Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo para vocês *-* COMENTEM POR FAVOR ♥



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O garoto corria como uma pena voando no ar e eu não conseguia alcança-lo por mais que tentasse. Corremos por todo o bloco do ensino fundamental, pelas quadras... Aí ele mudou de percurso de repente e passou por um corredor estreito, pisando nas mochilas que estavam apoiadas na parede. Entendi o que ele estava fazendo. Ele estava nos guiando até o bosque, onde certamente eu não tinha como me salvar.

A minha vantagem foi que eu estudava lá desde meus cinco anos de idade. Ninguém sabia melhor dos lugares daquele colégio tanto quanto eu.

Peguei um atalho que cortava muita estrada. Eu sai do corredor que me guiava até onde queria à alta velocidade. Parecia algo cronometrado; eu me choquei com o corpo dele ao sair, nós dois caímos no chão. Não doeu tanto para mim, já que eu que caí em cima dele. Mas ele ficou lá, gemendo no chão de concreto, segurando o pulso. Eu estava sentada em cima dele, segurei agora seus braços e pressionei-os contra o chão. Ele estava imobilizado, não teria como sair. "E não é que aquelas aulas de karate que eu fiz aos dez não tiveram efeito?", pensei, orgulhosa.

– Sai de cima de mim garota! - ordenou ele, olhos ameaçadores.

Ri sarcasticamente.

– Fica quietinho, guri, e deixa eu fazer o meu trabalho - falei, copiando algo que ele me dissera quando me sequestrou.

– Não sei do que você está falando - disse ele se fazendo de desentendido.

– Sabe sim, idiota! - disse, já estava ficando irritada.

Peguei seus braços e pressionei-os ainda mais no chão áspero. Ele gruniu de dor.

– Qual é o seu nome, para começar?! - perguntei.

Ele ficou calado. Apertei seu punho.

– Ai, ai, ai!! Porra, guria! - olhei para ele com raiva - Eu não vou conseguir esconder nada de você, vou?

Neguei com a cabeça.

– É uma guerra perdida, querido.

Ele pareceu perceber porque logo em seguida disse:

– Meu nome é João.

– Ok João, agora me diga porque você fez aquilo comigo.

– Você já sabe, ué, a Senhorita X me pagou.

– Ah, a Senhorita X manda e você faz?

– Bom, é assim que funciona você trabalhar para alguém.

– Você trabalha para uma pessoa que você não tem nem ideia de quem é?

– Bom... Fazer o que?

Soltei calmamente os punhos de João, agora segurando-o apenas pelo corpo. Ele pareceu agradecer pois logo depois ficou acariciando seu pulso ferido.

– Como você começou a trabalhar para ela?

– Se você quer saber da minha opinião, eu acho que é "ele". Quer dizer, a mente do cara é tão podre que deve ser um homem - disse ele, ajeitando-se no chão - Bom, um dia eu estava aqui no colégio, quando uma folha de papel veio voando até mim. Abri e lá estava escrito algo parecido com "Olá João, eu sou a Senhorita X. Eu sei o que você fez, blá blá blá, você tem que pagar, blá blá blá, trabalhe para mim ou eu contarei para todos, blá blá, te pagarei em dinheiro".

Percebi que o discurso da Senhorita X era repetitivo.

– Eu não queria que a Senhorita X contasse, - continuou ele - e como ela ou ele disse que ia me pagar... Juliana, olha, eu não queria te machucar nem nada, eu não gosto de fazer essas coisas, mas eu preciso desse dinheiro. E eu preciso que ele esconda esse segredo.

– O que você fez, afinal? - perguntei sem conseguir resistir.

– Isso eu não posso contar.

Fiquei calada. Sai de cima do menino e me levantei. Ele fez o mesmo, porém para minha surpresa ele não fugiu. Ficou do meu lado.

– João, a gente precisa descobrir quem ela ou ele é. Senão você vai ficar por um futuro bem longo sendo capacho da Senhorita X. E eu duvido que você quer isso.

Ele ficou pensativo por alguns segundos. Disse em seguida:

– Mas como?

O primeiro sinal tocou. Falei rapidamente:

– A gente dá um jeito. Pensa no caso, tá? Se você quer desmascarar a Senhorita X, me encontra no recreio neste mesmo lugar, combinado?

– Hm - hesitou ele - Vou pensar.

Dei um último sorriso e sai correndo no meu atalho para não perder o primeiro horário. Cheguei na sala ofegante. A professora deixou eu entrar. Sentei no meu lugar e olhei para o lado: Alex não estava lá. Olhei o resto da sala. Ele não estava em nenhum lugar. Não pude deixar de ficar aliviada e um pouco chateada.

As aulas até o recreio fluiram lentamente e eu não consegui prestar atenção em nenhuma, acho por quê estava nervosa se João iria ou não se aliar comigo para fazer isso. Sem ele, nunca iria conseguir descobrir quem era a Senhorita X. Sabia disso.

Eu não era a única que não estava prestando atenção na aula de química. Ouvi Camila durante a aula toda clicar nas teclas do seu celular, e quando vi quem era a pessoa que estava fazendo-a suspirar a cada segundo e gargalhar indiscretamente, era ninguém menos que Leandro.

No recreio fui para a mesma área de mais cedo. Disse para Camila que iria só procurar um brinco meu que achava que tinha caido lá por perto e ela nem questionou, cega demais olhando vidrada para sua tela do celular.

Ao chegar, João não estava. Fiquei decepcionada. Tudo bem, ele iria perder seu dinheiro, correria o risco de ter seu segredo contado, ou pior, poderia entrar para a lista negra de Senhorita X. Porém ele poderia ser livre e ajudar todos que sofriam por aquilo tudo... Mas quanto custa a liberdade?

Depois de dez minutos gastos lá parada, decidi ir embora. Foi bem quando João chegou.

– Desculpa a demora, desculpa, eu só... Precisava de mais tempo para pensar - disse ele, esbaforido - Mas eu tô dentro. Tô cansado de ser mandado toda hora, sabe?

Não pensei e simplesmente o abracei. Sorri e agradeci, disse que ele estava fazendo o certo.

– E eu tenho uma ideia de como podemos achar ele - disse João. Balencei a cabeça como quem diz "continue"; ele fez - Um dos outros "capachos" da Senhorita X me disse uma vez que ela ou ele tem um esconderijo aqui no colégio onde fica normalmente. Lá tem todos os esquemas, os planos, tudo.

– É exatamente isso o que nós precisamos! - falei - Você tem noção onde é?

– Não. Ninguém tem. Mentira, tinha um cara que sabia. Mas ele nunca contou para ninguém e morria de medo só de alguém descobrir...

– Mas é isso que a gente precisa, João!

– Eu sei - parecia pensativo - Eu vou dar um jeito. Vou começar agora. Estou indo, tchau.

E foi embora, sem mais nem menos.

Fui de volta ao refeitório, onde estava numa mesa Sarah e Rodrigo. Ela acenou e disse para eu ir me juntar com eles. Lá fui eu.

Sentei-me na frente do casal, que estava de mãos dadas, ambos muito sorridentes.

– Como vai o casalzinho apaixonado? - perguntei.

Sarah riu e deu um beijo na bochecha do Rodrigo.

– Vamos bem.

Rodrigo deu um beijo na boca dela e disse que iria apenas conversar com um amigo dele. Lá ele se foi, deixando-me sozinha com ela. Ficamos apenas caladas pelo primeiro momento até que ela disse:

– Juju... Quer dizer, posso te chamar assim? - balancei a cabeça em afirmativa. Ela sorriu. - O Rodriguinho me disse para eu não falar na sua frente sobre o Alex, pois ele acha que você ainda pode estar ferida e tudo, mas eu não estou conseguindo aguentar... Você foi o máximo terminando com ele! Eu vi tudo meio mal, por que estava no andar de baixo indo para minha sala mas, caraca, foi muito bom! Não que seu termino seja bom, não mesmo!, mas é porque você foi tão poderosa lá que... Não sei!

Nós rimos juntas.

– E, meu Deus, você tá uma gata! - continuou ela - Deve tá chovendo garoto agora para você, não é mesmo?

– Quem dera! - disse e dei mais uma risada.

– Juju, eu sinto que desde o começo nós começamos meio que com o pé errado. Eu, sinceramente, tenho muito carinho por você, apenas por o que o Rô fala... E ele fala muito! - ela riu consigo mesma - Mas eu queria mesmo ser sua amiga, acho que nós temos muito em comum e eu adoraria passar mais tempo com você... Se você quiser, claro.

Aquele olhar angelical junto com seu rosto infantilizado e seu sorriso torto fizeram uma combinação impossível de dizer não. Eu disse que seria um prazer. Ela bateu palmas, empolgada, e levantou-se para me dar um abraço. Agora que minha atração passageira por Rodrigo estava longe, eu estava livre para aceitar Sarah de braços abertos, livre para exergar a menina meiga que ela sempre transpareceu ser.

No último horário, eu e Camila tivemos uma surpresa: Leandro foi busca-la, com seu conversível arranhado. Camila correu em direção para ele, abraçou-o e começou a beijá-lo exageradamente.

Foi assim que todos descobriram que Camila estava de namorado novo. Mas, segundos depois, eu percebi que não tínhamos avisado alguém. Alguém que deveria ter sabido antes de todos. Alguém que se importava e fora simplesmente esquecido e jogado na lata de lixo mais próxima. Rafael.


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Notas finais do capítulo

7 reviews para continuar! Quanto mais reviews, mais rápido eu posto ;b beijos galera!