Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ♥



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Alex estava se aproximando de mim, olhando fundo dos meus olhos, bem lentamente, e aí... Ele esticou o braço, destrancou a trava da porta e disse:

– Pronto, agora você vai conseguir sair.

E sorriu.

"Que burra eu, achando que ele ia me beijar! Ha, ha, um cara desses com uma garota como eu?", berrei mentalmente, "Burra burra burra! Só falta eu ter feito biquinho! Ai meu Deus, será?"

Mas enquanto eu brigava comigo mesma, tentei me recompor, dei um sorrisinho e tentei dizer "Obrigada novamente", mas simplesmente não consegui. Então eu só abri a boca, nada saiu e eu fui embora que nem uma pateta.

Entrei em casa com sentimento de derrotada e cai na cama.

Depois de segundos, o Rodrigo veio ao meu encontro, segurando um DVD na mão direita e batendo na capa com a mão esquerda.

– Olha o que o meu pai comprou - aí ele jogou o dvd para mim - X-Men!

Eu e o Rô sempre assistíamos quando passava na televisão. Virou um dos filmes favoritos dele. Como eu já tinha visto umas treze vezes, não estava muito afim de ver. Mas eu tive que aceitar isso pois eu odiava o olhar que ele fazia quando uma coisa não ia no seu jeito. Ele arregalava os olhos azuis dele, arqueava a sobrancelha e entortava a boca. Ele não fazia isso com frequência, mas ele quase sempre fazia quando eu negava fazer algo com ele. Então fomos para o meu quarto assistir.

Além disso, ele já tinha trazido pipoca quentinha feita em casa, e não dava para recusar a pipoca da Valéria, mãe do Rô. Tá, era apenas pipoca, mas eu não sei explicar: ela fazia a melhor pipoca de panela do mundo. Nunca queimava. Nunca um milho não estourava. Nunca tinha sal de mais ou de menos. Sempre estava perfeito.

Lá pro final do filme, em vez de prestar atenção, percebi que o Rodrigo estava muito inquieto.

– Menino, o que que foi? Tem formiga na sua calça? - imitando o sotaque da tia dele, a qual sempre falava coisas desse tipo.

Ele riu alto.

– Não - disse ele ficando sério de repente - Posso te perguntar uma coisa?

O filme ainda estava passando mas como ele quase nunca perguntava se podia perguntar alguma coisa para mim, já que ele sempre falava na lata, respondi que sim, ele podia.

– Bom, não é bem uma pergunta mas... - pigarreou - Eu quero que você tenha cuidado.

– Com o que? - falei franzindo o cenho.

– Hm - ele parecia muito desconfortável - Com esse novato.

Arregalei os olhos de tão chocada com o tema da conversa, mas ele me ignorou e continuou.

– Eu sei que você acha ele demais e tal mas... Eu não gosto dele! E não acho que você deveria confiar nele. Quero dizer, eu vi, ele te trouxe de carro para cá! Ele tem a maior cara de malandro.

Foi a minha vez de ficar desconfortável. Rodrigo estava ficando muito vermelho, mas não de vergonha, de raiva mesmo.

– O nome dele é Alex e... V-Você nem o conhece! - gritei - Nem eu o conheço direito... Agradeço sua preocupação desnecessária mas eu acho que eu sei cuidar de mim e das minhas relações. E com quem eu venho para casa.

– Sabe nada! - berrou ele - Você sempre se joga de cabeça nas coisas. Que nem ano passado que você ficou toda apaixonada pelo Raul e ele te enganou e te humilhou mais tarde na frente da escola toda! Eu sempre tive um pressentimento ruim sobre o Raul, que nem eu tenho com esse Alex mas dessa vez eu não vou ficar quieto! Você acha que conhece as pessoas, Ju, e cai nos encantos delas. Você é tão burra nesse ponto!

Eu estava tão chocada com a explosão dele que só consegui falar:

– É. Eu achava que te conhecia...

Cruzei meus braços.

Ele passou a mão pela testa e foi em direção rapidamente para a porta do meu quarto, mas antes sussurrou sem me olhar nos olhos:

– Eu não quero te ver triste Ju.

E fechou-a.

Eu pensei bastante sobre o sermão que ele me dera mas continuei na defensiva. "Ele nem conhece o Alex! Se Rô o conhecesse, saberia que ele é um cara bem intencionado, divertido e que não beija as pessoas logo depois de conhece-las, o que mostra o quão cavalheiro ele é", pensei, não me importando se ele tivesse esquecido o cavalheirismo naquela hora no carro.

Mas em vez de pensar no meu melhor amigo revoltado, preferi pensar nos olhos do Alex, cachinhos do Alex, covinhas do Alex, bíceps do Alex (os quais eu na verdade eu nem tinha visto ainda, pois era bem difícil com o casaco largo que ele usava diariamente, mas preferi imaginar que ele tinha músculos)...

Eu não me considerava uma garota apaixonada, mas era uma coisa bem inexplicável o que eu sentia por ele. E apesar de não admitir para mim mesma, o Rô estava certíssimo sobre eu me jogar de cabeça nas coisas. Eu fazia isso mesmo. E sempre me dava mal. Porém eu gostava de pensar que na próxima vez tudo ia dar certo.

No dia seguinte eu não fui para o colégio com o Rodrigo. Sai de casa mais cedo para não ter o problema de nós nos encontrarmos. Apesar que eu sabia que eu ia ver ele na sala de aula.

Quando ele chegou, deu uma olhada rápida pela sala e sentou ao lado de um garoto moreno.

Contra minha vontade, fui até a mesa dele.

– Você deixou o dvd do X-Men lá em casa ontem - falei, dando a ele uma sacola.

Ele me olhou bem rápido e pegou.

– Valeu.

Aí virou para trás para conversar com um garoto meio esquisito.

Como o Rodrigo não sentou do meu lado como sempre fazia, ficou aquele lugar vago, pela primeira vez na vida. Quer dizer, até o Alex sentar-se do meu lado.

– Oi, linda - disse ele, fazendo minha maçã do rosto ficar parecendo carne viva.

– Oi - falei, dando uma mordida no lábio inferior para evitar o sorriso que eu queria dar.

Tá, eu sei, era apenas um elogio simples. Mas eu nunca tinha recebido elogios assim vindo de garotos interessantes. O único cara que já tinha falado que eu era linda foi um garoto nojento chamado Connor que falava isso para todas as garotas. Ah, e o meu pai.

O resto da semana foi a mesma coisa: Alex se sentava ao meu lado, Rodrigo não dizia nada para mim; no recreio, Rô sempre ia jogar futebol em vez de passar o intervalo comigo e Camila, como ele fazia antes; eu ia à detenção; Alex me levava até casa com seu Fiat antigo... O único dia que essa rotina mudou um pouquinho foi na segunda seguinte.

Estávamos no intervalo. Eu estava comendo um Cheetos, como sempre, e Camila estava comendo sua maçã. Conversávamos sobre o clima chuvoso quando de repente uma voz bem adorada pela minha amiga disse:

– Podemos sentar aqui? - perguntou Bruno, e nem esperou a resposta, já estava se sentando.

Ao lado dele sentou-se Rafael, com o celular grudado na orelha, parecendo impaciente. E, bom, ao meu lado, sentou-se Alex. Mas antes, como se estivesse esperando permissão, ele olhou para mim, e com um sorriso envergonhado ficou em pé, até que eu sorrisse de volta, como se eu tivesse falando "Por favor, sente".

Depois de dois minutos de silêncio total, e muitos flertes vindos de Bruno e Camila, os quais não sabiam nem disfarçar, uma garota se pulou em cima do Rafael e começou a enche-lo de beijos.

– Amor, amor - disse ele, em meio aos beijos - Menos.

A garota deu um sorrisinho e balançou seu cabelo loiro e sedoso.

– Não vai me apresentar, ursinho?

Sim, ela o chamou de ursinho. Só eu achei isso BREGA?

– Ah, claro - disse Rafael. Quer dizer, ursinho - Galera, pra quem não conhece, essa é Amanda, minha namorada.

Só quando ela virou o rosto que nós pudemos ver como ela era mesmo. Meu Deus, ela era muito bonita. Tinha um rosto fino com um sorriso perfeito.

– Amor, o que você está fazendo aqui? - perguntou Rafa, arrependendo-se ao ver o olhar dela - N-Não me entenda mal, eu amei a surpresa, mas qual é a ocasião? Quero dizer, você não deveria estar no seu colégio?

– Pois é, ursinho, mas, sabe como é, quando eu descobri que você ia mudar de colégio, eu fiquei, tipo, abaladíssima! Por isso que...

Aí ela tirou um papel da sua bolsa rosa chique e gritou:

– Eu vou estudar aqui!

Ao ver o choque do Ursinho, Amanda começou a se explicar.

– Tive que implorar muito para meus pais, mas você sabe que meu papi não recusa nada que me faça feliz e, tipo, não há NADA que me faça mais feliz do que você, ursinho.

– Awn - brincou Alex. Foi ignorado.

– Nem aquele vestido vintage da Channel que você tanto quer? - perguntou Rafael.

– Nem aquele vestido vintage da Channel que eu tanto quero - respondeu Amanda.

E aí eles começaram a se beijar. Só pararam quando o monitor veio dar um toque neles "Aprecio o amor jovem mas há crianças pequenas aqui".

Então eles foram se pegar atrás das árvores.

E logo depois foram o Bruno e a Camila, para atrás de uma macieira. Foi o recorde deles: dez minutos no mesmo ambiente sem nenhum contato físico.

E, mais uma vez, eu e Alex fomos deixados sozinhos. Sem assunto. Com vergonha. Ninguém merece.

– Ela parece ser legal - falei, tentando ter uma conversa amigável - Amanda, quero dizer.

– Ah, sim. Ela é. Grudenta, meio metida, mas de vez em quando ela é bem legal.

– Hm.

– Mas não como você.

"Oi? O que foi isso? O QUE FOI ISSO? Será que ele gosta de mim? Ou só foi um comentário amigável? AMIGOS FAZEM ISSO?", pensei.

Como eu só tive um amigo homem na minha vida, o Rodrigo, que mal falava comigo naquele momento, não tinha como eu saber como os outros caras se comportavam.

E como eu sou eu, fiquei completamente muda, dei um sorriso e comi um Cheetos. Nessa hora ele mordeu os lábios e disse com uma risada brincalhona:

– Está um pouco sujo de Cheetos aqui - disse Alex, levando seu dedão para perto de meus lábios - Pronto. Limpei.

Meu coração parecia estar numa montanha-russa, ainda mais porque ele ainda estava pegando levemente no meu rosto, apesar de ele já ter limpado a sujeira, como ele mesmo comentou.

Nesse momento deliciosamente estranho, Rodrigo passou pela minha mesa, todo suado e vermelho. Olhei para ele rapidamente e este estava mandando um olhar assustador para mim e para Alex. Rô inspirou forte e continuou andando. Então o sinal tocou.

Na sala de aula, a professora Lilian terminou a matéria rapidamente e deixou cinco minutos de descanso para nós, os quais foram ocupados pelo discurso de Amanda.

– Oi gente, eu sou a Amanda Lemos, acabei de chegar aqui - disse ela, fazendo uns meninos assobiarem descaradamente - E eu namoro o Rafael - garotos e garotas deram suspiros de decepção– Enfim, eu tenho muito desejo de conhecer vocês todos, por isso que eu vou fazer uma festa na minha casa esse final de semana. E, tipo, meus pais vão estar viajando então eu quero fazer uma festa gigante! Podem levar todos os seus amigos. Mas, tipo, quando der o limite de mil pessoas, meus seguranças não vão mais deixar ninguém entrar, então não cheguem tarderrimo, ok? E, sim, minha casa é bem grande. Perguntas?

Uma avalanche de questões começou, e Amanda respondeu à todas, com muita graça. A festa começava as dez, sem horário para acabar e quem quisesse dormir lá podia.

E tinha que ser roupa de gala. Essa era a pior parte pois eu nunca gostei de um vestido em mim. Foi um esforço enorme achar um vestido legalzinho para a minha formatura do nono ano. Por isso que depois que as aulas terminaram, eu e a Cam fomos numa loja especializada em trajes de gala, mesmo ela não precisando de roupa nova.

Ela acabou escolhendo um vestido azul marinho, todo cheio de paetês, com um decotão. Ela escolheu esse pois uns garotos passaram pela vitrine na hora que ela estava se vendo no espelho principal da loja. Eles todos ficavam babando, literalmente. Um deles até falou um palavrão baixinho.

Eu não escolhi nenhum vestido pois nenhum ficou bom no meu corpo sem curvas, sem busto, sem nada.

Fui pra casa decepcionada por não ter comprado nada mas ao chegar lá, levei a maior surpresa.

ELE estava lá. Com uma flor na mão.


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Notas finais do capítulo

Comentem e favoritem por favor, amores ♥