Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 32
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo pra vocês! :* Boa leitura.



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Analisei seu rosto para tentar sugar a verdade de suas expressões. Olhos verdes vidrados com meu rosto refletido, sem desviar o olhar por um segundo. Lábios relaxados e rosados. Suas sobrancelhas não estavam arqueadas, algo que durante nosso namoro percebi percebi que fazia quando estava incomodado ou nervoso. Tudo traduzia tranquilidade, honestidade, transparencia. Porém eu ainda tinha dúvidas se podia acreditar. 

    - Não confio em você - falei, tirando uma mecha do meu cabelo e colocando-a atrás da orelha.

    - É, achei que você diria isso - respondeu Alex, aproximando-se de mim com passos discretos e calculados. Recuei. - Por isso que eu te convido hoje para ir na minha casa. 

    Dei uma risada sarcástica e monossilábica. 

    - Juliana, não vou te morder. Eu realmente não sou a Senhorita X. Não posso sair falando aqui no colégio quem é, mas eu te contarei se você for na minha casa. 

    - Porque você me contaria? - retruquei - O que você ganha?

    - Eu ainda acho que eu tenho que me redimir com você. Fui um merda quando namorávamos, e me arrependo disso, juro. 

    Olhei para ele e mordi a bochecha. Alex deu um sorriso fraco e companheiro, levantou as sobrancelhas e me olhou como um cachorrinho abandonado. Quase perdi a compostura com aquilo. 

    - Tá bom - falei - Mas a gente vai conversar na rua. Não quero entrar no seu quarto ou algo assim.

    Alex franziu o cenho.

    - Preciso de testemunhas - expliquei - Caso você decida me sequestrar ou algo parecido. 

    - Juliana - falou, dando um sorriso aberto - Eu não sou a Senhorita...

    - É o que veremos - interrompi - É bom você pensar numa boa história para me convencer, Alex. 

    Fui em direção a sala porém ele continuou perto do bebedouro, observando minha ída com um sorriso malicioso.

    Fiquei sem jeito de aparecer na casa do Alex. Quando as aulas terminaram, Alex passou por mim e sussurrou no meu ouvido "quatro horas". Graças a Deus Rodrigo não vira. Não estava afim de explicar. 

    Atrasei-me um pouco por causa da distância, já que tive que ir a pé. Nunca que eu teria como explicar para minha mãe porque eu estava indo para a casa do meu ex, sendo que estou namorando outro garoto agora, levando em conta que na última vez que eu e ela conversamos eu aleguei um ódio mortal por Alex. Não teria como mentir tanto e passar dispercebida. 

    Quando cheguei, ele deu-me boas-vindas e convidou-me a entrar. Olhei para ele, sorrindo, e disse que preferia ficar na calçada. Ele me olhou como se eu tivesse acabado de contar uma piada e insistiu que eu entrasse; o fiz.

    A casa estava tão arrumada quanto a última vez que a vira. Haviam comprado alguns móveis novos, notei. O cheiro era desta vez lavanda. 

    Alex me guiou até o quarto dele. As cortinas estavam totalmente abertas, deixando os raios solares colorirem o quarto de amarelo. As prateleiras, ao lado da porta, estavam empoeiradas e cheio de livros amassados. Sua cama estava desarrumada, com o edredom embolado e jogado no fim da cama. Seu computador estava ligado e mostrava a página do Facebook. 

    - Eu estou viciado nesta coisa - confessou, referindo-se a rede social - Você se importa se eu checar aqui essas coisas rapidamente? 

    Balancei a cabeça em negativa e me aproximei. 

    Três solicitações de amizade, todas de meninas de cabelo esticado e decotes exagerados. Onze notificações: "fulano" te convidou para tal evento, "fulana" curtiu/comentou sua foto. E havia uma mensagem não lida. Ele hesitou mas decidiu não clicar. Fechou a página. Fiquei curiosa com o que ele estava me escondendo.

    - Então, como estão as coisas com você e o Rodrigo? - disse ele, lambendo os lábios e esboçando um sorriso. 

    - Hm, boas - falei, estranhando a pergunta.

    - Fico muito feliz - respondeu - Mas ainda acho que você é boa demais para ele. 

    - Alex - falei, dando uma pausa para pensar no que falar -, você vai me contar quem é a Senhorita X ou vai só ficar falando besteira? Se for esse o caso, acho melhor eu já ir embora. 

    Ele se aproximou e segurou meu braço gentilmente.

    - Não vai. Não vou mais tocar no assunto "seu namoro".

    - Ótimo - falei, sentindo a mão dele subir até meu ombro. Tirei-a delicadamente.

    - Sinto muito a sua falta - disse ele - E sei que você sente minha também. Vejo o jeito que você me olha na sala.

    - Que jeito, Alex?! - surpreendi-me. 

    Fui andando para trás e ele para frente. Comecei a ficar irritada.

    - Você me dá um olhar nervoso. Que nem você dava quando nós namorávamos.

    Ele me encurralou no canto de seu quarto, um oposto a porta. Minha respiração ficou curta.

    - Você enloqueceu! Eu não olho pra você de nenhum jeito! Eu mal olho pra você. 

    - Você sabe que isso é mentira.

    Alex colou seu corpo no meu. Tentei empurrá-lo porém ele segurou minhas mãos, forçou-as para baixo e deu um sorriso gracioso. Percebi que ele iria me beijar. Senti sua respiração quente quando ele roçou sua perna na minha coxa. Ele se aproximou. Virei o rosto, então acertou seus lábios macios minha bochecha. Resmugou pela minha relutancia. Dei uma joelhada entre suas pernas, fazendo-o cair no chão de dor. 

    - Eu tenho repulsa só de olhar para você - falei - E eu vou contar para todos que você é a Senhorita X, babaca.

    Sai correndo da casa dele.

    As marcas das mãos dele em meu pulso só saíram na manhã seguinte. Era sexta-feira, e nunca senti que uma semana passara mais devagar. Quando cheguei na sala, Alex estava sentado na cadeira mais próxima da porta. Ignorei-o e fui até meu lugar. Ele veio atrás de mim.

    - Juliana, desculpa por ontem. Desculpa. Não sei o que deu em mim. 

    - Hã. Nem eu.

    - Eu não sou a Senhorita X. Sei quem é mas realmente não posso lhe contar. Sinto muito.

    - Tá. Agora vá embora.

    - Não conta pra ninguém sobre o que aconteceu ontem, por favor.

    - Não vou. Até porque se eu contasse pro Rodrigo, ele ia acabar com você, então...

    Alex deu uma risada alta e exagerada.

    - Juliana, por favor. Aquele magrelo medroso? Acabar comigo? Menos, bem menos.

    - Quer que eu conte pra ele?

    - Não! - falou ele, aumentando o volume da voz sem perceber. Começou a sussurrar. - Não, não seria legal. E não conte também sobre sua teoria maluca que eu sou a Senhorita X.

    - Me dê um motivo pra eu acreditar que você não é.

    - Eu conheço a Senhorita X. Ele ou ela tem uma mente tão maligna que... Olha, eu não sou tão ruim assim. Se eu tivesse uma mente como aquela, já teria acabado com você apenas pelo episódio de dor ontem que você me promoveu. 

    Fiz uma pausa e disse:

    - Não me convenceu. 

    Vi Rodrigo de longe se aproximando da sala com passos lentos dignos de sete horas da manhã.

    - Sai daqui - mandei - O Rô tá chegando.

    - Juliana - disse ele.

    - Vai logo! 

    Alex me ouviu e saiu. No caminho para chegar em sua carteira, esbarrou propositalmente em Rodrigo, o qual só deu um olhar bem feio e continuou andando. O resto da manhã percorreu normalmente, mas algo no recreio chamou minha atenção. 

    Era Sarah. Ela não estava fazendo nada extraordinário, apenas conversava e ria com seus amigos bonitos. Eu levei um choque quando a vi, uma corrente fria de ar parecia ter passado por mim. Percebi que era a primeira vez que eu a vira desde que eu e Rodrigo começamos a namorar. Escondi-me atrás dele quando a vi.

    - Amor? - perguntou ele, enquanto eu segurava sua camisa e tentava desaparecer atrás de seu corpo - Tem algo errado?

    - Sarah - sussurrei.

    - O quê?

    - A Sarah! - berrei.

    - Não precisa gritar. Onde está ela? Ah, deixa, ela acabou de acenar pra mim.

    Vi Rodrigo dar um aceno envergonhado de volta.

    - Sai daí, Juliana - falou ele - Ela sabe que você está aí. E além disso, qual é a porra do problema com ela te ver?

    - E se ela ficar com raiva porque...

    - Sh - falou ele, entre os dentes -, ela está se aproximando.

    - Oi Rodrigo! - ouvi a voz fina e feminina de Sarah - Oi Juliana.

    Fiquei na ponta dos pés e tentei espiar. Sarah me olhava séria. Eu dei uma risadinha e falei:

    - Sarah! Que surpresa! Não tinha te visto aí, tô meio distraida hoje. 

    Rodrigo e ela compartilharam uma risada rápida e desconfortável.

    - Como vocês estão? - perguntou ela.

    - Eu tô bem, não sei meu amigão aqui - falei, rindo e apontando para o Rodrigo. Não sei o que estava acontecendo comigo. Eu só não queria que ela visse que nós estávamos juntos. Eles me olharam como se eu fosse demente.

    - Eu estou bem - disse ele, virando-se pra ela - E você?

    - Ótima! E quer ouvir uma novidade? Vocês não são os únicos que estão namorando - falou ela, sorrindo, como se aquilo fosse uma brincadeira.

    Comecei a soltar um "pfff" estranho e anormal. 

    - E-Eu não estou namorando - falei, dando uma risada nervosa - Você está Rodrigo? Não, n-não está.

    Sarah revirou os olhos e me ignorou.

    - Enfim, estou namorando. 

    - Bom pra você, Sarah - disse Rô, dando um sorriso amigável.

    - Ele é lindo, honesto, divertido e gosta de mim de verdade. Não é desses de mentir.

    Rodrigo parecia estar se divertindo.

    - Bom pra você, Sarah - repetiu, dando o mesmo sorriso.

    - Arrã. E sabe do que mais? O pedido de namoro dele foi incrível! Um pedido de verdade. Um homem de verdade. 

    Estranhei. Sarah ficou com os lábios franzidos e os olhos semicerrados quando percebeu que o Rodrigo apenas sorria com os comentários do novo namorado dela. Típico momento eu-segui-em-frente-e-tenho-que-esfregar-na-sua-cara-isso.

    - E o melhor de tudo: a única vizinha dele é uma velhinha de oitenta anos, então acho que desta vez não terei que me preocupar quem a porra do meu namorado está olhando através da janela! 

    As palavras dela graduaram no volume, terminando com um super berro que assustou todos perto da cantina. Sarah arrumou o cabelo loiro que saira um centímetro do lugar anterior. Piscou os cílios. Arrumou a postura. Rodrigo deu outro sorriso, um que desta vez estava mais para "tenho pena de você". Um sorriso seco e triste.

    - Fico feliz por você, Sarah - disse ele, com muita sinceridade carregada na voz.

    Ela balançou a cabeça e se retirou; também era hora, o sinal já havia soado.

    - Porque você agiu tão estranhamente? - perguntou Rodrigo, quando estávamos já dentro da sala.

    - Não queria que a Sarah visse-nos juntos pela primeira vez. 

    - Mas ela já sabe que a gente namora.

    - Sabe?!

    - Sim, eu contei pra ela. No dia seguinte que eu te pedi em namoro. Achei que ela deveria saber.

    - Rodrigo! Porque você não me contou antes? Ai que vergonha, ela deve ter me achado uma maluca.

    - Bom, todos em volta também acharam. 

    Fiz careta e ele sorriu. 

    Fui à tarde para a casa de Rodrigo. Ele estava meio tristonho com a saída de João. Não teve nem como se despedir. Porém logo se animou quando percebeu que ele estava indo viajar para encontrar com a garota dos sonhos dele. 

    Nós ficamos esparramados em sua cama por um bom tempo, vendo um filme engraçado que passava na tevê aberta. Eu estava aconchegada em seu peito que subia e descia de acordo com sua respiração. Senti o cheiro de amaciante impregnado em sua camisa. Ele fazia cafuné na minha cabeça quando entrelaçou nossas pernas.

    Rodrigo pulou de susto quando o celular dele começou a tocar. Um violão tocando. Observei as articulações de sua mão enquanto ele estalava os dedos e falava com alguém no celular. 

    - Arrã - concordou ele, ainda falando no celular - Entendi. Sim. Sim. Sinto muito, já estamos indo. 

    - O quê foi? - perguntei, ao ver que ele se levantou e pegou um tênis para calçar.

    - Algo a ver com João no aeroporto. Vamos, nos chamaram lá.

    Não hesitei: saltei da cama e fui com Rodrigo de táxi até o destino. O aeroporto estava bem vazio, apenas com alguns adultos circulando com suas bagagens. Expressões estressadas. Rodrigo segurou minha mão e me levou para algum lugar. Achei que ele estava procurando onde estava João, tão confuso quanto eu. Mas quando ele soltou minha mão e eu olhei para frente, eu soube que ele sabia pra onde estávamos indo.

    João estava sentado em uma cadeira de plástico azul, olhando para um televisor em sua frente que passava propagandas. Ele estava rodeado de dois homens e uma mulher, o que pareciam ser policiais e uma moça que trabalhava no aeroporto. As mãos de João estavam no seu colo, presas por algemas. Quando percebeu que nós estávamos olhando, respirou fundo, deu um sorriso acanhado e olhou para as mãos, corando. Eu sabia que ele havia feito algo muito errado.


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Notas finais do capítulo

GENTE eu queria que vocês fossem bem honestos agora! Por favor comentem o que vocês acham que eu deveria melhorar, na minha escrita, ou na história?! Por favor me digam se vocês acham que a história está indo por um caminho legal ou se está sem graça, ficando cada vez mais enrolação... SÉRIO EU NÃO VOU FICAR MAGOADA, SÓ QUERO MUITO SABER ESSAS COISAS ♥ Beijos, obrigada por lerem a minha história, me sinto muito honrada por ter leitores tão legais ^-^