Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 33
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Awn capítulo pequenininho pra vocês :3 hehehe foi mal, é pequeno, mas olha NÃO DEMOREI TANTO PRA POSTAR! UHUL! *rebola*



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Eu e Rodrigo nos entreolhamos e chegamos mais perto. João estava tentando não nos olhar nos olhos, provavelmente já sabendo que eu iria dar alguma bronca. Quando um dos policiais, um rechonchudo e com um bigode comprido, nos viu olhando para João, perguntou:

– Vocês são... - olhou para um papel - Rodrigo e Juliana?

Balançamos a cabeça em afirmação.

– Ótimo. Vocês têm que nos ajudar aqui. O amiguinho de vocês não quer nos dar o número dos responsáveis dele.

– Pra que exatamente vocês querem? - Rodrigo arriscou-se a perguntar.

O outro policiar, o que tinha um olhar mais intimidador e cara de ator de filmes de ação, aproximou-se com passos pesados e disse, em sua voz rouca:

– João tinha em suas bagagens cinco quilos de maconha. Não sei se vocês crianças sabem mas isso é totalmente ilegal. E além disto, o passaporte dele é falsificado. Lá diz que ele tem vinte anos, trabalha, et cetera. E ele insiste em insistir com essa história que tem mesmo vinte anos, que a maconha não era dele... Meu filho - o policial virou-se para João, aparentemente estressado, falando e soltando perdigotos -, você acha mesmo que eu sou tão babaca?! Você tem cara de que nem perdeu os dentes de leite ainda!

– Será que vocês podem fazer o favor de nos dar o telefone dos responsáveis do João? - perguntou o outro policial - Ou nos arranjar a certidão de nascimento dele, não sei, algo?!

Eu e Rodrigo concordamos e eu peguei meu celular. Tinha o telefone-fixo da casa de João. Entreguei o aparelho com as mãos trêmulas. Os homens anotaram e se afastaram para conversar com os pais. Eu olhei para João com fúria.

– Você perdeu a cabeça?! - sussurrei - Perdeu a noção?! João como você pôde ser tão burro? Levar maconha? Falsificar passaporte?

Rodrigo colocou a mão no meu ombro e me olhou como quem diz "acalme-se". Respirei fundo.

– É cara, explica - falou Rodrigo, com tal tranquilidade que eu nunca seria capaz de ter.

João bufou e colocou as mãos algemadas no rosto.

– Eu paguei a passagem com o dinheiro das drogas - sussurrou ele, claramente envergonhado - Eu consigo tanto dinheiro com aquele negócio que eu decidi tentar vender um pouco lá na Alemanha. Quanto ao passaporte, eu nunca tive um porque eu nunca precisei. Eu e os meus pais não viajávamos nunca, porque nunca tivemos muito dinheiro. O mais longe que eu fui foi para a cidade vizinha, de carro. Eu não ia ter como fazer um passaporte no tempo que eu queria, então eu mandei um cara que eu conheço fazer. Ficou muito crível. Até as pessoas que trabalham aqui acreditaram. O problema mesmo foi a maconha. Tentem me entender, eu nunca entrei num avião, não sabia como eram as coisas aqui no aeroporto. Eu não sabia que eles iam conseguir ver a maconha. Eu escondera tão bem!

Ele estava transpirando e balançando a perna compulsivamente. Eu o abracei.

– Tudo bem, João. Vai dar tudo certo - eu disse, mesmo sabendo que era errado afirmar tal coisa.

– Eu vou ser preso, puta merda. E tudo por causa dos caprichos da Manuela. Mereço mesmo.

Os homens levaram João para a delegacia e mandaram-nos ir para casa. Porém meus pensamentos estavam me pertubando, e eu me sentia nervosa só de imaginar no João numa cadeia. O que ele estava com medo de falar é que ele era maior de idade: 18 anos de vida completados em janeiro. Era considerado pelo Estado uma pessoa completamente responsável por seus atos. Perguntei-me como poderia ajudá-lo a sair dessa. Tive uma ideia.

Naquele final de semana, dediquei-me a descobrir algo. Pedi para Rodrigo me mostrar onde João guardava as coisas dele. Vasculhei a região, mas nada pertencente João estava lá. Então quando eu estava quase desistindo, achei um papel meio amassado perto de uma lata de lixo. O que eu estava tentando achar. Lá tinha o endereço e número do celular da amiga da Manuela, uma tal de Sabrina. Decidi que não iria ligar, iria no próximo dia diretamente para a casa dela. Chamei Rodrigo para ir junto. Quem sabe ele me ajudaria a arrancar algumas informações.

Lá pelas quatro da tarde nós chegamos. A casa da mulher ficava praticamente no limite da cidade, onde predominavam arbustos e lojas falindo. Uma trilha de pedra nos guiava para uma casa esverdeada com janelas quadradas sujas. Havia um balanço enferrujado na frente, o qual se mexia com o vento forte que passava.

Apertamos a campainha. Um minuto depois uma mulher que deveria ter uns quarenta anos abriu a porta. Olhou-nos com desconfiança.

– Vocês estão perdidos? - perguntou ela, expondo sua voz fina que não parecia sair do corpo dela; Ela era robusta e baixinha, com sobrancelhas em um V constante e lábios franzidos.

– Não - respondi, intimidada pelo olhar dela - Nós queríamos conversar com você. Você é a Sabrina, certo?

– Sim - respondeu ela, confusa - Como vocês sabem meu nome? Eu os conheço?

– Não. Nós somos amigos do João - falou Rodrigo - Você tem um minutinho? Queríamos mesmo conversar.

– João? João da Manuela? Aquele menino insistente da porra?!

Rodrigo e eu olhamos para o chão. Ele levantou o rosto esboçando um sorriso gracioso.

– Esse mesmo - disse ele, calmamente.

Sabrina pareceu amolecer com o sorriso dele. Eu sabia como era isso. Ela nos olhou mais uma vez, bufou e disse:

– Está bem. Entrem e se sentem.

A madeira do chão rangeu quando eu pisei. Eu e Rodrigo fomos até um sofá pequeno e coberto por uma manta vermelha. Sabrina se sentou numa cadeira de balanço e disse, como se estivesse lembrando de algo:

– Ah, vocês querem algo para beber? Deixa eu ver o que eu tenho pra vocês... Água, refrigerante de laranja, chá verde e cerveja. O que querem?

Rodrigo deu uma risadinha.

– Uma cerveja seria ótimo - disse ele, olhando para mim e sorrindo.

Sabrina já foi se levantando então eu me apressei.

– Não! Ele está brincando - falei, dando um tapinha discreto na mão dele. Sabrina voltou-se a cadeira - Mas obrigada.

– E aí - apressou-se ela - O que vocês querem me falar?

E então eu expliquei tudo para ela. Desde o momento que João fora na casa dela até o dia anterior, em que vimos João algemado. Quando calei minha boca, ela parecia perplexa. Permaneceu calada.

– Nós só queríamos lhe pedir o número do celular, skype, rede social, e-mail, não sei qualquer coisa que nos faça poder ter contato com a Manuela - pediu Rodrigo, inclinando-se para olhá-la melhor.

– Hm, não sei não - disse ela - Vocês não tem noção o quanto que a Manuela me implorou para não contar nada para ninguém. Ela mesma não quis me contar endereço exato, telefone da casa...

– Nós aceitamos qualquer coisa agora - falei.

– Hm - ela parecia pensativa. Colocou a mão no queixo e bufou novamente. - Tá. Tá. Mas só porque eu estou realmente com pena do João e acho que a Manuela pode ajudar. Eu vou dar o e-mail dela e o Skype. Indico que vocês tentem primeiro o Skype. Ela odeia ler e-mails e raramente os checa.

Quase me ajoelhei em agradecimento. Sabrina anotou num papel ambas coisas e nos deu. Rodrigo sorriu como quem agradece e juro que vi-la corar. Ele tinha ficado mais charmoso e sorridente desde que começamos a namorar, eu havia percebido isso (ou apenas seria impressão da namorada apaixonada?).

Domingo eu fui até o computador torcendo que encontrasse Manuela online. Havia pesquisado sábado a diferença de horário entre a minha cidade e Berlim. Por isso, entrei no computador as três da tarde, esperando que ela estivesse conectada as oito da noite lá.

Digitei o nome do usuário dela e esperei que ela aceitasse. Cinco minutos depois eu descobri que ela havia feito isto. Manuela me mandou uma mensagem instantânea:

Manuela F.: Você que é a amiga do meu pai, Juliana Schmidt? A alemã/brasileira que ele conheceu nas férias do ano passado?

Pensei em mentir. Ganhar confiança. Mas como mentira tem perna curta...

Juliana: Na verdade não. Eu era sua aluna. Terceiro ano D... Sou amiga do joão.

Manuela F.: Ah, me lembro de você. Ele pediu para você vir falar comigo?

Juliana: Ele não tem ideia que eu estou falando com você. Sério. Ele está... Bem ocupado ultimamente.

Manuela F.: Bom pra ele. Com que tipos de coisa ele está ocupado? Namoradas e coisas assim?

Estava digitando quando ela enviou outra mensagem.

Manuela F.: Me desculpe o abuso! Não é que eu ligue. Foi só curiosidade.

Juliana: Eu sei. Mas não, ele não está namorando. Nem perto disso. Ele está mais ocupado sendo um fora da lei, coisas do tipo.

Manuela F.: Hahaha.

Juliana: É sério.

Manuela F.: O que aconteceu?

"Manuela F. está te convidando para uma chamada de vídeo"


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Notas finais do capítulo

O que vocês acham que vai acontecer a seguir?