Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 36
Capítulo 36


Notas iniciais do capítulo

Ai que lindos vocês todos elogiando o capítulo 35 :B Obrigada!
Boa leitura ♥



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Saí correndo para fora da fila, com os olhos fixos na mulher de cabelo sedoso. Rodrigo gritou perguntando para onde eu estava indo. Não tive tempo de responder.

    Ainda faltava alguns metros para eu conseguir sair da loja, e eu conseguia ver Manuela (ou sua clone, não tinha certea) desaparecendo do meu campo de visão. Não podia deixar isso acontecer, então tentei ser mais rápida.

    Um grupo de quarentonas estava impedindo minha passagem. Elas estavam bem na frente da entrada. Formavam uma barreira impenetrável. Seguravam livros de auto-ajuda e sorriam para homens diversos. Eu tentei passar por elas, já que dar a volta gastaria tempo de mais. Porém elas não davam espaço. Na verdade, elas nem notavam que eu estava ali. Por isso que eu me infiltrei usando alguns empurrões.

    - Atrevida! - falou uma delas, uma loira que mal conseguia mexer os lábios, provavelmente por causa do botóx.

    - Sua mãe não lhe deu educação? - disse outra, uma alta com calça justa.

    Também não havia tempo para pedir desculpas. Fiquei na ponta dos pés para tentar ter uma visão melhor. Manuela estava se misturando com as pessoas. Comecei a me confundir: avistei três mulheres de cabelos negros, todas de costas, e não consegui ter certeza qual era a verdadeira Manuela.

    Saí em disparada da loja, e ouvi um barulho semelhante a de uma sirene soando. Olhei para trás rapidamente: luzes vermelhas piscavam na entrada. Não entendi porquê.

    Corri ainda mais rápido, e vi Manuela chegando perto de mim. Segurei seu braço e puxei-o com força, para virá-la. Uma mulher de lábios carnudos e olhar assustado me fitou. Não era a Manuela. Senti a decepção me derrubar.

    - Desculpa - eu disse - Achei que você fosse outra pessoa.

    Soltei o braço da mulher, e ela saiu correndo rapidamente para londe de mim. Encostei-me na parede e fechei os olhos. Quando os abri, percebi dois homens de uniforme correndo na minha direção. Estranhei. Quando olhei para minha mão, eu ainda segurava o CD do Jake Bugg.

    - Oh - gemi.

    Os homens agarraram meu braço e me acusaram de furto. Disseram que eu ia pra cadeia, mas que primeiro ia ter uma conversa com o dono da loja. Comecei a suar frio. 

    Eles me guiaram de volta à loja, mais especificamente para uma sala escondida. Rodrigo me olhou de longe confuso. O grupo de mulheres deu um sorriso de satisfação. 

    Depois de eu conversar com o dono da loja, o qual estava mais calmo do que eu imaginava, ficou decidido que ele não ia me denunciar contanto que eu assinasse vários papeis dizendo que eu nunca mais iria botar os pés naquela loja. Se voltasse, eles teriam o direito de me processar. Tiraram uma foto minha e o homem prometeu colocar no painel que ele tinha na sala dele. Algo como um mural de pessoas que estavam proibidas de voltar. Já havia a foto de dois homens e uma mulher. Agradeci várias vezes e pedi desculpas ainda mais. 

    Na próxima quinta-feira, algo estranho aconteceu. Estávamos no meio da aula de álgebra quando o celular do Rodrigo recebeu uma mensagem. O bip-bip irritou o professor. Rodrigo se desculpou com um risinho acanhado. Quando o professor tirou os olhos, Rodrigo já foi conferir a mensagem. 

    - Quem é? - perguntei, tentando olhar a tela do celular. 

    Ele não respondeu. Levantou a mão pedindo para o professor para ir ao banheiro. Rodrigo saiu da sala com pressa. Depois de dois minutos que ele voltara, totalmente eufórico, o sinal bateu e pudemos ir para casa. Quando estavamos saindo da escola, perguntei o que havia acontecido. Ele abriu a boca para falar mas foi empedido por um grito fino vindo da Sarah, que se aproximou de nós sem nós notarmos.

    - Já contou pra ela? - gritou ela, dando pulinhos enquanto andava.

    - Não! Estou tentando - respondeu ele, sorrindo.

    - Tá, fala logo! Quero ver a reação dela!

    - Está bem - ele virou-se pra mim - Então...

    - Nós fomos convidados para participar do Festival Experience desse ano! - gritou ela, interrompendo ele. O sorriso dela parecia não caber no rosto.

    - Vocês foram convidados para tocar num festival?! - falei, sorrindo.

    - Fomos - respondeu Rodrigo - Os criadores do festival viram nossos vídeos no YouTube e gostaram. Não é um festival conhecido, você sabe, mas também nunca fica vazio... É só com bandas novas. É em São Paulo. 

    - Uau - falei.

    - Eu sei - disse Sarah - Não é incrível?! Tchau, gente, meu motorista chegou. Te vejo amanhã, Rodrigo. Ensaio na minha casa as quatro. 

    - Combinado, Sarinha - ele respondeu. 

    Tentei muito não parecer com ciúmes por causa do apelido.

    - Que divertido, amor! - falei, passando um braço por suas costas - Estou muito orgulhosa, muito mesmo!

    - Obrigada, minha linda - ele disse, beijando minha testa - Caramba, quando a Sarah me enviou aquela mensagem pedindo para eu encontrá-la perto do bebedouro eu sabia que algo muito ruim ou muito bom tinha acontecido. As coisas estão acontecendo tão rápido, estou muito alegre por isso.

    - Verdade. Saiba que tudo isso é muito merecido - falei.

    - Não sei... Sei lá, tudo está tão perfeito. Eu e você. Banda crescendo. Primeiro show. Tudo está indo tão certo, é tanta sorte que eu não consigo parar de pensar que algo ruim está pra vir. 

    - Ei, deixa disso! Não fique procurando por azar na sua vida. Tudo está perfeito porque é merecido, porque você lutou muito para isso acontecer. OK?

    - OK - ele sorriu e me deu um beijo longo na bochecha.

    Naquela tarde eu entrei no vídeo deles do YouTube. Já havia assistido uma ou duas vezes, quando eles tinham praticamente acabado de postar, e não passava de cem visualizações. Não havia comentários. Quando entrei novamente naquela tarde, tive uma visão nova. Eram 9 mil visualizações e haviam comentários do tipo: "Vocês já tem um CD?", "O baixista é lindooooo!", "Cantora gata", "Vocês são o MÁXIMO!", "Finalmente uma banda boa no Brasil" e "Que gracinha o guitarrista, awwwn". Fiquei sorrindo que nem uma boba ao ler aquilo. Eu estava realmente orgulhosa.

    Tudo ficou planejado para na semana seguinte eles viajarem. Passariam uns três dias por lá. O primeiro dia eles chegariam de noite, iriam para o hotel e descansariam. No dia seguinte iam para a passagem de som e de noite iriam fazer o show, depois de uma banda de Minas Gerais tocar. O terceiro dia era arrumar as malas, sair do hotel, e fazer o que desse na telha até o horário do voo. Rodrigo não parava de pensar nisso. 

    Mas antes desse dia chegar, decidimos visitar João primeiro. Ligamos para ele e o próprio preferiu que nós fossemos no sábado à noite. Lá fomos nós.

    O céu estava completamente preto e a lua era minguante. O canto dos grilos era marcante e estridente. Eu dei duas batidas na porta marrom. João abriu e nos deu olá. Convidou-nos para entrar.

    Tudo estava exatamente do jeito que nós haviamos visto na vez anterior. As mesmas flores murchas - desta vez mais cabisbaixas ainda -, a mesma revista aberta numa página sobre política, o mesmo tapete laranja imundo. Porém havia uma diferença na paisagem, algo que se destacava e que capturou meu olhar no instante que eu entrei com Rodrigo. Duas pessoas sentadas no sofá. Um homem que aparentava ter uns sessenta anos e usava um terno bege. Tinha uma barba preta e cheia, e rugas no canto dos olhos. Do lado dele, uma mulher de batom vermelho fosco. 

    - Manuela - falei, minha voz arrastando. 

    - Ah, oi Juliana.


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Notas finais do capítulo

E aí galera, o que acharam?
Beijos pra vocês todos, que vocês tenham uma semana ótima!
Marina xx



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