Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 34
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

ENTÃO GENTE desculpa. A demora dessa vez foi a preguiça e falta de criatividade. Mas já estou com ideias novas na cabeça, esse final de semana acho que posto outro capítulo ♥ Beijos



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A chamada de vídeo com Manuela fora tão rápida e decepcionante que eu mal tive coragem de comentar com Rodrigo na segunda-feira. Porém foi inevitável fugir do assunto "João" já que era basicamente o que as pessoas falavam sem parar. "Aquele guri que comia a professora foi preso", "Ouvi dizer que aquele garoto que pegava a professora de música assaltou um banco", "O cara era da pesada, experimentava todo tipo de droga e sempre andava com um revólver" são exemplos do que eu ouvi até aquela manhã terminar. Consegui ignorá-los, com raiva no coração, mas Rodrigo não, o qual continuava perguntando sobre como havia sido a conversa com Manuela. Eu sempre virava o rosto e fingia que estava concentrada em algo muito interessante. Mas quando estávamos voltando para casa foi impossível fazer aquilo novamente.

    - Você vai me contar ou não? - perguntou ele, chutando uma pedrinha no asfalto.

    - Contar o que?

    - Porra, porque você está enrolando tanto? - ele parecia aborrecido.

    - Porque... - falei, parando de andar - Porque eu estou muito chateada! Manuela é a única pessoa que podia fazer algo neste caso. Não sei porque na verdade eu acho isso mas sei que nós não podemos fazer nada...

    - O que ela falou?

    - Nada.

    - Me conta.

    - É sério, ela literalmente não falou nada! Eu contei pra ela toda a história, todos  os detalhes sobre o que havia acontecido e que aquilo tudo estava ocorrendo por causa dela, porque o João a amava e... Sabe qual foi a única coisa que ela me disse depois de eu ter parado de falar?

    Rodrigo balançou a cabeça em negativa.

    - Ela disse "Hm, tá. Tenho que ir, tchau".

    - O quê? - perguntou Rô, franzindo o cenho e arregalando os olhos. Foi a mesma reação que eu havia tido.

    - É! Foi a resposta mais decepcionante e indignante que eu podia receber. Ela não mostrou nenhum interesse. Só disse aquilo, encerrou a chamada e se desconectou do Skype.

    - Isso não pode estar certo - disse ele, coçando a cabeça - Vamos lá, ela deve ter demonstrado alguma emoção.

    - Foi uma emoção tipo "estou perdendo meu tempo com essa conversa". Estou falando sério.

    Durante toda aquela semana eu e Rodrigo nos sentimos perdidos e chateados por causa da falta de comunicação com João. Ligávamos duas vezes por dia para sua casa e seu celular mas tudo que escutávamos era a secretária eletrônica. Na sexta-feira decidimos ir até a casa dele. Ao chegarmos, o próprio João abriu a porta e abaixou os olhos em seguida.

    - Ah, oi Juliana. Oi Rodrigo.

    - Cara, como você está? Porque você não deu nenhuma notícia?! - falou Rodrigo, preocupado.

    - É João, você acha que nós não ligamos para você? - eu disse, empurrando seu ombro e fazendo-o cambalear - Pois achou errado. Porque você não atendeu nossos telefonemas?

    - O meu celular não está mais comigo. Os policiares o pegaram.

    - Ah. Então porque você não foi nos dar uma visitinha ou sei lá, só pra mostrar que você está bem? - perguntei.

    João apontou com o dedo indicador para seu tornozelo, mostrando-nos um dispositivo preto preso nele. Uma luzinha vermelha piscava.

    - Eu não posso andar mais que cem metros longe de casa. Só posso ir até a delegacia e isso apenas com a permissão dos policiais e tal. Inclusive tem um deles ali na cozinha olhando para nós - tentei espiar por um espelho; havia realmente um policial de olho em nós - Ele deve estar tentando descobrir se vocês vieram comprar drogas comigo - revirou os olhos - É um babaca.

    - Eu ouvi isso - disse o homem.

    - Tanto faz - falou João, para si - Enfim, é isso. Espero que vocês me perdoem pelo sumiço, é que eu estava meio ocupado morrendo de medo porque eu serei provavelmente preso - deu um sorriso.

    - Eles disseram isso?

    - Não, mas eu não sou burro. Já tive sorte suficiente para poder volter voltar pra casa temporariamente. Tá, estou sendo vigiado o tempo todo pela minha babá, mas mesmo assim - o policial pigarreou, fazendo João rir baixo.

    - Tem algo que podemos fazer? - perguntou Rodrigo.

    - Não - respondeu João, respirando fundo - Não. Mas muito obrigado. Sério, gente.

    Abraçamos João e fomos para casa. Eu me sentia derrotada. 

    Na terça-feira seguinte, durante o recreio, eu, Rodrigo, Camila e João fomos diretamente ao nosso mais novo local de passar o intervalo: as arquibancadas. Sempre estavam sujas e cheias de insetos, mas mesmo assim era o único lugar em que sentíamos que era livre dos boatos sobre Camila grávida, o qual ainda continuava e a artomentava. Naquela manhã específica, enquanto estávamos conversando sobre um assunto banal, ouvimos uma voz fina cantarolar.

    - Oi galera! - disse Sarah, saltitando até nós - Como vocês estão? Ah é, Camila, como está o pequeno Igor? - Sarah franziu o nariz como um cachorrinho e apontou para a barriga da Camila.

    - Igor? - falou Rafael, rindo descontroladamente.

    - Eu não estou grávida, Sarah - resmungou Camila, irritada.

    Sarah nem ouviu.

    - Gente, será que eu poderia roubar o amigo de vocês um instantinho? - falou Sarah, olhando para Rodrigo - Você se importa, Juliana?

    Dei uma risada nervosa e falei que não. A verdade era que eu me importava sim, mas não tinha argumentos plausíveis e que não soassem realmente possessivos. Sarah puxou Rodrigo e segurou o braço forte dele enquanto descia as escadas. Ao chegar embaixo, ele se soltou das mãos dela e olhou para mim de relance. Fingi que não estava olhando. 

    Sarah ficou falando por uns cinco minutos consecutivos e Rodrigo nesse tempo fez uma mistura de expressões. Ficou de olhos arregalados a maior parte do tempo. Deu um sorriso largo quando ela se calou. Se despediram. 

    - O que ela queria? - perguntou Camila, quando Rodrigo se sentou do meu lado. 

    - Eu não acredito que eu contara a vocês alguma vez porém a Sarah é uma ótima cantora. É um dos multiplos talentos que ela tem. De qualquer jeito, Sarah também tem vários contatos. Vários mesmo. 

    - Vá ao ponto - insistiu Rafael.

    - Estou indo, caramba. Ela decidiu formar uma banda. Vocês sabem quem ela chamou pra ser o baterista? Otávio Rocha! - quando ele percebeu que nós não tinhamos ideia porquê ele estava tão animado com esse tal de Otávio, quis explicar - Vocês não sabem quem é ele? Ele é o ex baterista de uma banda de rock alternativo lá de Curitiba que se separou rapidamente pois o vocalista bateu as botas. A banda era excelente! Vocês não percebem que loucura é o fato que ela conseguiu que ele entrasse na banda? 

    Rodrigo estava quase explodindo de animação. Levantou-se da arquibancada e começou a andar de um lado para o outro.

    - Ela também convidou o Daniel Grant para ser o baixista. Ele também é outro cara que é incrível! Ele faz videos no YouTube onde canta e toca músicas realmente complicadas. Ele é do Canadá, e é bem conhecido lá. Ele se mudou pro Brasil a poucos meses atrás. A Sarah ainda está escolhendo o tecladista e tal. OK, o que interessa é que a Sarah me quer como o guitarrista da banda. 

    - Caramba, cara, que máximo! - falou Rafael, expondo um sorriso. 

    - Que legal, Rô! - falou Camila, abraçando-o - Então você vai aceitar esse convite? 

    Rodrigo olhou para mim, assim como os outros. O sinal soou bem neste momento, indicando o fim do intervalo. Camila correu com Rafael dizendo que precisava ir em um lugar antes de ir para a sala. 

    - Então, o que você acha disso? - falou Rodrigo, segurando minha mão - Eu aceito?

    - Rodrigo, eu acho que isso é uma decisão sua, não é? - respondi, olhando para umas crianças brincando de amarelinha. 

    - É sim, mas eu quero que você esteja de acordo. Vai ser uma experiência incrível, quer dizer, vou finalmente entrar numa banda boa! Você sabe das minhas diversas experiências fracassadas com bandas. Essa é, definidamente, a primeira que eu acho que tem tudo pra bombar!

    - Bom, acho que sua resposta está aí.

    - Juliana - ele parou de andar e segurou meu braço para eu fazer o mesmo -, eu preciso saber se você está de acordo com o tempo que eu vou ter que começar a passar com a Sarah, por exemplo. Eu talvez tenha que sacrificar um pouco do meu tempo com você para ensaiar com a banda. Obviamente não o meu tempo todo. Eu nunca faria isso. Não conseguiria - colou seus lábios nos meus por uns segundos e olhou-me com seus olhos azulados - E então, o que você acha?

    Respirei fundo. Eu sentia ciúmes só de pensar no tempo que Sarah iria andar com ele. Ela era a ex-namorada dele, e quem sabe se ainda tinha sentimentos? Só de imaginar Rodrigo sendo tirado de mim por alguma garota, sentia calafrios percorrerem meu corpo. Daí eu percebi quão egocêntrica estava sendo. Lembrei-me dos sonhos que Rodrigo tinha desde pequeno, de virar um artista de sucesso. Lembrei também que ele me amava. Não podia deixar minhas inseguranças falarem mais alto.

    - Bom - eu disse, segurando a nuca dele - Acho que já está na hora do mundo conhecer o seu talento incrível. 

    Rodrigo deu um sorriso iluminado e disse, em meio a beijos, que eu não poderia ter dado uma resposta mais linda. 

    Chegamos à sala e por pouco o professor não nos deixou entrar. Nos sentamos depressa e então o professor começou a fazer a chamada.

    - Alberto.

    - Presente.

    - Aline.

    - Aqui.

    - Alex.

    Silêncio.

    - Ele mudou de cidade, professor - disse uma menina loira, Sheila, mascando um chiclete. 

    Arregalei os olhos. Eu não conseguia acreditar. Então era verdade, o Alex não estava mentindo quando me contou da mudança. Achara que era só mais uma forma de ganhar atenção. De repente percebi as maravilhas daquela situação. "Isso quer dizer que não vai ter mais Senhorita X!", pensei, comemorando. "Finalmente as coisas vão voltar a ser como eram antes e esse meu passado triste vai desaparecer."

    Saltitei de volta à casa junto com Rodrigo. Eu estava feliz porque Alex havia ido embora e Rodrigo porque havia entrado na banda dos seus sonhos. Estávamos passando pela faixa de pedestres quando eu olhei rapidamente para os carros parados por causa do sinal vermelho. Chegamos na calçada e o sinal acendeu a luz verde. Foi quando eu percebi que havia uma pessoa conhecida no carro preto que eu olhara. Na hora eu não me toquei mas depois eu tive certeza.

    - O quê foi? O quê você viu? - perguntou Rodrigo, preocupado com minha expressão assustada e confusa.

    - O quê não, quem. Era Manuela. 


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Notas finais do capítulo

QUERIA PEDIR UMA AJUDA PRA VOCÊS! Me deem nomes legais para a nova banda do Rodrigo?! Vai ser uma banda de punk, rock, indie, algo nesse estilo! Alguma ideia?
Beijos, obrigada por ler ♥



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