Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

UAU Nunca pensei que escreveria 30 capítulos! Na verdade, nunca achei que ia continuar com uma história a ponto de chegar nesse tamanho. Queria agradecer a todos que me insistiram a não desistir do Último Romance ♥
E queria desculpar pela demora. Estou MESMO sem tempo! Mas depois que acabar o período de provas no meu colégio eu escrevo mais :*



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Rodrigo me levou para uma parte do restaurante que eu nem sabia que existia. Era uma parte reservada. Tinha uma mesa quadrada pequena, para dois. Um vaso com uma tulipa rosa no centro. Dois pratos saindo vapor quente. Duas taças e uma garrafa de refrigerante do lado. Sorri.

    Rodrigo puxou uma cadeira cor de abacate para eu me sentar, dizendo:

    - Primeiro as damas.

    - Você é muito presunçoso - falei, vendo-o sentar em minha frente.

    - Eu sou positivo, é diferente - respondeu ele, sorrindo de forma em que suas covinhas apareciam e davam uma aparencia adorável.

    - Isso é uma das coisas que eu mais amo em você.

    Ele deu um suspiro demorado e sorriu, sem tirar os olhos de mim. 

    - Você combinou isso tudo com a Camila? - perguntei - Pra ela me trazer aqui e tal?

    - Mas é obvio, lerdinha. Que bom que você gostou do vestido, quando vi achei que era a sua cara.

    - Não sou lerda. E eu amei ele, obrigada. 

    - Quer que eu venha com a história dos anos que eu fui apaixonado por você e você não notou?

    - Tá, eu sou um pouco lerda. 

    - A lerda mais linda. Minha namorada. 

    "Uau. É verdade. O Rodrigo é meu namorado", pensei, ao ver a loucura que aquilo era. Nunca imaginei que aquele menino que brincava de esconde-esconde comigo, jogava jogo da memória e me levava ao parque para comer algodão-doce azul iria ser meu namorado. 

    Por volta dos onze, quando eu comecei a ter sentimentos mais fortes sobre garotos, eu olhava para os meninos da minha idade e pensava que a qualquer um deles pudesse ser meu namoradinho - aquele que nem beija, é só pra falar que namora e se sentir importante. Quando eu fiz catorze, eu olhava para os meninos e pensava "Talvez um deles seja o amor da minha vida, o qual eu vou casar". Foi a minha época romântica.

    Mas eu nunca olhei para o meu lado. Rodrigo sempre esteve lá, mas eu era incapaz de ver que ele era o cara certo. O que estaria do meu lado dia após dia, o que me amava mesmo sabendo da existência dos meus muitos defeitos, o que não me julgaria e confiaria em mim. Isso é o que eu sempre procurei sem saber.

    Olhei para o prato decorado com a comida , ao perceber que estava meio tímida com os olhares vindos dele. Dei uma garfada e começamos a comer. A timidez passou quando ele começou a falar do dia dele e depois perguntou do meu. Conversamos muito, como sempre. Fomos para casa de táxi, só que não foi como a última vez. Não houve briga. Se bem que houve um aspecto em comum: o beijo. Eu e Rodrigo nos beijamos até chegar ao nosso destino. O taxista uma hora até nos interrompeu para nos perguntar se não queríamos mudar o percurso. 

    - Que tal um motel? - disse o homem, e nós gargalhamos até que Rodrigo parou de rir e olhou pra mim.

    - Ei. Não é uma má ideia.

    Fingi uma cara surpresa e falei:

    - Mas que tarado, é o nosso primeiro encontro! 

    Ele riu e beijou minha boca novamente. 

    Demos um abraço quando chegamos em casa. Mas eu não queria deixá-lo ir então segurei seu braço e pedi para ele ficar. Ele disse que a mãe estava o esperando. Então eu beijei sua bochecha e sussurrei:

    - Você me faz muito feliz. 

    Cheguei em casa com um sorriso que ia de uma orelha a outra. Dei um abraço em cada um dos meus pais enquanto cantarolava.

    - Eu amo vocês! - gritei, fazendo meu pai cerrar os cenhos e me deixar com a minha mãe. Meu pai nunca foi do tipo de declarar o amor.

    Estava indo subir a escada quando minha mãe sussurrou:

    - Alguém está apaixonada...

    Fingi ignorar, mas sorri. Entrei no meu quarto e tive um daqueles momentos típicos de filme. Aquele que a personagem principal entra no quarto e começa a dançar de tanta alegria, com o sorriso mais largo do mundo no rosto. Só esqueci que o meu namorado podia me ver. Rodrigo estava vermelho de tanto rir da minha performance, com a mão na barriga de tanto ofegar. 

    - Você é adorável! - gritou ele, ao ver que eu fiquei vermelha e fiz cara feia - Amei a dança, continua. 

    Balancei a cabeça em negação e fiz cara de brava, brincando.

    - Te vejo amanhã? - perguntei.

    - Pode ter certeza, linda. 

    E nos vímos na manhã seguinte. Rodrigo fez uma programação inteira: fomos no parque de manhã e lembramos da infância; nos beijamos; tivemos um almoço com camila e rafael, um encontro duplo; fomos na casa dele preparar biscoitos de aveia (receita de minha avó, com muito orgulho); nos beijamos com o rosto sujo de farinha; de noite jantamos em um restaurante chique, francês e caro. Conversamos utilizando palavras incomuns, com sotaque digno de um verdadeiro francês; comemos pouco; e pegamos a sessão das dez de um filme premiado, porém mal assistimos. "Difícil se concentrar com você me atrapalhando", falei, e ele respondeu "te beijar é te atrapalhar?". Concordei que não.

    A verdade é a primeira semana de namoro (que coincidiu com a última semana de férias) foi absolutamente perfeita. E bem melosa. Praticamente não nos desgrudavámos. Minha mãe nós chamava de "carne e unha". Ela até que aceitou bem quando contei que eu e Rô estávamos juntos. Segundo ela, sempre imaginou que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde.

    No primeiro dia volta às aulas, eu estava um pouco nervosa. Não estava pronta para ver algumas pessoas. E essas seriam Sarah e Alex. Tá, eu nunca me sentia pronta para ver Alex, porque a raiva que eu tinha dele não parecia cessar. Mas com a Sarah era diferente. Eu não sabia como ela iria reagir ao nos ver juntos. Apesar que eu pouco me importava se ela fosse aprovar ou não, confesso que estava com um pouco de medo de levar outro tapa. 

    Eu, Rodrigo e João fomos para o colégio juntos. O dia estava absurdamente frio e o sol estava escondido por um bando de nuvens cinzas. "Isso não deve ser bom", pensei, deixando meu lado negativo falar mais alto.

    - Rodrigo - disse João, tentando esquentar os braços com as mãos - Eu só queria agradecer por ter me hospedado. Eu não vou precisar mais de ficar lá. Só até sexta, quer dizer.

    - De nada, cara. Mas por que não?

    - Bom, eu tenho um plano. 

    Eu e Rodrigo o olhamos até ele perceber que estávamos esperando uma explicação.

    - Eu vou viajar - disse ele, desviando o olhar - Pra Berlim. 

    - Berlim? Porque Berlim? - perguntei - E com que dinheiro você comprou as passagens? Vai ficar onde?

    - Depois de ficar três horas na frente da casa da amiga da Manuela, eu consegui a informação que ela estava em Berlim. Devia ter pensado nisso. O pai dela é alemão. Depois que ele se aposentou, voltou a morar lá. Ela deve estar com ele. 

    - João, você não acha que está ainda faltando informações? É uma cidade grande e que você nunca visitou antes. Como você acha que vai achar onde ela está? Além do fato que a amiga dela pode ter inventado isso para você deixá-la em paz.

    - E-Eu... Você acha que ela seria tão maldosa? Quer dizer, eu já tinha conversado com ela antes. Ela deve ter algum tipo de carinho por mim. 

    - Eu não sei, João - falei, parando e olhando para ele, já que tínhamos chegado no colégio - Mas eu acho que você devia ter pensado mais direito sobre isso. Vou ser sincera agora: eu acho que a Manuela não quer te ver agora. Por enquanto. 

    Ele me começou a olhar para o letreiro da escola sujo. Ouvimos o sinal tocar. Rodrigo me puxou e chamou João para irmos logo. Ele só disse:

    - Daqui a pouco. Só vou respirar um pouco. 

    Eu e Rodrigo quase chegamos atrasados. Era a aula de química, e o professor já estava escrevendo algo no quadro. Camila assobiou para mostrar onde estava sentada. Rafael estava atrás dela. Sentei ao lado dela e Rodrigo atrás de mim. Foi difícil eu me concentrar no conteúdo no começo, já que todo segundo o Rodrigo começava a mexer no meu cabelo, ou tentava segurar mina mão, ou até começava a massagear meus ombros discretamente. Foi assim nas duas próximas aulas seguintes. Ele só deu uma pausa quando foi tomar uma água. Segui-o com os olhos até sair da sala. E foi aí que meus olhos se direcionaram para uma pessoa que eu nem havia percebido a presença. 

    Alex me encarava intensamente. Quando percebeu que eu estava olhando pra ele, deu um sorriso torto e acenou. Desviei o olhar e fingi escrever no caderno. Logo depois o sinal do intervalo soou. Rodrigo ainda não tinha voltado então eu estava sozinha, já que todos tinham já saído correndo da sala. Todos menos o Alex. Peguei dinheiro para comprar algo na cantina e fui em direção à porta da sala, olhando para o chão. Alex ficou na minha frente, impedindo minha passagem. 

    - Dá licença? - pedi, ainda olhando para o chão. 

    - Ei - disse ele, levantando meu rosto - Fala comigo! Não é possível que você ainda está brava. Eu fui um babaca. Eu tenho conciencia disso. Mas eu amadureci.

    - Hm, que bom. Agora dá lincença? - falei, tentando achar uma brecha para passar.

    - Olha eu nunca tive como me desculpar. Eu agi mal. Nunca devia ter te traído. Eu e a Suzana terminamos, se você quer saber.

    - Não quero. Aceito suas desculpas.

    - Você foi extremamente importante pra mim. E eu te amei, de verdade e...

    - Alex, me poupa. Nossa história já acabou. Está tudo bem. Agora será que você...

    - Eu só queria que te dizer que eu vou me mudar. De cidade, quero dizer. Semana que vem. Só queria me despedir pessoalmente.

    "Como assim ele vai se mudar? O que isso significa? Senhorita X vai acabar? Ou ele só está me enganando?", pensei "Não sei o que acreditar do que sai da boca dele."

    Já ia perguntar para ele uma das coisas que estava em minha mente, mas não sabia como começar. Não precisei pensar muito mais: Rodrigo chegou, dando um tapa nas costas de Alex, fazendo este se desequilibrar.

    - E aí, cara? - falou Rodrigo, no seu melhor sorriso falso - Que bom te ver! Mas seguinte, eu precisava mesmo falar com a minha namorada agora, então será que você pode se afastar para ela passar?

    Alex e Rodrigo ficaram perto um do outro, apenas olhando um pro outro com uma cara bem séria e sutilmente irritada. Alex saiu e andou em direção ao pátio. 

    - Porque você estava conversando com ele? - perguntou Rodrigo, parecendo estressado - Achei que vocês não tinham mais assunto.

    - Ele só veio me falar que vai se mudar, amor. E pediu desculpas. Só. Vamos agora na cantina encontrar com a Cam.

    - Juliana. Eu não quero mesmo ser aqueles namorados super chatos que ficar "não fale com esse", "não olhe pra ninguém mais" e tal, mas eu gostaria mesmo que você não conversasse mais com o Alex. Ele me deixa com muita raiva. Sério, eu tenho vontade de acabar com ele por causa do que ele fez com você. Literalmente acabar com...

    - Rô - interrompi-o - Sh. Não se preocupa mais. Não vai ter mais conversa. 

    Beijei seus lábios macios e o abracei bem forte. 

    Mais tarde naquele dia eu pedi ajuda para Camila em física já que ela era a melhor na matéria que eu conhecia, e eu estava totalmente perdida no conteúdo. Cheguei por volta das quatro e ela estava meio pálida quando a vi.

    - Você está bem? - perguntei.

    - Ah, sim, estou. Um pouco enjoada apenas. 

    Mas não era só um simples enjôo. De repente, enquanto ela estava me explicando a questão nove dos exercícios, ela parou de falar e saiu correndo. Segui ela e cheguei no banheiro. Camila ajoelhou-se e vomitou no vaso sanitário. Insisti que ela não estava bem e precisava ficar na cama, mas ela insistiu de volta dizendo que estava bem.

    Preferi que ela não me ensinasse mais nada, e agradeci por ter me ajudado até lá. Então peguei um copo de água para ela e fomos ver tevê. Um tempinho depois ela começou a fungar e disse:

    - Nossa, que cheiro é esse? É limão? Ai meu Deus, tudo que eu queria agora era uma torta de limão.

    - Você nem gosta - estranhei.

    - Eu sei! Mas deu muita vontade de uma torta de limão agora.

    - Ih, enjôo e desejo de comidas específicas... Você está grávida, Camila? - brinquei, logo em seguida rindo da minha própria piada.     

    Camila virou o rosto e fechou a cara, franzindo o cenho. 

    - Não se brinca com isso, Juliana! Que coisa! 

    Ela marchou para fora da sala, e foi até seu quarto. Fui atrás dela. Ela estava sentada na cama com as mãos cobrindo o rosto.

    - Cam, o que que foi?

    Ela pegou o travesseiro e apertou contra o rosto.

    - Camila - falei, tentando vê-la.

    - Eu não te contei não sei porque mas... Eu e o Rafa fizemos aquilo. Algumas vezes desde que a gente começou a namorar.

    Fiquei com cara de confusa por uns segundos.

    - E nessas "algumas vezes", umas foram... Hm, foram sem proteção. Ontem deu uma semana de atraso da minha menstruação. 

    - Camila! Sem proteção, cara?! - gritei, sem pensar em quanto estava sendo insensível - Camisinha serve pra que? Enfeite?!

    Ela me olhou e abriu um pouco a boca. Vi seus olhos marejando.

    - Desculpa - falei - Sei que não foi algo proposital. Desculpa. Você já fez algum exame ou algo assim?

    - Hm, não... - respondeu ela, mudando a feição chorosa. 

    - Então não vai se preocupando tanto, amiga. Se você quiser, vamos agora mesmo numa farmácia comprar um desses testes de gravidez.

    - Você faria isso por mim? - perguntou ela.

    - Claro, Cam. Vamos. 

    Caminhamos até a farmácia mais próxima, uma que seu letreiro piscava e tinha uma das letras apagadas. Um homem de jaleco e cabelo com muito gel estava no balcão. Nos analisou de cima para baixo, quando avistou-nos revirando algumas prateleiras. Veio até nós e perguntou, uma voz robótica:

    - Olá, boa noite, como posso ajudá-las?

    Nos entreolhamos e vi Camila ficar meio sem jeito. Então eu mesma falei:

    - Eu preciso de um teste de gravidez. Vocês tem?

    - Ah - disse o homem, olhando para mim de novo de cima pra baixo - Venha comigo.

    Estava a uns três metros de distância, ao lado de uns hidratantes baratos. Agradeci ao homem, fazendo-o sair de perto. Camila escolheu o que tinha a caixinha rosa e flores decorando. 

    - O que? - falou, ao ver minha cara - Achei bonitinho, dá lincença?

    Fomos até o caixa. Uma mulher rechonchuda e de maquiagem pesada mascava um chiclete de boca aberta, folheando uma revista de celebridades. Quando viu que estávamos ali, esperando ser atendidas, a mulher nos deu boa noite e estendeu a mão, esperando que nós déssemos o produto a ser pago. Quando Camila entregou a caixinha, ela deu uma risadinha baixa e balançou a cabeça.

    Percebi o nervosismo de Camila quando chegamos na casa dela. Fomos até o banheiro do quarto dela e eu li as instruções no verso da caixa.

    - Hm, pelo jeito você tem que fazer xixi em cima da... Coisa aí - falei, sem conseguir explicar - Espera um minuto e aí se ficar verde, você está grávida, se ficar vermelho, não. 

    Ela afirmou com a cabeça e foi até o banheiro fazer o teste. Logo em seguida abriu a porta para eu entrar, e ficamos olhando para aquele pequeno objeto. 

    - Vermelho, vermelho, vermelho - sussurrou ela, para si mesma.

    Eu não sabia o que ela estava pensando, mas tinha certeza que sua mente estava inundada por um turbilhão de pensamentos. Foram sessenta segundos de pura ansiosidade. Camila não conseguia deixar a perna quieta. E então, do meio do nada, uma cor começou a surgir. Quando pisquei, ela já tinha colorido completamente. Era verde.

    A primeira coisa que eu fiz, como um instinto, foi olhar para a Camila. Ela parecia assustada. Eu estava perplexa, não sabia nem o que dizer. Foi a minha vez de ser atingida por perguntas. Como a vida dela iria ser adiante? O que os pais dela iam dizer sobre isso? Será que iriam apoiar ou seriam um daqueles pais que chega a expulsar o filho de casa? Com que dinheiro ela iria se sustentar? Iria ainda fazer alguma faculdade? E então veio uma pergunta ainda maior em minha mente:

    - Você vai contar pro Rafael? 

    Ela virou o rosto devagar e olhou nos meus olhos, mas não por muito tempo. Desviou o olhar para os lados e inspirou bem lentamente. Voltou para o quarto e deitou na cama de bruços, impedindo-me de olhar para ela. 

    - Não sei - disse ela - Eu acho que vou mas...

    Então ela começou a chorar. Fiz Camila se sentar e a abracei. Ela tremia tanto que não conseguia envolver seus braços em mim. Era um choro sofrido. Começou a falar perto do meu ouvido, com a voz embassada pelo choro:

    - Eu amo tanto ele! Porra, ele vai me largar! Eu não quero contar pra ele, não quero! Mas eu não tenho coragem de abortar. Puta merda, eu não tenho ideia do que vou fazer mas eu não quero que o Rafa saiba... Ele vai fugir de mim. Tudo que eu menos preciso agora. 

    - Ei, ei! Você não sabe o que vai acontecer. Não vai ser assim, amiga.

    - Eu não vou conseguir fazer isso sozinha. Imagina, em um segundo ele está lá, inocentemente ouvindo a namorada falando e no próximo segundo, bum!, ele vira pai?! Tirando o fato que eu não tenho noção de como começar essa conversa. "Oi, Rafael, eu estou grávida de um filho seu"? Que horror!

    Eu não sabia o que responder. Tudo parecia que não ia ajudar o bastante. Então a abracei mais forte e fiquei lá pela noite, tentando tirar a mente dela daquilo. 

    - Eu lembro da minha mãe falar que não dá pra confiar cem por cento nesses testes - falei, quando percebi ela olhando para a barriga - Vamos amanhã numa médica, tudo bem? Relaxa.

    - Mas amanhã tem aula e como eu vou poder olhar pro Rafael escondendo uma coisa dessas dele?! Não posso ir pra aula amanhã, não posso. Você fala pra ele que eu estou doente, combinado? 

    - Camila, fugir não vai adiantar.

    - Porra, me ajuda! Eu estou carregando um ser humano na minha barriga, um não formado ainda, mas um futuro ser e você está negando essas coisas pra mim?!

    - Tá bom!

    - E não conta pro Rodrigo também!

    - Hm, isso vai ser um pouco mais difícil. 

    Ela me olhou, furiosa, e eu ri, fingindo que estava brincando.

    - Relaxa - falei, ainda rindo - Eu vou ficar calada.

    - Espero.

    Fui pra casa e encontrei Rodrigo no meu quarto, bebendo refrigerante e assistindo tevê. Levou um susto quando viu que eu estava encostada na porta, observando-o.

    - Porra, amor! - gritou ele - Quer me dar um infarto?

    - Não. Minha casa virou uma pousada agora?

    - Sim, a partir do momento que sua mãe disse "Pode entrar". 

    - Engraçadinho. 

    Fechei a porta e caminhei até ele, sentando-me do seu lado na cama. 

    - Onde você entava? - perguntou ele, cruzando os braços.

    - Ah, fui jantar com os meus ex-namorados. 

    - Não acho graça - disse ele, virando as costas pra mim. Dei uma risada. 

    Rodrigo estava com uma regata bem justa, que mostrava seu corpo definido. Seu braço forte estava contraído e assim mostrava seus músculos.

    - Hm, alguém andou malhando - falei, fazendo ele se virar pra mim e rir.

    - Sua mãe? É, percebi que ela deu uma emagrecida.

    Ri e empurrei ele.

    - Você está com essa camisa só pra me seduzir, né? - falei, chegando mais perto.

    - Depende. Funcionou? 

    Balancei a cabeça em afirmação e o puxei pra mais perto. Começamos a nos beijar. Primeiro um beijo gentil. Rodrigo fez carinho na minha nuca e eu, no seu rosto. Depois veio um beijo mais rápido e que fez meu coração acelerar. Mudei de posição: sentei no colo dele e voltei com o beijo. Apertamos nossos corpos um contra o outro. Sem pensar duas vezes, tirei a camisa dele e dei uma boa olhada no seu corpo. 

    - Hm, nada mal - falei, fazendo-o rir, e voltando a beijá-lo.

    Rodrigo foi se deitando e eu continuei em cima dele. Ele passou a mão pelo meu corpo inteiro e apertou minhas coxas com força. Tirou minha blusa com rapidez. Minha respiração estava rápida e falha, enquanto ele beijava meu pescoço e apertava meu quadril. Foi como se tivessemos ensaiado: eu não parei pra pensar e quando percebi, estava abrindo o zíper da calça dele. Eu pressionei os meus lábios contra seu abdomem e retirei meu short jeans. Estava tudo realmente divertido, e eu sentia a adrenalina correr pelo meu corpo como uma droga alucinante, mas então algo aconteceu. Quando Rodrigo tocou no fecho do meu sutiã, para tentar abri-lo, uma cena passou na minha mente.

    Dessa vez, era eu quem estava sentada na cama, contando sobre meu enjôo e meu atraso. Dessa vez não era Camila, mas sim eu quem estava segurando o objeto, esperando a cor vermelha. Imaginei eu chorando, contando para meus pais. Imaginei também eu com uma barriga gigante sendo julgada por cada olhar na rua. Quando a imagem se dissipou na minha cabeça, parei o beijo e pulei para fora da cama. 

    Rodrigo me deu um olhar confuso. Seu cabelo estava bagunçado e sua boca bem vermelha. Olhei para baixo e me vi apenas de sutiã e calcinha, e mesmo sabendo que era meu namorado me olhando, um garoto que me conhecia desde criança, fiquei envergonhada e me cobri com uma toalha que estava do meu lado. 

    - Fiz algo errado? - perguntou ele.

    - Não, não, nada errado! - apressei-me em dizer - Eu só acho que a gente não devia fazer isso. Agora. Meus pais estão aqui. 

    - Você pensou nos seus pais enquanto me beijava? Uau. 

    Sorri torto e fui para perto dele.

    - Não é isso, amor. Depois, ok?

    Ele pegou com má vontade as roupas na beirada da cama e se vestiu. Eu fiz o mesmo. Rodrigo colocou uma mecha de meu cabelo pra trás da orelha e falou:

    - Entendi já, linda. Você quer que a sua primeira vez seja bem especial e tal.

    - Exatamente - falei, já que não podia falar a verdade: estava com medo de engravidar depois que vi minha amiga passar por isso. 

    - Então uma noite especial você terá - falou ele, saindo do quarto em tal rapidez que não pude dizer mais nada. 

    Na manhã seguinte, eu, Rodrigo e João fomos ao colégio. Perguntei a João sobre a viagem mas ele não quis abrir a boca. Quando chegamos na frente do colégio foi a mesma coisa, ele falou que nós podíamos ir, porque ele ia apenas respirar um ar fresco. Estranhei.

    Alex acenou para mim quando chegou na sala, o que fez Rodrigo olhar pra ele de cara feia. As aulas passaram bem lentamente. Minha mente parecia estava em outro lugar. Toda vez que eu olhava para o lado via aquela cadeira solitária, onde Camila costumava sentar. Fiquei pensando naquela história toda de gravidez. Rafael chegou no segundo horário, e no primeiro passo ao entrar na sala, percebeu que Camila não estava lá. Sentou-se na minha frente, já perguntando onde ela estava. Disse que ela não estava se sentindo bem e não veio para a aula. Ele pareceu acreditar.

    No recreio, escapei de perto de Rodrigo e Rafael e fui marcar a consulta com a médica que era amiga da minha mãe. Consegui marcar num horário perto das quatro da tarde.

    Minha mãe me levou até a casa de Camila depois do almoço. Encontrei-a já bem vestida, olhando para a televisão desligada. Nos abraçamos e começamos a conversar. Ela me perguntou como que Rafael estava, se eu havia contado para alguém, e se os professores tinham ensinado muita matéria. De repente, ouvimos uma voz familiar.

    - Amor! - falou Rafael, segurando um saco plástico - Como você tá? Fiquei muito preocupado com você.

    Camila arregalou os olhos e olhou para mim.

    - Quando a Ju me avisou que você estava passando mal eu percebi que tinha que te trazer... - tirou um pote da sacola - A sopa da minha avó! Eu sei que você adora. 

    Cam sorriu e olhou para o chão, sussurrando:

    - Obrigada. 

    Ele sorriu e sentou do nosso lado. Ao notar que nós duas estávamos evitando olhá-lo, ele disse:

    - Você não quer a sopa?

    - Não, não é isso - disse ela rapidamente - É só que... 

    Calou-se.

    - Vocês estão estranhas - falou ele - O que aconteceu?

    - Olha o horário! - falou Camila, olhando para o relógio na parede: 15h18 - Eu e a Juliana temos que ir Rafa, temos um compromisso. Obrigada pela sopa! Tchau!

    Ela me puxou pelo braço em direção a porta. Rafael ficou olhando para nós com cara de interrogação, ainda sentado no sofá. Parei Camila e comecei a cochichar.

    - O que você está fazendo?!

    - Eu não posso ter essa conversa com ele agora.

    - Camila pensa bem: quando você vai estar preparada para isso?

    Ela pareceu pensativa e chateada. Rafael se aproximou de nós e segurou o braço dela.

    - O que está acontecendo, amor? - perguntou ele com uma feição amendrontada.

    Camila me olhou, decidida. Algo neste olhar brilhante me fez acreditar que ela iria contar para ele. Virou-se para ele e disse, numa voz um tanto gaga e trêmula:

    - Rafa, eu preciso conversar com você.


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Notas finais do capítulo

Como será que o Rafa vai reagir? :$ Não percam o próximo capítulo, beijos!