Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

AGORA SIM QUE ACABOU AS PROVAS EU POSSO POSTAR MAIS! YEYEYE!
Desculpa, de novo, pela demora galera. Mas estava realmente impossível! Todo dia uma prova difícil!
Vou tentar postar nos próximos dias. Boa leitura seus lindos ♥



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- Você está me assustando. Mas tudo bem, vamos conversar - disse Rafael, segurando as mãos dela e as acariciando com o polegar.

    - Pode ir indo pra sala - falou ela, tirando uma mecha do rosto -, só tenho que trocar uma palavrinha com a Juliana.

    Ele estranhou mas foi até a sala de estar e se sentou em uma poltrona de couro, coçando a nuca. 

    - Já estou de saída, não se preocupe - avisei.

    - Não! - sussurrou ela - Eu queria que você estivesse comigo pra fazer isso. Eu tô com medo Juliana, preciso de você.

    Seu olhar pedia socorro. Balancei a cabeça em afirmação e fui com ela até o cômodo. Nos sentamos lado a lado no sofá bege com almofadas coloridas. Rafael analisava nossos movimentos e tentava achar uma posição confortável na poltrona. 

    Camila ficou, por uns dois minutos, apenas abrindo a boca e fechando-a em seguida. Gemia uma palavra distorcida e se calava. Piscava exageradamente. Descascava o esmalte vermelho das unhas compridas. 

    - Rafa - disse ela, juntando a coragem necessária. Respirou fundo - Eu não sei como te dizer isso. Quer dizer, não tem um jeito fácil... Mas eu tenho que soltar isso logo do meu peito porque não está me fazendo bem. 

    Ele olhou para ela sem conseguir piscar. Quando ela abriu a boca para falar, ele berrou algo primeiro.

    - Você me traiu ou algo assim?

    - O que? - disse ela com as sobrancelhas em V - Claro que não!

    - Ah - falou ele, aliviado - Graças a Deus. Se não foi isso o que poderia ser tão horrível assim de dizer? Diz logo, amor. 

    Ela colocou a mão na testa e suspirou. Selou os lábios e fechou os olhos. Quando abriu-os, sussurrou:

    - Eu... Acho... Gravi... É.

    Rafael olhou pra ela com feição confusa e deu uma risadinha.

    - Amor, para de falar pra dentro. Não ouvi nada, repete.

    Ela fez cara de choro e repetiu, no mesmo tom baixo:

    - Acho que... Tipo...

    - Camila!

    - Eu estou grávida! 

    Rafael ficou parado sem dizer nada, apenas olhando pra ela com a mesma cara de antes.

    - Minha menstruacão tá atrasada - continuou ela, olhando para um vaso de flores murchas na mesa de centro - E eu fiz um teste de farmácia e deu positivo.

    - É... - disse ele, parecendo tentar formar uma frase. Ajeitou-se na poltrona - É meu?

    Eu e Camila entortamos a cabeça, como se estivessemos vendo um cachorrinho adorável fazendo algo idiota. Eu achei sutilmente engraçada a pergunta. Ela parecia estressada. 

    - Claro que é seu, Rafael! Acabamos de ter uma conversa em que eu disse que eu nunca te traí.

    Todos ficamos calados. Eu estava me sentindo um daqueles enfeites grandes que não servem pra nada, só para ocupar espaço. Apenas atrapalhando a conversa de fluir ou de ser menos constrangedora. 

    Nós inspiramos ao mesmo tempo. Olhei para Rafael: ele estava com os olhos arregalados e respiração rápida. Camila estava também de olho nele. Imaginei como aquela situação devia ser difícil pra ela.

    - Eu não espero que você aceite isso - disse ela - Não precisa ser um pai presente nem nada. Eu até entendo se você quiser sair correndo daqui agora mesmo. É uma grande responsabilidade, uma coisa medonha, eu sei, eu queria mudar isso mas eu não vou abortar e...

    - Amor! - falou Rafael, colocando a mão em cima dos lábios dela - Respira. Eu não vou pra lugar nenhum. É uma enorme responsabilidade, eu sei. Mas eu aceito passar por isso. Quando eu digo que eu te amo eu quero realmente dizer isso. Eu vou trabalhar, vou fazer o que é preciso pra fazer tudo isso dar certo. 

    Camila estava perplexa. Eu estava admirada por o que ele havia dito. 

    - Mas v-você - gaguejou - O que seus pais vão dizer? 

    - Eu não sei. Não sei. Mas o que tiver que ser, será.

    Eles se levantaram e se abraçaram. Ele falou, no ouvido dela:

    - Mas você tem certeza mesmo que você tá grávida?

    Ela deu uma risada baixa e deixou umas lágrimas sairem dos olhos. Eu sabia que eram por estar aliviada.

    - Na verdade não. Não cem por cento. Eu e a Juliana vamos numa médica hoje pra ver isso.

    - Quer que eu vá junto? - perguntou ele, segurando as mãos dela. 

    - Não precisa.

    - Camila - falei, olhando pro relógio pendurado na parede e me comunicando pela primeira vez naquele período - Faltam dez minutos pra a consulta. Acho melhor a gente já ir.

    Eles se abraçaram e se beijaram rapidamente.

    - Não importa o que aconteça. Eu tô aqui por você - falou Rafael.

    Chegamos no consultório apenas com alguns minutos de atraso. A secretária não me deixou entrar, disse que a médica pedira para Camila ir sozinha. Então fiquei sozinha sentada numa cadeira desconfortável folheando um jornal velho e amassado, que era a única coisa que eu podia ler pois as revistas boas estavam nas mãos dos outros pacientes. 

    Depois de uns trinta minutos, Camila saiu da sala abraçando a doutora, e fazendo gestos para eu me aproximar. Eu já conhecia a mulher, Janine, amiga de minha mãe a anos. Ela me comprimentou e começou a falar:

    - Já falei pra Camila que vocês não precisam se preocupar com pagamento. De graça dessa vez. E eu não vou contar pra sua mãe, Juliana, já sei que você deve estar se preocupando com isso. Mas me prometa, Camila, que assim que o resultado do exame sair você irá contar aos seus pais!

    - Prometo! - respondeu ela - Ai, muito obrigada doutora, você não tem noção do quanto que eu estou agradecida.

    Janine sorriu, formando rugas no cantos dos olhos castanhos. 

    - Disponha, querida. Então, lembre-se, as sete da noite já deve ter saído o resultado do exame de sangue. Você vai no site que eu te passei, clica onde eu falei e pronto. E não esqueçam de me avisar depois! Agora eu vou ter que atender outra paciente. Tchau meninas.

    E lá se foi ela rebolando vestindo seu jaleco branco.

    Estávamos andando de volta à casa de Camila quando eu perguntei como tinha sido.

    - Ela me deu o maior sermão, sobre ter minha idade e já - flexionou os dedos como se formasse aspas - querer ter uma vida sexual ativa - fechou as aspas - Ela falou coisas que me abriram minha mente, sério. Teve uma hora que eu comecei a chorar. Mas não de tristeza. Sei lá, deu vontade de chorar. Aí ela tirou meu sangue e falou que esse era um dos melhores métodos para ver se a pessoa está grávida. E que não demora muito pra sair o resultado.

    Passamos por um comércio para cortar caminho até à casa dela. Uma padaria lotada e grande; um pet shop com sacos de ração para cachorros por todo chão; uma cafeteria com uma garçonete falando sozinha; e então uma loja de roupa de bebês.

    Camila freiou e virou os olhos para a vitrine. Um pequeno manequim vestia uma saia rosa e uma regata com flores desenhadas. Do lado, estava exposto um sapato branco do tamanho de um dedo mindinho. Camila soltou um "Aw" comprido e entrou na loja em disparada. 

    A vendedora veio nos atender, e perguntou o que estávamos procurando.

    - Uma roupa pra minha... Prima que acabou de nascer - disse Camila, avistando umas presilhas de cabelo - Só estou olhando mesmo. 

    Ela estava só olhando mesmo, naquele momento. No final ela acabou olhando toda a loja, literalmente. Até a parte para funcionários ela deu uma espiada. A vendedora ficou fúriosa da bagunça que Camila fez ao tirar vários cabides e ainda com mais raiva por não termos comprando nada. 

    Ao sairmos da loja, Camila começou a comentar sobre as roupinhas que ela havia visto.

    - Aquele macacão é tão fofo! Nossa, e aquele arco de orelhinhas de gato? Ah que gracinha! - disse ela, saltitando - Sabe o que eu pensei quando eu estava lá dentro? Talvez não vai ser tão ruim assim. 

    Olhei surpresa para ela e ela sorriu.

    - É, vai ter seus pontos positivos, certo?

    - Claro! - apressei-me em dizer, para apoiá-la.

    As seis e cinquenta e nove nós estávamos observando a luminosidade do computador,  o que fazia arder meu olho de tanto olhar para a página que não havia atualização. Camila apertava a tecla F5 com brutalidade e roia as unhas. 

    Quando o resultado apareceu, vi um misto de emoções nos olhos de Camila aparecerem. Ela gemeu, pegou o celular, e apertou o número 5 - chamada rápida. 

    Fomos até a sorveteria que havia a duas quadras de distância. Rodrigo e Rafael já estavam lá, sentados em uma mesinha e conversando descontraídamente. Eles se levantaram quando nos viram. 

    - E então? - foi a primeira coisa que Rafael disse, referindo-se a consulta.

    Camila, até então com uma feição normal, sem emoções, levantou o rosto e gritou:

    - Deu negativo! 

    Rafael abriu a boca em O e ela deu um sorriso largo. Eles suspiraram, extremamente aliviados, e se abraçaram.

    - Graças a Deus - falou ele, beijando-a com carinho - Não me leve a mal mas eu preferia mais se nós apenas tivermos filhos depois de nos casarmos.

    - Eu também, amor, claro!

    Nós rimos e fomos tomar um sorvete para comemorar. Um de chocolate para Rodrigo, de açaí para mim, manga para Rafa, e um banana split para a mais nova não-grávida.

    Olhei para Rodrigo e pensei se ele também pensava em casamento, como Rafael e Camila. Porém me vi logo caindo em dois clichês: a namorada torcendo que o namorado tenha uma devoção eterna por ela e a namorada realmente achando que eles irão se casar e ter dois filhos - um casal -, primeiro um menino depois uma menina. Parei com esses pensamentos quando percebi que estava tentando decidir que nomes botar nas crianças imaginárias. Achei-me estranha por isso. Mas então comecei a pensar que se nós não fossemos casar, iriamos terminar. Qual a probabilidade daquilo acabar numa grande briga? E qual a probabilidade daquilo acabar tranquilamente, eu ainda sendo capaz de ser amiga dele? Fiquei mais preocupada que o normal com isso.

    Ficamos conversando até umas nove horas da noite, quando decidimos ir embora. Rafael levou Camila para casa e eu e Rodrigo fomos sozinhos, eu segurando seu braço musculoso como uma garotinha com medo do escuro. Eu estava com uma vontade estranha de beijá-lo, parecia que a cada segundo eu poderia perdê-lo para sempre. Era um exagero e eu tinha consiencia disso mas não podia deixar de pensar em Camila e Rafael, e seus planos. Por isso que eu falei, arrependendo-me segundos depois:

    - Você pensa no nosso futuro? - utilizei tanta ênfase em "nosso" que tive vontade de me punir de alguma forma.

    Rodrigo desacelerou os passos e deu um sorriso gracioso, dizendo:

    - Penso.

    Fiquei esperando uma continuação da fala que não veio. Por isso deslizei minha mão até as dele e entrelacei nossos dedos, dizendo:

    - Pensa em que, especificamente?

    - Hm, em nós indo para a mesma faculdade ou então uma não tão distante da outra. Morando juntos num apartamento apertado mas aconchegante que vamos ter muito orgulho em chamar de nosso. Você virando escritora e eu, músico, como eu sempre quis ser... Se você não importa em ter o dinheiro mais curto. 

    Sorri e interrompi seus passos. Beijei ele com paixão e falei:

    - Se você quisesse ser um lixeiro eu não ia me importar. Além disso, aposto que você vai bombar, ter muitas muitas fãs, daquelas loucas, beirando a psicopatia. 

    Ele deu uma gargalhada alta, uma das minhas favoritas dele, a que te dava um embrulho no estômago e você se sentia bem por simplesmente estar viva. É, Rodrigo tinha aquele tipo de efeito sobre mim.

    - Que imagem legal: um bando de garotas obcecadas correndo atrás de mim. Acho que posso me acostumar com isso. 

    - Bobo - falei, bagunçando seu cabelo castanho - Você só tem que se lembrar sempre que a sua maior fã sou eu. 

    Ele deu um sorriso largo sem mostrar os dentes e sussurrou no meu ouvido:

    - Te amo. Te amo. Te amo.

    Assim, três vezes, cada uma fazendo meu coração se aquecer mais. Ele já havia dito isso - quando eramos apenas amigos e no dia que ele se declarou - mas a sensação que eu senti quando ele disse foi praticamente inédita, uma sensação que me fez querer beijá-lo, abraçá-lo, casar com ele, ter dois filhos: Leonardo e Carolina, e morrer bem velhinha ao lado dele (caindo em outros vários clichês novamente). 

    Chegamos em casa e ele me chamou para subir.

    - Meus pais devem estar dormindo - disse ele, com um levantar de sobrancelhas cômico. 

    Acabei aceitando o convite. Subimos a escada nas pontas dos pés. Não falamos nada quando entramos no quarto. Ele trancou a porta, fechou as cortinas e me deu um olhar inocente. Meu coração batia rápido e eu estava estranhamente nervosa.

    Nos aproximamos de modo que nossos corpos estavam centímetros perto do outro mas o fato de ainda estarem separados era de alguma forma delicioso. 

    Eu simplesmente olhei para ele o beijei. Testa, bochecha, lábios. Eu o queria tanto que não conseguia explicar. Começamos a nos agarrar num ritmo perfeito. Sem desgrudar os lábios, fomos sincronizadamente até a cama dele. Eu queria tocá-lo e deveria ser naquela hora, para saciar meu desejo de tê-lo. Ele colocou as mãos na minha bunda e apertou. Mordi seu lábio inferior e comecei a dar beijos sutis porém desesperados em seu pescoço; percebi seus pelos do braço eriçarem. 

    Tirei a camisa de Rodrigo e arranhei suas costas com minhas unhas. Nossos corpos se colaram. Tirei minha blusa, minha calça jeans e não me senti acanhada dessa vez: eu queria que Rodrigo me olhasse. E a expressão facial dele quando me viu foi tão divertida que eu me senti ainda mais confiante. 

    - Você tem camisinha? - sussurrei, lembrando do motivo que me fizera parar na última vez.

    Rodrigo hesitou, levantou-se e foi até a escrivaninha. Abriu uma gaveta. Aproximei-me dele. Dentro da gaveta tinha uma carteira antiga dele, e lá estava três pacotinhos da camisinha. Eu ri baixo e falei:

    - Você está precisando de tantos?

    - Nunca se sabe. 

    Ele me olhou de cima pra baixo eu de pé e eu fiz o mesmo. 

    - Ei, isso não é justo. Eu estou aqui, completamente semi-nua e você ainda está usando uma calça. 

    Rodrigo abriu o botão, o zíper e tirou as calças num movimento tão sedutor que eu não consigo explicar. Deu uma risada grave.

    - Problema resolvido. 

    Voltamos a nos beijar. Ele passou as mãos pela minha coluna e apertou meu quadril contra o dele. Percebi que eu não era a única que estava excitada. Ele estava indo abrir meu sutiã quando um toc-toc na porta nos despertou e me fez, num movimento rápido e assustado, esconder dentro do armário dele. Antes de fechar a porta, vi Rodrigo correndo para debaixo das cobertas.

    Dentro era empoeirado mas o cheiro de amaciante das roupas tornava aquilo suportável. Ouvi a porta abrir e a voz abafada de Valéria:

    - Ah, filho, você já chegou.

    - Arrã. É. É - falou ele, numa rapidez tão estranha que nem a pessoa mais burra do mundo iria achar que não havia algo errado.

    - Tudo bem, filho? - disse Valéria, calma.

    - Claro - respondeu, agora mais normalmente - Só estou cansado - bocejou falsamente.

    Porém como todos sabem, Valéria nunca foi uma pessoa que investiga a vida da outra. Nunca foi curiosa. O lema da vida dela era que não devemos forçar ninguém a dizer nada, as pessoas devem vir até nós. Por essa razão, provavelmente, ela disse:

    - Ah. Então vá dormir. Agora. Boa noite pra vocês dois. 

    Mas ela sempre foi muito esperta. 

    Depois que a barra parecia limpa, Rodrigo abriu a porta do armário com cara de derrotado. 

    - Boa atuação, amor - brinquei, dando batidinhas no rosto dele - Já vou indo, boa noite.

    - Não, não vai! - disse ele, segurando meu braço.

    - Sua mãe já sacou, não vou conseguir fazer isso sabendo que ela pode estar ouvindo ou até nos interromper em algum momento. Não, não obrigada.

    Ele sabia que eu estava certa. Mas a parte garoto adolescente cheio de hormônios dele, a parte quero-fazer-sexo, estava falando mais alto.

    - Mas estava tão bom - disse ele, como uma criança que pede por mais sobremesa - Não vai. 

    - Não dá, amor - falei, dando um último beijo em sua boca e passando a mão lentamente do seu peito até o final de seu abdomem. Ele respirou profundamente e eu sorri. 

    O dia seguinte era dia de aula como sempre, mas no segundo que eu pisei no chão eu soube que algo estava errado. 

    Quando entrei na sala, o Rodrigo já havia chegado. Nos abraçamos e nos demos bom dia, mas eu percebi que ele estava inquieto.

    - A Senhorita X atacou novamente - disse ele finalmente, entregando-me seu celular aberto no blog - Ela postou um vídeo de você e a Camila conversando... Nesse vídeo ela confessa a gravidez. 

    Não consegui acreditar naquilo. Por um segundo eu pensei que não teria problema para Camila, afinal aquilo foi um alarme falso. Estava errada. Senti uma dor no peito quando ela chegou e todos os olhares se viraram para ela. Olhares julgadores. Uma meninas riram descaradamente. Uns garotos debochavam de Rafael. 

    Quando contamos o que estava acontecendo pra ela, Cam pediu ao professor para ir ao banheiro. Só vimos ela na hora do intervalo.

    Ela estava sentada na arquibancada. Quando nos aproximamos, ela escondeu o rosto e falou:

    - Ninguém acreditou em mim. Quando eu disse que era apenas uma confusão e eu não estava grávida, as pessoas riam de mim. Por pena. 

    - Depois eles vão se tocar que você não está grávida mesmo - falou Rodrigo - Quando verem que a sua barriga não cresceu, por exemplo. 

    - É. Mas e se isso chegar no ouvido dos meus pais?! Explicar isso tudo pra eles vai ser tão complicado! Eles não tem noção que eu já transei... Ai, puta merda. 

    Tentamos animá-la o máximo possível, mas não adiantava. E tudo ainda piorou quando estávamos indo para a sala, depois do sinal tocar. Passamos pelo corredor e uma menina que nós nunca havíamos visto antes esbarrou em Camila.

    - Piranha - disse a garota, bem baixo, mas não o suficiente para Camila não ouvir e pirar.

    - Do que que você me chamou? - falou ela, olhos semicerrados.

    - N-Nada - gaguejou, virando as costas. Camila foi atrás.

    - Do que que você me chamou, garota? 

    - Calma o seus hormônios da gravidez aí, querida - disse a garota, dando um empurrão leve no ombro da Camila. Ela olhou para o local onde a menina havia encostado e respirou fundo.

    - Olha aqui, guria, acho melhor você calar a sua boca. Você não sabe do que está falando. Eu nem estou grávida! Foi alarme falso! 

    - Se você diz... Vadia. 

    - O que?!

    - Meninas, meninas - disse Rafael, ficando entre elas e dando seu melhor sorriso - Vamos parar com isso.

    - É - falou a garota - Ouça o papai do seu filho. 

    - Cala a boca! - avisou Camila, fechando o punho - E retira agora o que você disse, filha da puta.

    - Você me chamou disso mesmo? Não fala assim da minha mãe! Olha, vai pro inferno, garota.

    Camila tentou avançar pra cima dela, mas Rafael foi mais rápido. Segurou o corpo dela enquanto ela batia nele para tentar se soltar. A garota foi se afastando de nós com um sorriso cínico.

    - Te encontro lá, ridícula! - berrou Camila.

    Camila se soltou dos braços de Rafael e correu até o banheiro. Fui até lá mas ela me mandou ir embora. O segundo sinal tocou. Camila não participou da aula. E eu não consegui prestar atenção nela pois tudo que eu conseguia sentir era raiva pela Senhorita X. Então eu me lembrei que ela estava logo ali.

    Olhei para Alex no canto da sala, desenhando algo em seu caderno. Ele parecia concentrado, olhando fixamente para o papel de linhas azuis. Eu nunca sentira tanta raiva dele. Como alguém podia ter um coração tão ruim? 

    Alex se levantou da cadeira, foi em direção até o professor com passos leves e pediu para ir beber um pouco de água. Piscou para mim antes de fechar a porta. Corri até o professor e implorei para ir na enfermaria. 

    Sai com um ódio crescente no peito, procurando Alex. Fui até o bebedouro e ele estava lá. Sorriu quando me viu aproximando.

    - Oi - falou ele, com aquela voz     grave que um dia eu me derreti; não mais.

    - Como você teve coragem? - falei mais alto do que queria.

    Ele deu uma risada rápida.

    - O que? 

    - Até hoje eu consegui me segurar porque, sinceramente, pouco me fazia diferença se você é uma pessoa horrível que fica feliz em expor a vida dos outros. Mas agora já chega, Alex! Expor a minha amiga assim foi o fim! 

    - Juliana, do que você está falando?

    - Não se faça de sonso!

    - Não estou! Realmente não sei do que você está falando.

    - Estou falando de você ser a Senhorita X! Ou você para com isso agora, apaga o blog, diz que a Camila não está grávida realmente, se desculpa as todos que você envergonhou, ou eu desmascaro você pra todo mundo e ninguém mais vai ter coragem de te olhar na cara! O que você prefere?

    Naquela altura eu já tinha colocado Alex contra a parede e eu estava tão estressada que minha dor de cabeça estava pulsando. Ele que até então tinha ficado calado e apenas me olhado com um pouco de medo, riu novamente, deixando-me mais irritada ainda. 

    - Qual é a graça? - perguntei.

    - Você acha que eu sou a Senhorita X? 

    - Alex, eu sei, tá? Não precisa mais disfarçar. Eu sei que você foi até a minha casa pegar o pen-drive, que aliás tinha informações sobre todo mundo, menos você. Eu já liguei todos os pontos.

    - Juliana, não sou eu - disse ele, com um tom de sinceridade que eu nunca tinha ouvido antes - Sinto muito lhe informar, mas realmente não sou eu. E eu sei que você não acreditará em mim depois de tudo que eu te fiz mas eu não estou mentindo agora. Não sou eu.  

    Afastei-me dele um pouco e coloquei a mão no rosto. Ele parecia tão honesto que eu não pude nem contestar. Minha mente ficou confusa e senti uma tontura. Então ele se aproximou, e sussurrou: 

    - Mas eu sei quem é. 


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Notas finais do capítulo

ô mai gode
o que vocês acham? alex está sendo sincero? o que acharam da cena hot da juliana e rô? e opiniões sobre a não gravidez de camila?!
comentem ♥ beijos galera, boa semana pra vocês.



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