risada baixa -, disso você já sabe.

Algo no olhar dela me passou confiança. Eu acreditei nela. Olhei para fora: um garoto arrancou uma flor de um gramado e colocou no cabelo de uma menina. Ela sorriu e corou. Olhei para frente.

- Eu e Rodrigo brigamos - falei - Acho que ele está me traindo.

Observei a reação dela: levantou as sobrancelhas e fez uma careta.

- Porque você acha isso? Quer dizer, o que te faz acreditar nessa possibilidade?

- Acho que é com a ex dele. Eles têm várias fotos juntos, ficam se abraçando forte, dando apelidos carinhosos um pro outro...

- Só isso? - disse ela, não parecendo convencida. Freiou para parar no sinal vermelho.

- Ele olhou para a calcinha dela - adicionei.

Manuela deu uma pausa e gargalhou. Olhou pra mim com um pingo de pena e arrumou o cabelo sedoso.

- Ah, Juliana - disse ela, inclinando a cabeça - Você sabe que ele é um garoto, não é? Garotos sempre vão olhar para outras garotas. É a lei da vida. Mas isso nunca quer dizer que ele te ame menos por isso. Não mesmo! Aposto que você não deixa de olhar para um cara sem camisa só porque você tem namorado. Estou certa?

Parei por um segundo pra pensar. Ela interrompeu meu pensamento, falando:

- Claro que não é OK seu namorado ficar encarando a menina ou algo assim. Estou falando de uma olhada rápida, saudável. Não uma daquelas olhadas que parece que a pessoa está comendo a outra com os olhos. Entende? O Rodrigo estava olhando para essa menina assim?

- Hm - hesitei - Acho que não.

Ela fez uma expressão como quem acertou em cheio. Ela deu ré e entrou numa vaga na frente do hotel. Manuela indicou com a cabeça para onde nós deveríamos ir. Seguimos em direção ao lobby.

- Sinceramente, não acho que ele esteja te traindo. Eu já perdi a conta de quantas vezes eu jurava estar sendo chifrada e depois descobri que estava errada. Porém sempre era tarde demais, sempre já tinha me envergonhado, dado um jeito de estragar tudo - ela apertou o botão do elevador com número sete grafado - Por favor, não seja como eu.

Quando chegamos no quarto do hotel dela, Manuela me ofereceu um chá de camomila. Eu aceitei, mesmo não gostando muito, porque achei que poderia me trazer conforto. O vapor quente aqueceu minhas mãos geladas.

- E o João? - perguntei, quando ela estava lavando a sua pouca louça. Ela deixou o copo escorregar de sua mão ensaboada; sorte que caiu na pia.

- Hm, está bem. O meu tio e ele se encontraram bastante já. O julgamento será semana que vem.

Quase cuspi o chá bege.

- O que? Meu Deus, não estava sabendo.

- Pois é. Deve durar algumas semanas. Meu tio é um bom advogado, vai conseguir sair dessa logo, tenho certeza.

Manuela parecia tão estressada quando terminou de falar. Suas pernas estavam balançando. Ela passou a mão na testa e inspirou fundo.

- Tenho certeza.

Ela estava a ponto de chorar. Eu sabia que Manuela estava muito preocupada com essa situação, apesar de tentar esconder. Ela ainda amava João, bastante. Deu pra ver nos olhos dela quando eu falei o nome dele. Preferi não prolongar a dor dela e perguntar se ela estava bem ou gostaria de desabafar. Preferi dizer:

- Quer assistir um filme?

Ela aceitou. Havia uma comédia passando na televisão aberta. Foi bom para distrair nós duas de nossos respectivos problemas. Quando os créditos do filme apareceram, ela virou-se pra mim e disse numa voz firme que me levaria para casa. O céu já estava escuro, então eu aceitei a carona sem reclamar.

Quando ela parou o carro na frente da minha casa, mandou-me um sorriso amigo e disse que tinha se divertido. Eu agradeci a ela e disse o mesmo. Quando saí e fechei a porta do carro, inclinei-me na janela aberta e pedi para ela me avisar quando algo de novo acontecesse com João. Qualquer coisa. Ela confirmou que iria e se foi.

Minha mãe se mostrou preocupada e levemente irritada quando eu cheguei em casa. Disse que eu estava atrasada para o jantar e perguntou onde eu havia estado. Desconversei, disse que estava sem apetite, e fui para meu quarto.

A primeira coisa que fiz quando entrei foi fechar as cortinas. Pena que nesse momento eu tive um contato visual com Rodrigo, o qual estava me observando descaradamente em seu quarto. Senti-me desconfortável com o olhar estranho que ele me deu. Apaguei as luzes e, mesmo tendo noção que ainda era relativamente cedo, fui me deitar na cama para tentar dormir. Meus pais entraram no meu quarto uma vez ou duas para ter certeza que eu estava dormindo. Eu não estava em nenhuma das vezes, porém fechei meu olho e fingi o meu melhor para não ser incomodada.

Só fui dormir as duas da manhã. Era difícil cessar o burburinho de meus pensamentos, todos envolvendo Rodrigo e o dia que estava por vir. Não saía da minha cabeça ele e Sarah. E quando eu conseguia afastar essa ideia, ficava indagando se ele viria na minha casa as cinco horas. E como eu ficaria arrasada se ele não viesse.

Fiquei a tarde toda tentando esquecer o nervosismo que eu sentia por causa das próximas horas. Vesti uma roupa mais arrumada e fiquei olhando para o relógio pendurado na parede. Teve uma hora que eu não resisti e puxei um pouco a cortina, tentando ter uma rápida visão do quarto dele. Rodrigo não estava lá. "Mas faltam vinte minutos para as cinco", pensei. "Se ele estivesse pensando mesmo em vir aqui, não estaria longe de casa faltando apenas vinte minutos". Então eu fiquei mais desesperada.

"É isso, acabou, Rodrigo vai terminar mesmo comigo", pensei, andando de um lado para o outro. "E agora? A gente nunca mais vai se falar? Eu não vou conseguir superar isso, eu nunca mais vou encontrar um cara legal, sei disso!"

Quatro e cinquenta e nove. Nunca vou me esquecer daqueles sessenta seguntos torturantes. O tic-tac do relógio piorou tudo, aumentando minha agonia. Ouvi passos no corredor ficando mais altos. Cinco horas. Uma batida ritmada soou na porta. Abri-a com pavor.

Não era ele.


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Notas finais do capítulo

VISH
Ai gente e agora? :c O que vocês acham que vai acontecer?