Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Esse é mais curtinho :Z Desculpem a demora, minhas aulas voltaram e aí não deu pra eu postar. Daqui a pouco já vai ter provas :( Enfim, vou tentar postar mais rápido. Boa leitura ^_^



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As oito e vinte sete da manhã seguinte eu acordei de maneira incomum. Lembro-me exatamente do horário pois o meu relógio pendurado na parede foi a primeira coisa que vi quando abri meus olhos. Depois foi Rodrigo. Ele havia praticamente me derrubado da cama numa tentativa de me acordar com um empurrão. Xinguei-o por ter me despertado daquela maneira.

- Porque você simplesmente sumiu do parque ontem? - perguntou ele, gesticulando exageradamente - Achei que voltaríamos pra casa juntos.

- Você estava ocupado discutindo.

- Bom, por uma causa importante. Terminei com a Sarah direito. Dessa vez ela não tem mais dúvidas. Isso significa que...

- Eu falei sério quando disse que não queria mais nada com você.

- Como, como assim, Juliana?

- A gente nunca nem namorou mas você já me magoou tantas vezes que... Não era pra ser assim. Não era pra ser complicado.

- Juliana, tá esquecendo dos anos que eu passei apaixonado por você? Você acha que você não machucou meu coração nesse período todo? E qual o problema de ser complicado? Eu gosto! E não tem mais nada pra complicar. Pensa bem, não tem mais nada pra atrapalhar a gente, Ju.

Ele se sentou na cama e segurou meu rosto. Tentou me beijar, mas eu me virei.

- Não, Rô.

- Era tudo mentira, não era? Se você estivesse mesmo apaixonada por mim, não ia deixar nada ficar entre a gente.

- Isso não é verdade.

- Olha, Juliana, eu não ligo. Só quero que você saiba que eu não vou desistir tão facilmente.

Olhei Rodrigo deixando meu quarto, batendo a porta com força e deixando um aroma de colônia e tristeza no ar. Eu não tinha noção porque eu estava agindo daquela forma. Eu estava realmente apaixonada por ele, tinha certeza disso, mas não entendia porque eu sentia esse incômodo.

À noite, Camila me convidou para ir no restaurante perto da minha esquina. Aceitei porque eu queria ver a opinião de outro sobre esse meu problema.

O restaurante ficava dentro de um shopping bastante movimentado. Cheguei por volta das oito, desarrumada e faminta. Camila tomou um choque quando me viu e ordenou que eu comprasse uma roupa melhor.

- Camila, só vamos comer. Deixe eu ficar com essa roupa.

- Casaco largo e short velho? Ah, não mesmo! Você nunca sabe o que uma noite pode te reservar. O melhor é estar sempre impecável.

- Eu tô morrendo de fome, porra.

- Lembre daquele ditado: nada de comida antes de melhorar a aparência.

- Ditado? Ninguém nunca falou isso! Você acabou de inventar!

- Não importa, vamos para uma loja e comprar outra roupa.

Acabei cedendo por causa da insistência. Camila me levou até uma loja que tinha cheiro de perfume doce e tocava músicas antigas. A vendedora perguntou nossos nomes e em seguida pegou um vestido que estava numa caixa branca e deu a mim.

- Olha como ficará perfeito pra você! Combina com você, como ele falou.

- Ele? - perguntei.

Camila começou a engasgar com o copo de água que uma das vendedoras havia trago.

- Ótimo! Experimenta, Juliana! - gritou Camila.

Suspeitei da situação mas fui mesmo assim colocar o vestido. Ficou absolutamente perfeito para mim. Era aberto nas costas, tinha uns bordados decorando e um cinto amarelo fino marcava a cintura. "Da cor dos olhos do Rô", pensei, balançando o vestido azulado.

Quando fui até Camila e a vendedora, já tinha feito a desgraça de ver a etiqueta de preço. Eu não podia pagar aquilo.

- Obrigada, moça, o vestido ficou lindo mas é meio caro e...

- Não se preocupe. O vestido já está pago.

- Hã?

A mulher me olhou como se eu tivesse algum problema mental. Olhou para mim e disse alto, pausadamente:

- Já pagaram o seu vestido. Pode levar.

- Como assim?! Quem pagou o vestido?!

- Um homem ligou para nós pedindo para reservar o vestido. Ele veio mais tarde, pagou e disse que era para uma moça. A descrição de como a mulher era se encaixa bem em você. Cabelo castanho com mechas loiras. Olhos pretos. Estatura mediana. Uma mulher bonita, como ele disse.

- Quem é ele? Você pode me responder?

- Ele pediu que não. Com linçensa, senhoritas, tenho que conferir algo no estoque.

A vendedora saiu de perto e eu olhei para Camila.

- Você sabe sobre isso?

- Ai Juliana, veste logo esse vestido maravilhoso senão eu vou! Para de demorar. Caramba, você não estava com fome?

- Eu estou.

- Então vai logo, cruz credo.

Coloquei o vestido em meu corpo. As medidas eram perfeitas. Mesmo parecendo que eu estava roubando algo, sai da loja me sentindo linda.

Voltamos ao restaurante. Sentamos em uma mesa de madeira com uma vela metade derretida no centro. Comecei a ler o cardápio.

- Rodrigo me ligou hoje - disse Camila, sem tirar os olhos da parte de sanduíches - Ele me contou sobre a sua burrice.

- Ele falou que eu sou burra?!

- Não, isso sou eu quem estou afirmando. Ele só falou que você não queria mais nada com ele.

- Ah. É.

- Juliana, perdeu a cabeça? Porque você não quer ele mais? O cara é louco por você!

- Eu só acho que não devia ser...

- Tão complicado, blá blá blá, eu sei! - interrompeu ela - Eu e você sabemos que não é isso. Não tem nada de complicado. Mas eu sei qual é o problema.

- Sabe?

- Você é uma medrosa.

- Camila!

- Eu entendo. Acho que se eu estivesse na sua pele, eu também estaria com medo.

- Porque porra eu estaria com medo?

- Porque o Rodrigo é o único cara que você confiou sempre. Que te conhece bem e te ama por isso. Vocês são amigos desde bebezinhos e você morre de medo de perder ele. Se você namorar ele, isso vai ser muito mais fácil de acontecer. Além do mais, você teve uma experiência bem ruim com seu primeiro namorado. Ju, o primeiro é o mais difícil de esquecer. Você conseguiu fazer isso mas ainda tem uma cicatriz escondida que você não enxerga. Você não consegue mais confiar. E você tem medo de ter o coração partido novamente. Por isso que você está se afastando do Rodrigo.

Camila fez uma pausa e me olhou. Eu estava chocada. Ela estava absolutamente certa.

- Juliana, eu vou te falar uma coisa que não te contei nunca. Eu nunca achei que o Alex te faria bem. Na verdade, todos os caras que você gostou. Eu nunca achei que você devia ficar com eles. Mas com o Rodrigo... Cara, vocês foram feitos para ficarem juntos. Eu juro. Não estou falando isso porque ele é meu amigo. Eu realmente acho que você vai ser muito feliz com ele. E eu acho que você vai se culpar pra sempre se você não der uma chance para ele agora.

Após aquele discurso, eu não senti mais fome e não pedi nada para comer. Comecei a pensar. Camila pediu uma salada.

Eu gostava muito daquele lugar. Tinha algo especial nos objetos de madeira, no ambiente descontraído, no cheiro de carne assando. Mas o que eu mais gostava era o por quê que ele era conhecido. Suas noites de música. Qualquer pessoa podia ir até o palco, sentar no banco e cantar o que desse na telha. Normalmente as pessoas que estavam lá para comer não prestavam atenção nas músicas, muito menos em quem estava cantando. Nunca aplaudiam. Isso sempre me incomodou pois pessoas realmente talentosas cantavam e não recebiam um pio. No mesmo passo que pessoas bêbadas que subiam no palco, e balbuciavam uma palavra ou outra também não recebiam palmas.

Quando o prato de Camila chegou, uma mulher de uns trinta anos cantava no palco. Um homem que devia ser seu amigo, tocava o piano para acompanhar. Ela tinha uma voz grave e mexia no cabelo até demais. Quando parou de tocar, novamente ninguém gastou saliva.

Estava observando Camila mastigando um tomate-cereja quando uma voz doce e masculina ecoou no ambiente.

- Oi, eu sou o Rodrigo e... Essa música é pra garota mais maravilhosa que eu já conheci na minha vida. Juliana, eu vou repetir: eu não vou desistir de nós tão fácil. Você sabe que eu sou maluco por você.

Rodrigo estava sentado na cadeira, segurando um violão preto e me encarando. As pessoas seguiram seu olhar até mim e começaram a me analisar. Mas ao contrário do que o costume, eu não fiquei envergonhada ou querendo me esconder. Estava ocupada demais prestando atenção nele.

(NOTA DA AUTORA: Para vocês imaginarem a cena melhor... http://www.youtube.com/watch?v=DppBhl4_fJc ouçam enquanto leem).

Rodrigo se ajeitou na cadeira. As pessoas ficaram caladas e começaram a observar seus movimentos. Vi grupos de pessoas passando pela frente da porta do restaurante e parando, curiosas, ao perceber que todos os olhares estavam sobre um menino de casaco. Rodrigo inspirou sutilmente e chegou perto do microfone cinza. Começou a dedilhar as cordas do violão de olhos fechados. Olhei para seus lábios avermelhados que esboçavam um sorriso quando ele cantou a melodia:

- I've got sunshine on a cloudy day. When it's cold outside, I've got the month of May. Well, I guess you'll say: what can make me feel this way? My girl. Talking 'bout my girl.*

Ele permaneceu com os olhos fechados, de modo que parecia uma pessoa que estava sonhando. Ele cantava baixinho como quem conta um segredo. De vez em quando ele abria um sorriso torto. Acho que ele sabia que eu devia estar paralisada olhando para ele.

Não conseguia desgrudar os olhos da cena, mas havia percebido que algumas pessoas estavam se balançando em ritmo à música. Ouvi uma mulher perto de mim suspirar baixinho e falar sozinha, com um pouco de lamento na voz:

- E cadê o meu príncipe encantado?

Nunca acreditei em finais felizes, "o cara certo" e uma relação perfeita. Porém olhando para o Rodrigo, cantando aquela música com tanto sentimento... Foi como se, por um segundo, eu acreditasse nos contos de fadas mais bobos. Como se eu estivesse vivendo o filme mais clichê. E eu estava amando sentir aquilo.

Ele abriu os olhos quando terminou de tocar e olhou diretamente pra mim. Levei um susto quando ouvi muitos aplausos se propagarem no ambiente. Olhei para os lados: o restaurante estava realmente cheio de pessoas realmente encantadas com Rodrigo. Ele sorriu ao notar. Mas logo olhou para mim de novo e pegou o microfone.

- Juliana - disse ele, deixando o violão encostado em uma parede, e vindo até mim - O que me diz? Quer namorar comigo?

No primeiro segundo, as pessoas assistiam caladas. Mas foi passar mais outro segundo que algumas começaram a cochichar.

- Aceita! - disse um garçon de cabelo loiro.

- Menina do céu! - falou uma mulher ruiva, roendo as unhas.

- Se ela não quiser, eu quero - arriscou uma menina mais nova, de cabelo longo e preto.

Olhei para Rodrigo. Ele estava com a respiração curta e rápida. Mordeu o lábio inferior. Eu sorri para ele e falei, tentando não parecer nervosa:

- Claro, Rô, claro que eu quero.

Ele suspirou e me deu um abraço forte, apertando seu corpo contra o meu. Ouvi pessoas aplaudirem novamente. Então ele me deu o melhor beijo do mundo e me abraçou novamente, rindo perto do meu ouvido.

- Que golpe baixo, ein - falei - Você sabia que eu não ia conseguir resistir a uma performance dessas.

- Tenho que usar minhas habilidades ao meu favor - respondeu ele, sorrindo - Eu tenho uma surpresa pra você, vem.

Olhei para Camila antes dele me puxar. Ela deu um sorriso largo e piscou o olho direito. E lá nós fomos.


*TRADUÇÃO: Eu tenho o brilho do sol num dia nublado. Quando está frio lá fora, eu tenho o mês de Maio (quando tem primavera). Bem, eu acho que você vai dizer: o que pode me fazer sentir desse jeito? Minha garota. Eu estou falando da minha garota.


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Notas finais do capítulo

AI GENTE fiquei tão inspirada quando vi esse vídeo do Tiago Iorc que quis compartilhar com vocês! Eu queria fazer uma cena do Rô cantando/tocando violão, e aí eu pensei nessa música. Acho muito linda! Com certeza se o Rô tivesse uma voz, seria essa haha O Tiago é muito bom gente, ele é brasileiro e faz covers muito legais! Enfim, espero que tenham gostado do capítulo :D Comentem o que acharam sobre colocar música e tal? Beijos, obrigada por ler ♥