Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 35
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

Capítulo mais grandinho ♥ QUERIA AGRADECER A QUEM ESTÁ COMENTANDO/RECOMENDANDO/FAVORITANDO MINHA HISTÓRIA, VOCÊS NÃO TEM NO-ÇÃO O QUANTO ISSO ME DEIXA FELIZ *-* Boa leitura!



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Sinceramente achei que tinha ficado louca quando vi Manuela. Uma imagem falsa criada pela minha mente, a qual estava pensando muito nela ultimamente. A mulher no carro tinha cabelos pretos e sedosos presos num cabo-de-cavalo alto, e seus lábios finos estávam coloridos por bege; exatamente o jeito que eu me lembrava da Manuela. Porém as probabilidades de não ser ela realmente eram grandes, então ignorei minhas ideias.

No sábado Rodrigo teve o primeiro ensaio com a banda. Não consigo nem descrever a euforia dele quando voltou. Ficou andando de um lado para o outro, sorrindo para as paredes e me contando sobre cada mínimo detalhe. Ficou uns vinte minutos dizendo como os caras da banda eram legais e como receberam-o bem. Rodrigo ficou ainda mais maravilhado quando o baterista disse que algo que ele havia feito com a guitarra tinha ficado bem legal.

Sarah já havia escrito umas três músicas com ajuda dos outros, músicas que Rodrigo achou incríveis. Ele estava tão animado e sorridente que eu não pude deixar de me sentir contagiada.

Domingo estava planejado para eu e Rodrigo sairmos para ver um filme, mas Daniel Grant - o baixista, que aliás era um tremendo gato - apareceu de surpresa na casa de Rodrigo chamando-o para outro ensaio. Segundo ele, a tecladista da banda havia sido definida, e eles "precisavam" conhecê-la imediatamente. Logo, Rodrigo me deixou sozinha no domingo à noite. Mas deixei a minha chateação de lado quando ele chegou mais alegre ainda.

Segunda-feira eles tiveram o terceiro ensaio. Sarah me convidou para ir vê-los.

A banda ensaiava em um estudio dentro da casa da Sarah. Segundo ela, um quarto não estava sendo utilizado, então ela pediu para o pai dela comprar uns equipamentos e alguns instrumentos. O lugar parecia uma gravadora de verdade. Eu nunca fora em uma mas definitivamente era do jeito que eu imaginei que seria.

Sarah me colocou em uma cadeira extremamente confortável a alguns metros de distância da deles. Eles começaram a arrumar os instrumentos enquanto eu apenas observava cada um dos membros da banda.

Otávio Rocha, o baterista, não era nada como eu imaginava. Na minha cabeça, era um cara mais velho, com uma barba engraçada e um tanto invocado. Na verdade, Otávio era um menino que parecia ter uns desesseis anos. Usava uma toca preta que deixava apenas alguns cachos ruivos aparecerem, e vestia um moletom cinza claro.

Daniel Grant era o único que não se mexia para arrumar algo naquele momento. Apenas ficou segurando seu baixo vermelho e observando seu tênis, cujos cadarços estavam desamarrados. Seu cabelo estava coberto com gel. Seus olhos claros olhou para os outros com impaciência.

A tecladista se chamava Clarissa Rios. Seu cabelo era na altura do queixo e totalmente colorido por um azul escuro. Ela usava alargador e bastante lápis de olho.

De alguma forma, aqueles ensaios foram suficientes para todos simplesmente arrasarem na música que eles tocaram. Quando eles terminaram eu não sabia o que falar. Eu não estava preparada para ouvir algo tão bom. Estou falando sério. Sarah parecia um anjo cantando e, ao mesmo tempo, conseguia alcançar notas bem altas e fortes. Otávio parecia virar outra pessoa quando tocava. Parecia estar elétrico. Daniel ficava do mesmo modo. Parado e apenas batendo o pé no chão no ritmo. Clarissa parecia concentrada no seu mundinho, olhando fixamente para as teclas e balançando a cabeça. E Rodrigo... Bem, Rodrigo. Ri porque ele era tão adorável tocando. Tinha quase me esquecido disso. Ele ficou a música inteira dançando com os quadris e fazendo caretas, sem mesmo notar. Adorável.

- Então, foi a primeira vez que nós tocamos para alguém - falou Sarah, quando eu não disse nada - Quer dizer, meus empregados naturalmente ouviram mas... Estamos ansiosos, será que você poderia falar algo?

Estava formando as palavras na minha mente quando Clarisse falou primeiro:

- É porque eu errei a nota uma hora, não é? Fodi a música, legal.

Então eles começaram a falar sem parar sobre as imperfeições de cada um e como o outro tinha sido ótimo. Decidi dar a minha opinião.

- Gente - falei, fazendo-os calar a boca - Vocês são... Incríveis. Sinceramente, se eu fosse a dona de uma gravadora, eu com certeza ia fazer de tudo para ter um contrato com vocês.

- Ah, você fala isso porque está namorando o Rodrigo - lamentou Sarah.

- Não! Não mesmo! Sério. Sarah, sua voz é linda. Otávio, o seu solo no final foi demais. Daniel, você toca como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Clarissa eu não percebi mesmo nenhum erro seu. Você sempre parecia estar tão envolvida com a música que não deu pra notar erro algum. Vocês me surpreenderam. Parabéns.

Eles deram olhares entre si e sorriram. Deram um abraço coletivo e me chamaram para participar. Elogiaram uns aos outros. Eu estava muito alegre que Rodrigo estava fazendo parte daquilo.

Camila veio na tarde seguinte em minha casa, para me ajudar com biologia. Só que como estudar com amigos nunca é realmente só estudar, depois dos primeiros três minutos já estávamos conversando.

- Juliana, não é hoje que você e o Rodrigo fazem um mês de namoro? - berrou ela, soltando seu lápis laranja.

- É - falei, passando as páginas do livro.

- Caramba! Que máximo. E cadê ele, porque ele não está aqui?

- Está ensaiando com a banda - respondi, secamente.

Camila selou os lábios. Eu sabia o que ela queria dizer. Queria falar que quando ela e Rafael completaram um mês, ele fez toda uma programação em que mimava ela, enchendo-a de presentes caros e palavras doces. Queria perguntar porque Rodrigo não estava fazendo o mesmo. E no fim, ia me avisar para ficar de olho pois eu que deveria ser a prioridade dele, não uma banda.

Bom que ela preferiu ficar calada.

Rodrigo chegou em casa por volta das oito da noite. Naquela altura eu já estava bem triste pois esperava que ele lembrasse. Achei que o fato que ele não comentara de manhã algo que eu não precisava me preocupar. "Aposto que de tarde ele vai fazer algo lindo pra mim", pensei. Mas não. E eu preferi não comentar também, porque queria muito ver se eu significava algo pra ele.

Ele entrou no meu quarto, me beijou e começou a falar sobre a banda, do mesmo jeito que tinha sido nos dias anteriores. Tentei fingir que estava interessada, fingir que estava bem. Porém acho que fingi mal, porque depois de cinco minutos ele parou de falar sobre como a Sarah estava sendo generosa, e perguntou:

- Você está bem?

- Porque não estaria? - falei, começando a sentir dor de cabeça.

Ele me olhou de modo estranho.

- O que foi? - perguntou.

- Nada.

- Fala, amor.

Rodrigo segurou minha mão e olhou nos meus olhos.

- Você não está lembrando de nada? - perguntei - Sobre hoje. Sei lá, não tem nada de especial hoje?

- Hm... É aniversário de alguém? Não é o seu que eu sei. O seu aniversário é só em dezembro.

Mordi minha bochecha.

- Não. Pensa um tiquinho mais, amor.

- É aniversário da sua mãe?

- Não, porra! - explodi - Hoje nós completamos um mês de namoro!

- Não completamos não - disse ele, dando um riso nervoso - Amanhã nós completamos um mês de namoro.

- Não, Rodrigo.

- Hoje é terça?

- É!

Ele abriu a boca em O e arqueou as sobrancelhas.

- Me desculpa, amor! Eu jurava que era amanhã!

- E de que faria diferença? Você ainda assim ia passar a tarde toda com a sua bandinha nova.

Ele ficou calado. Sabia que era verdade.

- Olha, tanto faz - falei - Eu só achei que você, o qual fala tanto que me ama e tal, ia se importar com essa data.

- Desculpa, Ju. Desculpa. Você também podia ter me avisado!

- Eu queria que você percebesse sozinho.

Suas bochechas ficaram rosadas.

- O que eu posso fazer para melhorar essa situação?

- Nada. Olha, não estou brava - menti - Estou só com sono, quero dormir. Conversaremos amanhã.

- Juliana.

- Conversaremos amanhã, Rodrigo.

Eu dei um último olhar sério para ele. Rodrigo saiu do quarto batendo a porta. Eu fechei a cortina e fui para a cama. Chorei baixinho ao perceber que aquela era nossa primeira briga como namorados. Arrependi-me por tê-lo tratado daquela maneira.

Na manhã seguinte eu fui ao colégio com um pouco de mau humor por causa da noite mal dormida. Quando cheguei na sala, Rodrigo não estava lá, e também não chegou depois. Achei aquilo muito estranho porque (1) ele nunca faltava e (2) também percebi que Sarah não estava na escola. Os pensamentos ruins inundaram minha mente.

Voltei pra casa bem desanimada, com passos vagarosos e arrastados. Quando entrei em casa, falei alto que havia chegado, para que a minha mãe soubesse. Normalmente ela respondia, dava um olá ou algo parecido. Mas pela primeira vez eu não ouvi nada em troca. Repeti que tinha chegado em casa, desta vez mais alto. Nada. De repente, ouvi um barulho no andar de cima, como se alto tivesse caído.

Fui subindo a escada bem devagar, na ponta dos pés, tomada pela curiosidade. Ouvi o mesmo barulho. Perguntei se tinha alguém por perto. Silêncio. A porta do meu quarto estava sutilmente aberta. Fui empurrando-a lentamente, e o som da porta velha rangendo me deu calafrios. Coloquei a cabeça para dentro do quarto para ver se havia algo ali. Naquela altura, achava que algum pássaro havia entrado no meu quarto. Já tinha acontecido isso antes. Quando olhei, levei um susto.

Uma pessoa com uma máscara preta saiu de trás da porta e pulou na minha frente, dando um grito para me assustar. Funcionou: gritei mais alto ainda e dei um soco no rosto. Não sei porque fiz aquilo, acho que foi o meu instinto. Só sei que eu me arrependi quando ouvi a pessoa gemendo e falando um palavrão. Aí que eu percebi que era o Rodrigo.

Ele cambaleou para fora do quarto com a mão no rosto. Tirou a máscara. Seu nariz estava sangrando. Olhou para mim como quem pergunta "O que foi aquilo?".

- Rodrigo, você quer me matar de susto?! Achei que fosse um ladrão!

- Ah, desculpa! - ele disse - Mas eu não achei que você fosse me nocautear daquela maneira, né. Caralho, tá doendo pra caramba. Desde quando você é forte assim?

- Também não sei. Deixa eu ver seu nariz.

Ele tirou a mão. Não estava tão feio assim. Com certeza não estava quebrado, mas sangrava bastante.

- Vamos - eu falei - Vou pegar um gelo pra você.

Fomos até a cozinha. Eu enrolei três cubos de gelo num pano úmido. Segurei o rosto dele e coloquei na área afetada. Ele ficou tentando se esquivar, dizendo que aquilo não era necessário, que não doía tanto. Eu insisti.

- Desculpa, Rô - falei, tirando um pouco de seu cabelo da testa - Não foi de próposito.

- Está tudo bem. Também foi uma ideia péssima eu me esconder daquele jeito. Eu nem ia fazer isso, mas quando você ficou lá falando "Tem alguém aí?", eu decidi pegar aquela sua máscara antiga e vestir, pra te assustar.

- Deu certo.

- Desculpa - ele disse, e depois riu - Não só por isso, por ontem também. Eu não sabia mesmo, Ju. Eu nem consegui dormir, de tanto pensar nisso. Por isso que eu não fui hoje no colégio. Fiquei muito magoado quando você disse que eu falo que te amo mas não lembro de algo assim.

- É, quanto a isso, eu falei só por que eu estava com raiva e...

- Não, você está certa. Eu devo agir mais. Foi esse o outro motivo por que eu faltei. Estava planejando algo pra você.

- Rô, não precisava... - falei, tirando o gelo e vendo seu nariz inchado e avermelhado.

- Vamos.

Ele sorriu para mim e segurou minha mão. Sorri de volta. Ele me guiou até a escada.

- Se você não tivesse quase quebrado meu nariz, você teria visto que eu fiz algo com o seu quarto - disse ele, abrindo a porta.

Haviam tulipas rosas por todo o quarto. Uma num vaso em cima da escrivaninha. Várias espalhadas pela cama. Pétalas pelo chão. Era uma visão linda, digna de revista de imóveis/revista do dia dos namorados.

- Eu errei a data mas hoje eu quero que você pelo menos finja que é o nosso aniversário. Combinado?

- Combinado - falei, dando um sorriso largo.

- Ótimo. Bom, eu tinha planejado de falar umas coisas fofas aqui e blá blá blá mas como nós perdemos tempo com o incidente do nariz, já temos que ir embora.

Ele agarrou meu braço e me levou até a porta de entrada.

- Pra onde, seu doido? - gritei.

Rodrigo abriu a porta e eu me deparei com uma limousine preta e um homem de terno meio baixinho encostado no capô.

- Boa tarde, senhor e senhora - o homem disse, revelando seu sotaque engraçado - Podemos ir?

- Sim, podemos, Kavir - disse Rodrigo, abrindo a porta do carro para mim.

Dentro era simplesmente incrível. Eu nunca havia entrado numa limousine. Já tinha visto o interior de algumas, mas nunca tive a oportunidade de entrar. Sentei-me num sofá bege comprido. Luzes coloridas piscavam. Uma música que eu amava tocava no fundo.

- Para onde combinamos anteriormente, senhor? - perguntou Kavir.

- Exato - respondeu Rodrigo, em tal seriedade que chegava a ser cômica.

Kavir apertou um botão e uma parede preta nos separou dele. Rodrigo olhou para mim com um sorriso brincalhão.

- Você perdeu a cabeça? - falei - Você não precisava fazer algo assim! As tulipas já estavam de bom tamanho. Limousines são caras, amor.

- Eu sei. Mas eu conheço o Kavir já. Ele era motorista da minha avó. Ele me deu um desconto. E mesmo assim, eu gastaria todo meu dinheiro se fosse pra te fazer sorrir.

Sorri para ele. Ele mordeu o lábio inferior. Virou o rosto e se concentrou no frigobar na nossa frente. Tirou de lá vários refrigerantes, sucos, energéticos.

- Isso que dá ser menor de dezoito - falou ele. Eu ri.

Ele pegou duas taças de vidro e colocou Coca-Cola dentro delas. Brindamos e bebemos o refrigerante.

- Chegamos - falou Kavir, abrindo a porta para nós saírmos.

Foi aí que eu percebi para onde ele estava me levando. Estávamos no cinema mais caro da cidade. Eu sempre fui apaixonada por lá, mas praticamente nunca ia porque era longe e mais caro do que os outros. Porém esse cinema era também conhecido por passar apenas filmes antigos. Grease estava em cartaz. Dei um gritinho de animação quando vi isso.

Sentamos no nosso lugar marcado. As cadeiras eram largas e inclinavam ao puxarmos uma alavanca. Ao clicar num botão, um encosto para os pés levantava. Tiramos o encosto do braço para podermos ficar mais perto um do outro. Esse cinema também era conhecido por ser o que os casais mais frequentavam.

Ficamos abraçados, comendo pipoca amanteigada, assistindo um dos meus filmes favoritos. Era a definição de perfeição pra mim. E foi realmente divertido pois as pessoas que estavam assistindo o filme eram, pelo jeito, tão fãs quanto eu. Quando começavam as músicas, a maior parte ficava cantando baixinho e dançando em seus lugares. Era bem engraçado.

- Rô, foi perfeito, obrigada - falei, quando saímos do cinema - Essa foi a comemoração de primeiro mês de namoro mais linda que eu já presenciei.

- E quem disse que acabou?

Olhei para ele curiosa.

- Tem mais?

- Mas é claro.

A limosine nos levou para o parque perto do lago do centro da cidade.

Rodrigo me guiou até uma macieira perto do lago. Ele já havia colocado um pano quadriculado para nos sentarmos. O céu já estava escurecendo e as nuvens estavam saindo, dando espaço para a lua iluminar a noite. As pessoas já estavam indo embora.

- Eu escrevi isso pra você - disse ele, entregando-me um envelope - Você quer ler?

- Eu quero que você leia pra mim - falei.

Ele pareceu envergonhado mas abriu o envelope mesmo assim e tirou um papel amarelado. Começou a ler.

- Meu amor, hoje nós completamos um mês de namoro. Eu não queria ir para um lado tão clichê mas a verdade é que foi o mês mais feliz da minha vida. Não estou falando isso para lhe agradar. É a mais pura verdade.

"Nunca te contei isso mas quando eu tinha seis anos eu me lembro de falar para a minha mãe que seus olhos brilhavam. Eu nunca soube explicar, mas para mim você era a única com esse olhar iluminado. Ainda acho isso. Você é aquela pessoa sonhadora, otimista e que faz todos ficarem alegres. Eu te admiro.

Você lembra daquela festa a fantasia que nós fomos com dez anos? Eu fui de sapo, lagarto, ou sei lá do que aquela fantasia era. E você foi vestida de anjo, com uma auréola coberta com uma penugem, e um vestido branco comprido. A partir daquele dia eu comecei a te chamar de anjo. Você achava que era só por causa da fantasia, mas a verdade é porque você sempre foi um anjo para mim. Você me protegeu sem mesmo notar. Eu não me lembro uma única vez que você me viu magoado e não tentou fazer algo para reverter isso. Você é tão maravilhosa e nem percebe.

Quando a gente briga - o que não é tão comum, graças a Deus - eu fico com um sentimento de vazio no peito que é simplesmente insuportável. Quando você namorou o Alex, esse buraco cresceu ainda mais. Era uma coisa que eu pensava o tempo todo. Parecia que eu estava doente. Comecei a namorar a Sarah para ver se esse buraco desaparecia. Por um momento pareceu que sim, mas aí eu percebi que era algo superficial e insuficiente. Percebi que você era a única que podia me deixar feliz. Fiquei com muita raiva de ter um sentimento tão forte por você. Mas então, você me correspondeu.

Acho que você nunca vai entender o quanto que você me faz feliz. O engraçado é que todo momento que eu estou com você eu fico nervoso, envergonhado. Eu achei que depois de um mês eu já estaria livre desses sentimentos dignos de um bobo apaixonado. Mas aí eu me lembrei que era você, e que eu nunca estarei livre disso porque os meus sentimentos falam muito mais alto.

Essa carta está ficando grande demais, minha letra já está ilegível, e seus olhos devem estar cansados. Então eu só queria terminar dizendo que você é a pessoa mais preciosa que eu já conheci. Eu queria agradecer por ser uma pessoa tão maravilhosa e por ter me dado uma chance de tentar te fazer feliz, pelo menos um décimo do quanto você me faz feliz. Me desculpe por fracassar às vezes. Prometo que vou melhorar.

Te amo. Rodrigo."

Quando ele terminou de ler, me deu um olhar baixo e interessado. Eu deixei uma lágrima sair e pulei nos braços dele. Ele caiu para trás e começou a rir. Eu segurei o rosto dele.

- Você tem que me avisar quando for escrever algo tão lindo. Seu idiota. Eu não estava preparada emocionalmente!

- Hm, desculpa? - ele disse, gargalhando.

- Desculpo.

Comecei a dar beijos pequenos nas suas bochechas, testa e pescoço. Ele sentou e nós demos um abraço bem apertado. O céu já estava totalmente escuro, e as estrelas piscavam num ritmo perfeito.

Rodrigo rompeu o abraço e pegou uma caixinha vermelha. Colocou em minha mão.

- O que é isso? - perguntei, sorrindo.

- Um presentinho.

- Rodrigo, você gastou muito dinheiro, vou te bater!

- Você já deu um soco no meu nariz hoje. Não está bom de agressão por hoje? - eu ri e concordei - Abra a caixinha.

Desfiz o laço e tirei a tampa. Havia um colar dentro. O pingente era de dois corações prateados inclinados formando o simbolo do infinito. Era simplesmente lindo.

- Se você não gostou, dá pra trocar. Mas é porque eu achei simbolico. Porque é exatamente o que eu quero te dizer... Eu quero que nosso amor seja infinito, seja pra sempre... Você gostou?

- Se eu gostei? - outras lágrimas caíram sem querer - Esse dia inteiro foi incrível, amor. Nem acredito que você fez isso tudo. Eu te amo demais.

Nos beijamos por um bom tempo depois disso, eu encostada na árvore. Foi aquele beijo tranquilo e apaixonado, cheio de carícias. Eu adorava quando nossos corpos ficavam colados daquele jeito. Eu estava tão feliz por estar ali. Tudo estava tão perfeito, com Rodrigo perto de mim, segurando meu rosto...

Usei todos os dias o colar que Rodrigo me deu. Não tirava nem para dormir, nem para tomar banho, para nada. E ele adorava me ver usando.

Depois daquele dia, Rodrigo ficou muito mais atencioso. Estava mais carinhoso, mais presente. Tudo estava indo maravilhosamente bem.

Nós fomos ao shopping naquele final de semana. Uma nova livraria tinha aberto e todos estavam falando dela. Fomos lá conferir.

Quando chegou minha vez na fila para comprar o CD do Jake Bugg, eu dei o dinheiro para a mulher e segurei o CD para observar as músicas que continham. A moça do caixa estava realmente lerda tentando achar o meu troco. Foi aí que eu olhei para fora da loja. Uma mulher de cabelo preto estava saindo, usando um vestido azulado. Era Manuela? Eu precisava descobrir. Por isso que eu comecei a correr. 


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Notas finais do capítulo

Bom final de semana! Posto mais domingo ou sábado, provavelmente ;)