Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura pra vocês ♥
Obrigada por todos os comentários lindos, estamos chegando em 200 reviews *-*
Acho que esse foi o maior capítulo, não sei.
RIP Cory ♥



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- Deixaram? 

    - Sim! Pelo jeito os pais da Sarah ligaram e fizeram um discurso lindo para me deixar continuar no colégio! Meus pais se convenceram totalmente, me disseram que nada vai mudar mais a mente deles! A Sarah sempre foi legal comigo mas ela nunca fez algo dessa altura... Você está envolvida, não está?

    - Hm - dei uma risada - Digamos que sim.

    Meu plano era bem simples. Depois que Camila me disse que os pais dela faziam qualquer coisa que os pais de Sarah dissessem, foi fácil. Sarah já estava querendo ganhar minha aceitação de alguma forma então eu só falei para ela conversar com os pais dela para eles ajudarem Camila.

    Pelo final da tarde, Cam já tinha ido embora e eu precisava me arrumar para sair com Rodrigo. Tomei um banho refrescante e demorei anos para achar uma roupa que eu gostasse. Queria ficar bem arrumada, mas não tão arrumada para ele perceber que eu passei horas me preocupando em parecer impecável. Queria me maquiar mas Rodrigo dissera uma vez que preferia garotas com naturalidade. Mas não queria não passar nada no rosto para parecer que estava fazendo tudo para agradá-lo. Quando percebi que estava sendo ridícula, usei uma roupa que eu usaria normalmente para sair com ele: um simples short jeans rasgado, uma camisa larga e all star. 

    As oito da noite, numa pontualidade proposital, Rodrigo bateu na porta. Abri a porta com um sorriso grande. Pena que ele sumiu no primeiro segundo. 

    - Oi - falou Rodrigo, de mãos dadas com a Sarah.

    - E então, vamos ver o filme? - perguntou ela, sorrindo.

    Ficamos calados.

    - Juliana, o Rodrigo acha que você não ia gostar de eu ir com vocês, mas eu disse que ele estava errado já que nós somos amigas, não é? Você vê algum problema de eu ir com vocês? 

    - Não, que isso! - respondi, enquanto pensava "Tenho que sair dessa, eu não vou conseguir passar uma noite inteira com eles dois juntos! Inventa uma desculpa... Cólica! Dor de cabeça!".

    - Viu, amor?! É porque, tipo, eu tava indo ver um filme com o Gustavo, e pensei em chamar o Rodrigo, então eu vim até aqui. Só que ele disse que ele já tinha planos com você... Eu pensei "Gente, nós quatro vamos pro mesmo cinema, provavelmente ver o mesmo filme, porque não vamos juntos?".

    - É, pensou bem - respondi, ao perceber que ela fizera uma pausa grande, como se esperasse uma resposta.

    - Viu, Rodrigo? Você se preocupa à toa! Eu disse que ela ia ser super legal com isso! Então, Juliana, vai se arrumar que a gente está te esperando aqui em baixo.

    - Eu... Bom, eu já estou pronta.

    Sarah me olhou de cima pra baixo e arregalou os olhos.

    - Ah, mas é claro que está! Estava... - riu alto - Estava só brincando com você! Vamos?

    Gustavo estava usando um carro diferente do que eu vira na última vez. Era maior e prateado, com cheiro de carro novo e bancos de couro. Quando Gustavo me viu, pediu que eu sentasse na frente, com ele. A ida foi praticamente quieta, apenas com raras interrupções vindas de Sarah pedindo para trocar a estação de rádio. 

    O shopping estava vazio, para nossa supresa. Decidimos comer alguma coisa e depois ver o filme, já que todos nós estávamos com fome. Sarah nos fez ir no restaurante mais longe e mais caro do lugar, apenas porque ela estava querendo uma salada que eles faziam. 

    Quase tudo no cardápio beirava os cem, sendo a coisa mais barata uma sopa de ervilha de oitenta reais. Eu não tinha condições de pagar aquilo, muito menos Rodrigo, então fomos os únicos que alegaram não estar com fome e que apenas pediram uma bebida.

    Gustavo puxava muito assunto. Toda hora ele virava e dizia algo sobre um novo filme ou um novo carro ou algo novo na faculdade. Percebi que Rodrigo não ia muito com a cara dele. Toda vez que Gustavo abria a boca, notava em Rodrigo um revirar de olhos ou um suspiro longo. 

    Depois do "jantar" fomos para a fila pra comprar o ingresso do cinema. Depois de poucos minutos, Sarah sismou que queria comprar um sorvete e que Rodrigo tinha que ir com ela. Então eu e Gustavo ficamos sozinhos. 

    - Eu sei - disse ele, quando a fila andou.

    - Sabe do que? 

    - Eu sei que o cara que você está apaixonada é o Rodrigo.

    Ele falou com tanta naturalidade que eu fui pega desprevinida. Comecei a olhar para os lados, com medo que por algum motivo, Rodrigo e Sarah ainda estivessem ali. Avistei os dois abraçados comprando o sorvete. 

    - Pirou? - dei uma risada mais alta do que queria - Não sou! O cara que eu sou apaixonada você não conhece. 

    - Aé? Então porque durante o jantar você não conseguia tirar os olhos dele?

    - T-Tinha um pouco de molho de salada na bochecha dele.

    - Sim, uma hora, quando a Sarah obrigou ele a experimentar o prato. Mas aí ele limpou logo em seguida.

    - Só olhei pra ele nesse momento.

    - Juliana, eu não vou contar pra minha prima! Sinceramente, eu nem acho eles um casal que vai durar. Eles não tem química nenhuma.

    - Não tem o que contar pra sua prima e... Você acha mesmo que eles não duram?

    - Acho - disse ele, rindo - E posso ser honesto? Acho que ele também gosta de você. Por isso que eu acho que não dura.

    - Gustavo, para de inventar...

    - É sério. Quando você não estava babando nele, ele que estava vidrado em você. E não tinha nenhum molho de salada no seu rosto.

    Fiquei meio pensativa. Aquilo não tinha lógica pra mim.

    - Se ele gosta de mim, porque ele está com a sua prima?

    - É uma boa pergunta. Uma pergunta que você devia perguntar pra ele. 

    - Ah claro, vou chegar do nada e falar "E aí, Rodrigo, porque você está com a Sarah?". Ele vai me achar uma retardada.

    - Todo mundo já acha isso, não vai ser por essa pergunta que ele vai pensar isso de você.

    Empurrei-o com força e ele riu. Bem neste momento, Rodrigo e Sarah voltaram, bem a tempo de decidir que filme iríamos ver. Eu queria ver um novo drama francês que estava no cartaz, Sarah queria um filme de romance à la Nicholas Sparks, Rodrigo queria uma comédia besteirol e Gustavo, suspense. Acabamos comprando ingressos para um desenho animado. 

    Gustavo foi pegar nossos lugares, Sarah quis ir no banheiro e eu e Rodrigo ficamos encarregados de comprar a pipoca e os refrigerantes. A fila estava maior do que eu esperava, o que iniciou mais um silêncio constrangedor. Depois de metade das pessoas sair da fila por desistência, virei-me para Rodrigo e perguntei:

    - Então, duas pipocas médias? Você divide com a Sarah e eu divido com o Gustavo.

    - Desculpa mesmo, Juliana, eu não queria que a Sarah viesse, eu queria que essa fosse... A nossa noite. 

    - É, mas ela veio. Mas tá tudo bem, Rodrigo. Então, duas pipocas?

    - Não tá tudo bem! É só que eu não consegui dizer não, quer dizer, ela trouxe o primo dela e insistiu tanto, fez o discurso "Quero me aproximar da Juliana" de novo...

    - Hã? Discurso?

    - É, aí sempre quando ela fala que quer ser sua amiga... Eu fico mole e aceito. 

    - Engraçado que ela fala fala mas só faz merda - falei baixinho.

    - O que?

    - Nada - sorri falsamente - Não se preocupa, eu estou me divertindo.

    - É, eu percebi, você está amando passar um tempo com o Senhor Mauricinho - disse ele com um tom mais baixo, mas não tão baixo para eu não ouvir, e fazendo uma careta.

    - Senhor Mauricinho? Sério? 

    - Desculpe se ofendi seu namorado.

    - Rodrigo, para de ser criança! E a sua namorada?!

    - Lá vem o desprezo!

    - Ela é tão riquinha e filhinha de papai tanto quanto ele! 

    - É totalmente diferente.

    - Sério? Em que aspecto?

    - A Sarah não fica por aí falando "Ah, olhem pra mim, eu tenho um carro de cem mil. Olhem pra mim, eu moro num duplex. E, olha, eu estudo numa faculdade cara".

    - É, ela não fala isso, tá mais pra "Olhem pra mim, eu só uso roupas de marca, meu cartão de crédito é meu melhor amigo e meus papais são tão ricos que eu posso processar quem eu quiser!". 

    - A Sarah não fala isso! - ele gritou, e eu vi as veias saltando de seu pescoço.

    - E o Gustavo não fala aquilo também! - berrei.

    - Então, vocês vão comprar alguma coisa ou o que? - falou a moça do caixa.

    Olhamos um para o outro rapidamente. Recompuz-me e entreguei o dinheiro a ela. Fiz o pedido. Pegamos as pipocas e refrigerantes e fomos para a sala de cinema. Já haviam apagado as luzes e trailers estavam passando na tela. Sarah e Gustavo já estavam sentados. A sequencia nas cadeiras ficou: Rodrigo, Sarah, Gustavo e eu. 

    Sarah era daquelas pessoas que não consegue calar a boca nem no cinema. Todo trailer ela comentava sobre tal ator, sobre tal música, sobre que tal coisa lhe fez lembrar algo.

    Na metade do filme, Sarah pegou o braço do Rodrigo e envolveu ela mesma. Ele encostou sua cabeça na dela. Pelo jeito eu fiz alguma expressão de raiva quando vi aquilo pois Gustavo sussurrou no meu ouvido:

    - Calma, menina! Você está me assustando com essa cara de assassina... 

    - Desculpa, é só que... Sei lá, eu sou bem ciumenta.

    - Percebe-se. Ei, eu tive uma brilhante ideia. A gente devia se beijar agora.

    Eu comecei a rir meio descontroladamente, o que ele pareceu não gostar.

    - Você tá falando sério? - perguntei.

    - Dã! Pra a gente ver se ele fica com ciúmes também!

    - Sei bem o que você pretende, Gustavo, e eu não vou cair nessa.

    - Eu estou tentando te ajudar aqui! 

    - Ele não gosta mesmo de mim, Gustavo! A gente acabou de brigar.

    - Dizem que a gente briga com quem a gente ama.

    - Gustavo.

    - Pensa bem! Você descobre se ele gosta de você e eu te beijo. Todo mundo sai ganhando! Tirando o fato que eu beijo super bem e sou bonito, então você vai poder se gabar mais tarde com as suas amigas. Sei que garotas amam fazer isso.

    Comecei a rir.

    - Você se acha de mais!

    - Tô só brincando com você. Mas e aí, topa? 

    Fiquei meio nervosa com a situação e meio em dúvida se aquilo daria certo. Repensei no que ele havia dito: todos saiam ganhando. Na pior das situações, eu ainda ganharia um beijo, então pra mim estava tudo bem, levando em conta que eu estava bem carente naqueles dias. Por isso eu inclinei meu rosto e o beijei. 

    Deixei o meus olhos levemente abertos para eu ver se Rodrigo iria ter alguma reação. Ele não tinha percebido até que Sarah o cutucou e apontou para nós, com um sorrisinho aparente. Rodrigo cerrou o cenho e começou a respirar mais rápido. Segurei a nuca de Gustavo. 

    Rodrigo começou a beijar a Sarah também, com muita paixão e um pouco de desespero. Isso me deixou com tanta raiva que eu esqueci o que estava fazendo e simplesmente abri os olhos para observar Rodrigo. A cada segundo aquilo doía mais. Ele abriu os olhos e também olhou pra mim. 

    Aquilo começou a virar uma competição. Eu beijava Gustavo e fazia mais carinho no rosto, na nuca, enquanto Rodrigo beijava Sarah e passava a mão pelo corpo dela. E o estranho era que eu não conseguia fechar os olhos. Eu não conseguia tirar os olhos dele fazendo aquilo como se seu objetivo de vida era partir meu coração lentamente e dolorosamente. E o mais esquisito era que ele também não parava de me encarar por um segundo. 

    Rompi o beijo, sem mais animo para continuar com aquilo. Gustavo lambeu os lábios e sussurrou:

    - Algum sinal de ciúmes?

    Suspirei.

    - Não. Nenhum.

    - Poxa, sinto muito. 

    - Não sinta. Você ganhou um beijo e eu ganhei um motivo para me gabar.

    Ele riu e me envolveu.

    - Te acho o máximo, Juliana. E você beija bem, me surpreendeu.

    - Obrigada. E você... Dá pro gasto.

    Ele me deu um leve empurrão e nós rimos juntos. Sarah e Gustavo inclinaram um pouco pra frente, o que me deu uma visão livre para o Rodrigo. Nos olhamos sincronizadamente. Ele me deu um olhar rápido, meio bravo, e eu fiz o mesmo. Não estava mais aguentando aquilo. 

    Com sorte, o filme era curto. Assim que terminou e as luzes se acenderam, eu me levantei com pressa e incentivei os outros a fazerem o mesmo. Ao sair da sala de cinema, Sarah recebeu um telefonema. Ela se afastou enquanto isso. Quando voltou, trouxe notícias não tão agradáveis.

    - Gente, desculpa mas eu e o Gu não vamos poder dar carona pra vocês dois. Eu esqueci totalmente que hoje meus pais tinham uma festa com uns executivos. Eles estavam ansiosos para apresentar eu e o Gu para esses amigos deles... Eles me mandaram ir pra lá agora. O problema é que é no lado oposto da área da cidade onde vocês moram. Então demoraria muito pra a gente chegar lá. Meus pais iam me matar... Tem algum problema? Se vocês precisarem de dinheiro pro táxi, eu tenho!

    Eu e Rodrigo nos entreolhamos.

    - Não, tá tranquilo - respondeu ele - Eu tenho dinheiro. Vocês podem ir.

    - Obrigada, chuchu! - falou Sarah, beijando Rodrigo na bochecha - Vamos logo, Gu! Tchau Juliana!

    E lá foram eles. Rodrigo ficou olhando para o chão quando disse:

    - Você quer um táxi só pra você? 

    - Porque eu pegaria um táxi sozinha se nós vamos pro mesmo lugar?

    - Não sei, talvez você não queira minha companhia.

    - E porque não?

    Rodrigo assobiou para um taxista apoiado numa árvore. O homem entrou no carro e veio até nós. Sentamos no banco traseiro e eu disse o endereço. O homem acelerou. Ficamos em silêncio, apenas ouvindo uma péssima música sertaneja que tocava baixo no rádio. 

    - Não acredito que você beijou ele - falou ele, bem baixo, quando estávamos saindo do estacionamento do shopping.

    - O que?

    - Não acredito que você beijou o Gustavo - falou ele, desta vez bem alto e com raiva na voz - Parece que você fez isso de propósito, só pra me irritar!

    - Como assim, só pra te irritar, Rodrigo?!

    - Você sabe que eu não gosto dele, aí você vai lá e beija ele?! Beija só não, vocês estavam quase se engolindo.

    - Engolindo? E você e a sua namorada? Parecia que vocês queriam fazer um filme pornô porque, porra, você não parava de passar a mão no corpo dela! Ah, que nojo.

    - Nojo? Você que começou a me provocar!

    - Te provocar? Rodrigo, eu beijei um cara, e daí? Porra, para de tentar controlar a minha vida! Você não é meu pai, nem meu namorado, então para de tentar interferir nessas coisas!

    - Eu tento ficar calado mas eu não consigo, tá bom? Você também não ajuda, enfiando a língua em todo cara que passa na sua frente!

    Dei um berro misturado com grunido tão esquisito e alto que o motorista se assustou e me olhou pelo retrovisor.

    - Pelo menos eu não minto pra minha melhor amiga sobre ter transado com a minha namorada! Depois do que eu vi hoje a noite, eu tenho certeza que tudo aquilo que você falou era mentira!

    - Claro que não era! Eu falei sério, não parecia certo! Eu nunca menti pra você, Juliana.

    - É mesmo? Então me diz uma coisa: porque não parecia certo? 

    - Porque... 

    Ele parou de me olhar e se virou pra frente, cenho franzido e feição pensativa. 

    - Para de pensar numa mentira! - peguei a gola de seu casaco jeans, o que fez com que nossos rostos ficassem bem próximos - Para, Rodrigo, me fala a verdade!

    - Quer mesmo saber a verdade?

    - Quero!

    Ele me olhou nos olhos e segurou meu rosto com ambas mãos. Aproximou mais ainda seu rosto e encostou seus lábios nos meus, em tal desespero que eu também sentia. 

    Foi um daqueles momentos que acontecem tão rápido que você para pra se perguntar se aquilo está mesmo ocorrendo. Lembro que tive que abrir os olhos para confirmar se aquilo não era apenas um dos meus sonhos. Quando vi que não era, algo dentro de mim aconteceu e eu o empurrei, rompendo o beijo. Não sei porque fiz tal coisa. Acho que foi um reflexo estranho, algo dizendo na minha mente que aquilo não devia estar acontecendo. Eu precisava de uma explicação, tudo estava muito confuso e borrado na minha mente. 

    Ele me deu um olhar sofrido e disse, em tom tão baixo que era quase interceptivel:

    - Desculpa. 

    Outra música sertaneja tocava e o motorista nos observava pelo retrovisor. Poucos minutos depois (minutos de pura tortura), o homem freiou o carro e disse o preço a ser pago. Houve um conflito ligeiro sobre quem iria pagar, mas no fim cada um pagou uma metade, incapázes de continuar qualquer discurssão.

    - Boa noite - Rodrigo disse, indo em direção a sua casa.

    Eu já estava procurando as chaves para abrir a porta da minha casa quando ouvi:

    - Juliana, espera! 

    Fiquei parada sem condições de me mexer. Ouvi seus passos na grama, aproximando-se cada vez mais. Quando tive coragem de me virar, ele já estava lá na minha frente, cabisbaixo e de olhar perdido. O luar iluminava seu rosto de maneira angelical, maneira qual me fez notar pela primeira vez sua estrutura óssea delicada. Seus lábios pareciam chamar meu nome, convidando-me a experimentá-los uma vez mais, desta vez direito. 

    - Eu já perdi tantas chances de confessar tudo pra você e dessa vez eu não vou cometer o erro. Eu tive tanto medo, por tanto tempo, de você me rejeitar e acabar com a nossa amizade caso eu falasse isso, mas agora eu cheguei num ponto que eu não aguento mais. Juliana, eu sou completamente apaixonado por você. Acho que você já deve ter notado. Você é a razão porque nada acontece comigo e com a Sarah. Você é a razão por que toda noite eu demoro pra dormir, apenas sonhando acordado sobre um dia que nós ficaremos juntos. Eu, sinceramente, não consigo mais esconder isso de você e não quero. Eu te amo. Eu te amo tanto. E não parei por um segundo sequer. Doi em mim confessar isso mas eu só comecei a namorar a Sarah para tentar tirar você da cabeça, o que não ajudou em nada. Ajudou no começo, até o momento que eu surtei e lhe beijei. Até hoje eu não consigo esquecer aquele beijo e doi em mim saber que você provalvelmente nem se lembra mais. Eu sei que você não corresponde. Puta merda, eu sei. Mas eu não consigo mais ficar quieto, cada segundo com você parecia uma oportunidade que eu nunca aproveitava por ser um grande medroso. Entendo se você quiser se afastar.

    Ele me observou e mordeu o lábio inferior, algo que eu sabia que ele só fazia quando estava nervoso. Uma brisa gelada balançou seu cabelo castanho. Eu não conseguia parar de admirá-lo. Não me mexia, não conseguia fazer nada sair da minha boca, só queria pausar aquele momento e torná-lo eterno.

    - Pelo amor de Deus, Juliana, só diz alguma coisa - falou ele, com a mão tremendo.

    Segurei sua mão para fazê-la parar de tremer. Preferi não atender àquele pedido, de dizer algo. Preferi beijar sua boca. Desta vez eu não o empurrei, nem senti que algo estava errado. Pelo contrário, a sensação de fogos de artifícios me deixava a confirmação que nada algo tinha sido tão certo. 

    Ele me beijava gentilmente, segurando-me pela nuca, como quem diz "nunca vou te deixar ir". Eu sentia seus fios de cabelo entre meus dedos. 

    Eu parei de beijá-lo e o olhei. Suas sombrancelhas estavam arqueadas e os olhos permaneciam fechados. Ele abriu os olhos lentamente e lambeu os lábios.

    - Então, você... Você também...

    - Eu também sou completamente apaixonada por você, seu bobo.

    Ele sorriu e me abraçou.

    - Mas... Desde quando?

    - Acho que desde quando você se afastou. Foi aí que começou. Porque eu percebi que eu não consigo viver sem você.

    - Poxa, se eu soubesse que era só me afastar, teria feito isso a muito mais tempo atrás.

    Eu ri e o empurrei. 

    - Idiota.

    - Seu idiota, se você quiser - respondeu ele, segurando-me pela cintura.

    - Hm - beijei sua bochecha - Acho que posso me acostumar com isso. Meu idiota. 

    Ele suspirou e falou, sua voz soando como uma linda melodia:

    - Sério, se isso tudo for um sonho... Eu vou acordar puto da vida!

    Ri e beijei sua boca novamente.

    - Acho que eu nunca vou me cansar disso - disse ele, referindo-se ao beijo.

    - Bom - falei, recebendo um selinho - Acho que podemos tentar. Que tal passar a noite inteira se beijando até enjoar?

    - Ideia mais brilhante que eu já ouvi - respondeu ele. 

    Nos demos a mão e fomos para a casa dele, subindo a escada com muito cuidado para não fazer barulho. Pulamos na cama e ficamos nos admirando. Eu estava exausta, por isso que quando ele se aproximou para me beijar, eu disse:

    - É, já enjoei. 

    Ele começou a rir e falou:

    - Que sacanagem! 

    - Brincadeirinha. Eu só estou muito cansada. Se importa se eu dormir aqui?

    Ele abriu os braços como resposta. Aconcheguei-me em seu peito. Ele beijou minha testa. Sorrimos um para o outro. Fechei os olhos e acabei adormecendo.


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Notas finais do capítulo

O QUE ACHARAMMMMMMMMMMMMMMMM? :D
COMENTEM POR FAVOR *-*
RIP Cory ♥